Com os megaeventos esportivos que ocorrerão no Brasil – Copa do Mundo Fifa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 –, inúmeros setores da indústria tentam “surfar na onda” e lucrar. E um deles é o segmento automotivo. Agora, é a JAC Motors que entra no jogo. De olho na mobilidade urbana, a marca chinesa lançou no mercado brasileiro uma van executiva chamada de T8 – conhecida também como Refine 2 em outros mercados. O modelo transporta até sete pessoas e busca atender uma demanda de empresas de turismo, hotéis, sindicatos, associações e até transfers de luxo. O preço de R$ 114.990 não é convidativo, mas a JAC busca compensar o montante com certa dose de luxo e muito conforto.
O destaque da maxivan é o interior. Ele traz a configuração 2+2+3, onde as poltronas da fileira intermediária são individuais, totalmente reclináveis, removíveis e giram 360º. Atrás dos sete ocupantes ainda restam 1.310 litros de capacidade no “porta-malas”. Se retirado o último banco, aumenta para 3.550 litros. E sem os assentos centrais, são 4.800 litros. Com o intuito de oferecer conforto e comodidade, os ocupantes traseiros ainda dispõem de seis porta-copos, luzes individuais de leitura, duas tomadas de 12V e ar-condicionado com controle independente. Na frente, os bancos têm regulagem elétrica e aquecimento. Em relação ao design, a T8 não traz grandes revoluções. O desenho de “caixote” abusa dos cromados como as cinco lâminas e o logo da JAC no topo da larga grade dianteira – de acordo com o porte do modelo. O metalizado ainda envolve as luzes de neblina. Os faróis com regulagem elétrica e de altura têm um formato irregular. Atrás, mais cromados. O friso do porta-malas e as letras JAC chamam atenção.
Seguindo a tradição de veículos chineses vendidos no mercado brasileiro, a van traz uma vasta lista de equipamentos de série como teto solar, central multimídia com entrada USB, auxiliar e para cartão de memória, além do Bluetooth. A ausência sentida é o sistema de GPS. Opcionais, só os bancos em couro, que custam R$ 2 mil. Na questão da segurança, o JAC T8 traz equipamentos como airbag duplo, cintos traseiros laterais de três pontos, travamento automático das portas a 15 km/h, sensor de estacionamento traseiro com câmera, portas com barras de proteção laterais, trava central e chave com destravamento remoto das portas. Os freios, tanto dianteiros quanto traseiros, são ventilados e trazem ABS com EBD.
Para empurrar os mais de 5 metros da van, nada de motor diesel, como os concorrentes. A JAC instalou um 2.0 litros a gasolina turbinado com intercooler na T8. O propulsor rende 175 cv a 5.400 rpm e torque constante de 26,5 kgfm entre 2 mil e 4 mil giros. Acoplado ao propulsor está uma transmissão manual de seis relações, que envia a potência para o eixo traseiro. Com esse conjunto, a T8 atinge uma velocidade máxima de 165 km/h. Uma versão com transmissão automática não está nos planos da JAC – que ainda não possui nenhum modelo no mercado brasileiro com tal tecnologia. Estrangulada pelas cotas de importação, a JAC traçou o objetivo inicial da T8 no Brasil de 2 mil unidades vendidas até o fim de 2014 – com a comercialização impulsionada pela Copa do Mundo. E a meta terá de ser cumprida pelas 45 concessionárias da JAC espalhadas por aqui. Enquanto isso, a fabricante também segue tocando as obras de construção da primeira fábrica nacional, que será inaugurada no primeiro trimestre de 2015 em Camaçari, na Bahia.
Primeiras impressões
Rio de Janeiro/RJ – O escaldante sol que assolou o Rio de Janeiro nas últimas semanas deu uma trégua para a realização do test-drive do JAC T8. O percurso de mais de 100 km que mesclou trechos urbanos e pedaços de estrada começou na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. E a primeira experiência com a van não foi pelo caminho da obviedade: a direção. Como o modelo promete ser uma solução para o transporte de passageiros, o tour se inicia nos bancos de trás. Para acessá-los, é preciso puxar o assento da segunda fileira para frente. Dentro, além do entre-eixos de mais de 3 metros, a sensação de espaço é ampliada pelo teto solar elétrico. Já devidamente instalado no “sofá” da terceira fila, o T8 vai bem. A densidade da espuma recebe os ocupantes com conforto e há espaço suficiente para as pernas. Os mais altos também não terão dificuldades com os 1,97 metro de altura da van. O banco tem capacidade para três pessoas, mas com adultos de porte médio, o espaço pode se tornar pequeno. Apesar da suspensão traseira ser composta por um eixo rígido e molas helicoidais, os passageiros usufruem de certo conforto.
Já na fileira intermediária, os bancos individuais geram mais privacidade para os ocupantes. Eles têm porta-copos, acesso à tomada, luzes de leitura e, como grande novidade, giram 360º. Porém, a operação não é simples. Em movimento, virar o assento de frente para a terceira fila exige uma ginástica do passageiro e um encolhimento das pernas para não se chocar com o assento, que é largo e não oferece espaço abundante para a “manobra”. Outro problema é o cinto de segurança. Não há ponto de fixação com o banco a 180º. Ou seja, transitar com os bancos virados, só transgredindo uma lei de trânsito.
Na hora de assumir o volante da T8, a regulagem elétrica do banco e o ajuste de altura do volante permitem achar uma melhor posição de condução. Já o som dos “espirros” da turbina provenientes do motor 2.0 litros é bem agradável. O propulsor de 175 cv é apenas justo para mover a T8. Antes da 2 mil rotações o desempenho é “murcho” e a van só anima depois das 2.500 rpm. A transmissão manual de seis relações até que não faz feio e tem bons engates.
Acima dos 100 km/h, a direção demanda pequenas ações do motorista para manter o modelo na direção certa. E o pedal do freio pede um esforço maior que o desejável do condutor para responder à ação. Devido à altura, a van não é muito fã de curvas e manobrar também exige força nos braços do motorista. Já o habitáculo se mostra bem de acordo com a proposta do carro. O painel do carro vendido no Brasil teve algumas alterações em relação ao modelo chinês, onde os mostradores são centralizados – iguais ao do Toyota Etios. Aqui a disposição é “normal”, apesar dos números pequenos. A fonte escolhida para o computador de bordo também não facilita a vida do condutor. E é bom que o motorista conheça bem as ruas por onde vai circular ou leve um mapa a bordo. A central multimídia – que em sua tela inicial exibe inusitados caracteres em mandarim – não traz GPS.
Ficha técnica
JAC T8
Motor | A gasolina, dianteiro, transversal, 1.997 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, duplo cabeçote, turbocompressor com intercooler. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial |
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Transmissão | Câmbio manual de seis marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Não oferece controle eletrônico de tração |
Potência máxima | 175 cv a 5.400 rpm |
Aceleração de 0-100 km/h | 15 segundos |
Velocidade máxima | 165 km/h |
Torque máximo | 26,5 kgfm entre a 4 mil rpm |
Diâmetro e curso | 85,0 mm X 88,0 mm |
Taxa de compressão | 8,5:1 |
Suspensão | Dianteira independente, braços sobrepostos e barra estabilizadora. Traseira com eixo rígido, molas helicoidais e barra estabilizadora |
Pneus | 225/60 R17 |
Freios | Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS de série |
Carroceria | Maxivan montada em longarina com quatro portas e sete lugares. Com 5,10 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,97 m de altura e 3,08 m de distância entre-eixos |
Peso | 2.100 kg em ordem de marcha |
Tanque de combustível | 80 litros |
Capacidade do porta-malas | de 1.310 até 4.800 litros |
Produção | Hefei, China |
Itens de série | airbag duplo, cintos traseiros laterais de 3 pontos, travamento automático das portas a 15 km/h, sensor de estacionamento traseiro com câmera, portas com barras de proteção laterais, trava central e chave com destravamento remoto das portas, alarme antifurto, volante revestido em couro com regulagem de altura, comandos multifunção e direção hidráulica, central multimídia com entrada USB/AUX/Ipod/SD e Bluetooth, computador de bordo, abertura interna da tampa do tanque de combustível, retrovisores com acionamento elétrico e repetidor de seta, vidros elétricos, faróis com regulagem elétrica de altura, desembaçador traseiro, retrovisor interno antiofuscante, limpador traseiro com temporizador e quebra-sol com espelho de cortesia, acendedores de cigarro e tomadas 12V, seis alto-falantes, rádio MP5 com antena externa e 6 porta-copos, teto solar elétrico e luzes individuais de leitura |
Opcional | Bancos revestidos em couro |
Preço completo | R$ 116.990 |
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Raphael Panaro/Carta Z Notícias