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A máxima “em time que ganha não se mexe” parece não valer para a Fiat. Como já lidera o segmento de picapes compactas desde 2000, na hora de renovar a Strada, a marca italiana bem que poderia se acomodar com um mero “face-lift” – ainda mais com a tranquilizadora vantagem em cima da vice Volkswagen Saveiro e da terceira colocada Chevrolet Montana. Mas o fabricante de Betim investiu para criar uma inédita terceira porta da versão Cabine Dupla, em outubro do ano passado. E a facilidade de acesso aos bancos traseiros deu ao comercial leve um inusitado “status” de carro de passeio. O efeito dessa nova percepção da Strada se confirmou nas vendas de março, tornando a picape da Fiat o carro mais vendido do Brasil. Deixou para trás os hatches compactos Fiat Palio e Volkswagen Gol – líder nacional de vendas desde 1987 – , que ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente. E 50% das Strada comercializadas têm cabine dupla, metade delas na configuração Adventure, a topo de linha.

A terceira porta – que abre no estilo “suicida”, em sentido inverso às frontais – é mesmo um grande charme para o modelo. E deu à Strada a honra de ser a única picape compacta do mundo a ter um acesso exclusivo para os ocupantes traseiros. A Fiat garante que, apesar da retirada da coluna central do lado direito do carro, a rigidez da carroceria não foi comprometida. Mas outras novidades melhoraram o custo/benefício da Strada no segmento de comerciais leves. Com 8 cm a mais de altura na caçamba, o volume de carga chega a 680 litros nos modelos com cabine dupla, 100 litros a mais do que antes. E isso sem comprometer o conforto dos dois passageiros de trás, que desfrutam de espaço comparável ao de um carro de passeio compacto. A diferença principal é que a picape só transporta quatro pessoas, e não cinco.

Detalhe da lanterna traseira

Com o “face-lift” do ano passado, o exterior ganhou linhas mais marcantes e que dão um ar imponente ao carro. Com o aumento da caçamba, a “cintura” da Strada também subiu e os vidros laterais, com a terceira porta, foram renovados. A traseira agora leva lanternas maiores e mais altas, que invadem a lateral da picape e se alinham à cintura. Caixas de rodas, para-choque traseiro e tampa da caçamba foram repaginados. Na configuração Adventure, com apelo off-road, o para-lama recebe nova moldura e as rodas são de liga leve com 16 polegadas calçadas em pneus de uso misto. Um visual que combina certa agressividade rústica com traços de design bem contemporâneos.

O interior da Strada topo de linha vem com novo volante – forrado em couro se for multifuncional – e pomo do câmbio e manopla de freio de mão pretos. Um conforto extra foi adicionado ao motorista: agora, a tampa do combustível é elétrica para todas as configurações. Nas versões com cabine dupla, os ocupantes passam a contar com quatro novos porta-objetos, incluindo um com tampa, à frente da alavanca da transmissão. O quadro de instrumentos também é diferenciado para os clientes que optam pela versão mais cara, com grafia nova.

Outra exclusividade da Strada Adventure é o potente motor E-torQ 1.8 16V Flex. Capaz de atingir 132 cv quando abastecido com etanol a 5.250 rpm, o propulsor tem torque máximo de 18,9 kgfm a 4.500 rpm e leva a picape da inércia aos 100 km/h em 10,3 segundos. A velocidade máxima é de 179 km/h. O trem de força é completado por uma transmissão manual de cinco marchas ou automatizada Dualogic Plus. Nesse último caso, há a opção de adicionar borboletas para trocas manuais no volante multifuncional, que possibilitam uma direção mais esportiva.

A vocação lameira da Adventure pode ser ainda mais explorada quando incluído no carro o opcional do diferencial auto-blocante Locker, que distribui o torque entre as rodas dianteiras conforme a demanda. Para complementar o carro, há opcionais como som com comandos no volante em couro, MP3, Bluetooth, CD e entrada USB, retrovisores elétricos, capota marítima, retrovisor interno eletrocrômico, sensor crepuscular e de chuva e pneus de uso urbano 205/60 R16 com estepe com roda de liga leve. Mas que fazem o carro saltar de R$ 56.990 da versão de entrada com cabine dupla para R$ 63.944. Além disso, há cerca de 40 acessórios disponíveis para serem inseridos no carro – inclusive os acessórios Mopar, herdados da Chrysler, recentemente adquirida pelo Grupo Fiat. Entre eles, estão um extensor de caçamba com rampa de acesso e central multimídia com GPS, sinal de TV, câmera de ré, DVD, MP3 e Bluetooth. Jogam o preço lá para cima, mas também deixam a Strada Adventure CD com ainda mais cara de carro de passeio.

