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Ao longo de seus 17 anos de existência, a Troller conquistou muitos fãs. A fábrica de veículos off-road em fibra de vidro localizada na cidade de Horizonte, na periferia da capital cearense, ganhou prestígio entre os “jipeiros” pelo bom desempenho em diversas competições fora de estrada, como o Rally dos Sertões e o Paris-Dakar. Em 2007, o controle da Troller foi assumido pela Ford. Mas só agora a multinacional norte-americana, após investir na reforma da fábrica, propõe mais sinergias com a pequena montadora nordestina. O resultado é a nova geração do T4, atualmente o único modelo da Troller. Com engenharia 100% nacional, sua proposta foi ampliar a essência off-road, entregando um veículo mais avançado em termos de conveniência. Embora continue a ser um modelo de nicho, a Troller planeja quase duplicar a produção: quer montar cerca de 250 unidades do T4 por mês. 

Segundo a Troller, tudo é novo no T4 2015. Na verdade, cerca de 85% das peças são realmente novas. Projetado no Centro de Design e Engenharia da Ford em Camaçari, na Bahia, o veículo cresceu em comprimento, altura, largura e entre-eixos – 4,09 m, 1,96 m, 1,97 m e 2,58 m, respectivamente. Apoiada em um chassi de longarinas, a carroceria combina uma estrutura tubular metálica com revestimentos em compósito SMC, que mistura fibra de vidro com aço. Em termos estéticos, o objetivo da nova geração foi modernizar, mas sem perder a identidade. Como uma espécie de “firula estilística”, recorrentes detalhes da carroceria e no interior remetem à letra “T” – que também compõe a logomarca – estilizada. O conjunto frontal, formado pela grade e lanternas, é o “T” mais evidente. O T4 vem com protetor frontal e estribos laterais integrados à carroceria, bagageiro com barras transversais ajustáveis e aerofólio na tampa traseira com brake-light integrado, além de tomada de ar em posição elevada preparada para a instalação de snorkel e base para guincho integrada. Já no interior, o novo visual é mais contemporâneo e os revestimentos aparentam melhor qualidade que os anteriores. E ainda dá para lavar o piso do interior com uma mangueira sem qualquer problema – e o T4 dispensa os drenos, pois o escoamento da água é feito pelos batentes de portas, que são mais baixos.

Traseira do novo T4 tem desenho moderno

Mas a maior novidade está abrigada sob o vasto capô. O esforçado motor Maxxion de 168 cv e 39 kgfm deu lugar ao moderno Duratorq 3.2 Diesel de cinco cilindros, com 200 cv de potência e 48 kgfm de torque na faixa de 1.750 a 2.500 rpm, que é o mesmo da Ranger. A picape da Ford também “empresta” o câmbio manual de seis velocidades, mas o T4 conta com opções de tração 4X2, 4X4 High – recomendada para pisos escorregadios, com engate a até 120 km/h – e 4X4 Low – reduzida, para uso extremo, em atoleiros e rampas. Nesse modelo 2015, podem ser acionadas por um seletor giratório no console central. Comando eletrônico de tração, diferencial traseiro autoblocante e freio a disco nas quatro rodas com sistema antitravamento ABS e EBD – que distribui a força da frenagem nas rodas – são de série. Já os airbags não existem – são dispensados em modelos off-road porque podem ser acionados indevidamente em uso radical. Há modelos “todo terreno” em que as bolsas de ar podem ser desativadas pelo motorista na hora de encarar as trilhas – não foi a opção do novo T4. 

Dentro da proposta de ser mais “civilizado”, o T4 vem com ar-condicionado digital “dual zone”, CD-MP3 player com entrada auxiliar, USB e Bluetooth, vidros e espelhos elétricos, bagageiro de teto, lanternas de leds, teto solar duplo de vidro e rodas de alumínio de 17 polegadas com pneus de uso misto – para trilhas radicais, a melhor opção é trocar por pneus off-road. A linha de acessórios originais – disponíveis nas concessionárias – chega aos 130 itens. Inclui acessórios como snorkel, guincho, para-choques de aço, pneus lameiros, estribos de aço e bagageiro. E também uma série de protetores – do cárter, câmbio, caixa de transferência, escapamento dianteiro, intermediário e traseiro e tanque – para percursos mais inóspitos. 

