O Ministério Público do Trabalho divulgou nessa semana os resultados de uma operação que resultou no resgate de operários chineses que, de acordo com o órgão, estavam em condições análogas a escravidão. De acordo com as informações divulgadas, todos estavam trabalhando nas obras da futura fábrica da BYD.
As obras acontecem no município de Camaçari, localizado na região metropolitana de Salvador, na Bahia. Todas as pessoas que estavam trabalhando e que acabaram sendo resgatadas prestavam serviços para uma terceirizada, outra empresa chinesa.
Durante a inspeção que foi feita pelos agentes do MPT, realizada para averiguar denúncias, foi constatado que os operários dormiam em camas sem colchão e contavam com apenas um banheiro para cada 30 pessoas. Na parte da alimentação, foram encontradas panelas no chão, comida sem refrigeração para serem servidas no dia seguinte e fornecimento de água diretamente da torneira, sem qualquer tipo de tratamento adicional.
Os agentes do MPT descobriram ainda que os passaportes desses trabalhadores eram retidos por essa empresa terceirizada, junto com parte dos salários pagos. Os profissionais teriam acesso a apenas 40% dos valores prometidos como salário, que ainda eram pagos somente em moeda chinesa.
"Caso um trabalhador tentasse rescindir o contrato de trabalho após seis meses, deixaria o país sem receber efetivamente nada pelo seu trabalho, já que o desconto da caução, da passagem de vinda ao Brasil e o pagamento da passagem de retorno, na prática, configuraria confisco total dos valores recebidos pelos trabalhadores ao longo da relação de trabalho", informou o MPT.
Em nota divulgada para a imprensa, a BYD afirmou que rescindiu o contrato com essa empresa terceirizada. "A BYD Auto do Brasil reafirma que não tolera desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana. Diante disso, a companhia decidiu encerrar imediatamente o contrato com a empreiteira", declarou a empresa.