A Mercedes tem uma vasta experiência em veículos comerciais, caminhões, furgões, ônibus e veículos especializados. São modelos que se distanciam do luxo, mas cumprem bem suas tarefas que lhes são “encomendadas”. A nova picape Classe X veio como uma ponte entre esses dois universos. Trata-se de um modelo que será oferecido tanto em versões básicas – orientadas para o trabalho duro – quanto em versões equipadas para uso familiar ou recreativo.
Para o projeto da picape, a Mercedes utilizou como base a plataforma da Nissan NP300, chamada no Brasil de Frontier, que também dá vida ao Renault Alaskan. Da montadora japonesa, a Classe X carrega um par de motores, o sistema de tração e, claro, a estrutura. O modelo será oferecido em três versões, com quatro motores, três sistemas de tração e três transmissões.
A Classe X mede 5,34 m de comprimento, 1,92 m de largura, 1,82 m de altura e 3,15 m de entre-eixos – medidas que se afastam dos modelos da Nissan e Renault, com maior entre-eixos e comprimento. Outras cotas de sua performance off-road são ângulo de ataque de 30 graus, ângulo ventral de 22 graus e ângulo de saída de 25 graus, além de 49 graus de inclinação.
Por dentro, no caso da versão Power, de topo, o requinte é típico de uma picape, especialmente por sua distribuição alargada, a tela flutuante no cluster, e pela limpeza e ordem da instrumentação. Com exceção do seletor de tração, desde os botões auxiliares até o revestimento do teto, nada é herdado da Nissan – é tudo da Mercedes. Há acabamentos com polímero duro, mas algo aceitável quando se recorda que se trata de um veículo de trabalho.
Sobre a mecânica, as X220 e X250 são impulsionadas pelo turbodiesel de 2.3 litros já conhecido nos modelos Renault e Nissan – a única diferença é que na X220 tem apenas um turbo, e na X250 é biturbo. A primeira variante desenvolve até 160 cv de potência e 40,8 kgfm de torque, enquanto a segunda entrega 190 cv e 45,9 kgfm. As duas contemplam uma caixa manual de seis velocidades ou uma automática de sete marchas com modo sequencial – apenas a X250. A versão de topo X350d, com motor V6 de 258 cv e 56 kgfm, só estará disponível na Europa a partir do ano que vem.
Tanto a versão X220 quanto a X250 contam com sistema que altera a tração a partir de um seletor eletrônico – normalmente, a tração é traseira. No modo Hi a força sai nas quatro rodas. No Low, há um bloqueio de diferencial central e bloqueio extra do diferencial traseiro. Na segunda variante, pode-se incorporar o controle de descida – que regula entre 5 e 8 km. Já na versão de topo com motor V6, tem o sistema de tração eletrônico integral com função on-demand, que traz bloqueio de diferencial central, bloqueio de diferencial traseiro opcional e vários modos de condução (Eco, Comfort, Sport, Manual, Off-road) que regulam a gestão do motor e transmissão, assim como o funcionamento do start/stop.
Primeiras impressões
Bom trabalho
Santiago/Chile – A Mercedes disponibilizou para o teste duas unidades de pré-produção da X350 d, de topo, impulsionada pelo V6 de 258 cv. Num circuito de prova mista, que inclui traçados de asfalto e algumas zonas off-road, a Classe X mostrou seu potencial. A picape chegou com facilidade aos 100 km/h e sem necessidade do controle de tração. O motor mostrou suavidade e uma entrega progressiva de potência, assim como um bom nível de tração. A picape mostra também um nível de transferência de peso muito bem controlado, com uma ótima capacidade de frenagem e arrancadas bem “ferozes”.
Um detalhe que merece destaque é o trabalho de insonorização empregado nesta picape. A Mercedes reforçou pontos estruturais na cabine, melhorou alguns acabamentos e aplicou espumas, borrachas e superfícies isolantes em todos os cantos. A caixa manual funciona com chicotes em vez de varas, o que ajuda na suavidade e na não transmissão de vibrações ao interior. O resultado é notável: baixaram-se consideravelmente os decibéis, especialmente em se tratando de um motor diesel que tende a ser mais “presente”. Outro atributo em destaque é o conforto interior. Mesmo depois de um dia completo de direção, o cansaço pela postura não se faz tão aparente.
Autor: Jorge Beher (AutoCosmos.com para Auto Press)
Fotos: Divulgação