Considerando os impactos ambiental e econômico, nunca foi tão importante reduzir o consumo de combustível gasto em automóveis, tanto quando transitando em estradas, quanto rodando no trânsito das cidades, sobretudo nos grandes centros urbanos. Ambientalmente, a redução do consumo de combustível está diretamente ligada à redução de emissões dos poluentes do ar atmosférico e dos gases do efeito estufa, que impactam diretamente a saúde da população e contribuem para o aquecimento global. Economicamente, a "conta combustível", tanto do país quanto do cidadão, tem aumentado a cada dia, pesando significativamente no orçamento de ambos. Para tornar o quadro ainda mais crítico, ao perscrutar-se o noticiário dos meios de comunicação, conclui-se que haverá em breve um aumento nos preços dos combustíveis e a possibilidade de desabastecimento não está totalmente descartada.
Segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Automotiva do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), também conhecido como "Ranking de Consumo", divulgado em 8 de janeiro, que testou o consumo de combustíveis dos carros que estão, ou estarão, disponíveis nas lojas brasileiras, os três carros híbridos testados atingiram os menores valores de consumo de combustível. Na estrada, o consumo dos carros híbridos está na faixa de 14,5 a 17,0 quilômetros por litro de gasolina, sendo que esses automóveis não usam etanol. Um destaque é que o custo de aquisição desses veículos está acima de R$ 100.000,00 e não se sabe o custo e a dificuldade de manutenção dos mesmos. Para os veículos elétricos e híbridos atingirem o patamar de consumo da grande maioria da população, é necessário ainda que a tecnologia envolvida avance, sobretudo nos quesitos de simplicidade e de redução de custos.
Existe uma maneira simples da maioria dos cidadãos contribuírem para a redução da "conta combustível"? Sim, existe e ela pode ser colocada em prática sem dificuldades, bastando que haja uma mudança no modo de conduzir nossos automóveis.
A mudança que se propõe é que, sempre que possível, os automóveis sejam conduzidos conscientemente, nas estradas, em uma velocidade média de 70 km/h em quinta marcha. A condição sempre que possível deve ser avaliada em função das condições do tráfego, por exemplo, se a velocidade proposta não é tão baixa a ponto de colocar em risco a condução do veículo. A quinta marcha implica que a rotação do motor seja a mais baixa possível, um pouco acima da rotação de marcha lenta. Nos declives das estradas não se deve acelerar o automóvel além da velocidade de embalo decorrente da ação da força da gravidade, ou seja, não se deve pisar no acelerador, deixando que o veículo arraste o motor (condição conhecida como freio motor).
A título de comprovação da eficácia da mudança na maneira de conduzir sugerida, um teste preliminar mostrou que um veículo sub compacto popular, que utiliza um motor 1.0-8V, que no "Ranking de Consumo" do INMETRO apresenta uma média de consumo de etanol entre 9,5 a 10 km/l, nas condições de direção consciente recomendadas apresentou um consumo de 18,34 km/l, quer dizer, um consumo de etanol da ordem de duas vezes menor. Vale observar que esse consumo é ainda menor que o consumo dos veículos híbridos avaliados pelo INMETRO, desconsiderando que os veículos híbridos são da categoria dos veículos grandes.
A direção consciente, a uma velocidade média de 70 km/h, traz alguns inconvenientes que precisam ser levados em consideração, para a tomada de decisão. O tempo de viagem aumenta da ordem de 57%, se comparada com uma velocidade anterior de 110 km/h. O fluir do trânsito, ou as condições de segurança podem requerer uma velocidade maior. Por outro lado, a vida útil de outros sistemas do veículo serão beneficiados, tais como pneus e freios.
A Equipe de Eficiência Energética da Engenharia Mecânica da UFJF, formada por dois professores e nove alunos, está empenhada em demonstrar a real economia de combustível obtida com o tráfego de automóveis nas estradas, em uma velocidade média de 70 km/h em quinta marcha, e para tanto está planejando um série de testes na BR040, no trecho de Juiz de Fora a Petrópolis. Diferentes automóveis populares serão testados, com gasolina e com etanol, e a economia comparativa entre o consumo com deslocamento a velocidade de 70 km/h e a velocidade a 100 km/h será quantificada. O consumo reduzido de 18,34 km/l de etanol, obtido preliminarmente, com um veículo sub compacto popular, que utiliza um motor 1.0-8V, será ratificado e generalizado para outros veículos nacionais.
A equipe espera que o resultado desse trabalho contribua de maneira significativa para o equacionamento da "conta combustível" do país, reduzindo custos ambientais e financeiros. Não se deve obrigar a economizar combustível, mas é dever da engenharia oferecer alternativas para as pessoas atuarem conscientemente.
Autor: Marco Alves
Prof. Adjunto Dep. de Engenharia de Produção e Mecânica
Faculdade de Engenharia
Universidade Federal de Juiz de Fora
marco.alves@engenharia.ufjf.br
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