Cada mercado tem suas particularidades no cenário automotivo global. No Brasil, os sedãs médios são a porta de entrada do luxo. Nos Estados Unidos, por exemplo, os modelos médios-grandes é que cumprem este papel. É o tamanho preferido dos consumidores da classe média de lá e, em geral, se caracterizam por terem espaço de sobra e suspensão extremamente macia. Por aqui, estes modelos se transformam em “sedãs executivos”. Eles são trazidos em versões mais sofisticadas, para funcionarem como vitrine de tecnologia, e buscam atingir um público mais elitizado. Caso do Hyundai Azera, que passou a ser trazido ao país no final de janeiro último com sua reestilização mais recente e, assim, disputar espaço entre os três volumes mais requintados vendidos por aqui.
A reestilização na linha 2015 do Azera foi bem discreta. As principais mudanças estão no exterior, com para-choques mais robustos, que aumentaram em 1 cm o comprimento do sedã – agora é de 4,92 metros. Na frente, a grade foi redesenhada e os faróis se alinham às molduras das luzes de neblina. Atrás, as lanternas seguem se unindo ao longo da tampa do porta-malas e as saídas de escapamento cromadas também foram renovadas. A intenção foi claramente dar ao carro uma imagem mais sofisticada.
Por dentro, o habitáculo ganhou um novo painel central e o sistema multimídia foi modernizado, com tela sensível ao toque de 8 polegadas. O equipamento conta com rádio integrado, leitor de CD, MP3, navegador GPS, DVD, Bluetooth, câmara de ré e comandos no volante. A coluna de direção tem ajustes elétricos, assim como os dois bancos dianteiros - os comandos ficam nas portas, em formato de banco. Os revestimentos do volante, câmbio e bancos são em couro, mas o acabamento do modelo inclui partes em madeira.
Para mover o sedã da Hyundai trazido da Coreia do Sul, a marca adota na única versão vendida no Brasil o motor Lambda II 3.0 V6, que já era utilizado antes da reestilização. O propulsor é todo em alumínio, com duplo comando no cabeçote, e as 24 válvulas têm dupla variação contínua de abertura. Desta forma, segundo a Hyundai, favorece a distribuição mais eficiente dos 250 cv de potência. A transmissão é automática de seis marchas, com possibilidade de trocas manuais na própria alavanca.
Recheado de itens de série – são nove airbags, controles dinâmicos de estabilidade e tração, rodas de liga leve de 18 polegadas, teto solar, entre outros equipamentos voltados para a segurança e o conforto dos passageiros – , o Hyundai Azera é vendido no país a R$ 149.990. O preço não é tão diferente da maior parte de seus concorrentes no segmento, mas bate de frente com dois bons representantes: Ford Fusion e Honda Accord. Mas não se trata de um modelo para fazer volume de vendas no Brasil. Tanto que a média de 78 unidades mensais emplacadas, desde que passou a ser vendido com o face-lift da linha 2015, não impressiona. E não chega nem perto do melhor período de vendas do modelo, entre 2009 e 2011, quando o dólar era mais baixo, o preço era mais atraente e a Caoa chegava a comercializar quase dez vezes. De qualquer forma, o Azera cumpre bem sua função de enfeitar os showrooms da importadora e transmitir a sensação de requinte para quem compra.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 3.0 V6 de 250 cv dá bastante fôlego ao Hyundai Azera. A transmissão automática de seis marchas tem trocas suaves e o trem de força garante eficiência tanto para sair da imobilidade quanto para retomadas e ultrapassagens em estradas. A média de 8,7 segundos para o zero a 100 km/h é boa, considerando-se que o modelo pesa mais de 1,5 tonelada. Nota 8.
Estabilidade – A suspensão do Hyundai Azera é no estilo “marshmallow”, extremamente macia. Ainda assim, não é nada desajeitado. A carroceria rola nas curvas, mas as rodas grudam bem no chão e o modelo não entrega os limites facilmente. Mas se for o caso de extrapolar, os controles de estabilidade e tração funcionam como salvaguarda. Nota 8.
Interatividade – Os vários sistemas e funções do Azera se mostram bem fáceis de utilizar. O painel central, renovado no face-lift, tem leitura simples e a chave presencial facilita bastante a vida do motorista. Para abrir o porta-malas, por exemplo, basta parar na traseira do veículo com a chave no bolso e esperar que o sinal de alerta pisque quatro vezes. Em seguida, a tampa se abre sozinha. A tela do sistema multimídia tem oito polegadas e todas as funções são acessadas rapidamente. Os bancos dianteiros têm todos os ajustes elétricos e com memória. Nota 9.
Consumo – No Programa Brasileiro de Etiquetagem do InMetro, o Hyundai Azera, que só roda com gasolina, registrou médias de 8,2 km/l na cidade e 10,7 km/l na estrada, com consumo energético de 2,42 MJ/km. Esse resultado lhe rendeu nota D tanto na classificação geral quanto em seu segmento. Na avaliação, em ciclo misto, o computador de bordo registrou 9,1 km/l. Nota 5.
Conforto – Além de oferecer um ótimo comportamento dinâmico, a suspensão entrega uma boa dose de comodidade aos ocupantes. Os bancos têm boa densidade e seguram eficientemente o corpo nas curvas. O espaço interno é extremamente generoso até para cinco passageiros. O isolamento acústico é eficiente e só invade mesmo a cabine – ainda sim, de forma discreta – quando se exige mais esportividade do carro. Nota 9.
Tecnologia – O motor do Azera é todo feito em alumínio e a lista de itens de série é farta. O pacote de segurança inclui nove airbags e controle de tração e estabilidade. O ar-condicionado é digital de duas zonas, a central multimídia tem tela de 8 polegadas, GPS, CD, MP3 e entradas USB, auxiliar e para iPod e há teto solar panorâmico. O carro conta com sensores de estacionamento e crepuscular, câmera de ré e chave presencial. Nota 9.
Habitabilidade – Como sedã grande, o Azera têm as quatro portas com bons ângulos de abertura. Como é projetado principalmente para o mercado norte-americano, há bons e generosos porta-objetos no interior. Já o porta-malas tem 461 litros – é menor que o de alguns sedãs compactos, como o Renault Logan, que ostenta 510 litros de capacidade. Nota 9.
Acabamento – O habitáculo do Azera transborda sobriedade. Os materiais em tons escuros transmitem qualidade e requinte e há revestimentos inclusive em madeira. Volante, painéis e as bordas das saídas de ar e da transmissão têm detalhes cromados e o revestimento em couro nos assentos, volante e câmbio ajudam a criar uma atmosfera de modelo de topo de linha. Nota 8.
Design – O Azera é um carro de linhas robustas e elegantes, mas não chega a apresentar nenhuma ousadia estética ou uma personalidade mais contemporânea. As lanternas traseiras se unem ao longo da tampa do porta-malas, o que amplia a sensação de largura do modelo e valoriza as duas saídas de escapamento cromadas. A grade renovada dá um ar levemente mais raivoso à dianteira, com faróis largos e que acompanham paralelamente as molduras cromadas dos faróis de neblina. É bonito, mas o design não é seu ponto forte. Nota 7.
Custo/benefício – O Hyundai Azera custa R$ 149.990, valor bastante competitivo em relação a seus concorrentes diretos. Com exceção do Ford Fusion, que vem do México, o que o deixa mais barato que os rivais. O Honda Accord custa R$ 147.900, tem um motor 3.5 de 280 cv, mas é menos equipado. O Volkswagen CC com motor 2.0 turbo de 211 cv custa R$ 159.700 e vai a R$ 173.801 para ser equipado de forma similar ao Azera. O Toyota Camry é bem equipado e mais potente, com um 3.5 de 277 cv, mas sai a R$ 179.320. Nota 6.
Total – O Hyundai Azera somou 78 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Quem opta por um sedã executivo na hora de escolher um automóvel está de olho principalmente no espaço interno e no requinte que o modelo oferece. E, nesse quesito, o Hyundai Azera impressiona. Seus 2,84 metros de entre-eixos garantem que cinco ocupantes se acomodem com tranquilidade sem que os passageiros da frente precisem abdicar do próprio conforto em razão dos demais. Os bancos recebem extremamente bem, especialmente os dianteiros, com ajustes elétricos tanto para o motorista quanto para o carona. Há ainda possibilidade de memória, o que facilita a vida de quem divide a direção com outras pessoas.
Em movimento, não há a impressão de se estar no comando de um veículo com mais de 1,5 tonelada. As saídas de sinal são vigorosas e, na estrada, as retomadas e as ultrapassagens são favorecidas pelo bom equilíbrio entre o V6 3.0 de 250 cv e sua transmissão automática de seis velocidades. As trocas são praticamente imperceptíveis e, em uma pegada mais esportiva, não se tem a sensação de dirigir um carro do porte do Azera.
Nas curvas, o Azera se comporta de maneira correta. Como é muito macio, a carroceria rola um pouco à vontade, mas a Hyundai conseguiu um equilíbrio entre conforto de rodagem e estabilidade no modelo. Dá para encarar uma estrada sinuosa com tranquilidade. As reações ao volante são precisas.
As dimensões só atrapalham na hora de se adaptar ao caótico trânsito da cidade. Achar uma vaga nas ruas é complicado, mas uma vez que se pula essa etapa, as manobras são facilitadas pela boa retrovisão garantida pela câmara de ré com imagem transmitida na central multimídia com 8 polegadas. Todas as funções do equipamento de som e entretenimento, aliás, são de fácil utilização – o que inclui o GPS, que se mostrou eficiente e prático durante a avaliação. Não é difícil achar o caminho certo a bordo do Azera.
Ficha técnica
Hyundai Azera
Motor | A gasolina, dianteiro, transversal, 2.999 cm³, seis cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote com abertura variável na admissão e no escape e coletor de ar com geometria variável. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico |
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Potência máxima | 250 cv a 6.400 rpm. |
Aceleração 0-100 km/h | 8,7 s |
Velocidade máxima | 235 km/h |
Torque máximo | 28,8 kgfm a 4.700 rpm |
Diâmetro e curso | 92 mm x 75,2 mm |
Taxa de compressão | 10,6:1 |
Suspensão | Dianteira Independente, tipo McPherson com molas helicoidais e amortecedores a gás de dupla ação. Traseira independente, tipo Multi-Link com molas helicoidais, amortecedores a gás de dupla ação, barra estabilizadora e componentes em alumínio. Controle eletrônico de estabilidade |
Pneus | 245/45 R18 |
Freios | Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD |
Carroceria | Sedã com quatro portas e cinco lugares. Com 4,92 metros de comprimento, 1,86 m de largura, 1,47 m de altura e 2,84 m de entre-eixos. Oferece nove airbags: dois frontais, dois laterais dianteiros e traseiros, dois do tipo cortina e um para o joelho do motorista |
Capacidade do porta-malas | 461 litros |
Produção | Asan, Coréia do Sul |
Lançamento mundial | 1986 |
Lançamento da quinta (atual) geração | 2011 |
Itens de série | Chave presencial com partida do motor e acesso ao veículo em mãos livres, central multimídia com tela “touch” com rádio integrado com leitor de CD, MP3, GPS, DVD, Bluetooth, câmara de ré e comandos no volante, ar-condicionado automático, cruise control, computador de bordo, volante, manopla e assentos com revestimento em couro, volante e assentos dianteiros com aquecimento, volante e bancos dianteiros com ajuste elétrico, freio de estacionamento elétrico, cortinas retráteis manuais nos vidros laterais traseiros e elétrica no vidro traseiro, rodas de liga leve de 18 polegadas, sensor de chuva, alarme, teto solar, faróis de xenônio e acendimento automático, lavadores de faróis, faróis de neblina, lanternas dianteiras e traseiras em leds, retrovisores externos elétricos com desembaçador e rebatimento automático e sensores de estacionamento dianteiros e traseiros. |
Preço | R$ 149.990 |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias