Uma geração de picape média, normalmente, se mantém quase intacta por cerca de dez anos. Essa é uma regra geral do mercado automotivo. A Volkswagen lançou a Amarok na Argentina no fim de 2009, com chegada ao Brasil poucos meses depois. Mas o utilitário, que vendia até pouco tempo atrás cerca de mil unidades por mês, viu todos os rivais no segmento se modernizarem e, ao mesmo tempo, sofreu um baque gigantesco: seu motor foi a principal estrela do “Dieselgate”, episódio que constatou a fraude do grupo Volkswagen nos testes de emissões das motorizações diesel. Lá fora, a marca já lançou um novo propulsor, um 3.0 turbodiesel. Por aqui, ela segue com o mesmo 2.0 também diesel e turbinado, mas sofreu algumas alterações estéticas que aproximam seu visual da nova identidade da marca. E ainda ganhou uma nova versão de topo, a Highline Extreme, com adereços esportivos e requintes extras.
Por fora, a Amarok tem nova grade e para-choque dianteiro e adesivo “4Motion”, que valoriza o sistema de tração integral da picape média, nas laterais da caçamba. A série Extreme traz rodas de 20 polegadas e pneus 255/50, santantônio na cor da carroceria – que realça a imagem esportiva que a marca quer impregnar na configuração – e um emblema metalizado com a inscrição da série. Por dentro, foram adotados os mesmos bancos dianteiros do Passat, com ajustes elétricos na variante mais cara. A central multimídia também foi atualizada e agora passa a espelhar celulares com as plataformas Mirrorlink, Google Android Auto e Apple Carplay, além de receber uma inédita entrada USB.
O motor 2.0 turbodiesel segue com 180 cv de potência e, com o câmbio automático de oito velocidades, chega ao torque de 42,8 kgfm. Os números são capazes de render zero a 100 km/h em 10,9 segundos e velocidade máxima de 179 km/h. Motoristas que preferem usar as trocas de marchas manuais podem recorrer às aletas localizadas atrás do volante.
Opcionais anteriormente oferecidos na versão Highline passam a ser de série. Caso dos faróis de xênon, do leitor de pressão dos pneus, dos airbags laterais e de cabeça, das luzes diurnas em leds e dos próprios paddle shifts no volante. O preço, no entanto, não é tão animador: R$ 177.990 – apenas cerca de 6% a menos que os R$ 189.970 pedidos pela Toyota Hilux SRX, cuja nova geração foi lançada há pouco tempo e tem mais tecnologia embarcada. A intenção da Volkswagen é manter a edição Extreme na linha Amarok. De qualquer forma, isso deve acontecer até que a nova motorização 3.0 V6 turbodiesel, já vendida na Argentina e na Europa, chegue ao país. O que está previsto para a linha 2018.
Impressões ao dirigir
Robustez requintada
Picapes médias se destacam nas ruas brasileiras sem grande esforço – seja pela robustez característica ou pelas dimensões avantajadas dos projetos atuais. Mas a Volkswagen Amarok Highline Extreme evoluiu bastante na estratégia adotada por quase todas as fabricantes que investem no segmento: a de aproximar esses utilitários cada vez mais dos carros de passeio. Inclusive nas opções de cores da carroceria, um tom exclusivo de azul metálico que arranca olhares por onde passa.
Os bancos recebem muito bem seus ocupantes e os da frente ainda contam com ajustes elétricos, que garantem imensa facilidade para se encontrar a posição ideal de direção. O interior ganhou entrada USB – que chegou surpreendentemente atrasada – e a central multimídia traz GPs e interação eficaz com smartphones Android e iPhone. De maneira geral, o conforto é mesmo semelhante ao de um carro de passeio, exceto pelos sacolejos sentidos na carroceria em função da altura elevada da picape.
Em movimento, não há mudanças. Seguem diversos controles dinâmicos que valorizam as capacidades off-road do modelo e também ajudam a manter o equilíbrio e a segurança na estrada. Mas as duas toneladas da Amarok pesam, literalmente, em seu desempenho no tráfego urbano. Se bem que o torque máximo aparece já em 1.750 giros, o que favorece retomadas, ultrapassagens e saídas de sinal. Mas a relação de 11kg/cv não chega a entregar a esportividade que a Volkswagen tenta impregnar em sua versão Extreme.
Ficha técnica
Volkswagen Amarok Highline Extreme
| Motor | A diesel, dianteiro, longitudinal, 1.968 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, com duplo comando no cabeçote. Injeção direta de combustível do tipo common rail, acelerador eletrônico e turbo duplo com intercooler |
|---|---|
| Transmissão | Câmbio automático com oito marchas à frente e uma a ré. Tração integral permanente, bloqueio eletrônico do diferencial e controle eletrônico de tração. |
| Potência máxima | 180 cv a 4 mil rpm |
| Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,9 segundos |
| Velocidade máxima | 179 km/h |
| Torque máximo | 42,8 kgfm a 1.750 rpm |
| Diâmetro e curso | 81,0 mm x 95,5 mm |
| Taxa de compressão | 16,5:1 |
| Suspensão | Dianteira independente do tipo double wishbone, com braços sobrepostos, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Traseira por eixo rígido, com feixe de molas semi-elípticas e amortecedores hidráulicos. Oferece controle eletrônico de estabilidade |
| Pneus | 255/55 R20 |
| Freios | Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS, EBD e assistente de frenagem de emergência |
| Carroceria | Picape sobre longarinas com quatro portas e cinco lugares. Com 5,25 metros de comprimento, 1,94 m de largura, 1,83 m de altura e 3,10 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cabeça de série |
| Peso | 2.082 kg em ordem de marcha, com 1.018 kg de carga útil |
| Caçamba | 1,28 m³ |
| Tanque de combustível | 80 litros |
| Capacidade off-road | Ângulo de entrada de 28°, ângulo de saída de 23°, capacidade de rampa de 45° |
| Produção | General Pacheco, Argentina |
| Lançamento | 2010 |
| Face-lift | 2016. |
| Itens de série | Retrovisores externos com acionamento elétrico, aquecimento e rebatimento elétrico, santantônio esportivo na cor da carroceria e estribos laterais planos em alumínio, tampa traseira com sistema de alívio de peso e chave, estepe em liga-leve, rodas de liga leve de 20 polegadas, travamento mecânico do diferencial traseiro, volante com ajuste de altura e profundidade, ABS off-road com controle eletrônico de tração, EDS, EBD, BAS e RBS, controle eletrônico de estabilidade, controle automático de descida, assistente para partida em subida, desembaçador do vidro traseiro, brake-light com iluminação da caçamba, direção hidráulica, faróis bixênon com luz de condução diurna em leds, faróis de neblina com luz estática de conversão, indicador de perda de pressão dos pneus, lanterna de neblina traseira, lanternas traseiras com lente escurecida e luz da placa de licença em led, sensor crepuscular, sistema de alarme com comando remoto "keyless", sistema de frenagem automática pós-colisão, Isofix para fixação de duas cadeiras para criança no banco traseiro, volante multifuncional em couro com shift paddles, bancos dianteiros com ajustes elétricos, revestimento dos bancos parcialmente em couro "Nappa", revestimento parcial das alavancas de câmbio e de freio em couro, 2 alto-falantes e 2 tweeters dianteiros e 2 alto-falantes traseiros, 4 tomadas de 12V (2 dianteiras e 1 traseira na cabine e 1 na caçamba), ar-condicionado digital de duas zonas, chaves tipo canivete com comando remoto, comando de voz, computador de bordo, controle eletrônico de velocidade, câmara de ré, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, regulagem elétrica da altura dos faróis, sensor de chuva, retrovisor interno eletrocrômico, sistema multimídia com CD, MP3, Bluetooth, SD-card, aux-in e navegação GPS, travamento central das portas com controle remoto, tração integral e vidros elétricos |
| Preço | R$ 177.990 |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/CZN