Chevrolet VeraneioEm pleno cenário de ditadura onde a repressão que oprimia a todos os que questionavam ou discutiam o regime reinava em 1969, fossem civis ou instituições, sejam religiosas e principalmente sindicais, nascia a Veraneio que passaria a ser conhecido, inicialmente, como camburão dos anos de chumbo, qual transportava não só detentos, mas também pacientes, já que até então não existia veículos da sua envergadura fabricados no país, trazendo uma grande revolução para o cenário da época e colaborando com o desenvolvimento da indústria automobilística nacional. Mas a história da Veraneio começa bem antes disso, em 1959, com sua antecessora chamada Amazona que inaugura no Brasil o início da presença dos utilitários esportivos, até então desconhecidos por aqui , os quais logo conquistaram o gosto dos brasileiros eternamente apaixonados por automóveis.

Lembrança esta que arrastou por muitos anos, até 1989 quando passou por re-estilização para acompanhar a nova série 20 de picapes, sendo então oferecida opções 4 e 6 cilindros em linha, movidos a gasolina, diesel ou álcool. Até hoje a Veraneio é reconhecida como uma das melhores de sua categoria, pelo seu espaço, durabilidade, capacidade de carga e conforto, se constituindo assim um clássico automobilístico. Mais do que isso, esse utilitário esportivo também carrega a história de tempos nada fáceis de nosso país, e sua própria estrutura robusta chega a parecer um sinônimo dos tempos pesados que participou durante a ditadura.

Porque a Veraneio

Chevrolet VeraneioA Veraneio até os dias atuais continua sendo um veículo muito procurado, seja para utilização laboral em atividades pesadas no campo, ou mesmo para viagens que se busque conforto em amplo espaço interno e segurança. Esse veículo também tem ótima aceitação no transito dentro da capital, já ao encher seu tanque de 72L de diesel o proprietário desembolsará cerca de R$ 155,00 e poderá rodar 720KM na cidade. Somando a esse rendimento às facilidades que o modelo oferece, como espaço de porta-malas maior que das caçambas de famosas picapes cabine-dupla, e considerando seu custo de manutenção quase zero, se entende porque tanta gente prefere ter uma Veraneio que oferece todas essas vantagens por R$30.000,00 a uma SUV super moderna com controles e automatizações cada vez mais modernos e sensíveis, menos espaço, muito mais cara e menor custo x benefício.

Entre os atributos destacados da Veraneio estão o conforto, que mesmo nos dias atuais poucos competem com ela, além da suavidade do cambio macio e certeiro, o que era proporcionado seu longo curso. Tanta vantagem fazia com que a saudosa Veraneio ficasse bem à frente de sua concorrente contemporânea Rural Willys. A primeira versão da primeira SUV brasileira teve seu fim em 1980, quando passou por atualização no design, agora com linhas retas e mais tecnologia, o que era percebido no painel modernizado e na versão superior, que oferecia itens como vidros e travas elétricas, rodas de alumínio, direção eletrônica. Realmente um automóvel à frente do seu tempo, se considerarmos que tal tipo direção só em 2001 estaria presente no Chevrolet Ômega.

Mesmo a Veraneio sendo um veículo pesado ele conseguia realizar seu trabalho policial de perseguição devido ao confiável e potente motor de 6 cilindros. Com sua suspensão super macia o carro inclinava a qualquer alteração da movimentação para direita ou esquerda. Todo aquele peso trazia consigo o rastro de uma grande vassoura limpando as ruas com os ventos que deslizavam de sua traseira. Mas quem teve a oportunidade de assistir o motorista conduzindo ou mesmo teve a oportunidade de conduzir uma Veraneio nunca esquecerá todo o esforço físico e habilidade exigidas para realizar as manobras, que demandam cerca de 6 voltas de um batente ao outro e que exigem rapidez e raciocínio rápido tal que quase se pode arriscar em dizer da necessidade de um preparo específico só para conduzir a saudosa Veraneio. Uma vez concluída a manobra, é necessário somente soltar o volante que o veículo de mais de 5 metros e 02 de largura retorna ao prumo, algo realmente impressionante ver a movimentação do utilitário.

Por mais que a exatidão e leveza do câmbio da Veraneio fosse tão avançado como os SUV de hoje, registra um pouco de lentidão devido ao longo percurso para a troca das três marchas adiante. Talvez por isso a Veraneio fosse principalmente mais procurada para passeios que reunissem a família, o que era muito cômodo na confortável e espaçosa Veraneio com suas bagagens, Considerando esses pontos favoráveis a Veraneio era considerada superior a sua concorrente contemporânea, a Rural Willys.

Chevrolet Veraneio

Origens

Versão brasileira da Chevrolet Suburban norte americana, a Veraneio nasceu em 1964, inicialmente denominada C-1416 e após 1969 recebendo o nome que até hoje conhecemos. Tal veículo, mesmo que inspirado em modelos americanos nascia para atender a uma demanda específica do Brasil, que até então não contava com um automóvel de seu porte, que transportasse até 09 pessoas e apresentasse 4 portas, constituindo-se o único veículo desse nível fabricado no país.

É importante lembrar que a precursora desse sucesso veicular que ativamente atuou durante a ditadura foi a Chevrolet Amazona em 1959, qual passou por re-estilização em 1962 e finalmente em 1964 deu lugar a sua sucessora, a então batizada Veraneio.

Chevrolet VeraneioO modelo inicial do fim dos anos 50 foi pensado para atender ao mercado brasileiro que até então não fabricava nenhum veículo do nível de uma Amazona e futura Veraneio. A parte dianteira do veículo era nomeada como Chevrolet Brasil série 3100, e todo o resto de sua constituição tratava-se de uma perua de três a oito assentos. Como destaque era a terceira porta somente do lado direito, e o fato dos bancos traseiros poderem ser retirados quando necessário e o detalhe de não contar com vidro traseiro. Quando em 1962 teve seus design e funcionalidades melhoradas ao apresentar quatro faróis redondos, seis cilindros de motor em linha, 261 pol3 (4,3) e 142 cv a 4000 rpm de potência bruta e torque de 31,7 m.kgf brutos a 2000 rpm que possibilitava a “mãe” da Veraneio suportar 1850 kg e com esse peso fazer 0 a 100 km/h em 21 s, baixo uma velocidade máxima de 138 km/h.Toda essa força tinha como apoio a suspensão com eixos rígidos e molas elípiticas e câmbio de três ma rchas somente com diferencial bloqueante.

Mas não parou por aí,em 1962 mais novidade aparecia par a alegria dos apaixonados pelos recén lançados SUV dos anos 60, foi quando da exposição no Salão do Automóvel em 1964 que se anunciou a chegada da mais nova sensação dentre os utilitários esportivos, que inicialmente foi chamada de C-1416, e logo renomeada para Veraneio. Essa beldade, inpirada na picape apresentada no mesmo evento, desfilava com remodelação das linhas, molas helicoidais em ambas suspensões com suspensão dianteira autônoma, e para maximizar o conforto registrava o acréscimo de uma porta, somando quatro, mas a porta traseira que agora era composta pela parte envidraçada.

Chevrolet VeraneioNesse lançamento o modelo passou por alteração e agora seria com 149 cv e 32,1 kgfm, porém com os mesmos 4,3 litros. A Veraneio até o fim de sua produção passou por poucas alterações em seu desenho, os que houveram foram basicamente nos anos 70, sendo o mais marcante foi a retirada de dois faróis dos quatro existentes, movimento contrário ao que ocorrera com sua precursora. Nessa fase também o novo motor de 6 cilindros do Opala possibilitou a fabricação da Veraneio para uso em álcool e gasolina e também a versão a diesel , qual utilizava o motor D-10.

Nova fase chega aos recentes utilitários esportivos brasileiros, releituras e modernização dos modelos, através da substituição dos picapes da série 10 pelas da série 20, incluindo nesse movimento a Veraneio, que em 1989 passou a contar com linhas retas, direção assistida, ar-condicionado e moderno painel. Nessa mesma época a GM lança a Bonanza que apresentava um utilitário mais versátil, que não obstante fosse do mesmo fornecedor de carrocerias, a Brasinca, contava com 2,59 metros para competir com a Veraneio, que em contrapartida media 3,23 metros. O modelo repensado tinha além de motor de seis cilindros de 4,1 litros e 140 cv a álcool do Opala, sendo apresentada com o MaxionDiesel de quatro cilindros e 4,0 litros, em versões turbo de 120 cv e aspirado de 92cv e com aumento da capacidade de passageiros, incluindo mais uma fila, a terceira, suportando, assim, acomodar até nove pessoas.

Existia ainda, a opção do modelo Deluxe, no qual era possível optar por vidros e travas, bem como rodas de alumínio e direção supervisionada eletrônica Servotronic, um luxo que só seria em outros carros da Chevrolet 10 anos adiante. Em 1998 esse fabricante tentou dar continuidade à linha Vernaeio, lançando a Grand Blazer, originada do picape Silverado entretanto sem sucesso, devido a crise econômica de 98, qual elevou os preços dos veículos, somando a isso a busca do mercado por utilitários menores, quebrando uma tendência que persistia desde a década de 60.

Esse famoso SUV nascido nos anos 60, foi fabricada em sua versão original até o final dos anos 80, sobrevivendo quase 25 anos sem modificações de design, contudo, passando por melhoras na parte mecânica, como potência do motor, servofreio, freios a disco e a novidade da direção hidráulica. Para responder às evoluções das picapes, é fabricada a última unidade de Veraneio dando lugar à evolução das picapes, que paralelamente constantemente se modernizava para atender a demanda nacional por cada vez mais modernos utilitários esportivos.

Chevrolet Veraneio

Modelos de Veraneio

Chevrolet VeraneioComo acontecem com todo carro clássico, com os anos, os modelos saem de linha e os exemplares que ficaram acabam passando por várias modificações, que fica difícil identificar o modelo verdadeiro do veículo na situação atual. Se você deseja saber identificar um modelo da Veraneio na hora de comprar ou saber avaliar um preço deve tomar nota das diferenças de modelo que seguem.

Os modelos fabricados entre 1964 a 1971 ainda eram denominada C-1416, contavam com capô baixo e os quatros faróis, um de cada lado da grade cromada do radiador.

A partir de 1972, já denominada Veraneio, mas com apenas dois faróis na mesma posição e com o mesmo capô baixo.

Nos modelos dos anos 80, que começaram a ser produzidas em 1979, a frente do veículo já não contava com capô baixo, dando lugar ao capô alto, sendo a grade do radiador agora de plástico. Também deixou de lado o painel de metal, para dar lugar ao emborrachado. Ambos os tipos de painéis são bonitos e de ótimo acabamento, porém o novo tipo de painel era mais moderno e ainda mais bonito. No caso da grade, geralmente quando o veículo tinha motor diesel Perkins Q20B a trepidação da vibração gerava defeitos na grade, o que não acontece quando a Veraneio não utiliza o motor diesel. O dano ao plástico nada tem a ver com a qualidade do material plástico da grade e sim ao fato da dianteira tremer muito com o motor a diesel.

Chevrolet VeraneioÉ importante saber que a produção de Veraneio entre os anos de 1964 a 1979 teve sutis alterações na frontal do veículo, porém somente começou a ser produzida com painel emborrachado no final de 1979, ou seja, no interstício dos anos citados os painéis eram de metal de acabamento muito bem feito.

Lembrando que é comum as pessoas fazerem alterações por conta própria nos veículos, e o mesmo acontece e acontecia com a Veraneio, seja trocando os capôs alto pelo baixo e vice-versa, o mesmo ocorrendo com as grades de plástico pela de metal pela sua resistência, mas também pode ocorrer o contrário. A maneira mais certeira de identificar o modelo da Veraneio é observar o painel, já que os emborrachados significam modelos do final de 1979 até o final de 1988, já o painel com material de metal mostra que se trata de modelos dos primeiros anos de produção do veículo, que ocorreu entre 1964 a 1979.

Com tantas dicas e orientações sobre como identificar a Veraneio, você poderá fazer a melhor transação e garantir o valor real de mercado para o possante que deseja adquirir ou vender. Mas lembre-se quando você fala de Chevrolet Veraneio, está falando de história, então valorize a história que seu veículo carrega.