A história da Chevrolet no Brasil começa com caminhões e com camionetes e passa pelo Opala, um carro único e de sucesso até hoje inigualável. Mas foi com o Chevette que a Chevrolet mostrou sua cara ao povo e realmente disse que podia fazer carros populares, bons e baratos. Mais do que isso, o Chevette ficou marcado na história brasileira como um símbolo de carro bonito, já que suas linhas modernas, introduzindo um conceito muito usado nos Estados Unidos, mas que aqui só viria a chegar anos depois seria um sucesso tremendo. A família Chevette foi ampliada para diversos carros e até hoje ele permanece como um carro único, sendo seu substituto, o Corsa, um bom carro, mas não tão carismático e com a mecânica tão boa quanto o Chevette. O pequeno Chevrolet fez sucesso.

Chevrolet Chevette

Chevrolet Chevette: A história

Um carro lançado no Brasil antes de lançado na Europa. Sim, esse foi o Chevette. Lançado para concorrer em um novo segmento no mercado: o de carro popular com Plus que teria ainda a Brasília e o Corcel, o Chevette apresentava mecânica tradicional: bloco e cabeçote em ferro fundido, tração traseira com eixo rígido e comando de válvulas no cabeçote. O tanque de era atrás do banco traseiro e era considerado muito seguro, um dos melhores nos carros e extremamente copiado nos carros. As linhas do primeiro Chevette eram modernas, revolucionando o mercado aqui no Brasil. O motor era de 1,4 litros e potência de 68 cv. Outras especificações técnicas incluíam comando de válvulas no cabeçote acionado por correia dentada - o primeiro no país. A tração era traseira e o câmbio era de quatro marchas, o que na época era um avanço. Esse modelo foi lançado em 1973 e foi um grande sucesso de vendas, sendo considerado um carro bem moderno na época.

O Chevette sempre foi bom na mecânica, mas seu ponto fraco sempre foi o conforto, motivo de reclamação de muitas pessoas e compradores. Embora o Fusca fosse pequeno, ele era, em termos de custo benefício, melhor que o Chevette. Por isso, a grande crítica quanto ao pequeno Chevrolet era essa. Mesmo assim, em 1975 o sucesso já era grande: contava com mais de 100.000 unidades produzidas. O ano marcava também o lançamento versão esportiva GP (Grand Prix) em comemoração ao Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. O Chevette GP foi o carro oficial desse evento e foi um presente a todos os pilotos que rodaram em São Paulo naqueles dias.

Chevrolet Chevette

Em 1976 chega a requintada versão SL uma versão para quem queria o Chevette um pouco mais requintado e luxuoso, mas sem perder o apelo de carro popular. Ele ganhou nova traseira, com piscas alertas vermelhos. Mas foi em 1978 que chegava a primeira grande mudança no Chevette: ele tinha uma grande nova estilização, com grade em dois segmentos e frente inclinada, com formas mais suaves, seguindo a tendência na época de linhas mais suaves. Além disso, apresentou itens inovadores em segurança, todos importados dos Estados Unidos, como pisca-alerta e coluna de direção não penetrante. O novo Chevette tinha suspensão bem calibrada, um dos grandes pontos fortes desse novo modelo e que viria a ser um ponto forte de toda a marca ao longo dos anos. O carro era estável, difícil de capotar e muito seguro. Molas duras vieram de início, mas rapidamente a GM consertou esse defeito. O volante e o pedal continuavam deslocados para a direita, em função do grande túnel central de transmissão, e o Chevette tinha 4,12 metros de comprimento, pouco mais que um Fusca. O conforto continuava sendo um problema, assim como a altura – era um dos carros mais baixos do segmento. Mesmo assim, o porta-malas ainda era um dos pontos fortes, bem maior do que o maior concorrente da época, o Fusca e posteriormente o Gol.

As Versões Sem Sucesso

No ano seguinte, para competir ainda mais com o Fusca, chegavam às ruas mais uma inovação, o Chevete hatch. Era um modelo que lembrava o Passat, mas bem menor, na verdade era uma cópia do Kadett City. Tinha a conveniência da terceira porta, mas pouco espaço para bagagem, o que decretou seu fim já em 1988. Na Europa essa versão, o Kadett, fez um sucesso tremendo.

Chevette Hach

A Chevrolet ainda apostou um Chevette quatro portas, o que acabou sendo um grande fiasco. O motivo possível foi conhecido na década de 1970 e 1980, pois não se sabe o motivo ao certo, o público brasileiro preferia os carros de duas portas. Com isso, em 1979, chegava ao mercado o sedan 4 portas, que nunca fez sucesso aqui, mas explodia de vendas para exportação. Também no ano de 1979 chegava à série especial Jeans, com forração interna de brim azul, imitando jeans. A cor externa era prateada e os logotipos adesivos Jeans vinham também na cor azul. Foi uma versão que os jovens compraram muito e hoje é item de colecionador, dado o grande carisma dessa versão.

Na linha 1984 aparecia mais um membro da família Chevette: a pequena picape Chevy 500, em alusão à capacidade para meia tonelada de carga. Ela era concorrente da Fiat Fiorino, Fiat City, Volkswagen Saveiro e Ford Pampa, e de todas essas era a única que oferecia tração traseira, o que melhorava o transporte de cargas. Infelizmente nunca teve um grande sucesso, pois seu tamanho era muito pequeno. O campeão de vendas da categoria sempre foi a Saveiro, maior e mais robusto – o Chevy sempre foi comparada com a Fiorino pelo seu aspecto frágil. A procura foi pequena até o último ano de produção, em 1990.

Nova Década

Em 1980 mais uma alteração: o desenho na traseira foi alterado, agora com lanternas maiores e mais envolventes, muito mais bonitas e que seguiam o estilo. O Chevette estava se distanciando do estilo dos anos 1970 e indo para a década de 1980. Agora, os para-choques estavam mais robustos e com uma faixa central preta, dando um ar mais esportivo para o carro. Além disso, veio a famosa perua Marajó, uma integrante da família Chevette.

Chevrolet Marajó

A Marajó nunca chegou a fazer sucesso. Muitas razões se devem a isso. Ela nunca foi bonita, com suas linhas quadradas e um tanto inadequadas para esse tipo de carro. Depois, ela sempre foi uma estranha no ninho, ou seja, um carro que nunca teve um visual bonito e sempre foi muito pequena para uma station wagon. A Marajó foi um fracasso de vendas e mesmo assim a GM sempre vendeu ela, sempre apostando em seu sucesso. Não conseguiu, já que na mesma década chegava versões mais modernas, como o Uno.

Em fevereiro de 1980 o Chevette chegava a 500.000 unidades produzidas. Foi o melhor ano para o carro: 94.816 exemplares vendidos, um recorde absoluto. No ano seguinte o Chevette ganhava faróis quadrados, seguindo a tendência do mercado, e uma nova série especial, a Ouro Preto, com carroceria dourada e faixas pretas. A versão a álcool recebia ignição eletrônica de série, que seria opcional no modelo a gasolina a partir de 1982.

Chevette Ouro Preto

Em 1983 o Chevette, enfim, mudava de vez: faróis retangulares, grade única com frisos horizontais, capô em cunha e mais inclinado, lanternas traseiras maiores e retangulares. Agora, havia também um Chevette esportivo de verdade, o S/R, que tinha o motor 1,6 e decoração interna decoração externa com faixas degrade de preto para cinza. Foi um sucesso de vendas e até hoje permanece como um dos mais simpáticos Chevettes já feitos. Com o Monza lançado, a GM havia conquistado a liderança no mercado e estava consolidada como a segunda maior montadora, atrás da Volkswagen. Por isso, o Chevette passou por mudanças para se adequar ao visual do Monza, já que ele seria um grande sucesso de vendas. Em 1983 foram vendidos 85.984 Chevettes.

Em 1987, novos tempos e novos carros mais modernos, como o Gol e o Uno estavam tornando os carros mais modernos ainda. O Chevette passou por uma nova reformulação no desenho, recebeu para-choques envolventes, grade integrada, tomadas de ar inferiores e lanternas maiores. A opção SE era mais luxuosa e garantia conforto maior para quem queria um concorrente à altura. Agora, acabavam as versões Hatch e as 4 portas (que nunca fizeram sucesso) e o Chevette atingia 1 milhão de unidades. Ainda nesse ano, o Chevette passaria a ser chamado de mino Monza, dado as semelhanças que ele tinha com o carro de maior destaque da GM. Porém, o motor de destaque mesmo viria só em 1988, no caso a versão 1.6 era retrabalhada, passando a se chamar 1.6/S. Mais leve, o desempenho melhorou de 73 para 81 c.v. no álcool.

Os sinais do tempo mostravam que o Chevette estava ficando velho. A carroceria era a mesma do carro da década de 1970, o que não era um bom sinal. A década de 1990 estava chegando, e carros mais modernos estavam vindo. Em 1989 a Marajó deixa de ser fabricada. Em seu lugar chega a Ipanema, que viria a ser a station wagon do Kadett. Em 1991 um sinal de que o Chevette estava no fim: ele se torna um carro barato e popular, de entrada, em versão única: a DL, que receberia catalisador em 1992, seguindo normas do governo. O motor era tão ruim – 1 litro e 50cv – que até o vidro era mais leve. O Uno Mille veio para chegar o Chevette Júnior: 50cv de potência, acabamento simples e consumo de 15,5km/l. Um fracasso de vendas. Ainda em 1993 o Fusca ressurge e o Chevette tenta ficar mais forte, aproveitando o embalo, com motor 1,6 na versão DL, que durou apenas esse ano.

Chevette Junior

Em 12 de novembro de 1992 se encerra a história desse simpático carro, símbolo de uma era da GM e que foi o carro popular de muita gente. O Corsa veio para tomar seu lugar – e não deixou a desejar. Até 1995 seria produzida a picape Chevy 500 DL.

Chevrolet Chevette: O Legado

O Chevette deixou um legado muito interessante, principalmente para a Chevrolet, já que foi o primeiro carro popular dela. Assim, foi o primeiro carro verdadeiramente popular, o chamado antifusca. Isso fez com que a Chevrolet entrasse num seguimento em que ela nunca tinha tido experiência no mundo, o de carros mais elaborados e mais compactos. Ela sempre foi uma marca de carros mais robustos e muito maiores do que se pensava. A Chevrolet iniciou suas atividades aqui no Brasil com camionetes, e logo lançou o Opala, um símbolo de carro de luxo. Inicialmente, ela obteve muito sucesso nas vendas desse modelo, mas rapidamente se viu presa no segmento, e precisava de um carro popular.

O grande legado foi apresentar a Chevrolet para o povo brasileiro. Pequeno, rápido e compacto, o Chevette fez um sucesso enorme e se ampliou para uma família gigantesca, que hoje tem diversos seguidores. De mecânica simples, ele não chegava a ter a perfeição de um Fusca ou uma Brasília, mas foi um grande divisor de águas. Mecânica simples, o Chevette foi à concorrência da Brasília, lançado no mesmo ano. Ele tinha um espaço no porta malas maior do que o concorrente da Volkswagen, e por isso, seu sucesso de vendas foi muito creditado a isso. Além disso, o Chevette tinha grandes versões: uma versão hatch, uma versão sedan, uma versão perua, a Marajó, e a versão pick-up, que faria muito sucesso.

Chevette versão Perua

Foi um carro popular médio, que iria concorrer com o Corcel, Brasília e muitos outros. Um pequeno Chevrolet que era muito econômico e de muita autonomia, perfeito para quem queria um carro simples e de boa manutenção. Além disso, ele tinha ótimo desempenho. Hoje, a Chevrolet ainda fabrica peças do Chevette para colecionadores, uma prova de que sua memória está viva. Seu sucessor foi oficialmente o Corsa, embora muitos dissessem que o Chevette jamais teria ou terá um sucessor a altura.

O Chevette deixa saudades pela sua área única. Hoje é possível ver Chevettes pelo interior do país e por muitos lugares, além de colecionadores e museus. Um carro simpático, popular e que era símbolo de robustez e economia. Não haverá outro igual.

Vídeo

Veja o comercial veiculado na década de 80, do Chevette 1.6 S: