Apesar de toda a gama de informações que temos disponíveis em diferentes meios, comprar ou vender um carro requer muito cuidados.
Quando falamos de veículos usados, uma das grandes preocupações é quanto às expectativas a longo prazo. Se for um carro novo, a atenção precisa ser redobrada com relação ao crédito.
As instituições financeiras abrem um leque gigantesco de possibilidades e aquilo que era um sonho pode tornar-se o pesadelo do endividamento.
Para ajudá-los a não cair em armadilhas, vamos ao que dizem os especialistas.
O velho test drive
Por mais que você já tenha todas as informações sobre o veículo, nada mais certo do que confirmá-las na prática. Essa é a principal função do test drive. Mas, atenção! Solicite um modelo com maior tempo de uso, de preferência que possa ficar com você por pelo menos um dia.
Não aceite propostas de rodar apenas três ou quatro quilômetros, com o vendedor ao lado “tirando” toda a sua concentração.
Se for possível, leve o veículo a um mecânico de confiança e peça uma avaliação.
Os mais vendáveis
Se você pretende comprar um carro por necessidade e não apenas para diversão, procure saber se o modelo realmente é vendável. Alguns carros lançados em cores exóticas são muito difíceis de vender. Na verdade, deve ter sido objeto de satisfação pessoal no campo da emoção. A preferência dos brasileiros está nas cores prata e preto. Não é à toa que observamos alguns belos carros com cores extravagantes “mofando” nas concessionárias.
Se a sua preferência é por carros importados, fique atento quanto à depreciação. A quantidade de vendas em território nacional é bem mais reduzida e, em alguns casos, a própria assistência técnica é deficiente.
Outra dica dos especialistas é quanto aos modelos que saíram de linha. Nesses casos, a manutenção e a dificuldade para encontrar peças serão as principais dores de cabeça.
Onde comprar
Uma boa compra é aquela que se dá entre pessoas confiáveis. Um velho conhecido, um amigo. Alguém em que você possa, caso seja necessário, recorrer para eventuais problemas. Se você não achar essa pessoa, corra para uma concessionária de boa reputação. As concessionárias estão ligadas às montadoras e, por conta dessa ligação, há uma maior tranquilidade em relação ao serviço prestado.
O principal cuidado ao procurar uma concessionária é com relação a alguns preços abusivos. Para isso, vale aquela máxima de fazer uma longa pesquisa em diferentes lojas.
Se você optar pela compra em lojas sem bandeira ou de locadoras, redobre os cuidados e esteja sempre atento. Um dos aspectos negativos dessas duas opções é com relação à garantia. Elas só assumem 90 dias para motor e câmbio.
De modo geral, são veículos que já passaram por diversos usuários, com alta quilometragem e um grau de desgaste bem maior.
Por fim, mas não menos importante, são as negociações feitas com pessoas físicas desconhecidas. Nesse caso, o consumidor deve estar ciente de que não está amparado pela legislação específica e que as garantias são mínimas.
Outro aspecto essencial quando se compra um veículo nessas condições é quanto ao histórico do carro. É você mesmo que terá de verificar as condições de documentação, se o carro é ou não roubado, se há multas em aberto ou qualquer outro tipo de problema. Quando você opta pela loja ou concessionária, toda essa triagem já deve ter sido realizada pela empresa.
As compras pela internet são bastante arriscadas, pois existem muitos fraudadores. Não é a mesma metodologia utilizada para comprar um computador, por exemplo, através de uma loja online. Você deve utilizar a internet como uma ferramenta para pesquisa de preços, de localização de modelos.
E nos leilões? Bem, nos leilões é uma questão essencialmente pessoal, pois o máximo que se permite nessa situação é a abertura do capô.
Informação nunca é demais
Se você já sabe o modelo que deseja, procure aprofundar-se ao máximo nas informações sobre o veículo. Se ainda está na dúvida, recorra aos sites especializados, revistas e fóruns de discussões. Pergunte, esclareça e entenda os prós e contras de cada tipo de veículo. Nesses canais, você também se mantém atualizado quanto ao posicionamento do veículo no mercado.
Cidades diferentes
O Brasil é um país gigantesco, com diferenças culturais e estruturais. No Nordeste, por exemplo, as estradas tendem a “penalizar” a conservação do veículo. Diferente do Sul do país, onde a malha asfáltica é infinitamente melhor e os próprios usuários adotam uma postura de conservação diferenciada. E é por conta dessa diversidade, que pesquisar o preço do veículo em diferentes cidades pode ser um bom negócio. Mas, desde que o diferencial de preço realmente possa valer a pena.
Como tomar o crédito
A economia permitiu uma grande facilidade na tomada de crédito. Porém, não é por isso que o consumidor deve abusar dos limites. Ficar atento ao prazo, procurar saber o custo total e fugir das armadilhas dos juros são questões essenciais a se discutir com a financiadora.
Estar atento a todos os encargos e custos com a documentação também são medidas imprescindíveis. No final, a parcela deve caber inteiramente no bolso do cidadão, que também terá gastos com IPVA, manutenção e o diário combustível.
Uma maior entrada também facilita e muito a vida de quem faz a opção pelo financiamento.
Vistoria
Uma série de informações sobre a história de vida do veículo devem ser checadas, como por exemplo, os números do chassi, dos vidros e da placa. Esses dados devem bater com o que está constando no documento.
No site do Detran, você confirma se a placa é verdadeira e se há multas pendentes. O documento do veículo precisa ter um alto-relevo em toda a sua volta e ser original. No mercado também já existem empresas especializadas em vistorias de veículos.
A parte física também deve ser totalmente vistoriada. Pneus, motores e todos os possíveis impactos sofridos pelo veículo ao longo de sua vida devem ser checados. Nesse sentido, vale a experiência pessoal e mais ainda a opinião de um mecânico ou empresa especializada em vistoria.
E na hora de vender?
Toda essa mudança na economia do país em relação à compra de um automóvel gerou impacto no mercado de carros usados. A grande oferta de veículos novos com IPI reduzido abriu um novo cenário para os seminovos.
Segundo os especialistas, toda essa mudança gerou uma desvalorização que ultrapassa os 20% em relação ao preço de tabela. E quais seriam as alternativas? Uma delas é deixar o veículo em consignação em uma revenda. O carro vai permanecer no nome do proprietário e a concessionária fatura uma comissão pela venda que varia entre 5% e 8%. Na maioria das vezes, a loja cuida da transferência da documentação e outras burocracias.
O consumidor pode ainda optar pela venda própria, utilizando-se de bons argumentos em relação ao seu bem. No fechamento da venda, vale a pena optar por um contrato produzido por um especialista para que fiquem estabelecidas as condições de pagamento, entrega e outros detalhes.
Na hora da transferência
Para fazer a transferência do veículo o cidadão também deve adotar algumas medidas. Essa transferência deve ser feita em um Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA), no prazo de 30 dias da data da aquisição, no seu município de residência. Para isso são necessárias:
- Cópias de seus documentos pessoais (CPF, RG, comprovante de residência);
- Certificado de Registro de Veículo (CRV) do proprietário anterior, preenchido em nome do comprador, com o preço de venda e a firma reconhecida por autenticidade;
- Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) e os comprovantes de quitação de IPVA, licenciamento e multas todos fornecidos pelo ex-proprietário;
- Chassi do veículo;
- O Detran também recomenda que vendedor fique com uma cópia autenticada do documento de transferência (CRV) e faça uma Comunicação de Venda em um CRVA tão logo efetivado o negócio. É importante destacar que o prazo legal para isso é de 30 dias. Dessa forma, o vendedor não será responsabilizado por multas do novo proprietário.
Já o comprador, antes de adquirir o veículo, deve submetê-lo a uma vistoria prévia ("vistoria avulsa") em qualquer CRVA para assegurar-se que tanto a numeração do motor quanto do chassi não foram adulteradas. Nesta vistoria, também será verificado se o veículo não resultou da emenda de dois ou mais veículos, bem como a existência e funcionamento dos equipamentos obrigatórios.
Com a palavra, os consumidores
Agora que você já conferiu as nossas dicas, fica mais fácil começar a sua busca e pesquisa. Mas, também ouvimos alguns consumidores que recentemente compraram ou venderam seus veículos. Veja a opinião de nossos entrevistados.
Aldemir Vieira
Como não tenho preferências por marcas e modelos e não sou daqueles facilmente influenciados por comerciais, antes de comprar procuro me informar. Converso com amigos, pesquiso na internet e folheio revistas especializadas. Quando vou a campo, ou seja, saio realmente para comprar, levo as referências de preços de 3 ou 4 carros. Isso me ajuda a avaliar qual o melhor custo x benefício. Já comprei 3 carros completamente distintos e um deles foi minha irmã que pediu o meu auxílio. Tenho um irmão que é taxista e me ajuda na escolha. Acho que ouvir pessoas mais experientes não faz mal algum. E uma coisa é imprescindível: paciência. Nesse ponto sou chato. Visito várias lojas, faço orçamentos, barganho preços e opcionais, faço da compra uma bolsa de valores. Como eu quero o carro e eles querem meu dinheiro, acho que é nessa hora que a gente se entende.
A hora da venda é a pior, nunca dou o carro como entrada para compra de um novo, não sei por que as concessionárias desvalorizam tanto, prefiro vender antes para terceiro e usar o valor como entrada. Também tenho paciência nesse ponto, vender a conhecido é mais garantido. Também já vendi numa feira de automóveis, lá é tranquilo e confiável. Peço o valor que acho justo e sempre fecho a venda sem perder muito, principalmente em relação ao valor avaliado pelas concessionárias.
Larissa Valduga
Na hora de comprar precisa identificar se a empresa é idônea, conhecida no mercado. Levar o carro a um mecânico de confiança para que faça uma avaliação também é essencial. Além disso, procuro definir e acertar detalhes como multas atrasadas, extintor vencido, enfim quem fará o pagamento desses encargos: se é você que está comprando ou quem esta vendendo. Também é necessário fazer uma busca da placa do carro no sistema do Detran para ver se está tudo certo. Isso na hora de comprar....Quando a situação é de venda, penso que devemos colocar um preço justo, negociar detalhes com o comprador, prazos e nunca deixar somente palavra por palavra. Hoje em dia tem q ter documento, um contrato de venda caso faça parcelado... Enfim, acho que esses devem ser os cuidados.
Gildo Silva
Sigo sempre informações de amigos, referente à economia, mecânica, desempenho. E acho imprescindível modelo e marcas populares. Na hora da venda é muito importante a conservação do carro, documentação, para deixar o comprador tranquilo quanto a esses detalhes. Documentação em dias é fator principal.
O mercado hoje
A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgou os números de vendas e emplacamentos realizados no Brasil durante o mês de setembro de 2012. O VW Gol está na liderança dos mais vendidos, com 23.351 unidades emplacadas. O Fiat Uno ficou na segunda colocação, com 20.525 unidades vendidas.
Entre os comerciais leves, o Fiat Strada segue na liderança 9.517 unidades vendidas, assim como a VW Saveiro ficou em segundo lugar com a venda de 5.368 unidades. O destaque ficou com o Ford EcoSport que entrou na lista no sétimo lugar com 3.036 unidades emplacadas.
Confira o ranking para "Automóveis e comerciais leves", onde mostra a participação no mercado das marcas em setembro de 2012:
- Fiat - 24,32%
- VW - 22,25%
- GM - 17,21%
- Ford - 8,42%
- Renault - 6,79%
- Honda - 3,78%
- Toyota - 3,24%
- Hyundai - 2,55%
- Citroën - 2,24%
- Peugeot - 1,94