A competitividade da indústria automotiva exige novidades constantes para manter as vendas aquecidas. Mesmo para um líder, é importante apresentar sempre algo novo para manter-se em evidência. No caso do Volkswagen Gol, isso nem sempre se traduz efetivamente em grandes inovações. Agora, a marca alemã decidiu reforçar a linha 2014 do hatch com uma proposta já batida: levantar um pouco da suspensão, incorporar adereços estéticos e, no máximo, um pneu de uso misto. Nada de muito profundo. A marca acaba de apresentar o face-lift do Gol Rallye 1.6 16V – em sua quarta versão, desde 2004. A edição já existia também na atual geração, mas ainda não havia recebido a nova identidade visual. De quebra, lançou também o Gol Track 1.0 16V, que estreia na gama. As duas versões têm funções distintas no mix. Enquanto o primeiro, melhor equipado, chega para ocupar o topo da linha, o segundo tem menos recheio e recebe da própria marca a alcunha de “aventureiro de entrada”.
Dentro do segmento de compactos, os modelos com roupagem aventureira correspondem a 5,5% do total das vendas. Em 2011, o Gol Rallye representou 3,2% do mix do compacto, ou cerca de 780 unidades mensais, em média. No ano passado, a participação caiu para 1,5% – em torno de 360 emplacamentos por mês. Com o Gol Rallye 2014, a Volkswagen espera alcançar 8%. Já em relação ao Gol Track, a marca prevê que corresponda a 11% dos emplacamentos.
O termo “aventureiro”, porém, é muito mais figurado do que real. Tanto Gol Rallye quanto Gol Track pouco oferecem de real aptidão para o fora de estrada. Além dos elementos visuais, a única característica que aproxima as novas versões do “off-road” é a suspensão, elevada em 23 milímetros em relação ao hatch convencional. A altura vem de novas molas e amortecedores que a Volkswagen introduziu no conjunto. No caso do Rallye, os 5 mm a mais do pneu de uso misto deixam o modelo 28 mm mais alto.
Com o face-lift, além da renovada frente da linha do compacto, o Gol Rallye ganha um aplique preto no para-choque, que recebe ainda uma nova grade em formato de colmeia. Nas extremidades, os volumosos faróis de neblina, em formato circular, envoltos por um aro cromado. Uma borda inferior – encontrada também na traseira – simula o metal e dá um toque de agressividade. Nas laterais, os para-lamas ganharam moldura escura e as capas dos retrovisores têm pintura com efeito cromado. Um adesivo, na parte inferior das portas, reforça a aparência aventureira.
O Gol Track, embora com menos detalhes, também se destaca no visual, com o plástico preto da parte inferior do para-choque frontal , bem como os faróis de neblina. Nas laterais, a faixa adesiva distintiva. Na porção traseira, um adesivo preto, comum à versão Rallye, envolve a placa de identificação.
Debaixo do capô das novas versões, a Volkswagen utilizou os únicos motores que tem na linha Gol. O Rallye traz o 1.6 16V flex. O propulsor entrega 101 cv quando abastecido com gasolina e 104 cv com etanol, sempre a 5.250 rpm. O torque é de 15,4 kgfm e 15,6 kgfm, respectivamente, aos 2.500 giros. O Gol Track traz o 1.0 16V de 72 cv e 76 cv de potência a 5.250 rpm e 9,7 kgfm e 10,6 kgfm de torque a 3.850 rpm com gasolina e etanol. Ambos têm a transmissão manual de cinco velocidades. O Gol Rallye oferece ainda a opção do câmbio automatizado também de cinco marchas.
Por dentro, o Gol Rallye incorpora mais recheio. Vem com trio elétrico, direção hidráulica, coluna de direção ajustável, sensor de estacionamento traseiro e ar-condicionado. Esteticamente, traz revestimentos do teto e das colunas em tom escuro, os novos “figurinos” dos bancos, com o logotipo Rallye bordado e as pedaleiras. Já o Track é bem mais comedido. Os itens mais relevantes são direção hidráulica e banco do motorista com regulagem de altura. Duplo airbag e freios ABS são de série nas duas versões. O Gol Track custa R$ 33.060 – o rival mais próximo, Fiat Uno Way, com motor 1.0 8V, custa R$ 28.890, mas não oferece airbag nem freios ABS. Já o preço do Gol Rallye parte de R$ 45.850 com câmbio manual – o Hyundai HB20X custa R$ 48.755 com o mesmo nível de equipamentos – e chega a R$ 48.580 na versão automatizada – no caso do rival da marca sul-coreana, o preço começa em R$ 51.955 com a transmissão automática.
Primeiras impressões
Campinas/SP – Por menor que seja, a elevação da suspensão do Gol Rallye, que deu ao modelo mais 28 mm de altura em relação aos demais, é perceptível claramente por quem já conhece o compacto da Volkswagen. Logicamente, o apelo é muito mais estético. Mas o perfil mais alto não é apenas visual. Em solo moderadamente acidentado, com buracos e valas, a suspensão se mostra eficiente e pouco se sente em relação aos impactos no interior da cabine. E este conforto da suspensão não prejudicou a estabilidade. Em tocadas mais agressivas, há até alguma rolagem da carroceria, mas o Gol mostra estar quase sempre bem “colado” no solo.
O acabamento interno tem aparência mais requintada até que a do Gol Power. Graças a alguns detalhes, como o forro em cinza escuro nas colunas e no teto. Mas, de um modo geral, é tudo bastante simples, embora as peças apresentem encaixes justos e sem rebarbas. O painel de instrumentos informa de maneira bastante clara, como nas versões “convencionais” do Gol. Há ainda grande variedade de porta-objetos práticos e de fácil acesso.
Dinamicamente, o Gol Rallye mostra força em baixos giros, logo aos 2.500 rpm. Se comporta como um compacto bastante ágil. O trajeto do teste incluía trechos em estradas de terra, com muitos buracos e ladeiras. E, embora não sobre potência no motor 1.6, o torque compensa. O Gol Rallye não demonstra “preguiça” em nenhum momento. A “vestimenta” aventureira cai bem ao hatch e cria, de fato, a impressão de que o carro está pronto para qualquer terreno. Algo até interessante para o dia a dia na cidade, onde o asfalto em má conservação pode lembrar um “off-road” para o compacto “brincar” de aventureiro.
O Gol Track, naturalmente, é menos disposto. A capacidade cúbica menor do motor dita as limitações do carro, que encara subidas com mais dificuldade. Por dentro, a proposta de ser uma opção mais barata para quem quer um carro com a roupa lameira se traduz em menos comodidade. Embora mantenha o nível de acabamento do Rallye, sem rebarbas ou falhas nos encaixes, a ausência das “maquiagens” deixam o interior com um aspecto bastante simplório. Os 23 mm extras, ao menos, não comprometeram a estabilidade. O Gol Track entra bem em curvas, mesmo quando tocado de maneira menos comportada – ainda que isso não signifique nada de agressivo.
Ficha técnica - Volkswagen Gol Rallye 1.6 16V
Motor: Bicombustível, 1.598 cm³, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 101 cv e 104 cv a 5.250 rpm com gasolina e etanol.
Torque máximo: 15,4 kgfm e 15,6 kgfm a 2.500 rpm com gasolina e etanol.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,1 e 9,8 segundos com gasolina e etanol.
Velocidade máxima: 188 km/h e 190 km/h com gasolina e etanol.
Diâmetro e curso: 76,5 X 86,9 mm. Taxa de compressão: 12,1:1.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços triangulares transversais, molas helicoidais, amortecedores pressurizados e barra estabilizadora. Traseira interdependente com braços longitudinais, molas helicoidais e amortecedores pressurizados.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,89 metros de comprimento, 1,65 m de largura, 1,49 m de altura e 2,46 m de distância entre-eixos.
Peso: 1.018 kg.
Capacidade do porta-malas: 285 litros.
Tanque de combustível: 55 litros.
Produção: São Bernardo do Campo/SP.
Lançamento: 2013.
Itens de série: Airbag duplo, ABS, ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, trio elétrico, faróis de neblina, rodas de liga leve de 16 polegadas e pré-disposição para rádio.
Preço: R$ 45.850.
Opcionais: Volante multifuncional, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth com sensor ótico de estacionamento e banco revestido parcialmente em couro.
Preço completo: R$ 48.834
Ficha técnica - Volkswagen Gol Track 1.0 16V
Motor: Bicombustível, 999 cm³, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 72 cv e 76 cv a 5.250 rpm com gasolina e etanol.
Torque máximo: 9,7 kgfm e 10,6 kgfm a 2.500 rpm com gasolina e etanol.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 14,7 e 14,1 segundos com gasolina e etanol.
Velocidade máxima: 158 km/h e 160 km/h com gasolina e etanol.
Diâmetro e curso: 67,1 mm X 70,6 mm. Taxa de compressão: 12,7:1
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços triangulares transversais, molas helicoidais, amortecedores pressurizados e barra estabilizadora. Traseira interdependente com braços longitudinais, molas helicoidais e amortecedores pressurizados.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,89 metros de comprimento, 1,65 m de largura, 1,48 m de altura e 2,46 m de distância entre-eixos.
Peso: 974 kg.
Capacidade do porta-malas: 285 litros.
Tanque de combustível: 55 litros.
Produção: São Bernardo do Campo/SP.
Lançamento: 2013.
Itens de série: airbag duplo, ABS, banco do motorista com regulagem de altura, vidros elétricos, trava elétrica, direção hidráulica, desembaçador do vidro traseiro, abertura interna do porta-malas.
Preço: R$ 33.060
Opcionais: Ar-condicionado, retrovisores elétricos, rodas de liga leve de 14 polegadas, volante multifuncional, sensor de estacionamento, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth com sensor ótico de estacionamento.
Preço completo: R$ 39.044
Autor: Michael Figueredo (Auto Press)
Fotos: Divulgação