A Fiat decidiu reposicionar o seu sedã Linea 2015 no mercado. O modelo, lançado em 2008, foi planejado para disputar espaço entre os sedãs médios. Mas nunca chegou a fazer frente, de fato, aos concorrentes desta categoria. A plataforma, a mesma do compacto Punto, gera um espaço interno coerente com o de modelos menores. Mesmo que seu entre-eixos, de 2,60 metros, fosse semelhante ao de alguns automóveis da época – caso do antigo Toyota Corolla. Mas ocorre que todos os sedãs todos cresceram – hoje têm 2,70 m de entre-eixos – e o Linea ficou evidentemente para trás. Com isso, a marca italiana adotou uma nova estratégia: preparou o carro para “brigar” contra os compactos superiores, vistos como premium no Brasil. Para formar esta imagem, a versão de topo Absolute é fundamental, mesmo que responda por apenas 20% dos emplacamentos.
Esteticamente, o carro tem mudanças sutis em relação à linha 2014, mas que fazem diferença. Ganhou novos para-choques, faróis de neblina redesenhados, grade frontal, rodas de liga leve e tampa do porta-malas. A grade se modernizou com as barras horizontais cromadas. Aliadas ao “V” também cromado inserido no para-choque dianteiro, transmitem certa sofisticação à frente do carro. Na traseira, o para-choque foi reformulado e, agora, passa a impressão de se tratar de um veículo maior e mais robusto. A tampa do porta-malas redesenhada incorpora o porta-placa e destaca a grafia “Linea” de seu puxador cromado.
Mas é por dentro que se notam as principais alterações. O painel frontal é todo novo, importado do Punto, e, na versão Absolute, chega na composição de cores bege e preto. No painel, a parte inferior é em plástico bege. Mesmo tom usado no revestimento em couro de parte das portas. Ali também há friso na cor cobre e maçanetas em preto brilhante. Os bancos têm revestimento parcial de couro com costuras bege e logomarca micro perfurada. O novo quadro de instrumentos tem iluminação branca, assim como os comandos dos vidros elétricos, rádio e de ar-condicionado. E uma luz guia em leds cria uma sutil borda iluminada no painel frontal e nas portas, que é percebida apenas à noite.
O motor é sempre o 1.8 16V de 130/132 cv e torque de 18,4/18,9 kgfm com gasolina/etanol no tanque. O trem de força é completado pela transmissão automatizada de cinco marchas, com possibilidade de trocas manuais a partir de aletas no volante. Na versão Essence, a transmissão é apenas manual. A lista de itens de série do Linea Absolute é extensa. Já sai de fábrica com volante multifuncional em couro, sinalização de frenagem de emergência, regulagem elétrica dos faróis, computador de bordo, faróis de neblina, banco traseiro bipartido, ar-condicionado automático digital com saída para os ocupantes traseiros, computador de bordo, controlador de cruzeiro, vidros, travas e retrovisores elétricos, direção hidráulica, chave canivete com telecomando, sensores traseiros de estacionamento com visualizador gráfico e sistema de áudio baseado no Windows Mobile, operado por comandos de voz, com porta USB e Bluetooth. O preço é de R$ 66.450.
Como opcionais, ainda é possível adquirir sensores crepuscular e de chuva, retrovisor eletrocrômico, airbags laterais e de cortina, sistema de áudio com navegador GPS e som hi-fi com subwoofer, que fazem o preço pular para R$ 72.234. Um valor que poderia se justificar pelo pacote de tecnologia e conforto que oferece. Mas está longe de combinar com um sedã com o porte do Linea.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 1.8 16V de 132 cv tem um comportamento dinâmico bem interessante. Responde rapidamente às pisadas no acelerador, mesmo em giros mais baixos – o torque máximo de 18,4/18,9 kgfm com gasolina/etanol no tanque só aparece às 4.500 rpm, mas a faixa de trabalho é razoavelmente plana. O Linea se mostra valente em retomadas e trechos de subida. Mesmo quando carrega quatro passageiros. Nota 8.
