Um enorme volante... para o motor. Girar duas, três vezes para ouvir um grande ruído, que significa que o mecanismo entrou em ação. As rotações da máquina podem ser contadas a olho nu, engrenagens e eixos se movimentam expostos. Filme de ficção? Não, se trata do Benz Patent-Motorwagen, que há 125 anos marcaria época por se tratar simplesmente do primeiro automóvel da história.
Fabricado na Alemanha, de autoria de Karl Benz, foi um invento patenteado na data de 29 de janeiro do ano de 1886 e era um autêntico “veículo com motor a gás”. Foi conduzido, pela primeira vez, nas ruas de Mannheim, em seis meses após o registro de criação do invento.
Ainda hoje há alguns exemplares disponíveis – inclusive no Brasil – porque a montadora fabricou duas séries especiais, sendo a primeira no ano de 1980 e a segunda já em 2002. O diferencial dessa “reedição” é que seguiu o passo a passo do protótipo de 1886
Assim, a Mercedes-Benz recebeu alguns desses carros e vendeu para colecionadores por US$ 60 mil – cerca de US$ 138 mil.
Com grande elegância e charme o Patent-Motorwagen apresenta três rodas, é bem leve – 265 kg somente – o que representou um grande avanço em sua época, haja vista que as carruagens que circulavam no século XIX – algumas, inclusive, com adaptações para motores alimentados a vapor – eram extremamente pesadas.
Sua motorização é interessantíssima, uma verdadeira aula de história da mecânica: há um cilindro único, que fica disposto horizontalmente. O volante, enorme, é deitado também. A lubrificação não é realizada pelo cárter, mas sim por minirrecipientes de óleo, que ficam gotejando – em média, quatro gotas a cada segundo – sobre a superfície do virabrequim e válvulas. Além disso, a água não fica em um radiador, mas sim, armazenada em um cilindro de cobre, bastante grande, que vai propiciando a evaporação lenta do líquido.
Como o Patent-Motorwagen não precisava ser alimentado por gasolina, era necessário comprar em uma farmácia qualquer algum tipo de combustível que gerasse a explosão para dar a partida e movimentar toda a engrenagem do motor – em geral, Kerl Benz se valia de benzina ou éter.
Não havia qualquer acelerador, a mudança de velocidade era feita por uma válvula, localizada bem próximo ao banco do condutor, onde era acertada a mistura do combustível para uma rotação mais constante. Sua velocidade máxima era de inacreditáveis 16 km/h. É curioso notar uma grande ironia. Com o trânsito das grandes metrópoles brasileiras, que não passam há décadas por uma engenharia de tráfego severa, o alto número de engarrafamentos faz com que as potentes máquinas da atualidade se locomovam com.... 16 a 20 km/h, durante grandes trajetos, diariamente.