Poucos sabem, mas o Opala, um dos mais conhecidos carros do Brasil e também do mundo (só que em outra versão, o Impala), foi o primeiro carro de passeio fabricado pela GM no Brasil. O Opala, muito mais do que o símbolo de uma era de luxo no país, o carro mais desejado da alta classe por muito tempo, é também um marco da empresa, já que marcou a abertura dela ao público e aos carros de passeio.

A GM guarda o Opala como o carro que marcou uma era de sucesso e que fez a imagem da GM como montadora de carros de luxo – imagem que acompanha a GM até hoje, mesmo ela tendo lançado carros populares como o Chevette e o Corsa, sucessos de vendas, mas que não marcaram tanto a imagem da empresa como o Opala.

Para se ter uma ideia, este clássico foi um grande sucesso ao ponto que a GM se viu obrigada a lançar a versão importada do carro, fabricada na Austrália, quase um sedan seguindo os modelos importados, mas que tinha o nome Opala. O carro fracassou nas vendas porque não tinha o mesmo charme nem a mesma imponência do antigo Opala.

GM Opala

O sucessor do Opala, o Ômega e depois o Vectra, foram sucessos de vendas também, pois seguiu o que o Opala apresentava: um carisma muito grande, sendo que foi um sucesso de vendas e é até hoje, já em sua terceira versão. O Vectra Hatch, uma inovação que não existiu no Opala, por exemplo, está sendo um sucesso de vendas como um hatch de luxo que atende as exigências de um público cada vez mais exigente em seus carros. O público brasileiro está crescendo, e a renda também, o que faz as vendas do Vectra crescerem também.

O Opala marcou também não apenas o início de uma era, mas o fim de uma era, não apenas aqui no Brasil, mas no mundo, de forma geral (através de seus modelos correlacionados, como o Impala e o Commodoro): o fim dos carros grandes, imponentes, que representam um luxo imenso, o sedan de família. Nos Estados Unidos alguns modelos, como o Ford Taurus, por exemplo, resistiram às tendências de economia e aos compactos japoneses que invadiram o mercado e ficaram no mercado. Mas no Brasil, o Opala foi o último grande carro grande, imponente.

O consumo de gasolina do Opala foi um dos motivos por ele ter sido descontinuado: em épocas de economia, um carro que fazia menos do que 8 km/l não era viável. Além disso, ele era pesado, muito grande, custoso e a família brasileira precisava de um carro menor e mais econômico. Além disso, é uma tendência também do mercado que os carros sejam cada vez mais compactos, já que o trânsito está cada vez maior e o governo incentiva a produção de carros menores.

Quem teve, não esquece. Quem vê na rua, passando, admira. Quem já ouviu falar, sabe que o Opala marcou época e foi o carro de luxo e desejo de muitas pessoas durante a década de 1970 e 1980.

Chevrolet Opala

A história do Chevrolet Opala

A história do Opala começa com um carro de nome bem parecido: o Impala. Produzido nos Estados Unidos, ele foi um modelo considerado popular e familiar por lá, o verdadeiro carro da família americana e um símbolo do American Way of Life. Sua produção começou em 1957 e foi até 1985, quando ele parou e só voltou em 1994. A GM considerava já há muito tempo iniciar a produção de um carro de passeio aqui no Brasil, pois seus caminhões e utilitários estavam tendo bastante sucesso no mercado brasileiro. Porém, com o sucesso estrondoso do Fusca, ela via o mercado totalmente fechado.

GM Opala

O Ford Corcel foi um sucesso, mas a GM queria entrar no mercado de luxo, com um modelo atendendo o crescente mercado de luxo brasileiro. O VW 1600 e o Corcel, que rivalizavam, eram considerados carros médios e o Simca estava decadente para a classe alta. Foi quando a GM apresentou em 23 de novembro de 1968 o projeto 676, que demorou cerca de dois anos para ser realizado, e abriu o VI Salão do Automóvel de São Paulo. O Opala combinava a carroceria alemã do Opel Rekord com o Impala.

Sucesso de vendas era o melhor carro do Brasil e talvez o primeiro carro de luxo do país quando lançado em 1969. Caro, era para poucos, mas sortudos os que tinham, já que era um carro muito bom. Foi um sucesso. Uma das suas versões inesquecíveis, o Opala SS foi lançado em 1971 para disputar o mercado de carros esportivos, como o VW SP2, um dos melhores esportivos da época, mas mesmo assim um fracasso de vendas.

GM Opala - Interior

O Opala SS marcou época e foi objeto de desejo de muita gente: volante de 3 raios, bancos individuais, câmbio de 4 marchas no assoalho, rodas esportivas, pintura especial com faixas esportivas na cor amarela, capô e painel traseiro na cor preta, painel com marcador de RPM com escala de 0 a 6000rpm, faixa amarela sinalizando atenção de 4500rpm a 5000rpm e marcação em vermelho até o final em 6000rpm. Em 1974 passou a ter uma versão com 4 cilindros e 2.5 litros. Um dos melhores carros esportivos da história, o Opala SS até hoje é um dos mais visados carros esportivos para colecionadores e um dos melhores já fabricados no país.

Em 1972 surge à versão cupê, que marcou história: um carro elegante, de duas portas, feito para jovens ricos e elegantes. Um carro de status elevado e muito bonito, principalmente para quem queria um grande desempenho. A versão SS cupê foi um sucesso de vendas e contava com motor 4.1 litros de grande desempenho, e pneus sem câmara que davam um grande desempenho na estrada. Nesse mesmo ano, foi eleito pela revista Quatro Rodas como o carro do ano.

GM Opala - Traseira

Em 1976 chegava o Opala com motor 250/S e taxa de compressão 0,7 ponto, o que levou a revista Quatro Rodas a elegê-lo como o carro mais veloz do Brasil, chegando a 190,47 km/h, superando carros famosos como o Dodge Charger e o Maverick da Ford. Um marco. Um ano antes chegava a versão perua, a Caravan, que trazia as mesmas opções de motor e uma boa opção de bagagem, sendo um carro mais para a família. A Caravan SS era também um carro de grande desempenho.

GM Opala - Interior

Em 1980 a Chevrolet inova e o Opala se transforma quase em um carro diferente, atendendo as linhas retangulares da época. Faróis bem quadrados, lanternas quadradas e linhas mais retas passariam a moldar o carro, que manteria as opções de motor. Agora, surge a versão Diplomata, que marcou época por ser o topo de linha, um carro com diversas opções de luxo, um dos carros mais luxuosos do Brasil na época. A Caravan já receberia essa modificação no ano de 1980, porém, o interior só mudaria um ano depois, em 1981, recebendo novidades da época: vidros elétricos, antena elétrica, retrovisores elétricos, porta malas com acionamento elétrico, travas elétricas, desembaçador do vidro traseiro, aquecedor interno e volante com regulagem de altura.

Em 1988, o último retoque: remodelações que deixavam os faróis lembrando o Monza, o mais recente sucesso de vendas da GM. Agora, só em versões SL, SL/E e Diplomata SE. Havia ainda o Opala L, destinado apenas a pessoas jurídicas ou a cargos do governo. O Opala ainda era o topo de linha da Chevrolet e ainda tinha um grande apelo entre os consumidores. Em 1989 saia de linha a versão cupê, já assumindo a tendência dos consumidores brasileiros de preferirem os 4 portas. Em 16 de Abril de 1992, a Chevrolet confirmava o fim deste clássico para a chegada do Ômega, e uma última linha de colecionador, com apenas 200 unidades, foi produzida. Poucos carros tiveram tanta qualidade e tanto carisma quanto o Opala e deixaram tantas saudades. Um Opala é um marco e um carro poucas vezes igualado na história, tanto que seus sucessores, o Ômega e o Vectra, passaram longe de fazer o sucesso que ele fez.

GM Opala - Traseira

Fã-clubes e admiradores

O Opala pode ter saído de produção já há muito tempo, mas a legião de admiradores desse carro que marcou um período da história automobilística brasileira só cresce. Por incrível que pareça desde que eles deixaram de serem fabricados vários fã-clubes no Brasil inteiro foram criados para realizar encontros e mostrar Opalas reformados, remodelados, Opalas diferentes, tunados ou modelos raros, que seguem a risca os modelos originais. Esses fã-clubes são a memória viva desse carro, e realizam encontros em diversas cidades. Os mais famosos são os de São Paulo e Belo Horizonte, mas em diversas outras cidades há outros vários fã-clubes espalhados por aí.

No site opalasp.com.br encontra-se informações diversas sobre o clube de admiradores do Opala de São Paulo. É um clube sem fins lucrativos, que tem o objetivo de preservar a linha Opala e Caravan, entre diversas ações como troca de informações, intercâmbio, exposições, desfiles e demais eventos. Para fazer parte, é preciso ser associado do clube, e para ser associado, é preciso mostrar que, além de apreciador, o associado é um colecionador de Opala e um admirador desse modelo de carro.

A paixão é tão grande que os admiradores de Opala que quiserem uma peça ou quiserem comprar algo para reformar ou consertar algum Opala, qualquer modelo disponível, podem consultar um site que tem tudo para quem quer peças e acessórios para Opalas, de diversos modelos: supimpa.com.br. Criado por um amante do carro, o Supimpa é um site completo que tem tudo o que o colecionador precisa para seu Opala. É um site que reúne colecionadores também, já que tem diversos anúncios de Opala diferentes e tem uma completa gama de produtos para quem precisa restaurar ou consertar. Uma boa, já que o carro já saiu de produção, e em vias normais, as peças dele e da Caravan podem custar bem caro.

Há grupos a respeito no Facebook, onde você pode entrar em contato, fazer amizades, combinar encontros e muito mais. Dá para encontrar até anúncios de pessoas vendendo Opalas em todo o Brasil. Para isso, utilize a pesquisa da rede social.

Chevrolet Opala, o Legado

O legado do Opala vai muito além de ser o primeiro carro de passeio fabricado pela GM. Foi o carro que fundou a verdadeira imagem da GM no Brasil: uma empresa de mecânica boa, que fabrica carros potentes e de luxo. Posteriormente, a GM iria se adequar e lançar modelos populares, mas mesmo assim o que pegou foi sua fama de modelos de luxo, imponentes, verdadeiros carros chiques.

O Opala foi o primeiro de uma série e o mais famoso, e que deixou uma legião de admiradores, como visto acima. Por isso, talvez seja o modelo mais simbólico da Chevrolet, feito em uma época em que carros de luxo eram carros grandes e que gastavam muito, faziam barulho e tinham um bom desempenho. Porém, o Opala também foi o “último dos moicanos”, o último dessa linha, já que quando saiu de fabricação, foi o último modelo de carro considerado verdadeiramente representante dessa era de grandes carros, os chamados carros beberrões e muito gastões. Por isso, o Opala pode ser considerado tranquilamente o início e o fim de uma era, um carro único, admirável, que ficou na memória e que é eterno na história do Brasil.

Propaganda Opala SS

Comercial do Opala

Veja um comercial do Opala, veiculado em 1987:

Confira ainda a versão Caravan: