Grande parte dos consumidores brasileiros sabem que o imposto que é pago pelos consumidores em diversos segmentos da economia são muito altos. O grande problema é que muitas vezes não se tem a verdadeira noção de quanto este imposto representa na vida das pessoas que estão comprando algo, principalmente se for um bem mais caro, como é o caso de um automóvel, que exige um bom planejamento de uma boa parcela dos brasileiros para ser comprado.

Impostos chegam a 40% do valor total do carro

A partir do mês de junho os brasileiros terão a oportunidade de conferir detalhadamente todas as informações relacionadas a estes impostos que são pagos na hora da compra de um automóvel, já que os tributos virão especificados na nota fiscal. Mas mesmo antes disso algumas instituições que controlam diretamente a quantidade de impostos que os brasileiros precisam pagar já divulgaram alguns estudos que ajudam o consumidor a entender melhor a quantidade de impostos que é pago cada vez que se compra um carro por aqui, e realmente não é pouca coisa. A média fica em 40% em cima do valor final de venda do automóvel.

Média anual

O cálculo final que foi feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que o resultado final dos impostos que são pagos toda vez que um brasileiro compra um carro não está muito diferente do que os brasileiros pagam de imposto ao longo do ano. De acordo com outros estudos fetos pelo mesmo instituto, quem mora no Brasil precisa trabalhar cerca de cinco meses do ano apenas para pagar a quantidade de impostos que estão sendo cobrados direta e indiretamente de cada consumidor, o que realmente dá uma ideia do peso da carga tributária.

Segundo o IBPT, contando com estes cinco meses de trabalho, um pouco mais de 40% da renda bruta dos brasileiros estariam comprometidas com o pagamento de impostos em todas as esferas, seja municipais, estaduais e federais. O resultado portanto fica muito próximo ao que é cobrado de imposto em cima da fabricação e da venda de automóveis no Brasil, que acabam sendo repassados integralmente para quem compra o produto. Um dos objetivos da medida que foi aprovada no ano passado e terá validade a partir de junho deste ano é justamente materializar esta informação diante dos olhos do consumidor para que ele consiga faze ruma análise do que ele está pagando de imposto e assim, quem sabe, gerar um esforço coletivo afim de pressionar os próprios governos a diminuírem a carga tributária.

Quando o assunto é a compra de um automóvel o assunto ainda fica mais delicado, porque a diferença do que é pago apenas pelo produto e o que é cobrado é imposto é tão grande que pode ser a diferença entre a compra ou não de determinado veículo. Mesmo com todos os esforços recentes que foram feitos na redução de um destes impostos, o IPI, a conta no final ainda pesa no bolso dos brasileiros. O estudo que foi divulgado pelo IBPT mostra que os impostos pesam tanto para os consumidores que compram os carros mais baratos quanto para aqueles que compram os carros mais caros, mas em proporções um pouco diferentes.

Consumidores terão informações sobre imposto embutido na venda do carro.

Na primeira situação o Instituto utilizou como base um carro que tenha custado R$ 30 mil, modelo 1.0, e na segunda situação o modelo que foi utilizado para a demonstração foi um modelo 2.0 custando R$ 120 mil. No primeiro caso o imposto total que estava sendo cobrado em cima da venda do carro foi de 26,25%, o que representou um custo de R$ 7.875,00. Já no modelo mais caro que estava sendo utilizado como parâmetro o custo do imposto subiu para 32.25%, o que representou a quantia de R$ 38.700, ou seja, mais do que o valor pago por um carro popular.

Se outros impostos vetados da legislação fossem considerados – Contribuição Previdenciária sobre a Folha de Pagamento, Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) – a porcentagem aumentaria significativamente para 35,82% (1.0) e 41,12% (2.0).

Mudanças ineficientes

Apesar de estar sendo considerado um grande avanço na legislação o fato da nota fiscal mostrar o valor que está sendo pago pelo consumidor apenas em termos de impostos, alguns especialistas ainda acham que a medida será ineficiente para mostrar realmente ao consumidor o que está sendo pago quando ele compra um carro. Isso porque de acordo com as informações que foram repassadas pelo governo na ocasião da divulgação do projeto, na nota fiscal deverá aparecer apenas o custo total que o consumidor está tendo com os impostos na hora da venda, e não no momento da fabricação do carro.

Mesmo assim, grande parte dos especialistas estão considerando esta medida como um primeiro passo em direção a uma maior transparência ao consumidor brasileiro. Outros países já adotaram esta medida há muito tempo e informam antes mesmo da hora da compra quanto de imposto está embutido em determinado item que está sendo vendido. Além disso, especialistas também concordam que esta será uma oportunidade das pessoas não cobrarem apenas do governo, mas também cobrarem das empresas. Isso porque muitas delas acabam se aproveitando da fama do governo brasileiro em cobrar altos impostos para jogar os preços dos seus produtos, aumentando consideravelmente a margem de lucros.