A Honda segue na contramão do mercado automotivo brasileiro – e está feliz da vida com isso. Enquanto a imensa maioria das marcas resmunga pela queda nas vendas, a marca japonesa está entre as raras que consegue crescer um pouco. Como o mercado em geral despencou esse ano, as 11.235 unidades vendidas em agosto lhes conferiram um “market share” inédito no mercado automotivo brasileiro: 4,4%. Em janeiro desse ano, eram 3,6%. A boa fase deve aumentar ainda mais agora, com o lançamento do novo City. O sedã compacto, que já chegou a vender mais de 3 mil unidades mensais, começou 2014 emplacando 2.658 unidades, mas em agosto vendeu menos de mil. Com a linha 2015, a expectativa é retomar o melhor patamar de vendas do modelo – e até superá-lo.

O “segredo do sucesso” da Honda no Brasil está longe de ser secreto - ou mesmo surpreendente. A renovação da linha, iniciada em maio pelo novo Fit e seguida em julho pela remodelação do Civic, embalou as vendas. O Fit tornou-se tão bem sucedido que tomou do Civic o posto de Honda mais vendido do país – foram 4.878 unidades comercializadas em agosto. Agora, chegou a vez da renovação do City. Desde sua primeira geração, apresentada em 1996, vendeu mais de 2,6 milhões de unidades em 55 países. No Brasil, estreou em 2009, já na terceira geração – que até agora vendeu quase 150 mil unidades. Para fazer a quarta geração do sedã cair definitivamente nas graças do consumidor brasileiro, a Honda repetiu a aposta feita no novo Fit – com que o City partilha muita coisa, do powertrain a diversos itens internos e externos. Ambos incrementaram a estética com traços esportivos e capricharam mais no acabamento interno.

Novo Honda City 2015

O novo City segue a nova linguagem visual global da Honda, que aposta na fluidez e ressalta o aspecto aerodinâmico. A grade frontal cromada, em conjunto com os faróis, insinua a forma de uma asa – o tal “Solid Wing Face”, já presente no Fit. Na lateral, os espelhos incorporaram luzes de setas. Atrás, as lanternas alongadas deram ao sedã um aspecto mais elegante e contemporâneo, além de ampliarem visualmente o modelo, aproximando-o visualmente dos sedãs médios. Como ocorreu no novo Fit, plataforma e carroceria do City utilizam mais aços de alta tensão,  que reduzem o peso e melhoram a rigidez torcional. O entre-eixos é 5 cm maior e agora ostenta 2,60 metros. O comprimento cresceu quase 5,5 cm e está em 4,45 m. A altura ganhou só um centímetro e a largura não se alterou. Por dentro, os braços da suspensão traseira mais curtos deram aos ocupantes do banco traseiro 6 cm a mais para os joelhos. Como no monovolume, o tanque de combustível de sedã fica no assoalho, sob dos assentos dianteiros. E o porta-malas agora leva 536 litros – 30 litros a mais que o anterior.

Novo Honda City 2015

Na parte mecânica, o City traz o mesmo propulsor 1.5 litro do Fit, com as mesmas modificações. O comando de válvulas foi redesenhado e teve atrito e peso reduzidos, o que aumentou o torque em baixas rotações. A potência continua nos 115/116 cv a 6 mil giros com gasolina e etanol, respectivamente. Já o torque aumentou. Passou de 14,8/14,9 kgfm para 15,2/15,3 kgfm. Também como a nova geração do Fit, o motor do City dispensa o “tanquinho” para partida a frio. Além do câmbio manual de cinco marchas, o CVT com sete marchas simuladas também segue o “padrão Fit”. Ele agora vem com conversor de torque, que acopla as engrenagens de forma mais suave. Nas versões EX e EXL, a transmissão é sempre CVT.

Traseira com novas lanternas

Para a linha 2015, a Honda comercializa City em quatro versões – também as mesmas do Fit. A básica DX – que deve corresponder somente a 4% do mix – parte de R$ 53.900. Traz itens como ar-condicionado, maçanetas na cor do veículo, abertura interna do tanque de combustível e encosto de cabeça para todos os ocupantes. A aposta da Honda é a LX. A fabricante japonesa projeta que 36% dos City vendidos daqui pra frente sejam dessa versão. Ela custa iniciais R$ 62.900 e vem mais recheado com rodas de liga leve de 15 polegadas,  rádio AM/FM/USB/Bluetooth, banco do motorista com regulagem de altura, bancos traseiros reclináveis e bipartidos 60/40, retrovisores elétricos e quatro alto-falantes. Já a EX, com farol de neblina, tela de LCD de 5 polegadas, câmera de ré e volante multifuncional, tem o preço de R$ 66.700. A topo de linha fica a cargo da EXL, que ainda adiciona airbags laterais, bancos em couro, computador de bordo digital e com luz de fundo azul. E custa R$ 69.000. Na soma da EX com a EXL, a Honda espera concentrar 60% das vendas do novo City.

Detalhe da nova lanterna

Primeiras impressões

Além das aparências

Itatiba/SP – Identidade visual à parte, dinamicamente o City nunca pareceu tanto ser um “Fit sedã” quanto nessa quarta geração. Ao colocar o sedã em movimento, é fácil perceber que o motor 1.5 i-Vtec 16V está bem mais vigoroso nas retomadas. A nova transmissão CVT, agora dotada de conversor de torque, ajuda a fazer ultrapassagens sem “soluços” nem vacilações. Na versão “top” EXL avaliada, os “paddle-shifts” atrás do volante permite alterar as marchas para explorar melhor o potencial do motor. Quando o motorista pisa mais forte no acelerador, o barulho elevado do motor – característico dos carros com CVT – dá até um reforço acústico à percepção geral de esportividade.

Interior do Honda City 2015

Para ressaltar esse estilo mais dinâmico, a suspensão é bem acertada e o City é um sedã bom de curva. Apesar de, nesse aspecto, não atingir o excelente padrão do Fit – por definição, o volume atrás das rodas traseiras característico dos sedãs sempre gera alguma instabilidade. Mas o City circula em trajetórias sinuosas e em alta velocidade sem adernar excessivamente – é notável a evolução em relação ao modelo anterior.

Honda City 2015

No habitáculo, os materiais, embora longe da sofisticação, têm um padrão melhor que os da geração anterior. As inserções em “black piano” e cromadas da versão EXL ajudam nesse “upgrade” interno. Para um sedã compacto, o City é bastante amplo e confortável – notadamente para os ocupantes dos bancos traseiros. Um ligeiro incômodo é causado pelo “degrau” no piso da frente do habitáculo, gerado pela presença do tanque de combustível sob os bancos dianteiros. Enquanto não se acostumam, motorista e “carona” tendem a esbarrar com o calcanhar no ressalto.

Honda City 2015

Ficha técnica

Honda City 2015 (dados da montadora)

MotorGasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.497 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando simples no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial
TransmissãoCâmbio manual de cinco marchas ou CVT. Tração dianteira
Potência máxima115 e 116 cv a 6 mil rpm com gasolina e etanol
Torque máximo15,3 kgfm a 4.800 rpm com gasolina e etanol
Diâmetro e curso73,0 mm X 89,4 mm
Taxa de compressão11,4:1
SuspensãoDianteira independente do tipo McPherson. Traseira por eixo de torção
FreiosDiscos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EBD. 
CarroceriaSedã em monobloco quatro portas com 4,45 metros de comprimento, 1,69 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,60 metros de entre-eixos. Oferece duplo airbag frontal de série em todas as versões
Pneus185/60 R15 (DX) e 185/55 R16 (LX, EX e EXL)
Peso Versão DX: 1.076 kg • Versão LX: 1.123 kg • Versão EX: 1.126 kg • Versão EXL: 1.137 kg
Porta-malas536 litros
Lançamento mundial2014
Lançamento no Brasil2014

Sob o capô do Honda City 2015

Itens de série

Versão DX: grade frontal cinza, câmbio manual de cinco marchas, rodas de 15 polegadas com calotas, retrovisores, travas das portas e vidros elétricos, áudio 2DIN/AM-FM/USB/Bluetooth, direção elétrica, ar-condicionado, painel de instrumento com iluminação âmbar e airbags frontais.
Preço: R$ 53.900

Versão LX: adiciona câmbio CVT, grade dianteira e friso traseiro cromados, rodas de liga leve de 16 polegadas diamantas, quatro alto-falantes e banco traseiro bipartido com descanso de braço central.
Preço: R$ 62.900

Versão EX: adiciona maçanetas externas cromadas, faróis de neblina, retrovisores externos com luzes indicativas de direção, paddle-shifts no volante, sistema multimídia com tela de 5 polegadas, 8 alto-falantes e Bluetooth, ar-condicionao digital com comando touchscreen, câmera de ré multivisão, controle de áudio + HFT no volante, piloto automático e chave canivete.
Preço: R$ 66.700

Versão EXL: adiciona bancos e volante em couro, apoio de braço dianteiro central e airbags laterais.
Preço: R$ 69.900.

Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias