Por Letícia Moraes

publicado em Como Funciona

Quando o industrial francês Louis Renault, inventou o primeiro Freio a Tambor (Drum Brake), em 1902, estabeleceu-se um divisor de águas em matéria de respostas às exigências de sistemas de freios capazes de responder aos potentes e velozes veículos que o século trazia para o mundo.

Ainda nos tempos modernos, os freios a tambor são largamente utilizados em grande quantidade de veículos, sejam eles de passeio, sejam de grande porte. Muitos ainda combinam freios a tambor nas rodas traseiras e freios a disco nas dianteiras. E são, assim como os freios a disco, inspirados nos princípio da hidráulica.

Os sistemas hidráulicos, por sua vez, fundamentam-se na constatação de que os líquidos são praticamente impossíveis de ser comprimidos. Logo, uma pressão aplicada em qualquer ponto de um fluído será transmitida de modo uniforme através do mesmo.

Nos sistemas de freios hidráulicos (freios a disco e a tambor), um dispositivo de cilindro-mestre e pistão é acionado pelo pedal de freio do veículo para gerar pressão do fluído numa extremidade de um circuito hidráulico. A pressão move outro pistão situado na extremidade oposta do sistema e assim aciona o freio.

Ou seja, quando o pé do condutor pressiona o pedal do freio está aplicando uma pressão no fluido de freio que será transmitida com a mesma intensidade para todo o sistema de freio até as rodas, fazendo-a cessar o movimento e frear o veículo.

Como funciona o freio a Tambor

Um freio hidráulico de tambor consiste num tambor (conhecido comumente como panela), fabricado geralmente de ferro fundido, tendo dentro dele duas sapatas semicirculares que contém as lonas fixas a elas.

No passado, as lonas eram fabricadas em amianto, sendo atualmente normalmente construídas a partir de fibras sintéticas e outros agentes como latão, palha de aço, grafite, resina, dentre outros.

No processo de frenagem, as lonas são empurradas pelos êmbolos do cilindro da roda contra o tambor, gerando o atrito.

O tambor com o material de atrito, por sua vez, está ligado à roda e gira concomitantemente com ela. Obviamente, se o tambor diminuir sua velocidade ou mesmo parar, o mesmo acontecerá à roda.

O uso de duas sapatas proporciona melhor aproveitamento do material de atrito dentro do tambor e ainda o equilíbrio dos esforços nos apoios. As sapatas são classificadas de duas maneiras, segundo o sentido de seu uso.

A sapata é chamada de primária quando o sentido de aplicação da força nela coincide com o sentido de rotação do tambor, com uma tendência de puxá-la contra o tambor. Isto consequentemente melhora o contato da lona com o tambor e aumentando o atrito (frenagem).

Por seu turno, a sapata é secundária quando o sentido de aplicação da força nela é contrário ao sentido do tambor, com uma tendência de afastar-se do tambor, prejudicando o contato da lona com o tambor, reduzindo o atrito (frenagem).

Normalmente o freio a tambor é instalado em cada roda ou conjunto de rodas do veículo. Em geral, a eficiência de frenagem/travagem do sistema varia entre 15 à 30%. Quando os freios são novos e bem mantidos, a relação de frenagem é aproximadamente 60% dianteira e 40% traseira para veículos com tração traseira e 80% e 20% respectivamente nos veículos de tração dianteira.

Múltipla função

Uma das características bastante importante dos freios a tambor é a sua capacidade de múltiplas funções. A função primária é de freio de serviço e sua função secundária é de atuar como freio de estacionamento, tendo ainda uma função terciária, servindo como freio de emergência quando o veículo perde parcialmente ou totalmente o freio dianteiro.

Tipos de Freios a Tambor

Atualmente, existem diversos tipos de freios a tambor, desenvolvidos de acordo com a atuação das sapatas (internas ou externas), sendo que os mais comumente encontramos no setor automobilístico o Simplex (utilizado em veículos de passeio e em utilitários de pequeno porte) e o Uni ou Duo-Servo (utilizado em veículos utilitários de médio porte).

Freio a tambor Simplex com atuação Hidráulica

O sistema de freios a tambor Simplex é utilizado comumente em veículos de passeio e em utilitários de pequeno porte, pois é fabricado em vários diâmetros, sendo um dos mais utilizados no mercado, equipando preferencialmente o eixo traseiro dos veículos de passeio.

Caracteriza-se pela capacidade de independência das sapatas entre si.

Se o movimento do veículo for para frente, a sapata primária será mais solicitada do que a sapata secundária, por esta razão ela recebe o nome de sapata auto-energizada (Leading Shoe, servo ou ainda comprimida). E à sapata secundária, designa-se desenergizada (Trailing Shoe, não-servo ou ainda tracionada). Com o movimento de marcha à ré, a atuação das sapatas é invertida.

É um sistema de freio que apresenta menor torque por força exercida pelo pedal de freio que os demais (entre 300 e 25.0 N.m). Torque, no universo automobilístico, significa a medida da capacidade de um veículo para desenvolver força.

Freio a tambor Simplex com atuação pneumática

Conhecido como S-Cam full air, é um dos freios mecânicos mais potentes do mercado, utilizado em grande escala em veículos grandes e pesados, tais como caminhões, ônibus e implementos rodoviários. São capazes de entregar torques de frenagem superiores a 40.0 Nm. Sua manutenção é rápida e de baixo custo.

Freio a tambor Duo-Servo com atuação hidráulica

Nesta categoria, este tipo de sistema de frenagem também é um dos mais utilizados no mercado, instalado preferencialmente como freio traseiro em veículos comerciais de portes leves, médios e pesados e ainda os utilitários esportivos. Sendo um dos sistemas de freio com maior grau de efetividade na frenagem que o tipo Simplex, o Duo-Servo é fabricado em vários diâmetros e entregam torques de frenagem superiores a 25.0 N.m.

Vale destacar que o tipo Uni-Servo difere do Duo-Servo porque o seu cilindro está equipado com um único êmbolo, o que representa uma ação unidirecional atuando sobre a sapata primária (o freio tem ação de servo somente quando o veículo se movimenta para frente).

O tipo Duo-Servo, por seu turno, apresenta cilindro com dois êmbolos, permitindo atuar sobre as sapatas primárias e secundárias nos dois movimentos (para frente e marcha-ré). Esse freio é conhecido pela servo-ação da sapata primária sobre a secundária e vice-versa, no caso de ser Duo-Servo.

No sistema Duo-Servo, as sapatas primárias e secundárias possuem lonas de freio com diferentes posicionamentos de montagem e arcos em comprimentos distintos.

A denominação de servo é devido ao efeito de multiplicação da força de pressão de uma sapata contra o tambor da outra sapata, proporcionado pela servo-ação, proporcionando em menor esforço por parte do condutor para frear o veículo.

A intensa ação auto-energizante das sapatas (transferência de força de um componente a outro) no sistema Duo-Servo deixa esse tipo de freio extremamente sensível às pequenas variações do atrito das lonas de freio com o tambor, gerando, muitas vezes, problemas direcionais durante a frenagem, agravados enormemente em altas temperaturas.

Destaque-se que a sapata secundária dos freios Duo-Servo apresenta maior desgaste da lona de freio (contrário do freio Simplex, no qual ela sofre menor desgate) e, para compensar tal efeito, as sapatas primárias e secundárias são fabricadas com diferentes comprimentos de arco e diferentes posicionamentos de montagem para suas respectivas lonas de freio.

Freio a Tambor Duplex

Existem também alguns veículos com sistemas de frenagem chamado Duo Duplex, de atuação hidráulica e pneumática, que utilizam o próprio cilindro de roda como ponto de apoio para as sapatas, e ainda o Twinplex, com dois cilindros hidráulicos com sentido duplo, aplicando força simétrica nos dois lados de capa sapata, que por sua vez, possuem ajuste individual,o que torna o pedal mais leve.

Comparação do Freio a Tambor com o Freio a Disco

Recomendações de cuidados com os componentes

Por motivos de segurança, a recomendação de fabricantes e especialistas é de que os condutores tenham sempre bastante atenção na manutenção de seu veículo, como um todo, e nos sistemas de freios, em especial.

A seguir, alguns itens e componentes que exigem atenção sempre:

A má condição de um tambor de freio pode causar superaquecimento dos freios devido à menor quantidade de material para dissipar o calor, e ainda a diminuição da resistência mecânica, provocando até a quebra do tambor e a perda da capacidade do sistema de frenagem.

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