Novo Nissan March

A Nissan quer acelerar fundo no Brasil. E a nacionalização do March é encarada como a melhor oportunidade para isso. O modelo, produzido desde abril em Resende, no Rio de Janeiro, chega com a missão de resgatar os planos de crescimento da marca no país, abortados pela entrada em vigor do Inovar-Auto. O compacto, importado do México, foi lançado em setembro de 2011 no país e manteve uma média próxima a 3 mil unidades emplacadas mensalmente até o fim de 2012. As cotas impostas pelo novo regime automotivo inibiram a performance comercial do modelo. Agora, a Nissan quer retomar exatamente aquele mesmo patamar e espera chegar, até o fim do ano, às mesmas 3 mil vendas/mês do novo March – somando aí o modelo feito no Brasil com a versão importada do México, sem face-lift. Em 2016, seriam 5 mil unidades mensais do hatch, o que ajudaria a marca a pular dos atuais 2% para 5% de participação no mercado.

Interior do novo Nissan March

Em Resende, o March é montado com 64% de componentes nacionais – a expectativa é chegar a 80% até 2016. São seis configurações disponíveis, sempre com transmissão manual de cinco marchas. Três delas escondem sob o capô o motor feito no Brasil, o 1.6 16V flex, que entrega 111 cv a 5.600 rpm e 15,1 kgfm disponível a 4 mil rpm tanto com etanol quanto com gasolina. Já as outras saem da fábrica fluminense com o propulsor 1.0 16V flex de origem Renault, que atinge 74 cv a 5.850 rpm e 10 kgfm de torque a 4.350 rpm, com ambos os combustíveis. As unidades de força são as mesmas utilizadas no modelo importado, que será vendido a partir de R$ 27.990 em versão básica no segundo semestre, já na linha 2015.

Lateral do novo Nissan March

Visualmente, as mudanças foram sutis. A frente ficou mais robusta e empresta agressividade ao modelo com a grade dianteira mais larga com o logotipo da Nissan dentro de um “V” cromado – a assinatura atual de design da marca. No teto, dois vincos acentuados “encorpam” o compacto e reduzem o nível de ruídos do habitáculo. Aerofólio com leds, maçanetas cromadas e as rodas de liga nas versões de topo valorizam as linhas do novo March.

Frente do novo Nissan March

Por dentro, os materiais melhoraram de qualidade e, nas versões mais abastadas, volante e painel são semelhantes aos do sedã médio Sentra. A 1.6 SL, que custa R$ 42.990, conta ainda com mais detalhes cromados e acabamento preto brilhante. O March nacional é um centímetro mais largo e 4,7 cm mais comprido – diferenças que são fruto, basicamente, dos novos para-choques. O entre-eixos se manteve em 2,45 metros, o que é a atual média da categoria de compactos. Mas o maior apelo do modelo é mesmo o custo/benefício. Desde a versão de entrada, a 1.0 Conforto, que custa R$ 32.990, o carro traz de série ar-condicionado, direção elétrica progressiva, computador de bordo, banco do motorista com regulagem de altura e abertura interna do tanque.

Traseira do novo Nissan March

Na versão mais cara, o ar é digital e há um sistema multimídia com tela touch de 5,8 polegadas, que consegue, a partir de um celular com conexão 3G, interagir com Facebook e Google. A Nissan quer, mais para frente, ampliar a lista de redes sociais compatíveis com o aplicativo Nissan Connect, que deve ser instalado no smartphone para estabelecer a interação. O que deixa claro que o principal objetivo da fabricante nipônica com o March é se conectar a uma imagem jovem.

Traseira do novo Nissan March

Primeiras impressões

Resende/RJ – A estética robusta e cheia de vincos dá ao novo March um ar bem agressivo. E pode-se dizer que, pelo menos na versão 1.6, a imagem até é justificada no desempenho. Com apenas 982 kg e 111 cv tanto com gasolina quanto com etanol, a versão de topo SL se mostrou bem ágil e “esperta”, com boas arrancadas e eficiência nas ultrapassagens e retomadas.

O espaço interno fica bem na média do segmento de hatches compactos, ou seja, é ligeiramente apertado. Chama atenção o isolamento acústico, que nitidamente está melhor que no modelo anterior. Outro grande acerto do novo March é a direção elétrica progressiva. Antes o “carrinho” parecia flutuar em velocidades elevadas, sensação eliminada com o novo recurso, que muda o peso no volante de acordo com a velocidade e transmite segurança e precisão.

Manobras rápidas e estacionar são tarefas fáceis nesta configuração. Além de contar com raio de giro de 4,5 m e amplo para-brisa, o modelo de topo traz ainda sistema multimídia com câmera de ré integrada e tela de 5,8 polegadas. O Nissan Connect, aliás, é outro grande trunfo do March nacional. Além de ter GPS, é possível se conectar a redes sociais e integrar as informações recebidas ao GPS – registrar diretamente um endereço recebido, por exemplo. O mesmo acontece com as buscas no Google. Através de comando de voz, é possível pesquisar e programar o navegador para orientar até o destino.

Já na versão com motorização 1.0, o resultado é bem menos empolgante. Os 74 cv de potência aliados ao torque de 10 kgfm não são suficientes para gerar um desempenho convincente. A atenção especial com a economia de combustível é nítida, já que o motor só mostra equilíbrio ao ser trabalhado em trocas de marcha em regimes baixos. Na estrada, o modelo mostra que está fora de seu habitat: as ultrapassagens exigem reduções constantes e o barulho invade o habitáculo. Um comportamento que, nesse caso, fica bem distante da agressividade sugerida pelo novo design do March.

Motorização do novo Nissan March

Ficha técnica

Nissan March 1.0 (1.6)

MotorA gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 998 cm³ (1.598 cm³), quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial
TransmissãoCâmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração
Potência74 cv (111 cv) com gasolina/etanol a 5.850 rpm (5.600 rpm)
Torque10 kgfm (15,1 kgfm) com gasolina/etanol a 4.350 rpm (4 mil rpm)
Diâmetro e curso69 mm X 66,8 mm (78 mm X 83,6 mm)
Taxa de compressão10:1 (10,7:1)
SuspensãoDianteira independente do tipo McPherson com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos
Pneus165/70 R14 (185/60 R15)
FreiosDiscos ventilados na frente e tambores atrás. ABS com EBD e assistência de frenagem
CarroceriaHatch compacto em monobloco com cinco portas e cinco lugares. Com 3,83 metros de comprimento, 1,67 m de largura, 1,53 m de altura e 2,45 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série. Não oferece airbags laterais ou de cortina
Peso956 kg (982kg)
Capacidade do porta-malas265 litros
Tanque de combustível41 litros
ProduçãoResende, Brasil
Lançamento mundial2013
Lançamento no Brasil2014

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Márcio Maio/Carta Z Notícias