O preço do novo T4 parte de R$ 110.990. Uns 15% acima dos R$ 96.850 da versão anterior, mas ainda bem competitivo em relação aos modelos de entrada das marcas importadas com tradição no off-road, como a norte-americana Jeep e a inglesa Land Rover. Enquanto não se inauguram as fábricas da Jeep em Pernambuco e da Land Rover no Rio de Janeiro, o que deve acontecer a partir de 2015, o “todo terreno” cearense quer aproveitar a vantagem competitiva. As vendas começam em agosto.

Interior da nova T4

Ponto a ponto

Desempenho -­ O Duratorq 3.2 Diesel de cinco cilindros dá e sobra para as necessidades do T4, tanto no asfalto quanto nas trilhas. Com 200 cv de potência e 48 kgfm de torque na faixa de 1.750 a 2.500 rpm, embala os 2.140 kg do veículo sem resfolegar. O câmbio manual de seis marchas, apesar dos engates um tanto duros, ainda ajuda a otimizar o rendimento do conjunto. Segundo a Troller, o zero a 100 km/h pode ser feito em 12,3 segundos. Mas é no off-road que o “powertrain” herdado da Ranger mostra toda a sua eficiência. O torque bem elevado, que já aparece em giros baixos, é o impulso que ajuda a tirar o T4 das situações mais difíceis. Nota 9.

Estabilidade -­ No asfalto, uma carroceria alta dificilmente “faz bonito” quando se encontra um trajeto sinuoso em alta velocidade. Com sua suspensão calibrada para as trilhas, o T4 aderna bastante nas curvas rápidas – o que é uma forte recomendação para diminuir a velocidade nas próximas. Nas retas, em altas velocidades, o modelo apresenta um ligeiro “efeito gangorra”. Ou seja, como ocorre nos barcos, alterna constantemente a sensação que a frente subiu um pouco com a percepção que a traseira se elevou. Já nas trilhas, o que era desvantagem vira um trunfo. A suspensão hiperdimensionada se sente “em casa” e encara lamaçais, buraqueiras e dunas, sem dar sinal de temor. Nota 7.

Interatividade ­- Os comandos do novo T4 estão mais à mão e seu acionamento quase sempre é intuitivo. Mas há detalhes importantes que mereceriam ser aperfeiçoados. O câmbio – que é o mesmo da Ranger – foi reforçado para o uso off-road, mas na utilização urbana oferece engates ásperos demais. Os pedais também não são dos mais ergonômicos – são um tanto duros, demasiadamente juntos e parecem mais deslocados para a direita do que deveriam ser. E a larguíssima coluna traseira ajuda a criar vários “pontos cegos” – melhor redobrar a atenção nas ultrapassagens. No off-road, o botão giratório dos modos de tração 4X2, 4X4 High e 4X4 Low tem acionamento fácil. Nota 5.

Consumo -­ O novo T4 ainda não foi avaliando pelo InMetro. A Troller afirma que o T4 consegue a média de 8,85 km/l de diesel em um percurso urbano e 11,93 km/l em estrada. Se render isso mesmo, não será nada mal. Nota 8.

Conforto -­ Apesar da evolução em relação ao modelo anterior, não é o forte do T4. Os novos bancos dianteiros são até aconchegantes. Mas, em um modelo que ultrapassa os R$ 110 mil, era de se esperar que tivessem regulagem elétrica, pelo menos para o motorista. É um veículo pensado para levar duas pessoas – o banco traseiro é mais um “quebra-galho”. Quem vai atrás não corre riscos de bater a cabeça, mas falta espaço para as pernas. Além disso, o encosto traseiro é posicionado de forma excessivamente vertical – quase 90 graus em relação ao assento –, o que o torna muito desconfortável para viagens longas. Uma inclinação de poucos graus reduziria o incômodo. Já o isolamento acústico até ganhou alguma eficiência em relação ao T4 antigo, mas ainda não é dos melhores. Nota 6.

Novo Troller T4

Tecnologia -­ O motor Duratorq 3.2 Diesel de cinco cilindros e 20 válvulas é o grande destaque tecnológico do novo T4. Mas ar-condicionado digital “dual zone”, CD-MP3 player com entrada auxiliar, USB e Bluetooth e lanternas de leds também são bons reforços nesse aspecto. Para o uso off-road, a opção de tração 4X2, 4X4 High e 4X4 Low é bastante importante. Mas o grande ponto negativo é a opção pela ausência de ABS – algo permitido pela legislação brasileira para veículos off-road. O melhor seria adotar um esquema de airbags desativáveis opcionalmente pelo motorista. Suprimir o equipamento pode até baratear o custo e ser recomendável nas trilhas, mas torna o T4 efetivamente menos seguro nas estradas e no uso urbano. Nota 7.

Habitabilidade -­ O número de porta-objetos aumentou bastante – outra boa contribuição da Ford. Mas o T4 é bastante alto e o acesso é complicado – é preciso usar as alças no alto da porta para chegar aos bancos. Na dianteira nem é tão difícil se instalar. Mas, como só há duas portas, pessoas com problemas de coluna devem evitar os bancos traseiros, que requerem algum contorcionismo para serem acessados. Além disso, o posicionamento excessivamente vertical do banco traseiro desestimula ficar muito tempo ali. Os vidros traseiros fixos reforçam uma sensação claustrofóbica no banco de trás, um pouco atenuada pelo duplo teto solar – que também não se abre. Nota 6.

Acabamento - Até se espera uma certa rusticidade de modelos como o T4. Mas, para um carro de mais de R$ 110 mil, o acabamento do veículo da Troller se mostrou bem abaixo do esperado. Deve-se ressaltar que o modelo avaliado era um “pré-série” e que os veículos de venda devem receber um controle de qualidade melhor. A bordo dele, não era difícil encontrar rebarbas e sobravam falhas na montagem e na colagem dos revestimentos internos. Pelo menos as peças internas “emprestadas” de modelos da Ford agora são usadas de forma mais harmônica – e representam uma evolução em relação ao T4 anterior. Nota 6.

Design ­- Mesmo sem trazer nada de revolucionário, o novo design fez bem ao T4. Lembra bastante o protótipo TR-X, apresentado em 2012, no Salão de São Paulo. É um veículo imponente e chama a atenção por onde passa. A intenção dos designers, de valorizar a robustez do modelo, foi plenamente atingida. Por dentro, a evolução estilística também foi notável. Nota 8.

Custo/Benefício ­- Mesmo com a maior oferta de tecnologia embarcada no T4, fica difícil justificar a elevação de quase 15% no preço. O valor inicial de R$ 110.990 é “salgado”, mas ainda bastante abaixo de Jeep Wrangler e Land Rover Defender, que oferecem recursos off-road similares. Boa parte dos equipamentos são oferecidos como acessórios nas concessonárias – segundo a marca, há consumidores que chegam a gastar R$ 80 mil para equipar e personalizar seus veículos. Mas a compra desse gênero de veículo – os chamados “sonhos de consumo” dos lameiros – normalmente não é das mais racionais. O T4 é um “brinquedo de adultos ricos”. Certamente haverá gente disposta a pagar. Nota 7.

Total ­- O Troller T4 somou 69 pontos em 100 possíveis.

Sob o capô da nova T4

Primeiras Impressões

Caucaia/CE - O T4 é desajeitado no uso urbano. É alto demais, não tem muito jogo de direção, a retrovisão não é das melhores e é difícil de estacionar em vagas compactas. O câmbio de engates um tanto duros também não é favorável no “para e anda” do trânsito cada vez mais complicado das grandes cidades. Além disso, os acessos não são fáceis e é necessário “escalar” o carro para entrar – principalmente para quem vai nos bancos traseiros. Nas estradas, em retas de altas velocidades, o modelo apresenta algum “efeito gangorra” – oscila alternadamente, para cima e para baixo, a dianteira e a traseira. Nas curvas em alta, aderna de forma expressiva – o que recomenda um modo de dirigir bem mais pacato.

Mas o T4 se propõe a ser o terceiro carro de uma família, utilizado em momentos de lazer no final de semana, para trafegar por trilhas, andar em áreas alagadas ou passear à beira mar. Ou seja, eventuais problemas no uso urbano perdem a relevância quando o T4 se depara com seu verdadeiro “habitat”: o off-road. Nas trilha e dunas cearenses, a suspensão esbanjou eficiência e encarou sem dificuldades os obstáculos que apareceram. Mas o que mais impressiona é o desempenho do motor Duratorq no off-road. Como o torque máximo aparece já em 1.750 rpm, o veículo oferece toda sua força sempre que se precisa dele. 

Nas situações mais “cascudas” de off-road, os modos de tração 4X4 High e 4X4 Low ajudam a deixar qualquer coisa para trás. E os para-choques ganharam módulos nas extremidades que podem ser removidos, para encarar trilhas mais árduas. As capacidades off-road também foram melhoradas. Os ângulos agora são 51° de entrada e saída, 30° para transposição de rampa, 45° de aclive máximo e 40° de inclinação lateral. A imersão máxima fica em 80 cm. Ou seja: quem gosta de trilhas tem tudo para se divertir bastante a bordo do T4.

T4 enfrentando as Dunas

Ficha Técnica

Troller T4

Motor: Diesel, dianteiro, longitudinal, 3.198 cm³, cinco cilindros em linha, turbo, quatro válvulas por cilindro e sistema de abertura variável de válvulas. Injeção direta e acelerador eletrônico. 
Transmissão: Câmbio manual com seis marchas à frente e uma a ré. Tração integral por acionamento elétrico e reduzida. Não oferece controle de tração. 
Potência máxima: 200 cv a 3 mil rpm.
Torque máximo: 48 kgfm a entre 1.750 e 2.500 rpm.
Diâmetro e curso: 89,9 mm X 100,7 mm.
Taxa de compressão: 15,5:1.
Suspensão: Dianteira e traseira por eixo de torção com barra estabilizadora e barra Panhard. Molas helicoidais e amortecedores de dupla ação. Não oferece controle de estabilidade.
Pneus: 255/65 R17.
Freios: Discos ventilados na frente e maciços atrás, com ABS e EBD.
Carroceria: Utilitário com carroceria em compósito sobre chassi de longarinas, com duas portas e cinco lugares. Com 4,10 metros de comprimento, 1,98 m de largura, 1,96 m de altura e 2,58 m de distância entre-eixos. Não dispõe de airbags.
Peso: 2.140 kg com 420 kg de carga útil e 750 kg rebocáveis.
Capacidade off-road: 51º de ângulo de entrada e de saída, 45º de inclinação de rampa com reduzida, 40º de inclinação lateral, 80 cm de capacidade de imersão e vão livre para o solo de 31,1 cm entre os eixos e de 20,8 com sob o diferencial traseiro.
Capacidade do porta-malas: 134 litros/558 litros com os bancos traseiros rebatidos.
Tanque de combustível: 62 litros.
Produção: Horizonte, Ceará.
Lançamento: Agosto de 2014.
Itens de série: Ar-condicionado, trio elétrico, computador de bordo, ABS, roda de liga leve de 17 polegadas, direção hidráulica e rádio/CD com Bluetooth.
Preço: R$ 110 990 (sem opcionais).


Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias