Durante o ano passado, dentre diversas novidades em termos de novas tecnologias que apareceram nos carros que foram lançados por aqui, uma em especial chamou a atenção da imprensa especializada, que foi o lançamento dos chamados câmbios de dupla embreagem. O primeiro veículo que ganhou esta novidade em termos de lançamento nacional foi o EcoSport e tudo indica que outros lançamentos que acontecerão este ano também chegarão aos consumidores com este novo tipo de câmbio.

Como funciona o Câmbio de dupla embreagem

A evolução nos câmbios que são utilizados pelos carros e constante no mercado. Primeiramente foram lançados os manuais, e depois surgiram os câmbios automáticos, logo na sequencia os chamados de variação contínua, e recentemente mais uma evolução foi lançada, o manuais automatizados. É justamente nesta última categoria que se encaixa os câmbios de dupla embreagem, sendo que na mesma categoria também podem ser encontrados os câmbios de embreagem única. Os motoristas que quiserem experimentar como esta nova tecnologia muda a forma de se dirigir poderá comprar um Ford EcoSport Powershift, o primeiro carro brasileiro automatizado de dupla embreagem.

Princípios

Para entender como funciona este novo tipo de câmbio que vai começara a aparecer com mais frequência nos futuros lançamentos, podemos começar pelo início. Como o próprio nome do componente já adianta, são duas embreagens que são utilizadas no lugar do conversor de torque que seria utilizado em uma transmissão automática. Como são dois discos de embreagem, um deles tem como principal função acionar todas as marchas pares e a marcha ré, enquanto que o segundo disco, que tem um tamanho menor do que o primeiro, tem a função de acionar as marchas impares.

EcoSport Powershift possui câmbbio de dupla embreagem

Desta forma, no câmbio que utiliza os dois discos, todas as marchas estão sempre prontas para serem utilizadas, sendo que o deslocamento no momento da troca é feito apenas pelo disco, desta forma a marcha seguinte está sempre pré-acionada. É claro que para o correto funcionamento dos discos é necessário que se tenha uma central que controla tudo isso, e esta tarefa acaba ficando sob responsabilidade de um controle que é ligado a um módulo central do veículo que acaba gerenciando todos estes movimentos. Este controle possui um sistema inteligente que leva em consideração algumas variáveis, como se o carro está em uma curva, ou se ele está passando por uma reta ou está em processo de desaceleração. Desta forma o módulo pode reconhecer que marcha é a mais recomendada para cada situação.

Histórico

É claro que quando colocamos este tipo de funcionamento em um texto fazemos parecer bem mais simples do que ele realmente é. O desenvolvimento desta tecnologia demorou um bom tempo até estar realmente pronto para ser lançado ao consumidor. A primeira vez que este sistema apareceu em pleno funcionamento em um veículo foi nos anos 80, utilizado pela Porsche, em carros de pista, que sempre são os grandes laboratórios que posteriormente permitem que sejam testadas as novidades que depois estarão presentes nos futuros lançamentos. Além da Porsche, outra montadora que começou a fazer testes com este tipo de câmbio foi a Audi, no seu Quattro S1 feito para disputas de corrida de Rali.

O processo de evolução da tecnologia foi lento, já que ele foi aparecer nas ruas somente 20 anos depois. O primeiro foi o já famoso DSG (Direct-Shift Gearbox) da VW, que estreou no Golf R32, o nosso Golf de quarta geração, só que equipado com motor 3.2 V6 e tração integral. Não demorou a se espalhar por outros modelos do grupo alemão e, logo depois, estava em várias outras casas. E é claro que as montadoras não deixariam de investir neste tipo de tecnologia nos seus carros, já que o câmbio que estava surgindo apresentava uma grande quantidade de pontos a favor em relação aos outros tipos de câmbios que estavam sendo utilizados até aquele momento para a montadora.

Uma das vantagens do câmbio de dupla embreagem é o peso dele, que consegue ser ainda mais leve do que as caixas automáticas de outros modelos. Para se ter uma ideia da diferença de peso que pode ser encontrada apenas no câmbio, somente na caixa a diferença do EcoSport Powershift é de 20 quilos se comprado aos seus concorrentes, o que realmente é uma grande diferença se formos pensar que estamos falando apenas em uma parte especifica do veículo, sendo que as caixas que foram apresentadas apresentam a mesma quantidade de velocidades, o que também acaba influenciando na hora do peso final da caixa. Não é apenas no peso que a caixa de dupla embreagem acaba ganhando das outras automatizadas, isso porque elas também acabam sendo menores, mesmo com toda a complexidade  que envolve o sistema, o sistema acaba sendo mais simples de ser operado.

Esta nova caixa também acaba ganhando vantagem em termos de manutenção porque apresenta uma melhor organização de todos os dispositivos que estão ali presentes. Assim, toda vez que o motorista tiver algum problema com a caixa, será muito mais fácil realmente perceber o que está acontecendo de errado e o que deve ser feito para que as coisas sejam arrumadas.
Uma outra vantagem deste sistema são as trocas mais rápidas que podem ser feitas, que de acordo com as informações técnicas divulgadas, pode ser de até 1/3 do tempo dos câmbios automáticos.  Neste caso, as embreagens acabam funcionando muito mais rapidamente do que um conversor de torque, já que no caso do segundo o deslizamento acaba atrasando um pouco a prontidão na operação da troca.

Para os consumidores, uma outra vantagem deste sistema também acaba sendo sentida no bolso, já que este câmbio pode apresentar uma redução no consumo de combustível que pode chegar até 10% em relação aos outros sistemas, dependendo do restante dos componentes do carro.