O Passat foi o primeiro carro de luxo produzido pela Volkswagen do Brasil. Ele foi pensado para competir com um mercado que crescia cada vez mais, que era o de carro de luxo aqui no país. Com o aumento de poder aquisitivo da população, principalmente com os novos ricos da ditadura militar, a Volkswagen passou a precisar de um carro que atendesse a essa população, já que ela tinha apenas uma série de carros populares, com o grande destaque para o Fusca, o grande carro brasileiro e considerado o maior carro do mundo. Assim, o Volkswagen lançou o Passat: um carro já existente na Alemanha, mas que ainda faria muito sucesso por aqui.

Volkswagen Passat

Produzido aqui no Brasil desde 1973, hoje ele se situa entre o Golf, o Jetta e o Phaeton na atual linha de produção da Volkswagen, sendo considerado um carro médio e de alto padrão. É importado, produzido na fábrica da Volkswagen de Emden, Alemanha, e chamado de Passat nos mercados europeus e no Brasil, mas o carro recebeu vários outros nomes em outros mercados, como Dasher, Santana e Quantum, particularmente em mercados das Américas, como os Estados Unidos.

O Passat sempre foi um dos modelos mais importantes da Volkswagen, pois sempre foi um sucesso pleno de vendas. Foi o primeiro sedan médio da marca, e um modelo decisivo para a marca. Em 1973 a crise do petróleo estava em alta, e a Volkswagen precisava de um modelo de luxo econômico. O Passat foi decisivo, pois as vendas do Fusca estavam caindo, já que outros modelos, como o Chevette estava entrando no mercado, e os outros modelos maiores de tração traseira da Volkswagen, como o 411 e 412 e a Brasília, não estavam se saindo bem no mercado. A concorrência estava muito alta.

Volkswagen Passat

Em 1964 a Audi foi comprada pela Volkswagen, assim, toda a engenharia pode ser adquirida e usada pela Volks. Desse jeito, a marca alemã pode desenvolver um antigo sonho: um moderno carro de tração dianteira com motor refrigerado a água, o que viria a ser o Passat e o Golf, os primeiros de uma nova geração da Volkswagen. Para ter uma noção, o primeiro Passat foi baseado no Audi 80, permitindo que ele competisse de igual para igual com os rivais europeus, o que acontece até hoje, quando o Passat é um dos carros mais vendidos e mais conceituados da Europa.

Passat no Brasil - A primeira parte

Aqui no Brasil, o Passat foi lançado como um carro de luxo da Volkswagen, na versão fastback, nas versões standard e L e com motor 1.5. Ele foi lançado apenas na versão duas portas, seguindo a tendência de duas portas no mercado nacional na época, a versão quatro portas foi lançada apenas em 1975. Em 1976 surgiu a de três portas assim como a versão duas portas TS, com motor 1.6 e carburador solex, que veio da Alemanha. A carroceria de cinco portas surgiu em 1977, teve uma grande fabricação, mas ela era exclusiva para importação, e era muito rara. Quase ninguém conhecia esse modelo e, além disso, ele não era vendido aqui no Brasil. Os especialistas consideram uma pena, já que era bem melhor em termos de mecânica do que o Passat aqui feito. Esse Passat foi muito vendido na América Latina, África e Europa.

Em 1978 foram lançados os modelos LSE, com quatro portas, mecânica do esportivo TS e encostos de cabeça no banco traseiro, um modelo que vendeu bastante e foi um sucesso de mecânica considerado um belo modelo. Outro modelo lançado esse ano foi o Surf, destinado ao público jovem, mas que na verdade era uma tentativa de fazer um modelo um pouco mais barato sem aspecto simplório, uma tentativa popular de fazer Passat. Em 1979 o Passat brasileiro passa por sua primeira mudança, com uma nova dianteira herdada do Audi 80, um modelo europeu fabricado de 1976 a 1978 e também ganhou novos para-choques, com um desenho mais reto e robusto, seguindo a tendência de linhas mais retas da época. Em 1981 uma mudança radical, o que seria a maior: pisca alerta traseiros que passam a ser na cor âmbar. Em 1983 o Passat passa a ter quatro faróis retangulares, e começam a ter mudanças nas linhas: o TS passa a se chamar GTS e surge a versão GLS.

Volkswagen Passat - Duas Gerações

A Volkswagen lançou o Santana, um carro de luxo americanizado que seguia os padrões da época. Logo, isso passou a pesar e o Passat teria que apresentar mudanças. Em 1984, isso ficou claro quando a Volkswagen passou a lançar várias versões do Passat. Uma versão básica chamada Special, o LS recebe o nome Village, o GTS vira GTS Pointer, que recebe o motor 1.8 do Santana, e o LSE é o LSE Paddock.

Nos anos seguintes, o modelo fica defasado: as linhas do Passat ficaram velhas, e o carro sofria a concorrência feroz de carros como o Del Rey e principalmente o Monza, o seu grande concorrente. A própria Volkswagen estava dando muito mais atenção ao próprio Gol e ao Santana, e assim, o primeiro Volkswagen com refrigeração a água passava por uma defasagem. Em 1988, quase 15 anos depois de seu lançamento, o Passat saiu de linha, depois de 600.000 unidades vendidas. Mas sua história aqui no Brasil não iria terminar assim tão cedo.

O sucesso foi tão grande que ele foi eleito pela Revista Autoesporte o Carro do Ano de 1975 e de 1980.

Volkswagen Passat - Várias gerações

Passat pelo Mundo

Na Europa, o Passat foi um dos primeiros carros familiares modernos, com diversos modelos. Lá apareceu um Passat Sedan e um Passat Wagon, o que por aqui nunca ouve em sua primeira versão. Além disso, ele rivalizou com o Opel Ascona, que viria a se tornar o Chevrolet Monza no Brasil, que também seria um dos concorrentes do Passat, embora por um breve período. Aqui, foi um pioneiro, o primeiro carro da Volkswagen a usar a refrigeração a água. Suas características técnicas o põem como um grande carro: motor de quatro cilindros em linha longitudinais OHC 1.3 l, 1.5 l, e 1.6 l, a gasolina, suspensão dianteira MacPherson com esquema eixo rígido/molas na traseira, motor SOHC 1.5 que produzia 65 c.v. líquidos (78 brutos) e foi ampliado para 1.6 litros em 1976 no modelo TS. O Passat conseguiu desenvolver 80cv líquidos (96 brutos).

Durante a década de 1980, o Passat foi muito usado como o carro padrão de muitos países fechados, como é o caso do Iraque. Por lá, entre 1983 e 1986, muitos modelos da cor vinho, produzidos no Brasil, foram exportados. Os modelos quatro portas são comuns por lá até hoje, e esse carro foi vendido aqui, conhecido como Passat Iraque. Na África, em especialmente na Nigéria, esse modelo ficou popular também. Em outras regiões ele mudou de nome. Na América do Norte ele virou Quantum e Santana em 1982, Corsar, no México de 1985 a 1988, e Passat na África do Sul até 1987. Santana inclusive foi o nome usado na Europa para o Passat Sedan até o início de 1985. Por aqui, o nome Santana é um carro de muito sucesso, um sedan bem popular que viria a substituir o próprio Passat.

Volkswagen Quantum

Muitos não sabem, mas o nosso Santana é o Passat de segunda geração do exterior. A plataforma foi a B1, uma carroceria igual, mas com novas mudanças. Esta 2ª geração do Passat, para nós o Santana, ainda é fabricada na China, sob o nome Santana 2000, na fábrica da Volks em Shanghai.

Volkswagen Santana

Por aqui, a terceira versão jamais deu as caras. Ela tem uma cara de carro japonês, completamente estranha ao carro brasileiro. Lançada em 1988, era um carro totalmente novo, que tinha vários modelos. Apenas a versão sedan e a SW estavam disponíveis, marcando o fim da dois volumes, já atendendo o mercado americano, cada vez mais exigente e que a Volkswagen queria penetrar cada vez mais. Essa versão tinha motores com injeção eletrônica que eram mais potentes e refinados do que os carburados. A velocidade máxima era de 224 km/h.

O Passat agora, com a chegada das importações no Brasil, passou a ser importado. Chamado de Passat Geração quatro, ele era na verdade um Geração três com novas formas no design, o carro tinha mecânica praticamente idêntica à Geração três, mas agora tinha uma grade e novos faróis. Novos itens de segurança foram adicionados, e outros foram melhorados e o carro passou a ser importado no Brasil, com um preço muito maior do que sua última versão. O interior foi melhorado, e ele ganhou um airbag, algo inédito no mercado. Uma das opções contava com um motor TDI diesel, um quatro cilindros em linha 1.9 l turbo diesel, gerando 210 N·m de torque a 1900 RPM, 90 c.v. (66 kW) a 3750 rpm. Essa versão não vendeu bem, por diversas razões: o preço era bem alto, e o carro não era tão bom. No mundo inteiro essa geração foi considerada um fracasso de vendas.

O Passat de quinta geração foi lançado em 1996, um carro totalmente novo que usava a base Audi para sua carroceria. Motor longitudinal, um carro verdadeiramente de luxo, que mais se parecia com o Audi A4. Foi quando começaram as críticas de que a Volkswagen se aproximou muito da Audi e seus modelos mais se tornaram cópias do que carros autênticos. Essa nova versão tinha ótima dirigibilidade, com interior luxuoso e bem equipado, com uma longa lista de acessórios tais quais janelas elétricas, ar condicionado, CD-Player, espelhos elétricos, teto-solar elétrico e bancos de couro. As novidades incluíam suspensão frontal 4-link, e tração integral. Os motores também eram novos: a gasolina 1.8, 2.0, 2.3 e 2.8, incluindo um quatro cilindros 1.8 l turbo, ou um 2.8 l V6, além do 1.9 TDI. Suspensão de quatro links que utiliza quatro braços de alumínio em cada roda dianteira, muito mais simples. Foi um sucesso, o verdadeiro carro de luxo da Volkswagen e que mudou a imagem da empresa aqui no Brasil.

Em meados de 2000, o Passat recebeu uma nova estilização, com uma modernização no estilo e algumas mudanças mecânicas, mas sem novidades. Faróis de projeção óptica e para-choques deram ao carro uma nova aparência, mais moderna e que seguia a tendência da época. O Passat ainda era basicamente o mesmo carro que era há quatro anos antes, mudando apenas um pouco, torna-se levemente mais moderno. O Passat 2001 foi trazido ao Brasil e virou um sucesso de vendas no mercado de luxo. As opções de motores incluíam um 4.0 V8 produzindo 280cv em uma versão top que incluía tração integral. Em 2004 surgiu um 2.0 turbo diesel TDI de 134, mas que não fez muito sucesso. O Brasil recebeu esse Passat, mas as vendas estavam caindo, já que a Volkswagen passava a dar mais atenção ao seu novo projeto, o Polo, um carro completamente moderno, e ao Fox, um projeto compacto e Brasileiro.

O salão de Genebra de março de 2005 mostrou o novo Passat, que usava a plataforma modificada do Golf Mk5 (PQ46). O Novo Passat é um carro muito mais simples na mecânica, mais econômico e menos poluente. De linhas modernas, que seguem o padrão Volkswagen, ele é um dos melhores carros que a Volkswagen oferece aqui no Brasil e um dos melhores carros já produzidos pela fábrica alemã.

Novo Passat

Novo Passat

Passat, O Legado

O primeiro VW a ar e posteriormente o primeiro VW de luxo no Brasil: esse é o legado do Passat, um dos carros de mais perfeita mecânica produzido no país. Um carro que causava inveja durante a década de 1970 e 1980 e que ainda hoje arranca suspiros.

Embora seja caro, é um carro imponente, que chama a atenção. Ele marca a história por introduzir uma mecânica e mudar a imagem da mais popular montadora do país, além de marcar a mudança de conceito sobre a Volkswagen. Hoje, é possível ver colecionadores de Passats em todo o lugar, mais dos modelos antigos, antes de 1988, quando sua primeira geração foi descontinuada.

Vídeos

VW Passat - Comercial de 1974:

VW Passat - Comercial de 1979:

Comparativo - Passat x Porsche 911: