Mesmo com 13 anos de atuação no Brasil, a fabricante sul-coreana SsangYong ainda é relativamente pouco conhecida. A marca, criada em 1986 depois da incorporação da antiga Dong-A Motor pelo grupo SsangYong – que criou a SsangYong Motor –, quase foi à falência em 2009 em função da crise econômica mundial e de uma década de problemas financeiros. Só conseguiu se reerguer graças à passagem de comando para a indiana Mahindra. A empresa sul-coreana conseguiu alguma representatividade por aqui graças à antiga parceria com a Mercedes-Benz, que forneceu motores, transmissões e até chassis para vários modelos entre 1991 e 2010. Agora, depois do fim do acordo com a alemã e a passagem de comando para a indiana Mahindra em 2010, a SsangYong fez algumas mudanças em sua linha. Lançou um novo Korando e tratou de substituir o motor 2.3 litros diesel europeu da picape Actyon Sports, que ainda ganhou uma reestilização e novo interior.
O novo turbodiesel tem 2.0 litros e é da italiana VM Motori – que também fornece motores diesel para o Grupo Fiat. São 155 cv a 4 mil rpm e 36,7 kgfm de torque constantes entre 1.500 e 2.800 rotações. O conjunto é sempre atrelado a um câmbio automático de seis marchas da australiana DSI. É suficiente para levar o modelo à velocidade máxima de 163 km/h. A aceleração de zero a 100 km/h fica na casa dos 13 segundos. A tração é traseira, com 4X4 e reduzida com acionamento eletrônico através de um seletor no painel. Antes, a Actyon Sports utilizava um antigo 2.3 litros de origem Mercedes-Benz, de 141 cv e 31,6 kgfm.
O visual também foi bastante mexido pela SsangYong. A nova frente tem assinatura de Giorgeto Giugiaro, responsável por dar um aspecto consideravelmente mais agradável ao modelo. A frente com conjuntos óticos redondos foi substituída por uma com traços mais convencionais. Os faróis grandes ladeiam uma grade trapezoidal, com o emblema da marca ao centro. O perfil continua o mesmo, com uma singular linha de cintura ascendente, que termina numa caçamba alta e volumosa. A Actyon Sports, entretanto, é sensivelmente menor que outras picapes médias do mercado. São 4,99 metros de comprimento e 1,91 m de largura – 35 cm e 25 cm a menos, respectivamente, que modelos como Chevrolet S10 e Ford Ranger.
Por dentro, o pacote trazido pela versão mais cara GLS é bem completo. Há bancos em couro com ajustes elétricos, teto solar, além de ar-condicionado automático, volante multifuncional e trio elétrico. Freios ABS e airbags frontais completam o conjunto. O modelo ainda pode ser equipado com uma central multimídia com conexões Bluetooth, USB, câmera de ré, TV digital e até entrada para modem de internet 3G. Por isso, a SsangYong cobra R$ 109.900, razoavelmente menos que picapes nacionais com motor diesel e nível semelhante de equipamentos. Uma Chevrolet S10 LTZ com motor 2.8 diesel de 200 cv e itens como sistema multimídia MyLink e transmissão automática sai por R$ 139.790. Enquanto isso, a Ford pede mais elevados R$ 147.390 por uma Ranger argentina equipada a altura da picape sul-coreana.
Impressões ao dirigir
A mudança no visual definitivamente fez muito bem à Actyon Sports. A picape ganhou linhas mais aprazíveis aos olhos, ainda que mantenha o jeitão um tanto tosco já conhecido. A versão GLS é bem equipada e além dos itens triviais, como ar-condicionado, trio elétrico e direção hidráulica, traz também bancos em couro com acionamento elétrico e teto solar – equipamento relativamente raro nas picapes vendidas no Brasil. A posição de dirigir é boa, com bancos confortáveis e comandos vitais à mão. A maior ressalva ao interior vai para o excesso de botões no volante – são nove no total –, ainda que inclua comandos para trocas de marcha do câmbio automático de seis marchas. O espaço interno é bom para cinco ocupantes, mesmo que o banco de trás seja um tanto baixo em relação ao piso da cabine. Um aspecto que mereceria alguma evolução seria o cheiro na cabine. O odor dos materiais utilizados no revestimentos internos poderia ser mais agradável. Muitas marcas de automóveis já investem em seduzir não apenas a visão, a audição e o tato do consumidor, mas também o olfato.
Em movimento, o 2.0 litros diesel tem notável disposição para empurrar as duas toneladas de picape sul-coreana. Os 36,7 kgfm de torque aparecem logo a 1.500 rotações, sem mantém constantes até as 2.800 rpm e dão agilidade ao corpanzil da Actyon Sports. O câmbio automático de seis relações tem ótimo funcionamento, com trocas bastante suaves e pouca indecisão na escolha das marchas. No entanto, o que mais impressiona é a suavidade de funcionamento do propulsor diesel. Com a picape em movimento, pouco se ouve ruídos de motor ou se sente trepidações vindas dele. O desempenho é bastante adequado e é difícil notar diferença em relação à concorrência de motores mais potentes, como o de uma Chevrolet S10, que tem 51 kgfm, mas que só aparecem a 2 mil rotações.
Além disso, o porte ligeiramente menor da picape a torna bem mais prática de utilizar no dia-a-dia de uma cidade grande. A largura de 1,91 m facilita o trânsito em ruas mais apertadas e ajuda na hora de “navegar” pelo tráfego congestionado. A suspensão é um tanto macia e não consegue evitar os solavancos comuns à picapes sem carga. Ainda assim, o utilitário da SsangYong consegue um rodar razoavelmente sólido. Convém não abusar nas curvas e respeitar os 1,79 m de altura do utilitário, mas ela dificilmente dará algum susto. As rodas de 18 polegadas, calçadas em pneus 255/60 ajudam num comportamento dinâmico bastante aceitável. A direção merecia uma relação mais direta, com menos voltas de batente a batente – mas não é algo que chegue a comprometer a segurança.
Ficha técnica
SsangYong Actyon Sports GLS
Motor | Diesel, dianteiro, longitudinal, 1.998 cm³, turbo, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas no cabeçote. Injeção do tipo commor rail e acelerador eletrônico |
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Transmissão | Câmbio automático com seis marchas à frente e uma a ré. Tração traseira ou integral com acionamento comandado eletronicamente |
Potência máxima | 155 cv 4 mil rpm |
Aceleração de 0 a 100 km/h | Não divulgado |
Velocidade máxima | 163 km/h |
Torque máximo | 36,7 kgfm entre 1.500 e 2.800 rpm |
Diâmetro e curso | 86,2 mm X 85,6 mm. Taxa de compressão: 16,5:1 |
Suspensão | Dianteira independente com bandejas duplas tipo A, amortecedores pressurizados e barra estabilizadora. Traseira com eixo rígido, barra panhard e barra estabilizadora |
Pneus | 255/60 R18 |
Freios | Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD de série |
Carroceria | Picape sobre longarinas com quatro portas e cinco lugares. Com 4,99 metros de comprimento, 1,91 m de largura, 1,79 m de altura e 3,06 m de distância entre-eixos |
Peso | 2.035 kg |
Capacidade de carga | 705 kg |
Tanque de combustível | 75 litros |
Ângulo de ataque | 25° |
Ângulo de saída | 25° |
Capacidade de subida de rampa | 20° |
Itens de série | Barras longitudinais no teto, computador de bordo, conta-giros, protetor de caçamba, freios ABS, airbag duplo, brake-light, direção hidráulica, faróis de neblina, pneus de uso misto, vidros dianteiros e travas elétricas e volante com regulagem de altura |
Preço | R$ 109.900 |
Autor: Igor Macário (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias