As marcas precisam mostrar novidades constantes para manter o interesse em seus modelos. Isso, porém, não significa o lançamento de carros novos a todo momento. As chamadas séries especiais cumprem esse papel, sempre com o mesmo foco: valorizar o produto. Caso do Fiat Grand Siena Sublime, que é baseado na versão mais cara do sedã – a Essence 1.6 – e não traz nenhuma alteração mecânica exclusiva que não esteja disponível na linha “convencional”. Porém, oferece vasta lista de itens de série que conferem uma atmosfera de sofisticação no interior. O bastante para posicioná-lo no topo da gama.
Apesar de ter o marketing como um dos seus principais pilares, o Fiat Grand Siena Sublime nem tem uma missão tão ambiciosa. Serve mais para diferenciar a linha Grand Siena do que para gerar volume de vendas. Tanto que a Fiat espera que o carro responda por modestos 3,5% dos emplacamentos do sedã. Pela conta da fabricante, a versão deverá vender em torno de 230 unidades por mês, um volume pequeno ante a média de 6.530 licenciamentos mensais que o carro tem conseguido desde janeiro. Em junho, primeiro mês cheio do Grand Siena Sublime, o resultado foi próximo disso. Foram emplacados cerca de 190 exemplares da versão.
O tal requinte proposto pelo Grand Siena Sublime se destaca de dentro para fora. A Fiat decidiu usar as cores marrom e marfim no interior do carro – como no couro que reveste parcialmente os bancos, o volante e os revestimentos das portas. O painel é igual às demais versões do sedã, mas recebe certa dose de exclusividade com pintura bege harmonizada com as tonalidades dos couros de outras partes.
Por fora, não fosse o exclusivo tom de branco perolizado, chamado de Kalahari, e alguns apliques com o nome “Sublime”, o carro passaria como um Grand Siena “comum”. O design, uma das principais armas do sedã, ostenta, logicamente, os mesmos traços com a linha de cintura alta, os faróis esticados para as laterais – com máscara cinza – e, na traseira, lanternas horizontais com luzes de leds. Um olhar mais atento revela outros detalhes, como uma pintura diferenciada nas rodas.
O Grand Siena Sublime tem como base o Essence 1.6. O que significa que traz, sob o capô, o motor E.Torq de 117 cv, entregues a 5.500 rpm, e 16,8 kgfm a 4.500 rotações. A transmissão é manual de cinco marchas. O câmbio Dualogic automatizado de cinco velocidades também é oferecido como opcional e permite ainda trocas manuais por paddle-shifts atrás do volante. Esse conjunto faz o sedã cumprir o zero a 100 km/h em 9,9 segundos, a caminho da velocidade máxima de 194 km/h.
Para justificar o posicionamento da série no topo da linha, o carro vem equipado de fábrica com alguns itens que, nas outras versões, estão disponíveis apenas como opcionais. Casos do rádio Connect com conexão Bluetooth e comandos no volante, retrovisores elétricos e vidros elétricos traseiros. O Grand Siena Sublime parte de R$ 46.680. No entanto, a conta chega a R$ 49.800 com a adição dos opcionais câmbio Dualogic Plus e sensores de estacionamento.
Ponto a ponto
Desempenho – Manter o Grand Siena em movimento não é um problema para o motor E.torq 1.6. A dificuldade está antes de tirá-lo da inércia, já que os 16,2 kgfm de torque só aparecem a 4.500 rpm. Antes disso a entrega de força é restrita. O câmbio Dualogic tem um bom escalonamento, mas ainda falta suavidade nas trocas, normalmente acompanhadas de pequenos trancos. Nota 7.
Estabilidade – O Grand Siena é notavelmente ajustado para proporcionar maior conforto. Porém, o acerto da suspensão não comprometeu a estabilidade do carro, que consegue absorver bem os desníveis do solo e, ao mesmo tempo, manter-se firme. Em algumas curvas a carroceria rola um pouco, mas nada que chegue a incomodar. Nota 8.
Interatividade – O sedã da Fiat tem o uso bastante simplificado. Quase todos os comandos estão no lugar esperado. A exceção fica por conta dos comandos dos retrovisores externos, localizados na coluna dianteira, o que diminui a praticidade de acionamento. A utilização do computador de bordo e do rádio, com controles no volante, é intuitiva. O câmbio possui paddle-shifts que melhoram a experiência de condução. Nota 7.
Consumo – O Grand Siena Essence 1.6 Dualogic registrou médias de 8,9 km/l com gasolina em ciclo urbano segundo o computador de bordo. A Fiat não disponibilizou o modelo para o InMetro fazer medições. Nota 6.
Conforto – Sem dúvida, foi o aspecto privilegiado na concepção da versão Sublime. A característica se acentua pela agradável textura do couro que forra parcialmente assentos, portas e volante. A suspensão cumpre seu papel e filtra a maioria dos impactos causados pelo solo. O isolamento acústico é bem feito e o nível de ruído que invade a cabine não atrapalha uma conversa em tom normal. Nota 8.
Tecnologia – O Grand Siena usa uma plataforma recente, com elementos emprestados pelas novas gerações do Palio e do Punto. A lista de equipamentos de série é bem recheada com itens de segurança e conveniência. O câmbio, chamado agora de Dualogic Plus, é uma atualização da caixa automatizada antiga que corrige problemas como a troca de marcha no momento de ultrapassagens, uma falha da versão anterior. Nota 7.
Habitabilidade – Não há muitos lugares para itens de uso mais imediato. O porta-objetos mais amplo é também um porta-copos localizado à frente da alavanca do câmbio. O porta-malas tem espaçosos 520 litros de capacidade. O ângulo de abertura das portas, tanto na frente, quanto atrás, facilita a entrada e a saída. Nota 7.
Acabamento – O Grand Siena tem a maioria dos arremates bem feitos, assim como os encaixes das peças. A versão Sublime adiciona ainda um aspecto mais sofisticado ao sedã. Os plásticos do painel, embora rígidos, têm textura e visual agradáveis. O revestimento em couro do volante tem algumas rebarbas que incomodam. Nota 7.
Design – O Grand Siena apresenta linhas bastante conservadoras. E esse é exatamente o ponto forte do desenho do carro. As linhas são sóbrias e criam um conjunto elegante. Os faróis horizontalizados e as lanternas traseiras com luzes de leds dão um ar de modernidade. Nota 8.
Custo/benefício – O Fiat Grand Siena com o pacote Sublime e equipado com o câmbio automatizado custa R$ 49.850. Consideravelmente mais barato que a versão de topo do rival Chevrolet Cobalt com motor 1.8 e lista semelhante de equipamentos, que custa R$ 52.290. O Nissan Versa custa R$ 44.890 em sua versão mais equipada, mas não oferece câmbio automático. O modelo da Fiat surge como uma opção para quem busca um sedã compacto, espaçoso e bem equipado, com câmbio automatizado e na faixa de R$ 45 mil a R$ 50 mil. Nota 8.
Total – O Fiat Grand Siena Sublime somou 73 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
O Grand Siena nasceu com uma proposta acertada de design. Enquanto a versão mais simples – o Siena EL – segue o design do Palio antigo, os traços do modelo maior dão um pouco mais de personalidade própria ao sedã em relação à nova geração do hatch. O interior, porém, deixava flagrante o excesso de simplicidade. E a Fiat reservou para a edição especial Sublime a missão de corrigir essa falha. A cabine agrada desde o primeiro momento. A mistura de tons marrom e marfim é de bom gosto e transmite, de fato, a sensação de se estar dentro de um carro mais requintado. Percepção reforçada pela boa textura dos materiais.
Com o motor ligado, o Grand Siena Sublime revela as mesmas virtudes e falhas dos demais componentes da linha. O motor tem 117 cv, potência mais que suficiente para puxar os 1.148 kg do sedã, que mostra boa agilidade em quase todas as situações. O problema é na entrega do torque. Os relativamente bons 16,8 kgfm só chegam quando o propulsor gira a 4.500 rpm – algo que exige pisadas mais vigorosas nas saídas. As trocas automatizadas do câmbio Dualogic não chegam a incomodar, mas um pouco mais de suavidade cairia muito bem. No modo manual, a operação da transmissão através dos paddle-shifts adiciona boa dose de diversão à condução.
Um dos pontos altos do Grand Siena é o conforto. A edição Sublime reforça essa característica com os bancos revestidos em couro e o apoio para o braço do motorista. A ergonomia, no entanto, não é das melhores. O volante é ajustável apenas em altura e o banco carece de mais possibilidades de regulagem. A suspensão filtra com bastante eficiência os impactos causados pelas constantes imperfeições das ruas brasileiras. E seu ajuste não prejudica a dirigibilidade. O Grand Siena se comporta bem e, mesmo em trechos sinuosos, reage de maneira equilibrada.
Ficha técnica - Fiat Grand Siena Sublime 1.6
Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automatizado com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 115 cv com gasolina e 117 cv com etanol a 5.500 rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,0 s com gasolina e 9,9 s com etanol.
Velocidade máxima: 192 km/h com gasolina e 194 km/h com etanol.
Torque máximo: 16,2 kgfm com gasolina e 16,8 com etanol a 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 77,0 mm X 85,8 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços oscilantes inferiores, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira semi-independente com eixo de torção, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos.
Pneus: 195/55 R16.
Freios: Dianteiros com discos ventilados e traseiros a tambor. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,29 m de comprimento, 1,70 m de largura, 1,50 m de altura e 2,51 m de entre-eixos. Airbags frontais de série.
Peso: 1.148 kg, com 400 kg de carga útil.
Capacidade do porta-malas: 520 litros.
Tanque de combustível: 48 litros.
Produção: Betim, Brasil.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado, direção hidráulica, vidros, retrovisores e travas elétricos, airbags frontais, ABS com EBD, volante com regulagem de altura, controlador de velocidade de cruzeiro, frisos laterais cromados, bancos e volante revestidos em couro, rodas de liga-leve em 16 polegadas, apoio de cabeça central traseiro, apoio para o braço do motorista, abertura interna do tanque de combustível, faróis de neblina, rádio CD/MP3/USB/Aux/Bluetooth, volante multifuncional
Preço: R$ 46.680.
Opcionais: Câmbio Dualogic e sensores de estacionamento.
Preço completo: R$ 49.850.
Autor: Michael Figueredo (Auto Press)
Fotos: Luiza Dantas/Carta Z Notícias