Fiat Strada Adventure

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.8 16V é, junto da terceira porta na configuração cabine dupla, um dos grandes trunfos da Strada Adventure. O propulsor responde bem às pisadas no acelerador mesmo em giros mais baixos – seu torque máximo aparece às 4.500 rpm. Capaz de atingir 132 cv com etanol, a picape se mostra valente em retomadas e em trechos de subida. Até quando ocupada por quatro passageiros. Nota 8.

Estabilidade – A carroceria da Strada apresenta uma rolagem ligeiramente superior a de um carro de passeio – o que já era de se esperar. Mas, mesmo se tratando de um veículo mais alto, a sensação de estabilidade é constante. Nota 8.

Interatividade – Tudo no carro se mostra bem a mão do motorista e com comandos que, já à primeira vista, são de entendimento bem simples. Principalmente quando equipado com o volante multifuncional. Os porta-objetos são justos, sem espaços exagerados, mas com capacidade suficiente para alojarem carteiras, chaves e telefones celulares. Nota 8.

Consumo – O InMetro não testou a configuração Adventure da Strada, com motor 1.8 16V. Mas o computador de bordo acusou na maior parte das vezes um consumo entre 6,5 km/l e 7 km/l. Uma média baixa para um motor que, segundo a marca, dispõe de tecnologia capaz de proporcionar alto desempenho com baixo gasto de combustível. Nota 5.

Conforto – Por mais que a terceira porta tenha emprestado ares de carro de passeio à Strada, sua personalidade rústica de picape fica evidente para quem está no volante. A direção, apesar de hidráulica, é mais dura que o esperado e as “sacolejadas” resultantes da buraqueira das ruas brasileiras incomodam quem não busca o espírito lameiro que a fabricante vende no modelo. Nota 6.

Interior do Strada Adventure

Tecnologia – A picape pode ser considerada simples, mas não a ponto de fazer surgir a sensação de que falta muita coisa. A verdade é que o grande “appeal” do carro em tecnologia está em sua lista de opcionais. A configuração Adventure – assim como a intermediária Trekking com motor 1.6 16V – pode receber o diferencial auto-blocante Locker, que divide e distribui o torque entre as rodas motrizes. Outro acessório que impressiona é a central multimídia da marca do grupo Chrysler, a Mopar. O equipamento traz GPS, TV, câmera de ré, DVD MP3 e Bluetooth. A opção de câmbio Dualogic Plus está disponível apenas para a versão de topo. Nota 7.

Habitabilidade – É nesse quesito que a porta exclusiva para os ocupantes traseiros faz toda a diferença. Além de facilitar a entrada e a saída, sua abertura do tipo “suicida” se mostra mais eficiente que uma tradicional de um carro com quatro portas. Facilita, por exemplo, o acesso a crianças, idosos ou pessoas com limitações de locomoção, já que se abre em um ângulo de quase 90º e a lateral direita não possui coluna central. O aumento da caçamba – de 110 litros de capacidade, no caso da cabine estendida, e 100 litros na cabine dupla – também garante mais eficiência no transporte de cargas, para quem usa o veículo no trabalho. Nota 9.

Acabamento – O interior da Strada Adventure Cabine Dupla tem encaixes razoáveis dos materiais e alguns detalhes cromados no console central. Mas os plásticos – misturados entre lisos e rugosos – estão ali, por toda a parte. E deixam bem claro que não se trata de um carro planejado para esbanjar luxo ou requinte. Nota 7.

Design – A frente mudou pouco, mas a presença da terceira porta, as linhas de cintura elevadas e a lanterna alongada chamam atenção. A mistura charmosa entre a personalidade rústica e lameira de picape com a praticidade de acesso de um carro de passeio parece capaz de conquistar tanto quem transita pelo asfalto quanto quem procura uma dose de aventura. Nota 8.

Custo/benefício – A versão Adventure com cabine dupla parte de R$ 56.990. Com o dispositivo blocante Locker, bancos revestidos parcialmente em couro, kit convenience 2 – que traz som com comandos no volante em couro, MP3, Bluetooth, CD e entrada USB, retrovisores elétricos e capota marítima –, kit high tech – com retrovisor interno eletrocrômico, sensor crepuscular e sensor de chuva – e pneus de uso urbano 205/60 R16 com estepe com roda de liga leve, esse valor salta para R$ 63.944. A Volkswagen Saveiro Cross, com motor 1.6, sai por R$ 53.620 em sua configuração completa, mas só com dois lugares. Já a Chevrolet Montana Sport 1.4, também disponível apenas em versão de dois lugares e motor muito inferior, pelo valor de R$ 44.090. Ou seja, a Strada Adventure está longe de ser barata, mas não tem concorrentes entre as picapes compactas em função do motor 1.8 16V e da disponibilidade da cabine dupla. Isso ajuda a explicar as boas vendas da versão. Nota 7.

Total – A Fiat Strada Adventure CD somou 73 pontos em 100 possíveis.

Visão da traseira do Strada Adventure

Impressões ao dirigir

Caçamba das vaidades

É inevitável começar o teste da Fiat Strada Adventure Cabine Dupla pela análise da terceira porta na lateral direita, a grande novidade da linha 2014. A picape acertou em cheio ao conseguir facilitar o acesso dos passageiros traseiros, já que este parecia a principal limitação do veículo para transportar pessoas. E a inusitada abertura de forma inversa da porta estilo “suicida” não traz apenas conforto para os ocupantes, mas também atrai olhares onde é aberta. A maçaneta, localizada no perfil da peça, só se torna acessível se a dianteira estiver aberta. Serve ainda como base para o cinto de segurança do carona, único desconforto trazido. É que, além de abrir a porta, o passageiro da frente também precisa destravar o cinto para que a parte de trás se torne acessível.

Nas ruas, o motor faz bonito. O aspecto aventureiro e a altura elevada em relação ao solo já seriam suficientes para chamar atenção nas paradas em semáforos. Mas seu arranque é outro detalhe que impressiona. Assim como as ultrapassagens, já que o propulsor responde prontamente à movimentação do acelerador. Aliado ao câmbio manual de cinco marchas, proporciona facilmente uma direção mais esportiva e instigante ao motorista.

A personalidade rústica, porém, aparece bem na direção. A assistência hidráulica está presente, mas mesmo assim a movimentação do volante se mostra um pouco endurecida. Basta precisar manobrar um pouco mais a Strada ou “quicar” dentro do carro com as imperfeições típicas do asfalto brasileiro para “cair a ficha” de que não se trata de um carro planejado para um uso exclusivamente urbano.

O maior problema talvez seja o consumo excessivo. O curioso é que a Fiat vende a ideia de que a tecnologia E-torQ, presente no motor 1.8 16V Flex da picape, rende alto desempenho com baixa queima de combustível. Mas não é isso que o computador de bordo do carro mostra. Para fazer a Strada Adventure garantir uma média de 7 km/l abastecida com gasolina, é preciso manter uma tocada mais leve. Que não combina em nada com o espírito do carro.

Fiat Strada Adventure

Ficha técnica

Fiat Strada Adventure CD

MotorA gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.747 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial
TransmissãoCâmbio manual ou automatizado de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira com bloqueio do diferencial com acionamento elétrico opcional. Não oferece controle eletrônico de tração
Potência máxima130 cv com gasolina e 132 cv com etanol a 5.250 rpm
Aceleração de 0 a 100 km/h10,6  e 10,3 segundos com gasolina e etanol
Velocidade máxima178 e 179 km/h com gasolina e etanol
Torque máximo18,4 kgfm com gasolina e 18,9 kgfm com etanol a 4.500 rpm
Diâmetro e curso80,5 mm X 85,8 mm
Taxa de compressão11,2:1
SuspensãoDianteira do tipo McPherson com rodas independentes, com braços oscilantes inferiores e barra estabilizadora. Traseira com eixo rígido, com molas parabólicas longitudinais
Pneus205/60 R16
FreiosDiscos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS de série
CarroceriaPicape em monobloco com três portas e quatro lugares. Com 4,47 metros de comprimento, 1,74 m de largura, 1,64 m de altura e 2,75 m de distância entre-eixos
Peso1.253 kg com 650 kg de capacidade de carga
Capacidade da caçamba680 litros
Tanque de combustível58 litros
ProduçãoBetim, Minas Gerais
Itens de sérieAr-condicionado, bancos com detalhes da versão, bússola e inclinômetro, computador de bordo, direção hidráulica, faróis de neblina, airbag duplo e ABS com EBD, rodas de liga leve de 15 polegadas, suspensão elevada, trio elétrico e volante com regulagem de altura
OpcionaisDispositivo blocante Locker, bancos revestidos parcialmente em couro, som com comandos no volante, MP3, Bluetooth, CD e entrada USB, retrovisores elétricos, capota marítima, retrovisor interno eletrocrômico, sensor crepuscular, sensor de chuva e pneus de uso urbano 205/60 R16 com estepe com roda de liga leve
PreçoR$ 56.990 de entrada e R$ 63.944 com os opcionais da versão testada

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias