História

No início da década de 1980, a Volkswagen estava enfrentando um período de renovação. O Fusca, seu carro mais popular, ainda era um sucesso de vendas, mas estava começando a ficar obsoleto, com as linhas quadradas e modernas dos novos carros, especialmente do Chevette da Chevrolet, considerado o melhor carro popular no mercado até então. Em meio essa situação, a Volkswagen tinha que ter um carro mais popular, com linhas mais retas, seguindo o padrão da época, mas com a famosa mecânica Volkswagen de qualidade. Com isso, a Volkswagen resolveu lançar um novo projeto que lançaria sua nova linha de carros e a designou de família BX, veículos estes que começou a ser produzidos e aos poucos apresentados.

Dessa linha nasceu o Gol, a Parati, a Saveiro e o Voyage, sendo todos sucessos absolutos de vendas e ícones da marca no Brasil. O engraçado é que o início da produção da Parati marcou o fim da produção da Brasília, um sucesso absoluto de vendas, que saiu de linha no início de 1982 com mais de um milhão de unidades produzidas ao longo de sua história.

Volkswagen Parati

Em junho de 1982 chegava ao mercado nacional um novo modelo de carro Volkswagen, seguindo a mecânica de sucesso do Voyage (motor refrigerado a água, motor Boxer - quatro cilindros horizontais em linha arrefecidos a ar). O lançamento da Parati se dava num momento em que o público brasileiro ainda não tinha uma total noção do modelo de carros que o mercado brasileiro estava produzindo, já que o Fusca ainda dominava o mercado, e as stations wagons mais populares eram a Ford Belina, Fiat Panorama, e Chevrolet Marajó, todos carros familiares, sisudos, com linhas mais quadradas e bem mais carros com padrão mais sedan.

A Volkswagen Parati foi projetada para ser um carro com linhas mais suaves, mais joviais, tanto é que ela foi considerada um carro com o perfil dos jovens – dizem que o carro foi o carro oficial dos jovens “Geração Rock In Rio”, de 1985. Ela foi lançada em 1982, mas deslanchou mesmo em 1984, quando atingiu a sétima posição entre os carros mais vendidos do ano, deixando para trás as mais tradicionais stations wagons do mercado e suas tradicionais concorrentes: Marajó, da Chevrolet, Panorama, da Fiat e a Belina, da Ford. Era a prova de que a Parati veio para ficar.

A Volkswagen Parati também recebe diversas atualizações de motores ao longo de sua história, que já dura mais de 20 anos. Em 1983, por exemplo, a primeira grande mudança veio com a modificação do motor para o 1.6 litro MD-270, que ficou conhecido como o motor de “Torque”, o mesmo usado no VW Passat, na época o carro de luxo da Volkswagen. Esse motor tinha, entre outras características, ignição eletrônica, dois carburadores, mudanças na taxa de compressão dos pistões e mudanças na taxa de compressão das válvulas. O propulsor do motor “Torque” era capaz de atingir 81cv de potência máxima, na época um grande feito para a marca, já que era o mais potente motor até então fabricado pela Volkswagen. Junto com esse inovador motor veio um novo câmbio de marchas, com quatro marchas do tipo 3+E, com efeito, "overdrive" visando bom desempenho com economia de combustível, que muito agradou aos consumidores brasileiros, que gostaram bastante desse câmbio. Até hoje, o câmbio da Parati de 1983 é lembrado como um dos melhores câmbios já fabricados pela Volkswagen.

É nessa época que começa a aventura da Volkswagen com os esportivos. Como a Parati é da família Gol, tudo começa no carro mais popular do Brasil, já que a Volkswagen começa a seguir o que faz no Gol para a Parati. Em 1984 foi lançada a versão GT, uma versão esportiva com motor AP800S Santana, que alcançava aproximadamente 99 c.v. de potência, um recorde para a categoria e que viria a ser muito popular. Além disso, o câmbio passou a ser de cinco marchas e houve modificações estéticas, para-choques envolventes e lanternas traseiras maiores. A Parati ficou muito mais bonita e atraente perante o mercado da época.

Volkswagen Parati

Em 1985, a Parati passa a ser produzida em duas versões a CL e GL, e recebe mudanças internas, com destaque para o painel usado em ambas às versões, que era o mesmo usado no Voyage de exportação, o Fox (a Parati de exportação era chamada de Fox Wagon). A versão esportiva e luxuosa, chamada de GLS, chega ao Salão do Automóvel de 1988, com motor 1.8 a álcool do Voyage, potência de 96 c.v. e modelo feito para exportação, mas que só seria vendido em 1989. Nessa época, Volkswagen e Ford fizeram um dos mais frustrados acordos de troca do mundo automobilístico: a Autolatina. Com isso, a Parati recebe o motor CHT 1.6 Ford, rebatizado de AE 1600, cuja sigla tem por significado "Alta Economia". Os consumidores começaram a reclamar pelo baixo desempenho apresentado, mesmo tendo um motor com boa economia.

As vendas não tiveram uma queda muito grande, mas mesmo assim, o frustrado acordo serviu para mostrar que a mecânica Volkswagen ainda era melhor. Em 1990, a Parati tinha as versões CL AE 1600(1.6) e CL AP-1800(1.8), GL AP-1600(1.6), GL AP-1800(1.8), GLS AP-1800(1.8). Em 1991, uma nova estilização frontal marca a linha, com a frente mais arredondada, mas ainda quadrada, e em 1992, toda a linha BX começa a ser equipado com os catalisadores, seguindo as medidas de lei impostas na época. Um modelo que até hoje é admirado, é lançado na época, a Parati GLS, com motor 1.8 de 99 c.v., de visual jovem e esportivo, que corria e fazia muito bem na estrada e não deixava a desejar na cidade.

Surge o Gol bolinha, e com ele, a Parati bolinha. O desenho arredondado eternizou a cor vermelha, e a Volkswagen deu um apelo mais esportivo pra Parati, com uma versão GLS de motor 2000 de 109 c.v. de potência e injeção eletrônica FIC (Ford), além de direção com assistência hidráulica, atendendo a um desejo antigo de vários consumidores. Além disso, começa a produção da Parati GTI 2000 16v, outro modelo potente, mas caro e pouco vendido. Além disso, finalmente a VW começou a produzir a Parati na versão quatro portas, com versões 1.0 de 16 v e o conceito EDP (sigla para Engenharia Desenvolvimento de Produtos).

Volkswagen Parati

Em 1999 surge o Gol G4, e a Parati ganhou um novo design com as mesmas mudanças do Gol. Agora, ela chega em versões de motor 1.0 16 v Turbo (112 c.v.) e 1.6 álcool, e uma versão esporte, a Parati Crossover, com suspensão mais alta em 2,7 cm, falta de tração integral para melhorar o desempenho, visual mais robusto (os para-choques tiveram apliques de plástico preto e cromados na grade). Essa versão foi considerada a grande última Parati, foi um sucesso de vendas e tinha duas opções, o 1.8 Total-Flex (103 c.v. à gasolina e 106 c.v. à álcool) e 2.0, com 112 c.v. de potência. 2000 marca o ano em que a Parati perde a liderança da categoria para a Palio Weekend pela primeira vez, e em 2004, dando sinais de esgotamento e de cansaço do mercado, encerra-se a produção da Parati com motor 1.0 16 v Turbo, restando a versão Plus, com motor 1.6 Total-Flex.

Edições especiais, como a "Track & Field", com apenas 4400 unidades, com muito mais equipamentos, e a série "Surf", com faróis de máscara negra e outros artigos esportivos, marcaram essa versão. A Parati G4 têm como equipamentos de série, direção hidráulica, alto-falantes, luz de leitura e espelhos retrovisores externos com controle interno. Apesar das poucas vendas, a Volkswagen fechou as vendas da Parati ao público, e agora a Parati é vendida apena a empresas. Não há previsão de atualização no modelo.

Volkswagen Parati

Legado

Poucos sabem, mas a Parati foi o carro lançado com objetivo certeiro e difícil, substituir uma lenda e talvez segundo carro mais popular da história, a Brasília, que perde sua popularidade apenas para o Fusca.

Sim, foi a Parati a grande culpada por aposentar a Brasília, isso porque a Parati foi um dos melhores carros da época no quesito mecânica e conforto, se tornando ainda um dos carros mais icônicos de sua geração e um dos melhores carros já produzidos no país. Fica difícil saber ao certo qual foi o legado da Parati ao constatar que ela teve essa dura missão.

Em termos de sucesso, mesmo sendo grande, a Parati passou longe de ter o número de vendas e o sucesso da Brasília, mas alguns motivos devem ser apontados, primeiro, uma Brasília era uma categoria acima do Fusca, e a Parati era uma categoria mais parecida com a Variant, ou seja, a substituição não foi bem pensada. Mesmo assim, as ações de marketing na época não tinham como objetivo colocar a Parati como a nova Brasília, deixando bem claro que ela era uma nova integrante da família do Gol. Aliás, foi o Gol o novo marco na Volkswagen, o grande responsável pela popularização máxima da marca. Por isso, a Parati teve como legado, entre outras coisas, ser um carro de grande sucesso que marcou geração.

Além disso, a Parati foi ícone de uma geração jovem que ficou conhecida como “Geração Rock In Rio”, já que na primeira edição do Rock In Rio, em 1985, a maioria dos carros vistos eram lindas Paratis. Isso mostra bem que a Parati, muitas vezes em suas versões esportes, ficou famosa na década de 1960 e assim marcaram e marcarão gerações de apaixonados por carros.

Volkswagen Parati

Comerciais

Especial de comerciais veiculados nos anos 90, sobre toda a linha de modelos de carros da Volkswagen da mesma década. Confira:

Futuro

Qual o futuro da Parati? Embora o Gol ainda seja o carro mais vendido do mundo, chegando recentemente ao número de sete milhões de unidades vendidas, apresentando uma versão mais moderna com linhas um pouco retrô, a Parati ainda tem sua visibilidade, mesmo que em sua maioria, em meio ao setor comercial.

A Parati continua com as linhas do Gol geração 3, o que não é bom e a fez cair nas vendas – atualmente, ela é muito vendida para comércios, por ser ainda um carro com boa mecânica, visual que ainda satisfaz. Sua versão aventureira, por exemplo, satisfaz bastante os consumidores do interior. Mas diante de todas essas questões, qual é o futuro da Parati? Será que ela será remodelada? A Volkswagen se reciclou e atendeu ao pedido de muitos fãs do finado Voyage quando trouxe de novo o sedan.

O sedan nacional ganhou os contornos do novo gol, assim como a Saveiro, e da família Gol, só a querida Parati que ficou desatualizada. Mais uma das incongruências da grande Volkswagen, ou um sinal que ela pretende descontinuar esse que é um dos carros mais populares de todo o Brasil e já foi um sonho de consumo no que se diz carro de família?

Um dado pode indicar qual é o verdadeiro futuro da Parati: as stations wagons perderam um grande espaço no mercado. Elas foram febre mais ou menos até 2005, quando o surgimento das minivans, em especial a Zafira, a primeira de todas e um grande sucesso de vendas, enterrou esse tipo de veículo. A verdade é que as stations wagons passaram a ser descontinuadas gradativamente pelas montadoras, como foi o caso do Corsa Wagon, que simplesmente sumiu do mercado. Quem sobreviveu foi quem foi para o lado esporte e aventureiro, como a Crossfox e a Saveiro, além do Palio Weekend. Tendo isso em vista, as chances da Parati ter o mesmo fim da Santana são grandes, mesmo porque o Volkswagen não divulga notícias nem dá a impressão de que vá fazer algo com a Parati. Para os fãs, fica a impressão de que o futuro do carro pode ser tenebroso, já que o mercado não colabora e as vendas são fracas.

Um clássico brasileiro, mas um carro que está em decadência, essa é a Parati, um dos mais brilhantes e bonitos carros já produzidos no Brasil, mas que ainda não tem um futuro decidido. Em termos de custo benefício, ela não é o melhor carro a ser comprado hoje em dia, mas para uma legião de fãs que viveu intensamente a década de 1980, quando a Parati era sinônimo de carro bom e jovial, ainda dá nostalgia de ver uma Parati pelas ruas. Um carro inesquecível e que faz parte da cultura brasileira.

Propagandas da Parati

Confira as propagandas, desde 1988 até 1999, da Volkswagen Parati.

VW Nova Parati GLS 1.8 (1988)

Parati GLS 1.8 Propaganda

VW Parati GLS (1994)

Parati GLS 1994 Propaganda

VW Parati GLS (1996)

Parati GLS 1996 Propaganda

Parati GLS 1996 Propaganda

VW Parati GLS (1998)

Parati GLS 1998 Propaganda

VW Parati GLS (1999)

Parati GLS 1999 Propaganda