Estabilidade – Como a maior parte dos sedãs, o Linea tem a suspensão ajustada para proporcionar conforto aos passageiros, mas mantém também um bom compromisso com a estabilidade. Além de absorver bem os impactos causados pelos buracos típicos das ruas brasileiras, se mantém com as quatro rodas fincadas ao chão. Há rolagens na carroceria à medida em que as curvas são feitas em velocidades maiores, mas em nenhum momento o modelo ameaça ignorar os comandos do motorista. Nota 8.
Interatividade – O Linea Absolute tem todos os comandos em lugares previsíveis. O som tem botões em excesso, mas as principais funções são acessadas a partir do eficiente volante multifuncional. E o câmbio dualogic de cinco marchas conta com paddle-shifts para trocas manuais, o que aumenta a diversão de quem prefere dirigir com mais controle sobre a transmissão. Nota 8.
Consumo – O Fiat Linea não participou do Programa de Etiquetagem do InMetro. Durante a avaliação, o modelo registrou média de 6,9 km/l na cidade, abastecido com gasolina. Nota 6.
Conforto – O couro que reveste parcialmente os assentos, portas e volante tem um toque agradável e imperfeições do asfalto quase não são sentidas pelos ocupantes. O isolamento acústico é bom. O espaço interno não é dos mais generosos. O entre-eixos de 2,60 metros não permite que os ocupantes traseiros desfrutem de muita folga. Nota 7.
Tecnologia – A configuração Absolute sai de fábrica com volante multifuncional, sinalização de frenagem de emergência, regulagem elétrica dos faróis, computador de bordo, ar-condicionado automático digital, controle de cruzeiro, sensores traseiros de estacionamento com visualizador gráfico e sistema de áudio com comando de voz, porta USB e Bluetooth. Ainda aceita como opcionais sensores crepuscular e de chuva, retrovisor eletrocrômico, navegador GPS, som hi-fi com subwoofer e quatro airbags extras, além dos frontais obrigatórios. Nada mal para quem procura um carro que alie conforto e segurança a um bom custo/benefício. Nota 8.
Habitabilidade – Os porta-objetos são pequenos, mas abrigam carteira, celular e outros itens. O porta-malas é capaz de carregar bons 500 litros e essa capacidade pode ser estendida com o banco traseiro rebatido. O ângulo de abertura das portas é bom e é fácil entrar e sair do veículo. Nota 7.
Acabamento – O revestimento de bancos e da área de toque nas portas é em couro. Há uma quantidade razoável de plástico, mas de boa qualidade e não há folgas aparentes nos encaixes. O uso de preto e bege no interior tenta emprestar uma atmosfera de requinte ao habitáculo, mas este tipo de combinação não é unanimidade. À noite, o contorno em led que ilumina o painel frontal dá charme e um toque de luxo à cabine. Nota 8.
Design – O Linea é um carro com visual um tanto quanto comportado. Sem contar que suas formas mudaram muito pouco desde que foi lançado, em 2008. Com isso, a impressão que se tem ao olhar para ele é a de que se trata de um modelo antigo, próximo à época de ganhar uma nova geração. Coisa que a discreta renovação visual indica que não vai acontecer em menos de dois anos. Nota 6.
Custo/benefício – O Ford Fiesta sedã Titanium 1.6 PowerShift, com transmissão automatizada de dupla embreagem, custa R$ 63.290. Ele não tem GPS nem como opcional, mas traz airbag de joelho, assistente de rampa e controle eletrônico de tração e estabilidade. Já o Honda City, na configuração top EX traz motor 1.5 com transmissão automática de cinco velocidades e começa em R$ 64.990. Mas é bem desfalcado em equipamentos: faltam airbags laterais e de cortina, GPS, sensores de luz e chuva. O Linea é o mais potente de todos e até tem uma boa lista de equipamentos, mas completo custa salgados R$ 72.234. Nota 5.
Total – O Fiat Linea Absolute somou 71 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
A linha 2015 do Linea Absolute alia requinte e charme à cabine do sedã. O contraste do bege com o preto dos materiais, a presença do acabamento metalizado em cobre na porta e o contorno em leds que envolve o painel à noite chamam a atenção. A ideia é tentar passar a impressão de se estar em um automóvel superior. Os bancos revestidos parcialmente em couro com microperfurações são bem confortáveis e, uma vez que se instala atrás do volante, é bem simples e rápido encontrar uma posição agradável para dirigir.
O motor 1.8 E.torQ não tem dificuldades para mover os 1.325 kg do veículo, mas também não há sobras. O torque de 18,4 kgfm com gasolina no tanque até aceita uma tocada um pouco esportiva, principalmente em regime de giros mais altos. Um ponto, porém, causa certa irritação: o entrosamento – ou a falta dele – entre o motor e sua transmissão automatizada Dualogic Plus de cinco velocidades. É preciso pegar o tempo da transmissão e aliviar levemente a pressão no acelerador na hora da mudança de marcha. Caso contrário, cada troca será marcada por um “soluço”.
Na versão Absolute, o sedã impressiona pela farta quantidade de itens de série. O volante multifuncional, por exemplo, facilita bastante a vida de quem deseja aproveitar ao máximo o sistema de som e a conexão Bluetooth com um celular. O computador de bordo permite calcular consumo médio de dois trajetos distintos e o ar-condicionado é automático e digital. Além disso, ainda há uma saída traseira, o que acelera a climatização de toda a cabine. Manobrar e estacionar se tornam tarefas bem simples com os sensores traseiros de estacionamento, que ainda têm uma representação gráfica no painel.
Por outro lado, a distância entre-eixos de 2,60 metros não gera uma linha longitudinal muito generosa para a ocupação do habitáculo. É uma medida muito apequenada diante do comprimento de 4,58 m. E basta abrir o capô e notar o espaço que sobra entre o conjunto mecânico e a grade dianteira do carro para se pensar que uns bons 20 centímetros poderiam ser reduzidos sem prejuízos práticos.
Ficha técnica
Fiat Linea Absolute
Motor | Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.747 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico |
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Transmissão | Câmbio automatizado com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração |
Potência | 130 cv com gasolina e 132 cv com etanol a 5.250 rpm |
Torque máximo | 18,4 kgfm com gasolina e 18,9 kgfm com etanol a 4.500 rpm |
Aceleração 0-100 km/h | 10,3 segundos com gasolina e 9,9 s com etanol |
Velocidade máxima | 190 km/h com gasolina e 192 km/h com etanol |
Diâmetro e curso | 80,5 mm x 85,8 mm |
Taxa de compressão | 11,2:1 |
Suspensão | Dianteira independente do tipo McPherson, com braços oscilantes fixados em subchassi e barra estabilizadora. Traseira com rodas semi-independentes, com barra de torção e barra estabilizadora integrada. Não oferece controle de estabilidade |
Pneus | 205/50 R17 |
Freios | Discos ventilados na frente, discos rígidos atrás e ABS com EDB |
Carroceria | Sedã em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,58 metros de comprimento, 1,73 m de largura, 1,50 m de altura e 2,60 m de entre-eixos. Tem airbags frontais. Airbags laterais e de cortina opcionais |
Peso | 1.325 kg |
Capacidade do porta-malas | 500 litros |
Tanque de combustível | 60 litros |
Produção | Betim, Brasil |
Lançamento mundial | 2007 |
Lançamento no Brasil | 2008. Face lift: 2014 |
Itens de série | volante multifuncional em couro, sinalização de frenagem de emergência, regulagem elétrica dos faróis, airbags frontais, freios ABS, computador de bordo, faróis de neblina, banco traseiro bipartido, Follow me home, apoia-braço central traseiro, desembaçador do vidro traseiro, My Car Fiat, controlador de cruzeiro, travas elétricas, retrovisores externos elétricos, direção hidráulica, vidros elétricos dianteiros/traseiros com one touch, volante com regulagem de altura/profundidade, chave canivete com telecomando, rádio CD com MP3 integrado ao painel e porta USB, porta-óculos, rodas de liga de 15 polegadas, ponteira de escapamento cromada, sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico, ar-condicionado automático digital, bancos revestidos parcialmente em couro, sistema Blue&Me, cortina para-sol no vidro traseiro, rodas de liga leve de 17 polegadas e tapetes com bordado Absolute |
Preço | 66.450 |
Opcionais | Sensores crepuscular e de chuva, retrovisor eletrocrômico, airbgas de cortina e de janela, Blue&Me com navegador GPS e som hi-fi com subwoofer |
Preço completo | R$ 72.234 |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias