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As tecnologias do setor automotivo vivem sua época de popularização. Foi-se o tempo que itens como Bluetooth, ar-condicionado digital e tela multimídia eram encontrados apenas em modelos mais requintados. Atualmente, os hatches de entrada já dispõem desses “gadgets”. Agora, a demanda por conforto no trânsito pesado valoriza as transmissões automáticas ou mesmo automatizadas. Com a mudança do perfil do consumidor, esse tipo de tecnologia passou a fazer parte do cotidiano. E a Citroën se mexeu para atender essa demanda. Mudou no conteúdo das versões do C3 – seu carro compacto – e passou a oferecer a transmissão automática de quatro marchas na configuração intermediária Tendance. Junto ao câmbio, veio o motor 1.6 litro. Tudo para oferecer mais por um preço menor – e torná-lo mais competitivo no segmento.

Antes deste realinhamento, o propulsor de 1.587 cm³ e o câmbio automático só estavam disponíveis na versão topo de linha Exclusive. A unidade de força é a mesma da geração anterior, mas ganhou novos materiais nas partes internas. Ele entrega 115 cv de potência a 6 mil rpm e 15,5 kgfm de torque a 4 mil giros – sempre com gasolina. Os números com etanol sobem para 122 cv e 16,4 kgfm. O motor de maior cilindrada dispensa o “tanquinho” para partida a frio. Já a transmissão tem quatro marchas. A versão Tendance com motor 1.5 litro de máximos 93 cv e câmbio manual de cinco marchas continua a ser oferecida.

Interior do C3 Tendance

A Citroën procurou dar um preço “brigador” à versão Tendance mais “recheada”. A marca francesa pede iniciais R$ 50.990 pela configuração com motor 1.6 litro e transmissão automática. O único opcional disponível é o sistema de navegação, que custa adicionais R$ 2.400. O que ainda pode onerar o preço do carro é o tipo de cor – R$ 1.390 para metálicas e R$ 1.790 para perolizadas. Apesar do valor mais “em conta”, a Citroën não “depenou” o C3 Tendance 1.6 AT. A lista de itens de série traz rodas de liga leve de 15 polegadas, direção com assistência elétrica, computador de bordo, banco do motorista regulável em altura, volante ajustável em altura e profundidade, luzes diurnas de leds e rádio/CD/MP3/USB e Bluetooth. Mas o destaque é o para-brisa “panorâmico” Zenith, grande diferencial do modelo.

Por fora, a Citroën não tocou no visual do C3. O hatch produzido em Porto Real, no Sul Fluminense, mostra um equilíbrio entre formas, robustez e sofisticação. Alguns detalhes cromados, como os presentes na grade dianteira, no friso superior do para-brisa e na parte inferior da tampa do porta-malas ajudam a balancear a aparência do hatch. Na frente, luzes diurnas em leds trazem o carro para atualidade e, na traseira, o formato das lanternas, que lembram bumerangues, fecham o visual fluido do veículo.

Traseira do modelo, acompanha o DNA da marca

Ponto a ponto

Desempenho – Até então, o motor 1.6 litro de 115/122 cv – com gasolina e etanol, respectivamente – só equipava a versão “top” Exclusive. Mas como é o único propulsor que conversa com a transmissão automática de quatro marchas, passou a equipar também a Tendance.  Ele mostra bom desempenho tanto na cidade quanto na estrada. A saídas são bem “atléticas” e a relação com o câmbio é amistosa. Nota 8.

Estabilidade – O C3 é muito bem acertado. O conjunto suspensivo, como é tradição na marca, garante qualidade no rodar. Mesmo em velocidades mais elevadas, o compacto transmite a sensação de sempre estar grudado ao asfalto. Em pavimentos irregulares o comportamento também é correto. Nota 8.

Interatividade – Lidar com o C3 no dia a dia é fácil. Os comandos vitais estão à mão e a posição de dirigir é facilmente achada pelos multiplos ajustes de banco e volante. A visibilidade dianteira é um ponto forte e o grande para-brisa Zenith aumenta a sensação de amplitude ao habitáculo, além de ser charmoso. A ressalva fica por conta dos velhos comandos em satélite na coluna. É preciso se familiarizar, pois o uso é muito pouco intuitivo. Botões no volante são mais práticos. Nota 9.

Consumo – O Programa de Etiquetagem do InMetro aferiu o Citroën C3 Tendance 1.6 automático. E o resultado não foi dos melhores. Com etanol, o hatch registrou médias de 6,5 e 8,8 km/l em trecho urbano e estrada, respectivamente. Já com gasolina no tanque, os números sobem para 9,6 e 13,0 km/l. O resultado foi a nota “D” na categoria e “C” no geral. Seu índice de consumo energético ficou em elevados 2,04 MJ/km. Nota 5

Conforto – O C3 conta com bom espaço interno. Os bancos da frente têm a densidade correta da espuma e dão a motorista e  passageiro boas opções de ajustes. O isolamento acústico é bom, mesmo quando motor é exigido. Há pouco ruído de vento em qualquer velocidade e a cabine oferece uma atmosfera agradável. Nota 8.

Detalhe da frente, que conta com luzes diurnas

Tecnologia – O hatch compacto da Citroën é relativamente novo. Nasceu na Europa em 2009 e compartilha a plataforma com o “premium” DS3, com o C3 Picasso/AirCross e também com o Peugeot 208. O motor é antigo, mas ainda é eficiente e apenas o câmbio automático, nesta versão de quatro marchas, merecia evoluir para seis marchas – como aconteceu na motorização 2.0 da PSA. O carro também conta com luzes diurnas de led e o interior bem equipado, como possibilidade de receber sistema de navegação. Nota 8.

Habitabilidade –  Faltam porta-objetos úteis no C3. O do console central ainda traz a base plana, que faz os itens ali colocados escorregarem para fora a cada arrancada. O espaço interno é bom e atrás dois adultos se acomodam muito decentemente. O porta-malas está um pouco acima da média do segmento, 300 litros. É bem suficiente para o cotidiano e apenas aceitável para bagagens de viagem. Nota 8.

Acabamento – O C3 não é luxuoso. Mas os plásticos são de boa qualidade, os encaixes, justos e sem rebarbas, além da finalização, colocam o modelo na lista dos chamados “hatches superiores” – como Fiat Punto, Ford Fiesta e Peugeot 208, entre outros. O revestimento dos bancos nesta versão é simples, mas o tecido grosso denota durabilidade e é bem costurado. Nota 8.

Design – A geração anterior do C3 agradava bastante o público feminino. Com a nova, a marca francesa tentou expandir o leque com um visual mais viril. Os vincos trocam a aparência arredondada por um perfil mais robusto. As lanternas, que se pronunciam em direção às laterais e à tampa do porta-malas, dão sensação de atualidade ao desenho do hatch. A estética “moderninha” se completa com as luzes diurnas de leds. Nota 9.

Custo/benefício – Dotado de sistema de navegação, o C3 Tendance 1.6 AT sai por R$ 53.390. Mesmo assim são R$ 5.100 a menos que a configuração Exclusive com o mesmo propulsor e o câmbio, mas com menos itens de série. E os rivais têm preços próximos. Equipado à altura, a Peugeot cobra R$ 52.390 pelo 208 Active Pack 1.6 automático. Já a Hyundai pede R$ 52.890 pelo HB20 Premium 1.6 AT. O Fiat Punto Sporting Dualogic sai a R$ 54.817, tem motor 1.8 e é bem equipado, mas não tem navegador. O Chevrolet Onix LTZ com My Link e câmbio automático de seis marchas custa R$ 52.400, mas sob o capô tem o motor 1.4 litro. O Ford Fiesta é o mais caro e na configuração SE Powershifit, que não tem navegação, sai por R$ 53.890. O C3 Tendance 1.6 AT tem a vantagem de trazer o para-brisa panorâmico e ter um acabamento superior, junto com o 208 e o Punto. Nota 6.

Total – O Citroën C3 Tendance 1.6 AT somou 77 pontos em 100 possíveis.

Novo C3 herda o conceito de uma carroceria arredondada

Impressões ao dirigir

Por mais que a Citroën incremente o C3, o chamariz da versão Tendance sempre será o vasto para-brisa Zenith – item de série a partir dessa configuração. Ele garante ao condutor novas perspectivas visuais e ainda amplia a sensação de espaço do habitáculo. Os primeiros metros de condução com o forro puxado e teto de vidro até a altura da cabeça são de adaptação para o motorista, que tem o campo de visão bem aumentado. É claro que para os dias de sol quente, ou quando não se quer tanta luz dentro do carro, é possível fechar a abertura extra, que torna o C3 quase um carro “normal” – quase porque os parassóis são simples demais, sem espelhos cortesia ou rebatimento lateral. Além disso, à noite, as pequenas lâmpadas deslocadas para as laterais não conseguem clarear o “breu” do habitáculo. A unidade testada contava com o GPS e tela fixa não sensível ao toque. Ela fica na posição correta para o condutor desviar o mínino de atenção da via. Entretanto, inserir endereços no sistema pelo botão no rádio é um desafio.

Em termos dinâmicos, o conhecido motor 1.6 litros de máximos 122 cv – com etanol – dá bastante agilidade ao hatch, tanto em perímetro urbano quanto em trechos de estrada. O torque de 15,2 kgfm só aparece a 4 mil giros, mesmo assim o compacto tem bastante fôlego. A unidade testada ainda trazia a transmissão automática de quatro marchas. Apesar de não ser dos mais modernos, o câmbio “casa” bem com o propulsor com trocas suaves e nos momentos certos. A caixa só peca quando o C3 é conduzido de forma mais animada. As mudanças de marcha acontecem em altas rotações e isso reflete em ruídos do motor na cabine.

Assim como o Peugeot 208 – seu companheiro na linha produção em Porto Real –, o C3 traz um ótimo acerto do conjunto suspensivo. Ele é capaz de deixar o carro sempre na mão do condutor em curvas sinuosas, mas também propicia uma boa dose de conforto no rodar urbano “lunático”. Os pneus 195/60 montados em rodas de 15 polegadas são bastante adequados ao porte do carro e dão ótima aderência. O compacto balança pouco e passa sensação de segurança mesmo em velocidades mais altas.

Sob o capô, eis o motor 1.6

Ficha técnica

Dados da montadora: Citroën C3 Tendance 1.6 AT

MotorA gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.587 cm³, quatro cilindros em linha, comando simples no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico
TransmissãoAutomático de quatro marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira
Potência máxima115 cv e 122 cv com gasolina e etanol a 6 mil rpm
Torque máximo15,5 kgfm e 16,4 kgfm com gasolina e etanol a 4 mil rpm
SuspensãoDianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira com travessa deformável, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. 
Pneus195/60 R15
FreiosDiscos ventilados na frente, tambores atrás e ABS com EBD de série
CarroceriaHatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,94 metros de comprimento, 1,70 m de largura, 1,52 m de altura e 2,46 m de distância entre-eixos. Airbags frontais de série. Airbags laterais opcionais. 
Peso1.100 kg. 
Capacidade do porta-malas300 litros
Tanque de combustível55 litros
ProduçãoPorto Real, Rio de Janeiro
Itens de sérieAirbag duplo, ABS com EBD, travamento central das portas, banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, direção elétrica, trio elétrico, volante com regulagem de altura e profundidade, faróis de neblina, lanternas diurnas, para-brisa panorâmico, rádio/CD/MP3/Bluetooth, maçanetas na cor da carroceria, retrovisor eletrocrômico, rodas de liga leve de 15 polegadas
PreçoR$ 50.990
OpcionaisSistema de navegação e cores metálicas ou perolizadas
Preço completoR$ 55.180

Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias