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Nem tanto, nem tão pouco. Quando o utilitário compacto Tracker chegou do México, em outubro de 2013, a General Motors projetou vender 1.600 unidades/mês no último trimestre. Nada feito. A comercialização atingiu apenas a metade do previsto. Nem a criação de uma configuração mais em conta em dezembro, chamada Freeride e com uma bicicleta no teto, elevou as vendas do SUV. Para 2014, as cotas fizeram a fabricante programar apenas 800 veículos mensais. Mas em janeiro, uma surpresa. O Tracker registrou exatos 2.572 carros. E quase 90% dos licenciamentos foram da configuração mais cara, a LTZ. E a tendência se repete em fevereiro, porém de forma mais branda. Na primeira quinzena, o Tracker atingiu pouco mais de 1.200 veículos vendidos. É uma evolução em relação a 2013, mas nada que assuste os líderes Ford EcoSport e Renault Duster, que emplacaram 5.284 e 4.633 unidades no primeiro mês de 2014, respectivamente. E nem é essa a intenção da marca.

Com pouco mais de quatro meses à venda no mercado brasileiro, o SUV sofreu um baita reajuste no preço. Influenciado pelo aumento do IPI, o Tracker “top” saltou dos iniciais R$ 71.990 da estreia em outubro de 2013 para R$ 77.490 na atual tabela da Chevrolet. A conta pode alacançar ainda os R$ 81.090 com um pacote de opcionais que custa R$ 3.600 e adiciona teto solar elétrico, airbags laterais e interior de duas cores. A lista de equipamentos é bem extensa, mas o Tracker não traz grandes surpresas. Lá estão os obrigatórios airbags e freios ABS, além de direção hidráulica, rodas de liga leve de 18 polegadas, volante multifuncional, bancos em couro sintético, câmera de ré com sensor de estacionamento e controle automático de velocidade. A Chevrolet não deixou de fora o “popular” sistema multimídia My Link, que está presente em toda gama da marca – com exceção do Classic, Celta e Agile. O dispositivo traz um tela de 7 polegadas sensível ao toque com entradas USB/AUX e Bluetooth. Ele também reproduz fotos, vídeos, músicas e determinados aplicativos de smartphones. À parte de todas estas funcionalidades, o sistema executa funções tradicionais de rádio AM/FM com leitor de áudio para arquivos MP3/WMA.

No design, o Tracker expressa a nova linguagem visual dos carros da fabricante norte-americana, de aspecto um tanto bruto e sem arriscar muito no desenho. A grade dianteira é bipartida e adornada pela gravata dourada. Os para-lamas são pronunciados e os arcos das rodas são robustos, marcando a linha de cintura alta do carro. Os faróis invadem o capô e parte da lateral do SUV, assim como as lanternas na traseira. O utilitário também conta um pequeno spoiler na parte traseira do teto, que, segundo a Chevrolet, diminui o arrasto aerodinâmico e propicia um melhor consumo de combustível.

Na Europa, o SUV é conhecido como Trax, mas também é vendido como Buick Encore e Opel Mokka. A plataforma é conhecida. Trata-se da GSVGlobal Small Vehicle –, usada no Sonic, Cobalt, Spin, Onix e Prisma vendidos por aqui. Com essa arquitetura, o comprimento do Tracker é bem parecido com o de um sedã compacto – 4,28 metros. São 1,77 m de largura, 1,64 m de altura e 2,54 m de distância entre-eixos. Debaixo do capô uma solução caseira. O motor é o 1.8 litro flex que empurra as versões hatch e sedã do médio Cruze. Ele desenvolve 140 cv a 6.300 rpm e 17,8 kgfm de torque a 3.800 giros quando abastecido com gasolina e 144 cv e 18,9 kgfm com etanol no tanque. O torque, aliás, está 90% disponível a 2.200 rotações. Na versão LTZ, o propulsor vem sempre aliado à transmissão automática de seis velocidades – também difundido no line-up da Chevrolet. Na Freeride, o câmbio é manual de cinco relações. A potência é jogada para as rodas dianteiras e a Chevrolet não oferece nenhuma configuração com tração 4X4. O Tracker foi lançado em outubro de 2013, mas parece que só chegou no mercado brasileiro em 2014.

Traseira da Chevrolet Tracker LTZ

Ponto a ponto

Desempenho – O desempenho do motor 1.8 litro de 140/144 cv – com gasolina e etanol, respectivamente – é condizente com a proposta do utilitário. Não há sensação de falta de potência, tampouco de excesso. O câmbio automático de seis relações trabalha, na medida do possível, em harmonia com o propulsor. As trocas são bastante suaves. A transmissão só titubeia quando são necessárias reduções repentinas para um ganho de força em casos de ultrapassagem, por exemplo. Nota 8.

Estabilidade – O Tracker é um carro bem equilibrado. O modelo está perto da linha tênue entre estabilidade e conforto. A direção dá boas respostas ao condutor e transmite segurança. Mesmo sendo um carro alto, ele topa estradas sinuosas com um  bom comportamento. Em curvas mais fechadas, a inclinação da carroceria é mínima. E, mesmo em velocidades altas, o Tracker não flutua. Nota 8.

Interatividade – A quantidade mínima de botões facilita o uso no dia a dia do Tracker. Os comandos mais importantes estão bem posicionados e ao alcance do condutor. O dispositivo My Link também é de simples manuseio e conectar um aparelho celular no equipamento leva apenas alguns segundos. O painel digital substitui quase todas as informações essenciais do carro, como velocidade, nível de combustível, quilometragem, autonomia e consumo. com ponteiro, só o conta-giros. O que incomoda é o mal-localizado “botãozinho” na alavanca de câmbio para trocas manuais. Borboletas atrás do volante seriam bem-vindas. Nota 8.

Consumo –  O InMetro não aferiu nenhuma unidade do utilitário compacto da Chevrolet. O computador de bordo apontou uma média elevada de 6,9 km/l em ciclo urbano e 8,6 km/l na estrada – com etanol. Nota 6.

Conforto – Apesar da Chevrolet ter feito modificações na suspensão para “aturar” as imperfeições do asfalto brasileiro, o Tracker oferece boa dose de comodidade. Nem as rodas de 18 polegadas compremetem o conforto de quem vai a bordo. O espaço interno também é bom. Na frente, o conceito de duplo cockpit dá liberdade aos motorista e passageiro. Atrás, colocar três adultos pode ser um risco à tranquilidade dos ocupantes. Apenas o barulho do propulsor – mesmo em baixas rotações – invade o habitáculo com certa facilidade. Nota 8.

Interior da Chevrolet Tracker

Tecnologia – O SUV é equipado com o já difundido sistema multimídia My Link e tem a possibilidade de trazer airbags laterais como opcionais. Já a plataforma é a mesma que estreou no Sonic, em 2011, e hoje também está presente no Cobalt, Onix, Prisma e Spin. A Chevrolet só não oferece controle de estabilidade para o modelo, que vem de série no rival Ford EcoSport topo de linha e é desejável em um modelo alto como ele. Nota 7.

Habitabilidade – Os engenheiros da General Motors valorizam porta-objetos. São nada menos que 25 deles espalhados no interior, além de dois porta-luvas. O revés fica por conta do porta-malas, com capacidade para apenas 306 litros. As quatro portas do utilitário também oferecem bom ângulo para o acesso. Nota 7.

Acabamento – O habitáculo do Tracker é bem parecido com o de outros Chevrolet. Tudo muito simples, com plásticos por todos os lados, mas com arremates precisos. O único ponto de sofisticação é o acabamento em duas tonalidades, definidas como preto e titânio. Por fora, o destaque fica nos detalhes cromados como o contorno do farol de neblina, o friso na traseira e o revestimento das maçanetas. Nota 6.

Design – No desenho, o Tracker parece ser um meio-termo entre o frágil refinamento do EcoSport com a robustez bronca do Duster. A moderna composição de linhas arredondadas com outras retas são valorizadas pelas “parrudas” caixas de rodas, que dão um aspecto “vitaminado” ao utilitário. Nota 9.

Custo/benefício – A versão LTZ do Tracker briga com as versões topo dos rivais da Ford e da Renault. Custa R$ 77.490, contra R$ 76.890 do EcoSport Titanium Powershifit, que tem a seu favor a transmissão automatizada de dupla embreagem com seis marchas e controles eletrônicos de estabilidade e tração. Já a briga com o Duster é mais desleal. A Renault cobra R$ 68.200 pela versão Tech Road II do Duster com um trem de força mais antigo, com câmbio automático de quatro marchas. Nota 6.

Total – O Chevrolet Tracker LTZ somou 73 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Não se vê um Tracker rodando pelas ruas com a mesma frequência dos concorrentes EcoSport e Duster. Mas a oferta da Chevrolet no segmento de utilitários compactos tem qualidades evidentes, como design, desempenho e estabilidade bem-resolvidos. As linhas fluidas ganharam uma pitada robusta com salientes caixas de rodas e bojudos para-choques. Já a grade bipartida com a generosa logomarca da fabricante centralizada e dourada não deixa dúvidas que o SUV é um autêntico Chevrolet. A marca até cogitou colocar o estepe “pendurado” na traseira – igual ao EcoSport –, mas o bom senso e o bom gosto prevaleceram.

Os 144 cv produzidos pelo motor 1.8 litro Ecotec – com etanol – se mostram suficientes para empurrar o utilitário de 1.390 kg – 100 kg a mais que o “Eco”. As acelerações não deixam a desejar e confererem certa agilidade ao “jipinho” no centro urbano – mesmo com o torque máximo tardio, a 3.850 rpm. O desempenho é de acordo com o segmento. Segundo a Chevrolet, o SUV cumpre o zero a 100 km/h em 11,5 segundos com etanol e velocidade máxima de 189 km/h. Já a transmissão automática GF6 de segunda geração só fica “pensativa” e exita quando condutor pesa mais um pouco o pé no acelerador. O câmbio demora a entender a necessidade de uma ou duas reduções para ganhar velocidade. E na medida que os ponteiros do conta-giros vão subindo, o barulho da cabine aumenta consideralvemente. A tocada é quase de um hatch. Apesar de não ter controles eletrônicos que ajudam o condutor, o Tracker vai bem nas curvas. A inclinação na carroceria é controlada e o utilitário segue a direção apontada sem grandes dificuldades.

Por dentro, mesmo sendo derivado de um carro compacto, o Tracker garante um bom espaço interno para os ocupantes. A posição mais “altinha” de condução pode conquistar aqueles que gostam de uma aventura, mesmo que a proposta do carro seja totalmente voltada para o ambiente urbano. Os bancos de couro trazem apoios laterais e ajuste lombar, que facilitam a vida do condutor. A versão testada ainda trazia o kit de opcionais com painel e bancos em duas cores, além do teto elétrico – que amplia a percepção de espaço no interior. O que merecia mais atenção é o acabamento. Há plástico em abundância, mesmo em áreas nobres como o alto do painel e portas. Ainda que os encaixes sejam corretos – sem rebarbas –, no geral, fica aquém do que o preço em torno de R$ 80 mil pode sugerir.

Chevrolet Tracker LTZ

Ficha técnica

Chevrolet Tracker LTZ

MotorGasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.796 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando variável nas válvulas de admissão e escape e duto de admissão de dupla geometria. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial
TransmissãoCâmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira
Potência máxima140/144 cv a 6.300 rpm, a gasolina e etanol
Torque máximo17,8/18,9 kgfm a 3.800 rpm, a gasolina etanol
Diâmetro e curso80,5 mm X 88,2 mm
Taxa de compressão10,5:1
SuspensãoDianteira do tipo independente McPherson, barra estabilizadora, amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados a gás. Traseira com eixo de torção, amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados a gás
Pneus215/55 R18
FreiosDiscos dianteiros ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS com EBD
CarroceriaUtilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,24 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,64 m de altura e 2,54 m de distância entre- eixos. Oferece airbags frontais de série
Peso1.390 kg
Capacidade do porta-malas306 litros
Tanque de combustível53 litros
ProduçãoSan Luís Potosí, México
Itens de sérieAirbags frontais duplos, freios ABS com EBD, ar-condicionado, sistema My Link com entradas USB, iPod e Bluetooth, volante com revestimento em couro e comandos do som e computador de bordo, trio elétrico, faróis de neblina, controlador de velocidade de cruzeiro, fixação Isofix para cadeirinhas infantis, sensor de estacionamento com câmera de ré e chave canivete
PreçoR$ 77.490
OpcionaisAirbags laterais, teto solar elétrico e interior em dois tons
Preço completoR$ 81.090

Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias