A década de 70, marcava um período de transição na indústria automobilística do Brasil, fabricantes europeias migravam para as terras Tupiniquins com o intuito de fazer o mesmo sucesso obtido nos seus países. No segmento dos carros compactos, os chamados hatchback, o Fusca, a Brasília e o Chevette faziam grande sucesso, cada com suas características, sem serem incomodados um pelo outro.

A Fiat com estudos do mercado Brasileiro, onde a ordem inicial era a total economia do petróleo, que estava em grande crise, pensou em um modelo que pudesse ser sua grande vitrine no Brasil, e também para fixar-se de vez em terras Latino Americanas. Com base no modelo europeu, do Fiat 127, a montadora resolveu lançar o Fiat 147, um carro com uma autonomia fora da normalidade da época, e que atendia todos os requisitos sobre a economia do combustível.

Fiat 147 - Primeiro sucesso da Fiat no Brasil

O sucesso foi imediato, campanhas publicitárias retratavam o veículo como o mais econômico do segmento. E para provar que não era conversa afiada de italiano, fizeram um teste na ponte Rio-Niterói, que tem 13km de extensão; colocando apenas 1 litro de gasolina no tanque do carro, que não teve problemas em superar o obstáculo.

O 147 logo caiu no gosto popular, e as vendas marcavam o primeiro sucesso da Fiat no Brasil, que se fixou no interior de Minas Gerais, na fábrica construída em Betim. O "pequeno notável", como era chamado o 147, em sua primeira versão foi apresentado no salão do automóvel de São Paulo, em 1976, e que despertou a curiosidade de uma grande quantidade de pessoas para olhar o carro. No início a reclamação era pelo tamanho do veículo, que diziam ser muito pequeno, com escapamento barulhento e dificuldades nas trocas de marchas. Mas as críticas logo foram se esvaziando, pela tamanha versatilidade do veículo.

As primeiras versões oferecidas do 147, foram o L e o GL, com motor 1050 de 55cv de potência a 5800 rpm, com quatro cilindros; foi o primeiro veículo a ter o motor colocado na dianteira em transversal. Era um devorador dos já caóticos trânsitos das grandes capitais. Seu desempenho era acima da média, andava bem, fazia curvas muito bem acentuadas, deixando a concorrência com inveja, já que os grande problemas dos compactos, Fusca e Brasília, era ter boa relação com as curvas, devido a falta de estabilidade.

Fiat 147

As medidas do 147 eram inferiores ao Fusca, medindo 3,63m, pesando pouco mais de 700kg; trazia suspensão independente nas quatro rodas e pneus radiais. O "pequeno notável" com suas característica únicas na versão básica, bateu muitos esportivos da época.

A refrigeração do Fiat 147 era a água, com comando de válvulas no cabeçote; seu acionamento se dava por função da correia dentada, que em muitos casos deixou proprietários na mão, por ter baixa durabilidade, além de causar danos em algumas válvulas, que obrigavam a realização de retífica da peça. Problema que não é exclusivo do 147, e sim de vários modelos da linha Fiat, que ainda não passaram por correções do projeto, e prejudicam o rendimento dos veículos.

Apesar de ser um carro ousado, o 147 não era muito potente como se pensava; atingia a velocidade máxima de 135km/h, mas variava essa média de desempenho, nas estradas em que se tinham boas condições.

Nas características físicas dos 147s, nos seus 10 anos de atuação no mercado nacional, poucos traços apresentaram mudanças, e seu aspecto básico consistia nas principais tendências europeias, como: Porta-malas de dois volumes de capacidade de 397 litros, no formato de semi peruas, podendo deitar o banco traseiro e ter um aumento; faróis quadrados com parte dos cantos arredondados; grade na cor preta com frisos horizontais; luzes de direção acima do para-choque, o que conhecemos hoje na maioria dos carros que necessitam desse recurso, como faróis de milha.

Fiat 147

No interior do veículo, os acessórios são básicos, sem grandes enfeites; o painel era simples e funcional; o velocímetro contava com ponteiro na cor amarela; o marcador de temperatura nas primeiras versões do carro não existia, e como era uma grande falha de projeto, foi incluso nas atualizações seguintes, para auxiliar os motoristas sobre as condições do 147. Havia uma pequena luz de alerta para reserva de combustível; e uma curiosidade era na questão das lanternas, que mesmo com o carro desligado era possível mantê-las acesas, através de um interruptor no painel.

Na função motora do 147, o volante não tinha uma boa aprovação dos motoristas, que reclamavam da inclinação vertical, que fazia com que os condutores se ajustassem cada vez mais perto da direção, para ficar no alcance ideal para as mãos. Um reparo provisório poderia ser feito, mas que em muitos casos não surtiam efeito, como era o uso do calço colocado entre a coluna de direção e o painel.

No seu primeiro ano de atuação, o Fiat 147 vendeu cerca de 64 mil unidades em todo o Brasil, um número bastante alto para um carro que chegava ao mercado, e ainda sem uma aceitação geral, que foi conquistada com o passar dos anos. O sucesso do veículo em território nacional, rendeu bons frutos para Fiat, que emplacou o carro em toda a Europa, e na Argentina, movido à diesel.

Entre as barreiras quebradas, e o pioneirismo do 147, pode-se destacar: Foi primeiro veículo fabricado em no Brasil, na linha a álcool; primeiro veículo brasileiro a atingir todos os segmentos: Hatch, sedã, perua, furgão e pick-up; e o primeiro carro nacional a utilizar desembaçador traseiro, marco da época em questões tecnológicas. A produção do Fiat 147 foi de 1976 à 1986.

Fiat 147

Modelos e Variações do 147

Fiat 147 Standard: O modelo mais simples da linha, o projeto piloto da Fiat, que não contava com desembaçador traseiro, ventilador, quebra sol direito, e bancos reclináveis. Tinha boa desenvoltura e foi utilizado bastante tempo em segmentos comercias. Sua carburação era dupla, e o motor que incialmente era apenas 1050, foi ampliado para 1600, fazendo de 0-100km/h em 21s, atingindo a máxima de 135km/h, com autonomia de 13,04 km/L.

Fiat 147 L: Mesmas especificações técnicas do Standard, mas contando com alguns acessórioas à mais, como: Desembaçador traseiro, cinzeiro, bancos reclináveis, ventilador e acendedor de cigarros.

Fiat 147 GL: Essa atualização passou a oferecer um requintado estilo interno, que na encomenda do veículo, poderia ser escolhido três cores de acabamento: Azul, bege ou preto. Na cor escolhida, o acarpetado acompanhava a mesma coloração. No painel foi incluso alguns ícones que não dispunham as versões anteriores; sendo o termômetro de água, marcação de temperatura do veículo, ponteiro amarelo, além de um novo design de volante.

Fiat 147 GLS: Essa versão tem as mesmas especificações técnicas que a linha GL de 1977; atualização GLS aconteceu em 1978, onde o upgrade foi feito no motor, passando à ser ligeiramente mais potente com 61cv, atingindo de 0-100km/h em 19,7s, chegando aos 138km/h. Internamente foram adicionados encostos para a cabeça nos banco traseiros; e na parte de iluminação, os faróis ganharam a função de neblina.

Fiat 147 Rallye: Modelo esportivo da série, que ganhava aspectos potentes no motor; chegou em 1978, junto com a série GLS. A parte externa do veículo era personalizada, nas especificações técnicas, o motor era basicamente o mesmo do GLS, mas contava com carburador de duplo corpo importado, dava a potência de 72cv, fazendo de 0-100km/h em 17,5s, podendo chegar a 144km/h, equiparando e superando o Chevette GP com motor 1400. No interior do veículo, as modernizações dos esportivos da época, estavam presentes nos assentos de encosto alto e reclináveis em posições pré-fixadas e formato anatômico. Os cintos de segurança apresentavam os primeiros modelos três pontas; o volante de aspecto esportivo tinha formas metalizadas em Y. No painel múltiplos ícones foram adicionados aos que já existiam; como velocímetro com hodômetro, indicador de gasolina, voltímetro e manômetro de óleo. A versão Rallye teve mais uma atualização em 1980, mas que pouco foi vista, já que o uso dela foi em competições. O design era o mesmo, mas com uma ampla potência do motor, que possuía turbocompressor da Enpro, que transformava o 147 em uma verdadeira máquina, fazendo de 0-100km/h em 9,7s, atingindo a máxima de 190km/h.

