Por AutoPress
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publicado em Testes

Station Wagons são, por definição, carros familiares. Ou seja, veículos feitos para transportar um casal, filhos, tralhas e animais de estimação para passeios pacatos de fim de semana. Era assim até que a Audi inventou o segmento de peruas esportivas com o lançamento da S4, baseada no sedã Audi 100, em 1993. Foi o modelo presenteado ao piloto Ayrton Senna quando ele assumiu a representação da marca alemã no Brasil. Desde então, surgiram diversos concorrentes e a demanda por veículos familiares “invocadinhos” passou a ser atendida também por monovolumes e utilitários esportivos. Mas a linha de wagons esportivas da marca das argolas não parou de evoluir. Quem acaba de desembarcar no Brasil agora é a renovada RS6 Avant, empurrada por um motor 4.0 TFSI V8 biturbo de imodestos 560 cavalos de potência acoplado a um câmbio Tiptronic de 8 marchas. 

Esse moderno trem de força com injeção direta de combustível confere ao modelo da Audi um título interessante: é a perua mais veloz produzida em série no mundo. Sua performance é digna de um superesportivo. Faz de zero a 100 km/h em 3,9 segundos e atinge a velocidade máxima de 305 km/h. A potência máxima de 560 cavalos é atingida entre 5.700 e 6.700 giros, enquanto o torque máximo de brutais 71,3 kgfm já aparece aos 1.750 rpm. E fica disponível integralmente até as 5.500 rpm.

Em termos estéticos, o RS6 valoriza sua esportividade em detalhes sutis, como aplicações em alumínio fosco, grade de proteção preta na dianteira, parachoques com grandes entradas de ar e spoiler no teto. Boa parte da carroceria composta por materiais leves, como alumínio e até nylon – adotado no revestimento dos parachoques. Por dentro, a estética é bem mais explícita – o “cockpit” lembra o de um carro de corrida. 

O novo RS6 Avant desembarca no Brasil apenas com sua configuração mais incrementada de equipamentos, por cerca de R$ 550 mil – a Audi não definiu ainda o valor exato. Os principais concorrentes serão os sedãs esportivos de luxo BMW M5 e Mercedes 63 AMG e, em breve, a anunciada perua Mercedes CLS Shoting Brake, todos em faixas similares de potência e preços. A station chega às concessionárias ainda no final de outubro, e a Audi espera vender de 30 a 40 unidades anuais.

Ponto a ponto

Desempenho - O comportamento dinâmico do RS6 é irretocável. O carro acelera de forma absurda – faz de zero a 100 km/h em menos de 4 segundos –, sem que o motorista jamais deixe de ter total sensação de controle. As retomadas são de tirar o fôlego. Simplesmente perfeito. Nota 10.

Estabilidade - A combinação da tradicional tração integral Quattro da Audi com os diversos sistemas eletrônicos de controle de tração, estabilidade e frenagem, além do Dynamic Ride Control na suspensão, cria um resultado impressionante no RS6. O carro dá a sensação de que trafega sobre trilhos, como um trem-bala. Eventuais imprecisões nos comandos do motorista são corrigidas pelos sistemas eletrônicos de forma elegante, sem pregar sustos. Os pneus Yokohama de 21 polegadas também dão sua colaboração na aderência. Nota 10.

Interatividade - Apesar da preocupação em explicitar esportividade em todos os detalhes internos, o RS6 não é um carro difícil de interagir. A ergonomia é correta e maioria dos comandos está nos lugares adequados, o que facilita a utilização. As borboletas no volante, para acionamento manual das marchas, são bastante funcionais. Informações estratégicas em um esportivo, como pressão dos pneus, são obtidas pelo motorista de forma ágil. Nota 8.

Consumo - O RS6 Avant conta com alguns modernos dispositivos de otimização do consumo de combustível, como Start-stop – que desliga o motor quando o carro fica parado por alguns segundos – e sistema de cilindros sob demada, que desliga quatro cilindros em velocidades intermediárias e constantes, até que o motorista acelere forte novamente. A Audi fala em média de 10,2 km/l de gasolina, o que seria bastante alentador para um carro com motorização tão robusta. Durante o teste, onde o modelo foi submetido a acelerações e retomadas nada civilizadas, o consumo ficou em 5 km/l. Nota 8.

Conforto - Para quem está na frente, o RS6 Avant é extremamente confortável. Os bancos de couro esportivos, com laterais pronunciadas, são aconchegantes e mantêm o corpo dos ocupantes na posição correta mesmo em modos de direção mais radicais. No banco de trás, duas pessoas se acomodam bem. Embora haja apoio de cabeça para e cinto para o banco central traseiro, o pronunciado túnel para a passagem do eixo cardã torna inóspita sua utilização por adultos. Melhor é levar só duas pessoas e rebater o encosto do banco do meio. Que se transforma num oportuno console, com direito a dois porta-copos. Nota 8.

Tecnologia - O RS6 exprime bem o atual estágio tecnológico em que se encontra a Audi. O trem de força, que conjuga um motor 4.0 V8 com dois turbos a um câmbio Tiptronic de oito velocidades com borboletas no volante, é um dos óbvios destaques. O conhecido sistema Quattro de tração integral continua a mostrar sua efetividade. A eletrônica embarcada também não faz feio. Além do Start-stop, do cilindro sob demanda e da suspensão esportiva com Dynamic Ride Control, o sistema de navegação MMI Plus com conectividade Bluetooth e os sistemas de som e ar-condicionado são “top”. Nota 10.

Habitabilidade - Embora o carro seja um tanto baixo, como se espera de qualquer esportivo, os acessos são descomplicados, por todas as portas. O porta-malas, com seus 565 litros, é decente para o porte do carro. Há fartura de porta-objetos, todos bastante funcionais. A visibilidade dianteira e a retrovisão são corretas. Nota 8.

Acabamento - A perua traz o melhor padrão de acabamento da marca alemã. Que é bastante elevado. Os materiais utilizados nos revestimentos internos aparentam qualidade e bom gosto. Não foi possível detectar qualquer falha nos arremates durante a apresentação do modelo. Nota 10.

Design - O RS6 Avant é um dos Audi mais bonitos dos últimos tempos – mas a marca não vive uma de suas fases mais criativas nesse aspecto. Aplicações em alumínio fosco, grade de proteção dianteira preta com desenho de colmeia, parachoques com grandes entradas de ar e spoiler no teto são pitadas de esportividade que dão à perua o charme e a personalidade que fazem falta ao resto da linha, que anda excessivamente homogênea. Nota 8.

Custo/benefício - É uma equação difícil de aplicar a modelos como o Audi RS6. Não dá para racionalizar muito a compra de um automóvel que custa R$ 550 mil, mesmo sendo um veículo tão fora do comum quanto a perua da Audi. Mas existe demanda para esse tipo de modelo e existem concorrentes no segmento, todos na mesma faixa de preços absurdamente alta. Nota 3.

Total - O Audi RS6 Avant recebeu 83 pontos de 100 possíveis.

Primeiras impressões

São Carlos/SP - O circuito definido pela Audi para a apresentação do RS6 Avant no Damha Residencial Golf, um condomínio de alto luxo na periferia da cidade paulista de São Carlos, permitia algumas extravagâncias. Sem a presença de pedestres ou de outros carros, era possível acelerar acima dos 200 km/h nas retas e entrar em curvas além dos 120 km/h. Alguns cones foram colocados para criar “chicanes”, que ajudaram a avaliar estabilidade do RS6 em curvas de alta velocidade. Tudo na medida para que a perua esportiva da Audi pudesse explicitar quase todo o seu potencial de diversão.

Ao entrar no RS6, o interior já denota que não se trata de um simples “carro de passeio”. Tudo no design interno – volante, mostradores, botões, paineis – parece ser estudado para dar a sensação de se estar a bordo de um bólido de corrida. Logo nas primeiras retas, se torna inevitável a tentação de sapatear com o pé direito até o fundo do acelerador. O efeito é imediato e absolutamente arrebatador. O RS6 ganha velocidade de forma explosiva, como nos carros dos videogames, e afunda as costas dos ocupantes nos confortáveis bancos de couro. Conforme a velocidade se aproxima dos 200 km/h, o ronco vigoroso do “motorzão” V8 invade o habitáculo e aumenta a percepção da velocidade – algo que a inexorável descarga de adrenalina no corpo do motorista também ajuda a fazer. 

Ao sair do “retão” e adentrar uma sequência de curvas, a boa impressão só aumenta. Reforçado pelo sistema Quattro de tração integral e pelo Dynamic Ride Control na suspensão, além dos controles eletrônicos de tração, frenagem e estabilidade, o carro avança nos trechos sinuosos como se corresse sobre trilhos, de um jeito quase sobrenatural. O efeito disso sobre o motorista é até preocupante – instiga a acelerar cada vez mais. Algo que é compensado pela tranquilizadora sensação de controle para quem dirige o RS6 Avant. A percepção é de domínio absoluto. Quando é necessário frear forte para entrar numa “chicane” mais travada, os dispositivos eletrônicos se encarregam de parar o carro de forma segura e progressiva, sem sustos nem sacolejos. No final do circuito, o cheiro dos freios de cerâmica superaquecidos deixa claro que o circuito foi aproveitado de forma radical, como deveria ser.

O RS6 pode não ser o Audi mais rápido e veloz – existem o cupês esportivo R8 que cumpre essa função. Mas sem dúvida é o carro que conjuga tudo o que a marca das argolas oferece de melhor em termos de esportividade, tecnologia e conforto. O certo mesmo é que o RS6 Avant não é um veículo pelo qual o motorista passe impunemente. A perua da Audi é singular. E deixa indeléveis saudades em quem tem chance de andar forte com ela.

Ficha técnica - Audi RS6 Avant

Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 3.993 cm³, com oito cilindros em V, biturbo, quatro válvulas por cilindro e duplo comando de válvulas variável. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.
Transmissão: Câmbio automático com oito marchas à frente e uma a ré. Tração integral. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 560 cv entre 5.700 e 6.600 rpm.
Torque máximo: 71,3 kgfm entre 1.750 e 5.500 rpm.
Diâmetro e curso: 84,5 mm x 89,0 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Aceleração de zero a 100 km/h: 3,9 segundos
Velocidade máxima: 305 km/h.

Suspensão: Dianteira independente do tipo Five-link, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira do tipo multilink, com molas a ar e amortecedores hidráulicos. Oferece controle de estabilidade.
Pneus: 275/35 R21.
Freios: Discos de cerâmica na frente e atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Station wagon em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,97 metros de comprimento, 1,93 m de largura, 1,43 m de altura e 2,91 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.
Peso: 2.010 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 565 litros.
Tanque de combustível: 75 litros.
Produção: Neckarsulm, Alemanha.
Lançamento mundial: 2013.
Lançamento no Brasil: 2013.
Itens de série: Ar-condicionado automático, direção elétrica, trio elétrico, computador de bordo, volante multifuncional, partida por botão, rádio/CD/MP3/USB/iPod/Bluetooth, bancos dianteiros com ajuste de altura, airbags frontais, laterais e de cabeça, controle de estabilidade e de tração, ABS com EBD, assistência de frenagem de emergência e sensor de chuva com acionamento de farol baixo.
Preço: R$ 550 mil (estimado).

Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira

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