O Mercedes-Benz Classe C é um dos carros mais importantes da marca no Brasil. Produzido desde março do ano passado na fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo, o sedã foi, até 2016, o modelo premium mais vendido do país – no primeiro semestre deste ano, fechou em terceiro, abaixo no Audi Q3 e do Mercedes-Benz GLA, dois SUVs –, mas ainda lidera quando se consideram apenas os sedãs premium. Para manter essa tradição, uma das versões mais importantes é a C 180 Avantgarde, a mais em conta, que há exatamente um ano ganhou motorização flex nacional.
Visualmente, o Classe C traz elementos que remetem ao Classe S – o sedã grande “top” da marca da estrela de três pontas. A vista lateral ressalta o longo capô, uma tradição nos sedãs da fabricante. A dianteira é mais esportiva, com a estrela no centro da grade e faróis totalmente em leds – tecnologia também utilizada nas lanternas e luzes de freios traseiros. No interior, um grande painel em uma única peça do console central se estende elegantemente das entradas de ar centrais até o apoio de braços, criando uma maior sensação de espaço. Cinco aberturas de ar redondas se destacam, com acabamento metálico e frio ao toque. A central multimídia traz tela de sete polegadas, mas não é sensível ao toque.
O motor 1.6 turbinado entrega 156 cv de potência e torque máximo de 25,5 kgfm – os mesmos números de quando funcionava apenas com gasolina no tanque, sem a tecnologia flexível adotada em agosto de 2016. As modificações englobaram a introdução de uma bomba de combustível com maior poder de vazão e com sistema anticorrosão. Injeção direta de combustível com alta pressão, quatro bicos injetores com maior poder de vazão e capacidade anticorrosiva, sensor de reconhecimento de combustível e novo formato do cabeçote. A transmissão é automática, com sete velocidades, e a tração é traseira.
Com respeito ao câmbio, o modo manual pode ter funcionamento temporário. Caso o condutor realize a troca de marchas, depois de um tempo a transmissão retorna sozinha ao modo automático. Isso varia de acordo com algumas condições, como a não utilização do pedal do acelerador, descidas ou se a velocidade cair abaixo de um mínimo, por exemplo. Para auxiliar na economia de combustível, o carro tem sistema start/stop, que desliga o motor quando o veículo é imobilizado, dando a partida automaticamente assim que o motorista toca no acelerador novamente.
De série, há um seletor de modos de condução. Com ele, é possível optar entre várias configurações de regulagem, adaptando a rodagem às condições momentâneas de uso. Por meio de um controle posicionado no console central, o condutor escolhe entre os modos Comfort, ECO, Sport, Sport + e Individual. Cada uma dessas opções influencia na rapidez de resposta do acelerador, assistência da direção e no funcionamento do câmbio automático. O Comfort indica condução mais suave e consumo de combustível moderado. No ECO, a prioridade é mesmo reduzir o consumo, atuando inclusive em sistemas de conforto, como o ar-condicionado. A opção “Sport” torna o acelerador mais direto e realiza trocas de marchas em rotações mais elevadas, além de influenciar na assistência da direção, tornando-a mais rápida, e desligar o sistema start/stop. O motorista também pode criar um modo personalizado, na função Individual, ajustando os vários parâmetros disponíveis conforme seu gosto pessoal.
Ponto a ponto
Desempenho – O funcionamento do motor 1.6 turbo de 156 cv do sedã não chega a impressionar hoje, já que a adoção de propulsores com turbocompressor é cada vez mais comum entre os três volumes médios do país. Mas não se nota falta de força em nenhum momento. Até porque o torque máximo, que é de 25,5 kgfm, fica disponível já a partir de 1.200 rpm e permanece até os 4 mil giros. A transmissão automática de sete marchas, entrega trocas rápidas e no tempo correto. Nota 8.
Estabilidade – A suspensão tem um ajuste primoroso e faz o C 180 Avantgarde gostar de curvas em alta velocidade. A sensação de segurança e a precisão com que o conjunto atua chamam a atenção de quem dirige. A tração traseira, a boa rigidez torcional do conjunto e a direção precisa reforçam a esportividade do carro e os sistemas eletrônicos, nada intrusivos, ampliam ainda mais a estabilidade. Nota 10.
Interatividade – O painel é completo e os instrumentos são fáceis de ler. Já a tela multimídia de 7 polegadas mais parece um tablet e não combina tanto com o resto do modelo, porque seu funcionamento é pouco prático e um tanto confuso. Além disso, a haste para acionamento do câmbio se localiza no local habitual do comando do limpador de para-brisa. É claro que a prática faz com que o motorista acione corretamente, mas quem não está acostumado sofre um pouco no começo. Nota 7.
Consumo – O Classe C 180 Avantgarde passou pelo teste do Inmetro e conquistou média de 7,0/9,2 km/l com etanol na cidade/estrada e 10,2/13,3 km/l com gasolina no tanque, nas mesmas condições. O consumo energético ficou em 1,92 MJ/km e ganhou nota A na categoria e B no geral. Nota 8.
Conforto – O Classe C tem um rodar leve e, apesar de sua esportividade, é um sedã que não ameaça o conforto de seus ocupantes. A suspensão fornece boa absorção de impactos diante dos desníveis das ruas e os bancos são bem confortáveis e aconchegantes. Dá para levar cinco passageiros sem grandes apertos e quatro pessoas viajam com bom espaço. Nota 9.
Tecnologia – A atual geração – a quarta do modelo – veio em 2014, com uso abundante de aço de alta resistência e alumínio. Há bons equipamentos, como sistema start/stop – que desativa o motor quando o carro está parado para economizar combustível –, a direção eletromecânica, central multimídia, Bluetooth, GPS e entradas auxiliar e USB, modos de condução, sensores de chuva, crepuscular e de monitoramento pressão dos pneus, além de faróis com leds diurnos. Nota 8.
Habitabilidade – Há bons espaços para guardar objetos de uso frequente e o porta-malas carrega 480 litros. Os acessos pelas portas dianteiras e traseiras são fáceis e não é difícil achar uma posição cômoda em qualquer dos assentos. Nota 9.
Acabamento – O acabamento segue o padrão Mercedes-Benz. Sofisticado e bonito, não há economia em matérias nobres como couro ou alumínio no console. Os plásticos são de toque macio e o acabamento não apresenta nenhuma falha de montagem. Nota 9.
Design – Os vincos frontais e laterais inserem um visual mais robusto ao sedã médio e, ao mesmo tempo, incorpora uma imagem contemporânea. O conjunto ótico tem clara inspiração no Classe S, maior três volumes da marca alemã. A grade também lembra o “top” da linha Mercedes. Mas as inovações estéticas não demoveram a imagem clássica e sóbria do modelo. Nota 8.
Custo/benefício – O C 180 Avantgarde custa R$ 171.900. Está longe de ser barato, mas seu preço regula com versões de entrada do BMW Série 3 e do Audi A4, seus principais rivais. A escolha acaba envolvendo outros fatores, como a relação do consumidor com a marca e sua atração pelo design do modelo. Mas, em termos de desempenho, o C 180 é o menos exuberante. Nota 6.
Total – O Mercedes-Benz Classe C 180 Avantgarde obteve 82 pontos dos 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Bem na fita
O Mercedes-Benz Classe C já é fabricado no Brasil há mais de um ano e, antes disso, vinha importado da Alemanha. Não é tão difícil vê-lo pelas ruas. Mesmo assim, seu visual – que mistura boa dose de tradição com traços modernos – ainda impõe bastante respeito. E arranca olhares admirados, mesmo em sua cor mais discreta, a branca da unidade avaliada. É, sem dúvidas, um carro elegante e imponente.
Na cidade, o C 180 é bem ágil. Seu torque máximo, de 25,5 kgfm, aparece praticamente quando se pisa no acelerador, já aos 1.200 giros. Isso se traduz em arrancadas que impressionam e deixam para trás os outros carros nas saídas de sinal. É claro que os seus 156 cv não chegam a ser tão admiráveis – os sedãs médios de marcas generalistas atuais já chegam a números bem próximos ou até superiores. Mesmo assim, pode-se arrancar certa esportividade do modelo, apesar de se tratar de um veículo focado no conforto familiar.
O espaço é farto à frente e atrás. Três passageiros viajam no banco traseiro com conforto e o espaço para as malas é bom, com os 480 litros do compartimento de bagagens. O problema maior do modelo é mesmo no que diz respeito à interatividade com os passageiros. A central multimídia sem tela touch prejudica, por exemplo, um passageiro que quer operá-la. Só o motorista consegue se virar com os comandos – e, mesmo assim, é necessária certa prática para não bater cabeça.
Ficha técnica
Mercedes-Benz C 180 Avantgarde
Transmissão | Automática com sete marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle de tração |
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Potência | 156 cv em 5.300 rpm |
Torque | 25,5 kgfm entre 1.200 e 4 mil rpm |
Aceleração de zero a 100 km/h | 8,5 segundos |
Velocidade máxima | 225 km/h |
Diâmetro e curso | Não informado |
Taxa de compressão | 10,3:1 |
Suspensão | Independente multibraços na dianteira e multilink na traseira. Controle eletrônico de estabilidade. |
Peso | 1.425 kg |
Pneus | 225/50 R17 |
Freios | Discos ventilados na frente e sólidos atrás. ABS de série |
Carroceria | Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,69 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,44 m de altura e 2,84 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais, de cortina e de joelhos para o motorista de série |
Capacidade do porta-malas | 480 litros |
Tanque de combustível | 66 litros |
Produção | Iracemápolis, São Paulo |
Principais itens de série | revestimentos em couro sintético Ártico, central multimídia com tela de sete polegadas e GPS, rodas de liga leve com 17 polegadas, pneus runflat, acabamento do teto cinza, sensor de chuva, aviso de perda de pressão dos pneus, proteção do cárter, alarme, ar-condicionado automático de duas zonas, faróis full LED, sistema start/stop e cinco modos de condução. |
Preço no Brasil | R$ 171.900 |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/CZN