Fiat 147 Rallye

Fiat 147 Pick-Up: No mesmo ano em que lançaram os modelos Rallye, foi lançado no mercado nacional, o primeiro utilitário, que faria grande sucesso, abrindo um novo segmento veicular no país. Com características externas específicas, o veículo chamava a atenção. Destacava-se a abertura da tampa da caçamba, que era feita de forma vertical. A caçamba tinha uma capacidade média de 650 litros de espaço, podendo carregar até cerca de 380kg. O motor era o mesmo do modelo GL.

Fiat 147 Pickup

Fiat 147 Europa L: Depois de quatro anos com os mesmos detalhes externos, em 1980, o 147 passava pela sua primeira transformação visual, adotando capô aerodinâmico e inclinado, faróis retangulares, grade inclinada; as luzes de direção deslocaram-se para as extremidades, ficando coladas as lanternas, que passaram a iluminar na cor âmbar e incolor. Se por fora um novo estilo foi adotado, no aspecto técnico a situação era a mesma, com motor 1050, e que mais tarde ganhou o 1300.

Fiat 147 Europa GL: Com as novas estilizações alguns modelos foram sendo aposentados, e as partes técnicas adotados por outras linhas. O GL chegou ao mercado com revestimento interno em tecido e os bancos dianteiros recebiam os cintos de segurança retráteis.

Fiat 147 Europa

Fiat 147 Europa GLS: Na primeira atualização do GL, que aconteceu em 1981, a versão GLS, trouxe inovações para época. Nesses veículos foram implantados os primeiros cintos de segurança traseiros. O painel recebia conta-giros e relógio a quartzo como seus novos componentes. O interior era revestido de carpete, os vidros traseiros de série na cor verde. Na parte motora e de direção, surgia no modelo, o primeiro sistema hidrovácuo de freio, que garantia maior segurança ao condutor do veículo. O motor ganhava uma ligeira vantagem com relação a primeira versão, fazendo de 0-100km/h em 16,9s, atingindo a máxima de 140km/h. Desempenho atingido devido ao novo modelo aerodinâmico.

Fiat 147 Europa Racing: Essa versão esportiva veio para substituir o Rallye, que aos olhos da evolução, já estava ultrapassado. O logotipo vermelho indicava a esportividade do modelo, contando com spoiler em polipropileno preto no teto, coluna de direção rebaixada, retrovisores remodelados, e estofados em veludo. Esses foram alguns dos destaques apresentados nesse veículo.

Fiat 147 Europa Top: Com o meteoro encerramento da linha GLS, o Europa Top chegou para substituir. Com a melhora do seu motor, o carro atingia a marca de 150km/h, entrando no estágio de 0-100km/h em 16s. Nessa versão, ao comprar o carro, havia a opção de escolher com ou sem teto solar; além de já contar com limpador de para-brisa traseiro, bancos traseiros divididos, lavador elétrico de para-brisa, entre outras tecnologias apresentadas.

Fiat Panorama: Versão originária do Fiat 147, foi lançada em 1980, recebendo as versões C e CL. No formato de semi furgão, o veículo dispunha de cerca de 730 litros de espaço para a carga, podendo ser expansível para mais de 1.200 litros.

Fiat 147 CL

Fiat 147 Furgão: Foi o primeiro modelo denominado como Fiorino, que não só era um veículo de trabalho, como também de lazer; devido sua disposição que contava com bancos traseiros removíveis, que proporcionavam ainda mais espaço aos ocupantes. O bagageiro tinha acomodação sobre o teto da cabine.

Fiat 147 Furgão

Fiat Oggi: Modelo do Fiat 147 sedan, disputava concorrência com o Chevette e o Voyage, que lideravam o mercado dos sedãs compactos. O Fiat Oggi já dispunha de novas características físicas, e acompanhava a frente do Fiat Spazio. Com um porta-malas avantajado, com espaço de 440 litros, começava a ganhar parcelas do mercado então liderado por Chevrolet e Volkswagen.

Fiat 147 Oggi

Fiat Oggi CSS: Com aceitação de mercado nos sedãs, a Fiat resolveu investir pesado para colocar uma versão ainda mais arrojada nas ruas. Tratava-se da atualização esportiva do Oggi, que ganhou na nomenclatura a adição do CSS. Com design modificado, contendo um motor com cabeçote especial, despejando potência em 1415cc, com expansão para 1490, chegava a 78cv. Um veículo forte para a época, e que tinha um desempenho acima da média.