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Quem vive de passado é museu. E também alguns modelos de automóvel. No segundo caso, claro, sempre em versões revistas e melhoradas, mas sem deixar de evocar o glamour de época e abusar do charme retrô. No caso do Chevrolet Camaro, essas qualidades ficam ainda mais potencializadas na configuração conversível, versão que chega agora no Brasil com o poético nome de Sunrise O esportivo da marca norte-americana seria interessante mesmo sem fazer qualquer menção ao modelo original, de 1967, mas não perde nada ao utilizar as referências. Tanto que esta quinta geração fez o que nenhuma das quatro anteriores conseguiu: bateu em vendas o Mustang, o “pony car” da arquirrival conterrânea Ford. No ano passado, no mundo inteiro, o Camaro somou 25 mil unidades a mais.

Este sucesso explica bastante a sutileza do face-lift promovido pela General Motors, controladora da Chevrolet. Como o carro vinha ganhando mercado, mas já tinha três anos de lançado, a GM mudou alguma coisa para não mudar coisa alguma: mexeu um pouco nos faróis, no capô, no para-choque dianteiro e nas lanternas traseira. Primeiro no cupê, depois no conversível. Com a vinda da nova configuração, as vendas da linha Camaro devem crescer em 10% – atualmente, o cupê responde por pouco mais de mil unidades anuais. Esperar emplacar apenas 100 carros por ano do Sunrise não encontra uma boa justificativa no preço. O conversível chega por R$ 239.900, somente 8% a mais que a versão cupê.

Visão de frente do novo Camaro SS Sunrise

O poder de atrair olhares e desejo da versão descapotável pode até ser maior que da fechada, mas as limitações meteorológicas de um conversível em um país tropical – com muita chuva e sol forte – atrapalham o desfrute do modelo e acabam fazendo do cupê uma escolha mais lógica. Pelo lado da esportividade, a engenharia da General Motors tentou de todas as maneiras “igualar” o desempenho estrutural do modelo aberto. Criou uma espécie de “muro de arrimo” sob os assentos e o encosto do banco traseiro, para melhorar a conexão entre as partes da frente e de trás. Ainda colocou diversas barras de reforço sob o assoalho, no sentido transversal e do tipo cantoneiras. Por fim, criou um pilar hidroformatado que vai do piso à frente da porta e engloba a moldura do para-brisa – a resistência dessa estrutura permitiu dispensar o santantônio, presente na maioria dos conversíveis modernos.

O resultado de todo este reforço foi um ganho de 126 kg em relação ao cupê. Isso não chega a alterar sensivelmente o desempenho do motor 6.2 V8 de 406 cv, com nada menos que 56,7 kgfm de torque. Ele é gerenciado por um câmbio automático de seis marchas, com trocas através de borboletas na coluna de direção. Este trem de força é idêntico ao utilizado no modelo fechado. O mesmo se aplica à suspensão e aos sistemas auxiliares de condução, como controle de estabilidade e de torque e diferencial com escorregamento limitado.

Internamente, o Camaro tem linhas gerais retrô, com instrumentos com moldura prateada, velocímetro e conta-giros em clusters separados bem atrás do volante e quatro pequenos mostradores na base do console central. No painel principal, os dois “relógios” ficam separados por uma pequena tela vertical de LCD, com dados do computador de bordo. No console, um monitor de 7 polegadas incorpora as funções de central multimídia e GPS. Mas o que mais impressiona no modelo é mesmo o acabamento. O interior forrado em couro com aplique em acrílico empresta bastante sofisticação ao conjunto. É, de longe, o Chevrolet mais requintado vendido no Brasil.

Motorização do Camaro SS Sunrise

Ponto a ponto

Desempenho – O motor V8 de 6.2 litros chega a ser um exagero. Os 406 cv de potência e os 56,7 kgfm de torque se expressam através de um ronco estremecedor. Quando convertidos em movimento, geram uma aceleração arrebatadora e um tanto selvagem. O conversível perde um pouco em disposição para o cupê, mesmo assim, com o volante esterçado, não há controle de tração que responda suficientemente rápido para impedir uma “rabeada”. Nas acelerações mais abruptas, no entanto, o conjunto motor/câmbio titubeia um pouco, como se duvidasse da solicitação. Mas quando atende, o faz de maneira bem convincente. Melhor recorrer ao paddle-shift, que facilita muito a interação do motorista com o carro e deixa as respostas mais previsíveis. Nota 9.

Estabilidade – Os reforços estruturais buscaram compensar a retirada do teto, mas não há como negar a superioridade dinâmica do cupê – pelo menos em termos esportivos. Mesmo assim, o conversível consegue responder bem à grande agressividade oferecida pelo trem de força. Ainda mais pelos diversos auxílios dinâmicos, como controle de tração e estabilidade. Sistemas, aliás, desligáveis, caso a intenção do piloto seja fazer drifting, em um “track day” qualquer. Nota 8.

Interatividade – Como é um modelo clássico, a Chevrolet “papagaiou” um pouco o Camaro por dentro. Tem alguns instrumentos de pouca serventia nos dias de hoje, como dos medidores de pressão e temperatura do óleo ou do amperímetro – sistemas que são tão controlados hoje em dia que raramente causam surpresas –, mas enriquecem o visual retrô. Já o My Link, com conexão com smartphone, GPS, etc, tem uma interface simples e direta. Mas o melhor é o head-up display, que projeta as informações diretamente no para-brisa. Nota 8.

Consumo – O Chevrolet Camaro Conversível SS tem um sistema que desliga um ou mais cilindros – até quatro –, quando não há solicitações de aceleração por um tempo, como acontece em estradas. De qualquer forma, ele não encarou o Programa de Etiquetagem do InMetro e os 406 cv e as quase duas toneladas de peso cobram um preço alto. Na estrada, sem grandes abusos, jamais passou da média de 5 km/l de gasolina. Nota 5.

Chevrolet Camaro SS Sunrise

Conforto – A suspensão rígida, de curso curto, com rodas de 20 polegadas não filtram os desníveis. Mas a vida a bordo ameniza o “sofrimento” dos ocupantes, ainda mais com a capota recolhida. Os bancos em couro sustentam bem o corpo e são confortáveis. Os ruídos do motor e aerodinâmicos viram companheiros de viagem. O que não é de todo mau. Nota 7.

Tecnologia – Mesmo sendo um modelo que combina estilo retrô e potência bruta, o Camaro tem lá seus encantos tecnológicos. Casos da central multimídia, dos diversos controles dinâmicos, do motor que “desconecta” alguns cilindros em busca de economia de combustível e até pelo airbag lateral avantajado, desenvolvido especificamente para o modelo. Essa bolsa inflável tem maior altura para substituir o airbag de cabeça, inexistente em um conversível com capota de lona. Nota 8.

Habitabilidade – A sensação a bordo do Camaro Sunrise varia com a posição do teto. Vai da liberdade à quase claustrofobia. Da mesma forma, entrar e sair do Camaro depende da capota. Quando fechada, é preciso uma pequena contorção. Se está aberta, é a coisa mais simples do mundo. A proposta do esportivo da Chevrolet é ser um 2+2, sendo que os dois de trás não podem ser graúdos. O que pode atrapalhar um bocado no dia a dia são as portas, exageradamente grandes. Isso até facilita o acesso, mas pode ser difícil sair do carro em vagas paralelas. O espaço do porta-malas é pequeno: 290 litros que encolhem para 222 quando aberto. Nota 7.

Detalhes das rodas do Camaro SS Sunrise

Acabamento – O interior do Camaro recebeu uma ótima seleção de materiais. O painel mistura couro e partes emborrachadas de boa sensação visual e tátil. Ainda assim, não pode ser classificado como automóvel de luxo. O design atende mais à ideia de reforçar a esportividade do que de emprestar requinte. É o modelo de melhor acabamento da Chevrolet no Brasil. Nota 8.

Design – O Camaro só recebeu este face-lift pelo caráter “novidadeiro” do consumidor norte-americano – aspecto em que o brasileiro é parecido. O cuidado maior foi em não estragar a beleza desta quinta geração. O fundamental não foi mexido. A frente pontuda, o capô hiperbólico e o sensual ressalto no para-lamas traseiro continuam lá. O conversível ainda acrescenta charme à fórmula. Nota 10.

Custo/benefício – O preço do Camaro Conversível, de R$ 239.900, o coloca em confronto com modelos de luxo de Mercedes, Audi e BMW. E alguns podem até ter desempenho melhor, mas nenhum nesse preço atrai a atenção de forma tão intensa e abrangente quanto o esportivo da Chevrolet. Nota 6.

Total – O Chevrolet Camaro SS Sunrise somou 78 pontos em 100 possíveis.

Visão lateral do novo Camaro SS Sunrise

Primeiras impressões

Guarujá/SP – O Camaro é um esportivo americano à moda antiga. Ainda mais na versão SS. Tem motor de muitos litros com potência lá em cima e torque mais alto ainda. Toda a força é dirigida ao eixo traseiro. Numa pisada repentina e funda, as rodas só não ficam totalmente descontroladas por obra do controle eletrônico de tração e do diferencial com escorregamento limitado. O mais óbvio seria ceder ao chamado da esportividade. Mas, em se tratando de um Camaro conversível, tudo muda de figura. A esportividade está lá, feroz, só que o carro convida – praticamente induz – ao passeio. De teto arreganhado, não é nem tão agradável andar em velocidades muito acima de 100, 120 km/h. Naturalmente, se assume uma postura mais contemplativa.

A capota fechada deixa o carro mais adequado para se arrancar uma boa dose de agressividade. Mesmo que motor e caixa de marchas se desentendam um pouco quando deixados por conta própria. Há um delay meio irritante entre a pisada no acelerador e a reação do câmbio. O melhor é gerenciar tudo diretamente, através dos paddle-shifts atrás do volante. Dessa forma, as acelerações e retomadas são impactantes. A suspensão da versão SS impede que o “pony car” empine nas arrancadas ou mergulhe nas freadas. Ela é própria para conduções mais abusivas, mas sua firmeza pode gerar um certo desconforto nos maltratados ambientes urbanos das cidades brasileiras.

De qualquer maneira, há muito o que usufruir da vida a bordo do Camaro. O ar-condicionado, apesar de não ser automático, é potente para poder controlar um pouco o ambiente quando o teto está recolhido. Os revestimentos internos, principalmente nas áreas de toque direto, são bem agradáveis. Há vários outros recursos, como banco em couro com ajuste elétrico, GPS em português brasileiro e sistema multimídia com conexão bluetooth. Tudo isso embalado pelo ronco borbulhoso de um V8.

Interior do Camaro SS Sunrise

Ficha técnica

Chevrolet Camaro Conversível SS V8 6.2

MotorA gasolina, dianteiro, longitudinal, 6.162 cm³, com oito cilindros em “V”, duas válvulas por cilindro e comando simples de válvulas. Acelerador eletrônico e sistema de gerenciamento de combustível, que desliga entre um a quatro cilindros
TransmissãoCâmbio aumotático com modo manual sequencial de seis marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle de tração e diferencial traseiro com escorregamento limitado
Potência máxima406 cv a 5.900 rpm
Torque máximo56,7 kgfm a 4.600 rpm
Aceleração de zero a 100 km/h5,6 segundos
Diâmetro e curso103,2 mm X 92 mm
Taxa de compressão10,8:1
SuspensãoDianteira do tipo multilink com rodas independentes, subchassi e barras estabilizadoras superior e inferior. Traseira do tipo multilink com barra estabilizadora. Oferece controle de estabilidade
FreiosDiscos ventilados na dianteira e na traseira. ABS de série
PneusNa dianteira, 245/45 R20. Na traseira, 275/40 R20
CarroceriaConversível em monobloco com duas portas e quatro lugares. Medidas: 4,83 metros de comprimento, 2,08 m de largura, 1,37 m de altura e 2,85 m de distância entre-eixos. Airbags frontais e laterais
Peso1.867 kg
Capacidade do porta-malas290 litros com a capota fechada e 222 litros com a capota recolhida
Tanque de combustível71 litros
Lançamento mundial2011, com face-lift em 2014
Lançamento no Brasil2014
ProduçãoOshawa, Canadá
Equipamentos de sérieSistema central de travas elétricas e alarme antifurto acionado por controle remoto na chave, trio elétrico, faróis de neblina no para-choque dianteiro,  freios de alta performance Brembo com 4 pistões nas 4 rodas, sistema de proteção contra descarga da bateria, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, sistema de fixação de cadeiras para crianças Isofix, central multimídia com tela LCD de 7 polegadas sensível ao toque com sistema de som, navegador e GPS integrados reconhecimento de voz em português, câmera de ré, antena tipo barbatana de tubarão, revestimento em couro, bancos dianteiros com ajustes elétricos, abertura do porta-malas por controle remoto na chave e coluna de direção regulável em altura e profundidade, computador de bordo, controle de cruzeiro, volante multifuncional, direção elétrica, retrovisor interno eletrocrômico, retrovisores externos elétricos com aquecimento e eletrocrômico do lado motorista, faróis halógenos, sensor de luminosidade, head up display e sensor de estacionamento traseiro
PreçoR$ 239.900

Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias