A década de 90 é lembrada como mais um cenário de crise no país, qual teve como marco mais contundente o impeachment do presidente que havia conquistado o governo pela popularidade. Em 1992, após tomar posse, o então novo presidente do país, Fernando Collor de Melo, decide junto com sua ministra da economia Zélia Cardoso de Melo pela confiscação da poupança dos brasileiros na tentativa de utilizá-la como fundo para recuperação da economia.

Entretanto, o plano não foi bem sucedido, e o país que sofria altíssimas inflações e baixo poder aquisitivo, só teve sua situação piorada. E logo por ação pública o governo foi deposto e seu vice Itamar Franco assumiu, na intenção de concertar ou minorar os estragos da gestão anterior. O mesmo exerceu o poder interinamente entre outubro e dezembro de 92 e definitivamente em 29 de dezembro desse ano.

Volkswagen PointerEm 1993 o povo decidiu em plebiscito pela continuação da República Presidencialista com maioria esmagadora. Foi durante o governo de Itamar que nasceu o plano econômico que mudou a economia e permanece até hoje no Brasil, o Plano Real implantado paulatinamente, com moeda inicialmente denominada URV e em seguida definitivamente Real em 01 de julho de 1994, proporcionou poder de compra e controle da inflação.

Não há que negar que os anos 90 foram memoráveis, seja, pelas dificuldades vividas no país, mas também pelas oportunidades trazidas pelas mudanças proporcionadas pela nova diretriz econômica do ex Presidente Collor, que decidiu pela abertura econômica do país, possibilitando a entrada de novos produtos, fábricas, tecnologias, forçando com que o mercado brasileiro se adaptasse à nova concorrência, gerando mão de obra qualificada e produtos competitivos. Por muitos anos seguintes os produtos importados eram preferidos aos nacionais, por serem estes últimos considerados de má qualidade. Fenômeno este que, felizmente, já não vigora tendo em vista a evolução continuada em todos segmentos em nosso país.

Mercado

Foi justamente nesse contexto turbulento que a indústria automobilística busca inovar e manter sua competitividade e rentabilidade, agora pressionada pela concorrência externa, permitida a partir de 1990.

No início desta década, a VW contava com seu produto 100% nacional chamado Logus, qual sofria constantes investidas da Fiat para desbanca-lo através de seu automóvel importado, o Tipo, que era um sucesso na Itália e que aqui foi ofertado com baixíssimo preços.

Volkswagen PointerA VW incansavelmente não desistiu da briga e para desbancar o modelo italiano, lançou o novo Logus, que seria na verdade, o Pointer, uma versão mais sofisticada do seu antecessor, com interior de veludo, traseira mais alta e encurtada, faróis mais estreitos e grade restilizada, e motor superior de 2.0 de 115CV.

Numa investida de marketing da VW, o novo Logus, ou então Pointer, passou a desfilar em São Paulo, com funcionários de alto escalão e proprietários de revendedoras, para atrair a atenção e gerar desejo no público.

Entretanto, algo não previsto aconteceu em 1995, quando o então líder de mercado VW Gol perde a liderança de mercado para o Fiat Tipo. Evento que exigiu reorganização dos planos da fábrica para frear a concorrência, para tanto, a produção do Pointer foi paralisada para colocar o novo plano em ação contra o novo líder, qual se consistia, basicamente, em tacar fogo literalmente em alguns de seus exemplares para frear o avanço da preferência.

Em duas semanas foram 26 tipos tinham pegado fogo e todos ficaram aterrorizados, tanto os proprietários desse modelo, como seu fabricante que buscava de todas as formas solucionar o problema, fazendo recall, trocando peças, revendo projeto etc, até prenderem em flagrante alguns indivíduos tentando incendiar alguns carros em um estacionamento, qual foram presos, porém em seguida, por terem suas fianças pagas pela VW. Fatos estes relatados por veterano funcionário desta fabricante.

Agora que a concorrência do Tipo já não era uma verdade, e este já vivia o estigma do carro indesejado por todos, algo que é lembrado até hoje, a VW decidiu importar um automóvel que a seu ver seria objeto de consumo de todo brasileiro, seria o Golf. Tal expectativa da fabricante nunca se concretizou e este modelo nunca alcançou a liderança de preferência. Muitos acreditam que se a VW tivesse investido no lançamento do Pointer ao contrário de importar o Golf, teria obtido maior resultado, seja na preferência de mercado e contra a então supremacia do Tipo, uma vez que contava com design mais moderno, potência e conforto.

Origens

Volkswagen PointerNascido na década de 1990, resultado de parceria da Volkswagen e Ford, que consistiu na Autolatina, qual proporcionou a criação de modelos híbridos como Escort/Pointer e Verona/Logus). O Pointer era em suma um facelift do Escort de 5ª geração (2ª geração no Brasil), utilizando, contudo, para-choques, lanternas, faróis, e interior estilo Volkswagen. Em 1993 nos é apresentado o Pointer em suas versões CLi 1.8, GLi 1.8 e 2000 e o esportivo GTi 2000, todos registrando injeção eletrônica Fic. Resultado da plataforma do novo Ford Verona, qual contava com 4 portas, design mais forte que o Logus e por reunir o até então novo conceito GTi, o então Pointer consistia em um automóvel esportivo, confortável e com estética agradável.

O Pointer também foi produzido na Argentina, onde foi bem vindo, chegando a participar de competições multimarcas naquele país. Devido a sua dupla nacionalidade de fabricação existem em ambos países unidades fabricadas aqui e na terra dos “Hermanos”.

Este modelo era em suma um robusto hatchback, que se destacava por seu grande vidro traseiro em leve curva e suas janelas vigias após a segunda porta, contando ainda, com colunas fixas, para garantir em tempo integral a visibilidade do motorista. Essas características eram parecidas com seu parente Logus, excetuando a ausência da opção de motor 1.6 devido a sua pesagem, os freios á disco nas 04 rodas. Outra diferença é que no caso de seu irmão Logus os primeiros exemplares com motor 2 litros não contavam com injeção eletrônica Bosh Le-Jetronic mas sim o malquisto carburador eletrônico, em contrapartida o Pointer já no início contava com esse tipo de injeção.

A versão GTi saiu de fábrica com um importante erro, que consistia na relação de quinta marcha demasiado curta, o que forçava o motor girar praticamente 3500 rpm a 100 km/h, sendo o normal que girasse 2800 rpm, como ocorre com automóveis com cilindrada e potência semelhantes. Felizmente o problema foi superado ao se formular uma relação de quinta marcha mais longa, o que também refletia na redução do consumo, barulho e maximizando em boa medida a velocidade máxima.

Volkswagen Pointer GTI 2000Uma vez que já contava com injeção eletrônica, em 1994, o modelo foi lançado com poucas alterações, sendo basicamente, os para-choques pintados para os modelos CLi e GLi e diferenciação no tipo de tecido, praticando o mesmo da versão sedã.

Uma nova versão mais sofisticada, com interior em veludo, mais confortável, elegante e sóbria, semelhante ao Logus Wolfsburg, é lançada em 1996, contava ainda com manopla em couro para a opção esportiva GTi, com novidade nas rodas, agora de aro 14, qual no futuro seria utilizada no Polo Classic. Na atualidade o nome Pointer é utilizado no México no modelo VW Gol brasileiro, que é exportado para aquele país.

Para resumir podemos afirmar que o Pointer nasceu em 1994 na versão GL com motores 1.8 e 2.0 e em seguida na versão Gti com motor 2.0 em agosto. Terminando sua trajetória em 1996, já tendo somado 57.098 unidades fabricadas até junho daquele ano.

História

Antes de falar do projeto propriamente dito do Pointer, é importante comentar do contexto de seu surgimento.

Considerando que é notório de que Apollo consistia um Verona com retoques, o par que se seguiria e substituiria essa dupla seria algo bem mais imponente. Baseado no projeto europeu da Ford, o Escort originou duas novas matrizes de desenhos, ambas atrativas e desejáveis. Diferentemente do que ocorreu com o Escort e o Verona, que eram vendidos no Brasil com mesmo desenho do que praticado na Europa, o Logus e o Pointer eram realmente desenvolvimento nacional, chegando a superar em qualidade e desenho suas origens.

Em 1992 é lançado o Escort que oferecia um estilo que concordava com o modelo apresentado pouco antes na Europa. Não satisfeita, a VW lança em seguida sua versão sedan, seria o Logus, com duas portas de linhas sinuosas, frente arredondada e traseira elevada, somado a todo esse charme se somava-se os faróis grandes e para-choques elegantes. Em seguida, presenciamos também em 1993 a chegada do Verona, que nada mais era do que o Orion europeu na modalidade hatch.

Volkswagen PointerCom tamanho equivalente ao Escort chega ao mercado o Pointer, que se se caracterizava por ser um hatch de 5 portas com linhas aerodinâmicas, que conseguia ser ainda mais casual e esportivo que o Logus. A presença desses dois modelos dava basicamente o início da nova geração de designs ousados do mercado automobilístico do Brasil. Entretanto, não só de beleza se vive um produto, então logo se detectou alguns problemas mecânicos e de construção nos modelos, quais sejam, na suspensão, ferrugem, além do peso, já que contava com 1190 Kg e tinha pouco mais de 4 metros comprimento, o que é muito para um carro esportivo. Por ser mediano o projeto não aguentou muito e viveu apenas até 1996, quando, também, a Autolatina deixou de existir.

É bom entender que a Autolatina foi uma holding que uniu a Ford com a VW Brasil e Argentina, nascendo em 1987 e terminando em 1996. Tal parceria foi importante para ambas às fábricas, seja no sentido de desenvolvimento de tecnologia, como para a permanência das marcas no Brasil, neste caso, principalmente foi importante para a Ford, que no fim dos anos 80 já cogitava retirada de nosso mercado.

Tal casamento foi especialmente abalado nos anos 90, quando do início da globalização e a insegurança que esta representava, uma vez que nesse novo contexto mundial, prender-se a uma parceria fixada somente no continente sul americano fariam com que tais fabricantes ficassem afastados do resto do mundo e de melhores oportunidades em outros países. Ou seja, ao contrário do que muitos dizem, a grande preocupação não era com o destino dos filhos dessa união, mas sim o futuro a longo prazo e seu impacto para o crescimento contínuo para ambas fábricas.

Somado a esses impasses a assinatura do protocolo do carro popular, a diferença de capacidade de produção de veículos baratos pela Ford e a abertura das importações trazida pela nova política brasileira, foram impasses que contribuíram com a extinção da Autolatina. Por fim a união acabou, mas ficou o compromisso dos dois lados por um determinado tempo. A Ford entregaria seus motores CHT 1.0 à VW e esta entregava seus AP 1.8 à Ford. Esta fabricante seguiu fabricando veículos de ambas as marcas até que a fábrica de Resente no Rio de Janeiro ficasse pronta, por sua vez a VW apenas trocou os 1.0 da Ford no momento que a fábrica de São Carlos, em São Paulo ficasse pronta em 1997.

Os modelos Logus e Pointer continuaram sendo fabricados pela VW, e a Ford seguia produzindo o Versailles e Royale. Quando, então veio definitivamente o fim da Autolatina, a história desses carros acabou também.

Pontos Positivos

Pesquisas com clientes apontam como pontos positivos para o VW Pointer:

  • Carro completo, bom para viagens
  • Confortável e macio
  • Espaço interno que oferece conforto
  • Desempenho oferecido, ótima aceleração.
  • Lataria forte
  • Estilo atrativo

Pontos Negativos

Segundo os consumidores, como pontos negativos, pode se salientar:

  • Câmbio com marchas curtas,
  • Problema com a suspensão dianteira
  • Reduzido isolamento acústico, freios,
  • Dificuldades com a altura do solo que gera dificuldades nas lombadas dentro da cidade,
  • Presença de infiltração de água pela tampa traseira.
  • Manutenção cara.

Por fim é importante alertar que tanto o Pointer, como o Logus são filhos de pais divorciados, ou seja, da Autolatina, união entre Ford e VW que durou de 1990 até 1996, qual deixou muitos proprietários amantes de seus possantes na mão, no que tange a peças de reposição e manutenção, tornando, por isso, a manutenção destes carros cara, mas não diminuido o gosto do público pelo design e conforto dos mesmos.