Antigamente, famílias grandes “se amontoavam” em carros pequenos com capacidade máxima de cinco lugares. Hoje está mais difícil “se espremer” lá atrás com as regras de segurança – e, claro, as leis mais rígidas que regem o segmento automotivo. O código de trânsito diz que cada passageiro tem que ocupar apenas um lugar e ter seu próprio cinto de segurança. Não por acaso, a oferta de veículos de sete lugares aumentou. Vão desde minivan até utilitários de grande porte – como Chevrolet Spin, JAC J6, Fiat Freemont, Toyota SW4, BMW X5, Audi Q7, entre outros. Até o fim de 2012, o maior representante da Hyundai era o Vera Cruz. O SUV sul-coreano parou de ser fabricado depois da renovação do Santa Fe, em 2013, que chegou com disposição para cinco ou sete ocupantes – porém, com dimensões menores. Em fevereiro desse ano, a fabricante asiática trouxe ao Brasil o verdadeiro substituto do Vera Cruz, o Grand Santa Fe. E em menos de cinco meses, o modelo já “abocanhou” 30% das vendas da linha – que emplaca pouco mais de 300 unidades/mês.
Para receber o nome Grand, o SUV da Hyundai passou por algumas alterações. A principal delas foi estrutural. O modelo foi “espichado”. São 22 centímetros a mais no comprimento que o Santa Fe “normal” de sete lugares – 4,91 m contra 4,69 m. A distância entre-eixos também é 10 cm maior e foi para 2,80 m. Tal crescimento resulta em mais espaço na segunda e terceira fileiras de bancos. Altura e largura são praticamente as mesmas – 1,69 m e 1,88 m, respectivamente. Mas talvez a maior diferença seja a capacidade do porta-malas. De acordo com a Hyundai, com os sete lugares usados ainda sobram 383 litros para bagagens – no Santa Fe, este volume cai para 178 litros. Caso os dois últimos lugares não sejam usados, os bancos ficam embutidos no assoalho do porta-malas. Assim, o espaço chega a 1.159 litros no Grand e 585 litros na configuração “convencional”.
Outras mudanças em relação ao homônimo de porte menor contemplam o visual. A grade dianteira cromada do Grand Santa Fe tem quatro filetes em vez de três. Os faróis de neblina têm formato diferente, assim com as lanternas traseiras e as saídas de escape nos extremos do para-choque – que conferem exclusividade ao modelo.
Escondido sob o longo capô do Grand Santa Fe está o motor V6 de 3.3 litros movido a gasolina – exatamente igual ao Santa Fe. Ele entrega 270 cv a 6.400 rpm e torque de 32,2 kgfm a 5.300 giros para tirar aqueles mais de 1.800 kg de metal do lugar. A potência é sempre gerenciada pela transmissão automática de seis marchas.
No quesito preço, a Hyundai foi obrigada a rever os valores dos carros. Quando chegou em fevereiro desse ano, o Grand Santa Fe custava redondos R$ 187 mil. Eram R$ 23 mil a mais que o Santa Fe na configuração com sete ocupantes. Na tabela atual, os valores são menos díspares. E a diferença baixou para R$ 12 mil – R$ 173.900 contra R$ 161.900. Segundo Bernardo Saccaro, gerente de produto do Grupo Caoa, este reposicionamento foi para alinhar o carro à agressiva concorrência, que oferece melhores taxas de financiamento e parcelamentos “a perder de vista”.
O “grandão” da marca sul-coreana vem bem completo quando se fala em equipamentos, mas sem nenhuma “ousadia”. Traz airbags dianteiros, laterais e de cortina, além de uma bolsa de ar para o joelho do motorista. Controles de tração e estabilidade e assistente de rampa não faltaram. Entre os itens de conveniência, o SUV vem com o básico: ar-condicionado digital, GPS, entradas USB/AUX, Bluetooth e câmera de ré. Tudo controlado por uma tela de 8 polegadas sensível ao toque.
A Hyundai ainda oferece alguns dispositivos para quem quiser “jogar” o urbano Grand Santa Fe em terreno off-road. A tração 4X4 é sob demanda. Ou seja, atua prioritariamente como dianteira e repassa até 50% do torque para as rodas traseiras em caso de falta de aderência. Há também a opção de bloquear o diferencial por meio do botão “Lock” no painel, mas apenas para transpor obstáculos mais “cascudos”. Acima de 50 km/h, o sistema é desativado automaticamente, para não “moer” as engrenagens.
Ponto a ponto
Desempenho – Passando um pouco longe do downsizing, o motor V6 3.3 litros cumpre perfeitamente o papel de empurrar os 1.832 kg do Grand Santa Fe. Não falta potência para realizar ultrapassagens com segurança ou “esticar” em uma reta. A boa performance também passa pela transmissão automática de seis marchas, que efetua trocas na hora certa e não “pensa” muito quando o motorista necessita pisar mais fundo no acelerador. Nota 8.
Estabilidade – De acordo com a Hyundai, a nova arquitetura do Grand Santa Fe aumentou a resistência à torção em 16%. Na prática, o SUV se mostrou bem equilibrado com rolagens da carroceria controladas em curvas mais fechadas. Mas é sempre prudente respeitar os limites de um utilitário de quase 2 toneladas. Nota 8.
Interatividade – Quem odeia o excesso de botões vai ficar nervoso no Grand Santa Fe. São inúmeros deles espalhados pelo volante, painel, console e porta – para abrir o tanque de combustível. Nem a tela “touch” fez alguns comandos do rádio desaparecer. Mas tudo está de fácil acesso no modelo. O cluster de instrumentos tem desenho bonito, é personalizável e fácil de ler. Nota 9.
Consumo – O InMetro não aferiu nenhuma unidade do Hyundai Grand Santa Fe em seu Programa de Etiquetagem. Em trecho majoritariamente de estrada, o computador de bordo do SUV – que só “bebe” gasolina – acusou média de 8,9 km/l. Nota 7.
Conforto – Com o entre-eixos alongado e a configuração dos bancos obedecendo a ordem 2-3-2, os ocupantes da segunda fileira ganharam mais comodidade. Mas apesar da última fileira também ter tido o espaço aumentado, só crianças conseguem viajar longas distâncias com certo conforto. Na frente, há área de sobra. Isolamento acústico e suspensão tratam bem os ocupantes. Nota 9.
Tecnologia – O modelo da Hyundai não é nenhum ponto fora da curva nesse aspecto. Traz de série itens essenciais como sete airbags, controles eletrônicos de segurança, sistema multmídia com tela de 8 polegadas sensível ao toque, Bluetooth, USB, câmera de ré, ar-condicionado digital de duas zonas e partida sem chave. Talvez um sistema de entretenimento na parte traseira fosse um diferencial. Nota 8.
Habitabilidade – Há bons e numerosos espaços para levar bugingangas dentro do Grand Santa Fe. Já os sexto e sétimo passageiros também precisam estar com o alongamento em dia para conseguir se instalar lá atrás. O porta-malas engole impressionantes 386 litros com a terceira fileira de bancos ereta e ainda chega a generosos 2.265 litros com todos as duas fileiras de trás abaixadas. Nota 8.
Acabamento – O Grand Santa Fe é um carro sofisticado e caro. Mas o habitáculo não traz grandes luxos, porém é elegante. Os bancos em couro para os sete passageiros tem tom diferenciado, há abundância de materiais emborrachados no habitáculo e encaixes precisos. Nota 8.
Design – O Grand Santa Fe difere muito pouco do modelo menor. Mas isso não é um mau sinal. As linhas do utilitário marcam presença. A dianteira imponente tem uma grande grade com faróis bem desenhados. O perfil é marcado pelas rodas de 18 polegadas. Atrás é onde fica a maior diferença. As lanternas foram redesenhadas e o sistema de escapamento é duplo, com as ponteiras cromadas nas extremidades. Traços fortes, mas harmônicos. Nota 9.
Custo/benefício – Por mais espaço, a Hyundai pede R$ 173.900 pelo Grand Santa Fe. Além de enfrentar a concorrência do Santa Fe de cinco lugares que custa R$ 12 mil a menos, o SUV sul-coreano é quase R$ 30 mil mais caro que a Chevrolet Trailblazer – R$ 143.096 – também de sete lugares e com motor a gasolina V6 3.6 litros de 239 cv. Para levar 7 passageiros, a Toyota pede R$ 189.600 pela SW4 SRV com propulsor turbodiesel de 171 cv. Este dois últimos carros supracitados têm características mais fortes no fora de estrada e o Grand Santa Fe tem como “habitat” o asfalto. Carregar a família toda com certo conforto tem o seu preço – e é um preço bem “salgado”. Nota 6.
Total – O Hyundai Grand Santa Fe somou 79 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Campos do Jordão/SP – É difícil notar “de cara” as mudanças visuais do Grand Santa Fe. A mais escancarada delas são as lanternas traseiras como desenho novo e a saída dupla de escapamento. Dinamicamente, o “jipão” da Hyundai não faz cerimônia. O V6 de 270 cv embala sem sentir as quase 2 toneladas do utilitário. Mesmo com o torque máximo disponível somente a altos 5.300 giros, retomadas e acelerações são bem convincentes. Em uma pisada mais abrupta no pedal da direita, o SUV ainda “ruge” bonito. Para não fazer feio no consumo, o Grand Santa Fe traz o chamado Active Eco. Quando acionado, o sistema modifica os parâmetros de gerenciamento do motor e transmissão e propicia uma economia entre 5% e 7%.
O propulsor também mostra um bom relacionamento com a transmissão automática de seis velocidades. As trocas são imperceptivelmente efetuadas e conferem uma boa dose de conforto para quem vai dentro. Assim como a suspensão que filtra de forma eficaz as imperfeições do asfalto.
Ao volante, apesar das dimensões e “massa” avantajadas, o Grand Santa Fe passa a impressão de ser menor. Há boa distribuição de peso em curvas, acelarações e freadas. Em trajetos mais sinuosos a carroceria aderna levemente, mas nada que tire a sensação de segurança do motorista ou dos ocupantes. Em velocidade mais elevadas o utilitário se mantém em linha reta sem precisar de eventuais correções. O condutor ainda pode optar por três modos de condução – Comfort, Normal e Sport. Este último, o utilitário fica mais “na mão”.
Por fora o SUV mostra sua robustez e por dentro é elegante. Mas o primeiro fator que chama atenção no Grand Santa Fe é a quantidade de comandos. Só o volante tem uma infinidade de botões. Fora isso, o utilitário tem acabamento em dois tons, bancos de couro para os sete ocupantes e um teto panorâmico generoso – que faz o interior parecer ainda maior. Os passageiros da segunda fileira de bancos contam com saídas de ar alojadas nas colunas laterais e os da última fila também podem controlar a ventilação. Um cenário inspirador para aquela viagem do fim de semana – e com “a grande família” a bordo.
Ficha técnica
Hyundai Grand Santa Fe
Motor | Gasolina, dianteiro, transversal, 3342 cm³, com quatro cilindros em linha e 24 válvulas. Injeção eletrônica multiponto e acelerador com controle eletrônico |
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Transmissão | Câmbio automático de seis marchas à frente e uma atrás. Possui controle de tração. Tração integral sob demanda e bloqueio do diferencial traseiro |
Potência máxima | 270 cv a 6.400 rpm |
Torque máximo | 32,4 kgfm a 5.300 rpm |
Taxa de compressão | 10,6:1 |
Suspensão | Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais e amortecedores pressurizados a gás de dupla ação. Traseira independente do tipo multi-link com molas helicoidais e amortecedores pressurizados a gás de dupla ação. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série |
Pneus | 235/60 R18 |
Freios | Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD |
Carroceria | Utilitário esportivo com quatro portas e sete lugares. Com 4,91 m de comprimento, 1,88 m de largura, 1,69 m de altura e 2,80 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais, cortina e de joelho para motorista de série |
Peso em ordem de marcha | 1.832 kg |
Ângulo de ataque | 17,1º |
Ângulo de saída | 20,5º |
Capacidade do porta-malas | de 383 a 2.265 litros |
Tanque de combustível | 71 litros |
Produção | Ulsan, na Coreia do Sul |
Lançamento mundial | 2013 |
Lançamento no Brasil | 2014 |
Itens de série | Airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS, rodas de liga leve de 18 polegadas, direção elétrica, ar-condicionado digital, computador de bordo, sistema de navegação com tela sensível ao toque de oito polegadas com rádio, MP3, DVD, Bluetooth, câmera de ré e comandos no volante, piloto automático, bancos em couro, bancos dianteiros com ajuste elétrico (duas memórias de posição para o motorista), auxílio de frenagem de urgência, sensor de estacionamento, sensor de chuva, alarme e vidro anti-esmagamento do motorista. |
Preço | R$ 173.900 |
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Raphael Panaro/Carta Z Notícias