A Nissan não quer pouco. O projeto é emplacar 5 mil unidades mensais do March em 2016 e daí partir para ser a japonesa que mais vende no Brasil. Para alcançar esse objetivo, a marca japonesa tem procurado criar atrativos para o hatch compacto, primeiro carro a sair da recém-inaugurada fábrica de Resende. No escalonamento de crescimento da produção e das vendas, a meta é fechar 2014 com 3 mil exemplares por mês. Na soma do modelo nacionalizado com o antigo, que vem do México, o resultado de junho cumpriu mais de 70% do percurso, com 2.131 unidades – sendo 1.496 do March brasileiro. Apenas a versão SL, a mais topo de linha, responde por quase 30% do total, algo em torno de 600 unidades mensais. Ou seja: apesar de ser a mais cara da linha, não é uma versão de vitrine, mas sim de venda.

  • Galeria: Foto 1 de 5
    Galeria: Foto 1 de 5
  • Galeria: Foto 2 de 5
    Galeria: Foto 2 de 5
  • Galeria: Foto 3 de 5
    Galeria: Foto 3 de 5
  • Galeria: Foto 4 de 5
    Galeria: Foto 4 de 5
  • Galeria: Foto 5 de 5
    Galeria: Foto 5 de 5

Um dos motivos para o bom desempenho da versão top é o próprio desempenho dinâmico. A versão SL traz sob o capô um motor 1.6 16V flex, também produzido no Complexo Industrial da Nissan em Resende. Ele desenvolve 111 cv de potência a 5.600 rpm, tanto com gasolina quanto com etanol. O torque máximo, de 15,1 kgfm, aparece apenas a 4 mil rpm, mas 90% dele já está presente a 2.400 giros. Resultado: o hatch sai da imobilidade aos 100 km/h em 9,9 segundos com gasolina e 9,5 s com etanol. A máxima fica em 191 km/h. São números convincentes, que se refletem em um comportamento bem instigante. 

Por dentro, o modelo também justifica as boas vendas. Na versão mais cara, o ar-condicionado é automático e digital e o console central é dominado por uma tela touch de 5,8 polegadas, que faz a interface com o sistema multimídia. A central tem GPS, áudio com Bluetooth Streaming, monitora a câmera de ré e consegue, a partir de um celular com conexão 3G, interagir com Facebook e Google. A Nissan ainda pretende ampliar a lista de redes sociais compatíveis com o aplicativo Nissan Connect.

New March ganha um visual mais esportivo

Para disputar espaço na concorrida categoria de hatches compactos no Brasil, o March nacional sai de fábrica ainda com vários outros itens de série nesta versão de topo. Ainda integram essa lista computador de bordo, desembaçador traseiro com temporizador, direção elétrica progressiva, volante multifuncional, chave com telecomando, retrovisores, travas e vidros elétricos, aerofólio com brake light e rodas de liga leve aro 16 com acabamento escurecido.

Com essa configuração, o March 1.6 SL tem o preço de R$ 42.990 – completo, com pintura metálica e automatizador dos vidros com alarme, chega a R$ 45.102. Isso deixa o modelo japonês mais de 10% abaixo de outros compactos do mercado com equipamentos semelhantes – muitos nem dispõem de todos os recursos oferecidos no March. A única exceção nessa relação de valor é o modelo da parceira de aliança, o Renault Sandero, que rivaliza em conteúdo e preço. Não por acaso, a Nissan vem seguindo uma estratégia parecida da adotada pela marca francesa, de explorar com força a boa relação custo/benefício de seu compacto. Foi assim que a Renault se firmou no cenário automobilístico nacional. E, ao que tudo indica, é esse o caminho que a marca japonesa pretende trilhar.

Novo Nissan March 1.6 SL

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.6 16V mostra força já na arrancada. Basta pisar um pouco mais fundo com o pé direito para o carro obedecer à vontade do motorista. O câmbio manual de cinco marchas tem engates precisos e trabalha em boa sintonia com o propulsor. Uma das grandes vantagens do hatch japonês está na balança. Ele pesa apenas 982 kg, e tem uma ótima relação peso/potência de 8,85 kg/cv. Ou seja: seus 111 cv se convertem em muito vigor e agilidade, tanto na cidade quanto em estradas. O zero a 100 km/h em menos de 10 segundos é desempenho de modelos bem mais caros. Nota 9.

