Mal começou o ano e a GM do Brasil já está tendo que administrar mais uma crise que ameaça o cronograma de produção do ano inteiro. Os problemas estão acontecendo na sua unidade localizada na cidade de São José dos Campos, no interior do estado de São Paulo. Os funcionários da fábrica decidiram parar completamente as atividades na unidade fábril. O objetivo é um protesto contra uma demissão em massa que pode acontecer na fábrica com o fim do sistema de lay off (contrato de trabalho suspenso) marcado para o próximo dia 26. De acordo com as informações que estão sendo divulgadas pelo sindicato, o número total de demissões poderá ficar entre 800 e 1500 pessoas.

Crise na GM em São José dos Campos

A decisão do sindicato juntamente com os funcionários da montadora foi de paralisar as atividades durante o dia de hoje na cidade para a realização da primeira assembleia sobre o assunto, que estava marcada para o período da manhã. Depois disso, os trabalhadores se dirigiram até a prefeitura da cidade onde exigiam serem recebidos pelo prefeito Carlinhos de Almeida para uma reunião de emergência sobre o assunto.

O motivo da pressão que tanto o sindicato quanto os funcionários estão fazendo junto a prefeitura está diretamente relacionada a campanha do ano passado que elegeu o novo prefeito da cidade. Isso porque durante o período eleitoral, já existiam os rumores de uma demissão em massa no começo deste ano na fábrica da GM. E o atual prefeito, que na época estava disputando o cargo, chegou a ir até a porta da GM conversar com os funcionários afirmando que se fosse eleito não iria permitir que a empresa fizesse estes cortes no pessoal. Agora o sindicado está pressionando para que o político tome uma posição frente a ameaça eminente do corte.

Reunião com o prefeito

Hoje pela manhã cerca de 200 pessoas acabaram participando das manifestações contra as possíveis demissões que poderão ser feitas na sede da GM em São José dos Campos. O movimento conseguiu ser recebido pelo prefeito da cidade em uma reunião marcada as pressas justamente para discutir apenas este assunto. O movimento acabou ganhando um nome que tomou conta das manchetes da imprensa, Janeiro Vermelho, e promete marcar todo este primeiro mês com novas paralisações enquanto a empresa não garantir a permanecia de todos os funcionários. Isso porque os representantes do sindicato estariam negociando desde julho do ano passado esta situação, que acabou sendo empurrada para o início deste ano.

A assembleia geral dos funcionários que estava marcada para as 9 horas da manhã acabou acontecendo as 9h30min. A reunião aconteceu na sede do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade e serviu para definir quais seriam as próximas ações do grupo em torno destas reivindicações. A decisão foi de parar as atividades na fábrica, mas apenas por algumas horas, sendo que as atividades continuaram, mas o grupo não descarta novas paralisações, desta vez total e por tempo indeterminado caso não seja encontrada uma solução para este problema. Logo depois da reunião o grupo acabou se dirigindo até a sede da prefeitura onde a Guarda Municipal já estava apostas esperando o grupo.

Apesar do temor das pessoas de uma manifestação um pouco mais tumultuada, os trabalhadores acabaram conseguindo conversar com os representantes da prefeitura que também estavam no local e um grupo de 10 pessoas acabaram sendo recebidos pelo chefe de gabinete da prefeitura, Paulo Roitberg, e logo depois pelo prefeito da cidade para a conversa que estava sendo solicitada.

Promessas do prefeito

Conforme havia prometido durante sua campanha, o prefeito da cidade, Carlinhos Almeida, afirmou que pretende convocar uma reunião com a direção da General Motors do Brasil para a próxima semana, sendo que o objetivo da comissão que será criada pela prefeitura é evitar que estas 1500 pessoas sejam demitidas a partir do dia 26 de janeiro. O prefeito se mostrou o tempo todo disposto a criar um ambiente propício para uma negociação com a empresa, apoiando os trabalhadores nesta empreitada.

Estavam presentes na reunião que aconteceu na prefeitura o prefeito Carlinhos Almeida, o chefe de gabinete Paulo Roitberg, o secretário de desenvolvimento econômico Sebastião Cavali e mais seis vereadores, entre eles Amélia Naomi (PT), presidente da Câmara. Logo no início da reunião os trabalhadores passaram a cobrar que o prefeito assumisse uma postura de defasa dos direitos dos trabalhadores contra estas demissões. Além disso, o grupo que foi chamado para a reunião entregou um relatório para o prefeito com um levantamento feito pela Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) sobre o impacto que as demissões podem causar na cidade. No documento estava claro que o impacto econômico e social seria muito negativo com a demissão de 1500 pessoas na cidade, que conta muito com o dinheiro dos impostos pagos pela montadora.

“Ninguém ia gostar disso e muito menos a prefeitura. Só há um caminho para evitar as demissões, que é buscar entendimento entre a empresa e os trabalhadores. A prefeitura deve ser a colaboradora para facilitar isso e criar um ambiente propício à negociação. Temos que apostar todas as fichas nesse entendimento entre as partes”, afirmou Carlinhos. Apesar de não confirmar a data e o horário desta reunião com a GM, o prefeito afirmou que já havia ligado para empresa e marcado um encontro para semana que vem.

Entenda o caso

No mês de agosto do ano passado a montadora declarou que iria fechar a unidade chamada Montagem de Veículos Automotores. Neste momento ela afastou 770 funcionários que estão em suspensão temporária dos contratos de trabalho e outros 770 foram mantidos na linha de montagem. Mas estes contratos encerrariam dia 26 de janeiro e estes dois grupos seriam desvinculados de uma vez só pela empresa. O setor que será fechado atualmente é o responsável pelo modelo Classic.

A GM já havia declarado a imprensa que não vai se manifestar publicamente sobre o assunto.