Estabilidade – O novo March mantém bem as quatro rodas no chão. Mesmo em sequência de curvas em velocidades maiores, a estabilidade é constante e rolagens de carroceria são praticamente imperceptíveis. A direção elétrica mostra boa firmeza mesmo quando o carro está acima dos 100 km/h e não há necessidade de correções para manter o veículo em linha reta. Nota 8.

Interatividade – De maneira geral, o March tem comandos intuitivos e de fácil acesso. Mas há exceções. O controle dos retrovisores elétricos fica escondido atrás do volante e não é tão simples de usar. Os comandos do ar-condicionado digital são vítimas do design e ficaram confusos: envolvem diversos botões em um formato circular pouco prático. Em compensação, há volante multifuncional, muita informação no computador e nos instrumentos e a retrovisão é bem eficiente. Nota 8.

Interior tem bom acabamento

Consumo – O March 1.6 SL recebeu nota “A” na categoria de hatches compactos e “B” na geral dentro do Programa Brasileiro de Etiquetagem do InMetro, com médias de 11,6/8,1 km/l em trajeto urbano e 13,2/9,3 km/l na estrada, com gasolina/etanol no tanque. Seu índice de consumo energético foi de 1,76 MJ/km. Nota 8.

Conforto – Na frente, os ocupantes conseguem “se virar” bem com o espaço, sem maiores excessos. Já atrás, não há milagres. Duas pessoas até conseguem viajar sem se espremer, mas é preciso controlar um pouco mais o conforto dianteiro para garantir que ocupantes mais altos se instalem no assento traseiro. As pancadas em função de irregularidades no asfalto são absorvidas com competência. Nota 7.

Tecnologia – A plataforma “V” é a segunda geração da “B-zero” da Nissan, com carroceria reforçada, novos materiais no assoalho, painéis laterais e frontais e mais pontos de solda. Outro destaque do hatch brasileiro é sua extensa lista de equipamentos de série na versão SL. Ele vem com ar-condicionado digital automático, sistema multimídia Nissan Connect com navegador e câmera de ré integrados e acesso às redes sociais na tela sensível ao toque de 5.8 polegadas. Nota 9

Habitabilidade – Mesmo sendo um automóvel compacto, o bom ângulo de abertura das portas faz com que seja bem fácil entrar e sair do carro. No interior, existem bons vãos para guardar objetos de uso pessoal. O porta-malas é menor do que o da concorrência, mas não chega a ser tão ruim – leva 265 litros. Nota 7.

Frente teve poucas mudanças

Acabamento – Há plástico rígido por todos os lados. E apesar de variarem a textura, não há uma atmosfera de requinte na cabine. Outros concorrentes – principalmente das francesas Citroën e Peugeot – levam a melhor nesse quesito, na mesma faixa de preço. Nota 6.

Design – As mudanças estéticas em relação ao March importado do México não chegam a distanciar os dois modelos. Com o face-lift, o March ganhou formas um pouco mais robustas, mas falta uma personalidade mais atraente ao design. O carrinho é muito redondo e sem fluidez nas linhas, com soluções para faróis e lanternas pouco criativas. Nota 6.

Custo/benefício – O Nissan March 1.6 SL custa a partir de R$ 42.990 e completo vai a R$ 45.102. Mas é, de longe, o compacto mais completo do mercado. Vem com tudo e ainda tem ar automático, multimídia com GPS e tela de 5,8 polegadas e câmera de ré. O único rival à altura em preço e equipamentos é o Renault Sandero Dinamique, que é menos potente. Outros modelos que oferecem recursos próximos são Ford Fiesta, Peugeot 208, Hyundai HB20 e Citroën C3. Estes são mais potentes, mas custam acima de R$ 50 mil. Nota 9.

Total – O Nissan March 1.6 SL somou 77 pontos em 100 possíveis.

Detalhe emblema com nome do carro

Impressões ao dirigir

O visual do Nissan March tem uma mistura inusitada de robustez e fofura, obtida através de suas formas arredondadas. O modelo nacionalizado até ganhou um pouco de agressividade, pelos numerosos vincos, mas não assusta ninguém. Mas ao tirar o carro do lugar que se nota a verdadeira força do compacto. Com apenas 982 kg, o modelo se mostra esperto e responsivo diante das pisadas mais fundas no acelerador. Os 111 cv de potência e os 15,1 kgfm de torque do propulsor 1.6 16V sobram na hora de dar agilidade ao carrinho. Mesmo sendo com um motor multiválvulas, o March entrega boas arrancadas e eficiência nas ultrapassagens e retomadas desde os giros mais baixos.

O espaço interno está um pouco abaixo da média dos compactos e é ligeiramente apertado. Quatro adultos de estatura mediana viajam com tranquilidade, mas um quinto elemento gera um desconforto generalizado. Por dentro, chama atenção o bom isolamento acústico – nitidamente melhor no modelo nacionalizado – e os diversos recursos e equipamentos disponíveis. A direção elétrica ganhou uma configuração muito precisa e sempre oferece a resisitência correta para a situação – leve em baixas velocidades e firme nas altas.

Estacionar um carrinho de 3,83 metros em geral é uma tarefa simples. Mas no caso da versão SL é como ter o gabarito da prova à disposição. O raio de giro de 4,5 m, o amplo para-brisa e a boa retrovisão ganham a ajuda de câmara traseira integrada, com imagem projetada na tela de 5,8 polegadas instalada no console central. O sistema multimídia, batizado de Nissan Connect, tem um funcionamento bem fácil e bastante intuitivo. Ele conta com GPS, conecta o telefone ao som através do Bluetooth e ainda interage com redes sociais e sites de busca. Ou seja, através do seu comando de voz, é possível falar um endereço, pesquisar a rota e programar o navegador para orientar as coordenadas até o destino. Uma característica que pode ajudar a fabricante nipônica a alcançar um dos seus principais objetivos com a produção do March no Brasil: se conectar a uma imagem jovem.

Detalhe farol dianteiro

Ficha técnica

Nissan March 1.6 SL

MotorA gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial
TransmissãoCâmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração
Potência111 cv com gasolina/etanol a 5.600 rpm
Torque15,1 kgfm com gasolina/etanol a 4 mil rpm
Diâmetro e curso78 mm X 83,6 mm
Taxa de compressão10,7:1
SuspensãoDianteira independente do tipo McPherson com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos
Pneus185/60 R16
FreiosDiscos ventilados na frente e tambores atrás. ABS com EBD e assistência de frenagem
CarroceriaHatch compacto em monobloco com cinco portas e cinco lugares. Com 3,83 metros de comprimento, 1,67 m de largura, 1,53 m de altura e 2,45 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série. 
Peso982kg
Capacidade do porta-malas265 litros
Tanque de combustível41 litros
ProduçãoResende, Brasil
Lançamento mundial2010, com face-lift em 2014
Lançamento no Brasil2014
Itens de sériebanco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, desembaçador traseiro com temporizador, direção elétrica progressiva, porta-malas com iluminação, tampa de combustível com abertura interna, volante multifuncional com regulagem de altura, chave com telecomando para abertura e fechamento das portas e do porta-malas, maçanetas internas cromadas, retrovisores elétricos, travas elétricas e vidros dianteiros e traseiros elétricos com função um toque para o motorista, aerofólio com brake light e lâmpada de leds, maçanetas externas na cor da carroceria, moldura da grade inferior cromada, farol de neblina com acabamento cromado, ar-condicionado digital automático, alarme perimétrico com acionamento na chave, sistema multimídia com CD Player, MP3, entrada para iPod e auxiliar, USB, display de 5.8 polegadas GPS e acesso às redes sociais, câmera de ré, faróis dianteiros e traseiros com máscara negra, maçanetas externas cromadas, rodas de liga leve aro 16 com acabamento escurecido
PreçoR$ 42.990
OpcionaisPintura metálica e automatizador dos vidros com alarme
Preço completoR$ 45.102

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias