Por AutoPress
- Atualizado
publicado em Testes

Conforme o tempo passa, as preferências e necessidades das empresas mudam bastante. Em 2001, quando começou a produzir no Brasil, a Peugeot tinha o status de seus modelos como seu grande aliado. Hoje, a situação da marca por aqui é bem diferente. Depois de fazer um facelift superficial no 206 e renomeá-lo de 207, a Peugeot precisa reconstruir uma imagem que anda bem abalada por aqui. Por isso, ao lançar o 208, nem cogitou a possibilidade de retornar aos segmentos de entrada, nos quais o primeiro compacto fez tanto sucesso. Tal função ficou para as versões “pé de boi” do antigo 207, que continuam à venda. Com o 208, a ideia é resgatar atributos como requinte e tecnologia, para voltar a ter estas qualidades atribuídas ao resto de sua gama. Isso não significa, no entanto, que a Peugeot tenha relegado o custo/benefício de seu novo modelo a um segundo plano. A versão Allure 1.5 é o grande exemplo disso. Traz os principais elementos que fazem do 208 um excelente carro, mas com um preço competitivo.

A tal configuração intermediária é vendida por R$ 45.990. Isso representa que o 208 está em uma das faixas mais disputadas do segmento de compactos. O modelo da Peugeot tem como principais rivais modelos competentes como Citroën C3, Ford New Fiesta e o Hyundai HB20. Há ainda carros como Fiat Punto, Volkswagen Polo e Chevrolet Sonic, todos já mais velhos no mercado e sem tanto “appeal”.

Apelo, por sinal, que sobra ao hatch da Peugeot. Lançado por aqui em abril deste ano, ele esbanja um visual moderno do lado de fora e oferece ótimas soluções no interior. Destaque absoluto para a nova rearrumação do quadro de instrumentos, agora visto acima do volante e não mais por dentro do aro, como em praticamente todos os carros vendidos atualmente. O acabamento interno também é caprichado, inclusive com algumas pequenas alterações em relação ao modelo vendido na Europa para ficar com ar ainda mais sofisticado.

A versão testada, a Allure, traz o motor de entrada do 208. Se trata do 1.5 8V, o mesmo já usado no Citroën C3 e que na verdade é uma evolução do antigo 1.4 8V – ainda usado nas versões remanescentes do antigo 207 no mercado. Com curso dos pistões e taxa de compressão aumentados, ele ganhou potência e torque até atingir 93 cv e 14,3 kgfm, sempre com etanol. Com este propulsor, é sempre usada uma transmissão manual de cinco marchas. O conjunto leva o hatch a 100 km/h em razoáveis 10,9 segundos e segue até a velocidade máxima de 181 km/h. Nas versões topo, o 208 traz um 1.6 16V de 122 cv e 16,4 kgfm que também pode receber câmbio automático de quatro velocidades.

Ciente do seu potencial, a Peugeot já introduziu os principais equipamentos do 208 na configuração Allure. Estão lá a central multimídia com rádio, GPS e tela de sete polegadas sensível ao toque, teto de vidro panorâmico, luzes diurnas com lâmpada, trio elétrico, computador de bordo e rodas de liga leve de 15 polegadas. A mais equipada, a Griffe, adiciona apenas itens como rodas maiores, luzes diurnas de led, ar-condicionado automático e sensores de estacionamento, luz e chuva por elevados R$ 50.690, quase R$ 5 mil de diferença.

Por enquanto, esse leque de opções do 208 vem agradando. Na Europa, já foi o compacto mais vendido de 2012. Aqui, ainda não chega a tanto. Mas já alcançou média de 2.300 unidades vendidas, quase a metade delas da versão Allure. Quantidade suficiente para deixar o carro conhecido nas ruas e sem “banalizá-lo”. A conta perfeita para um veículo que tem uma missão dupla: vender bem e ainda refazer a imagem de uma marca.

Ponto a ponto

Desempenho – No papel, os 93 cv do motor 1.5 são apenas suficientes para os 1.086 kg do 208. O que se vê na prática, no entanto, é um pouco diferente. O propulsor é valente, sobe rápido de giros e tem torque máximo já disponível em regime médio de rotações. Dessa forma, o compacto da Peugeot se mostra disposto em praticamente toda situação e raramente se sente falta de força. Ajuda para essa sensação a ótima cabine, que sempre instiga o motorista a acelerar um pouco mais. O câmbio também merece elogios pelos engates que estão bem mais curtos e precisos do que nos “antepassados” 206 e 207. Nota 8.

Estabilidade – O 208 é um carro muito bem plantado no chão. Tem uma plataforma moderna e que consegue fornecer boa dose de aderência tanto em curvas quanto em retas. A suspensão tem ajuste certeiro, bem no meio-termo entre conforto e esportividade. E os pneus 195/60 fazem seu trabalho com extrema competência. Nota 8.

Interatividade – Talvez seja o grande diferencial do carro. Principalmente pela escolha da Peugeot de posicionar o painel de instrumentos acima do volante. Para tal, precisou diminuir consideravelmente o diâmetro da peça – de 37 cm no 207 para 33 cm. Algo que muda bastante a interação do motorista com o carro. O pequeno volante dá uma sensação esportiva para o carro, com ótima pegada e muito “feedback” do que acontece com as rodas. Ele também fica em posição perfeita para não esconder nenhuma informação do cluster. No resto, o 208 também se destaca. O câmbio tem ótimos engates e o sistema de entretenimento com tela sensível ao toque é vistoso e muito fácil de usar. Nota 9.

Consumo – De acordo com dados do InMetro, o Peugeot 208 1.5 faz média de 8,5 km/l de etanol e 12,5 km/l de gasolina em trajeto misto. Números suficientes para lhe garantir a nota “B” no geral e “A” dentro de seu segmento. Nota 8.

Conforto – Como sempre, espaço interno não é o forte de um compacto. Quatro adultos vão com algum conforto, mas sem grandes exageros. A suspensão consegue absorver boa parte da buraqueira e os pneus de perfil 60 ainda contribuem na tarefa de deixar o rodar mais confortável. Apesar de não abrir e nem bascular, o grande teto de vidro aumenta consideravelmente a percepção de espaço. Nota 8.

Tecnologia – O 208 é bastante moderno, lançado na Europa em 2012. A plataforma traz estabilidade acima da média e espaço interno condizente com o que existe no segmento. A lista de equipamentos é ótima, com direito a rádio e GPS com tela sensível ao toque de sete polegadas. O motor 1.5 não é novo – é apenas uma evolução do antigo 1.4 –, mas consegue entregar um desempenho interessante e ainda ser bastante eficiente. Nota 8.

Habitabilidade – A vida a bordo do 208 é tranquila. Os comandos mais importantes ficam em lugares tradicionais e intuitivos – felizmente, já se foi o tempo em que os botões dos vidros elétricos dos Peugeot ficavam escondidos sob a alavanca de freio de mão. Há uma boa oferta de porta-objetos, sempre espaçosos e de acesso fácil. Entrar e sair do 208 também não chega a ser uma tarefa muito “misteriosa”. O porta-malas é uma das falhas. Leva modestos 318 litros. Nota 7.

Acabamento – O acabamento do 208 está em um nível acima de seus concorrentes. E em vários aspectos. Desde a escolha dos materiais, com plásticos de boa qualidade e agradáveis ao toque até os encaixes, extremamente precisos. Tudo valorizado pelo bonito desenho do interior, com um jeitão moderno e “clean”. Nota 9.

Design – O exterior do 208 é muito bem trabalhado, mas não é “revolucionário”. Continua com a identidade visual proposta pela Peugeot já há algum tempo, com faróis afilados e grade destacada. Ao menos, o visual é todo novo e traz linhas harmoniosas que se aliam com os detalhes cromados e criam um carro moderno e bastante requintado. Nota 8.

Custo/benefício – A briga entre os hatches compactos de proposta mais requintada é muito disputada. Atualmente, é polarizada por Hyundai HB20, Citroën C3, Ford New Fiesta e o próprio Peugeot 208. Os quatro carros são extremamente competentes, com diversas qualidades, projetos modernos e listas de equipamentos recheadas. Com tantos bons atributos e preços semelhantes – todos por volta dos R$ 45 mil –, a compra vira uma questão de preferência. Ao lado do 208 ficam o excelente acabamento interno, comportamento dinâmico e a interessante solução da cabine com o volante bem pequeno e esportivo. Nota 6.

Total – O Peugeot 208 Allure 1.5 somou 79 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Observado de fora, a primeira impressão é que o 208 é uma bela evolução de tudo que a Peugeot vinha fazendo nos últimos anos. O desenho é bonito, porém, mantém algumas características básicas que tornaram o 206 um grande sucesso. Caso dos faróis inspirados em olhos de felinos e da grade marcante. Mas o 208 é muito mais que apenas um passo a frente para Peugeot. É quase um salto triplo.

Apesar do belo desenho exterior, a cabine consegue se destacar ainda mais. Tudo ali parece novo. Raro em tempos onde muitas peças e ideias são compartilhadas dentro da mesma marca. É que as soluções criadas no 208 vão ser as que ditam a tendência para os próximos lançamentos da Peugeot. Tanto é que os novos 2008 e 308 – este último só começa a vender na Europa no fim do ano – já trazem essas inovações. Caso da opção por um certo minimalismo na cabine, com o mínimo de botões espalhados pelo console. Tudo isso cria um ambiente extremamente “clean” e muito amigável. É um alento quando comparado aos previsíveis habitáculos que a marca francesa vinha desenhando recentemente.

Boa sensação que se alia ao também primoroso acabamento interno do 208. Tudo feito com muito cuidado, ótima preocupação com detalhes e bom gosto. O painel é todo revestido de plástico, mas com boa qualidade e textura.

Mesmo com as notáveis virtudes do interior, nenhum conceito introduzido no 208 se destaca tanto quanto a nova organização dos instrumentos, posicionados agora no topo do painel. Isso demandou uma nova rearrumação também do volante, que, para não tapar a visão, ficou sensivelmente menor. De uma maneira bem objetiva, significa que para olhar o velocímetro e contagiros não é mais necessário desviar os olhos da estrada e olhar por dentro do aro do volante.

A alteração não parece tão importante até o momento em que se bota o pequeno Peugeot para rodar. Aí, aparece o charme do reduzido volante. Ele deixa toda a tarefa de dirigir muito mais divertida e parece sempre instigar o motorista a andar mais rápido. Elogios também para os pedais bem juntos, quase colados uns nos outros. A direção tem respostas extremamente precisas e troca de direção com alta velocidade. Tudo é acompanhado por um ótimo equilíbrio dinâmico, com rolagens controladas de carroceria e aderência constante.

O motor 1.5 da versão Allure é outra supresa. Os 93 cv são mais que suficientes para praticamente todos os momentos – até quando o ânimo está mais elevado. Os giros sobem rápido e a entrega de força em rotações altas é gratificante e suave. A transmissão manual de cinco marchas é certeira com seus engates exatos. No fim, o 208 é um dos carros a venda no Brasil que dá mais prazer em dirigir. E, de quebra, uma das melhores coisas que a Peugeot fez em muito tempo.

Ficha técnica - Peugeot 208 Allure 1.5

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.449 cm³, com quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.

Transmissão: Manual de cinco velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não possui controle de tração.

Potência: 93 cv e 89 cv a 5.500 rpm com etanol e gasolina

Torque: 14,2 kgfm e 13,5 kgfm a 3 mil rpm com etanol e gasolina.

Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,9 e 11,7 segundos com etanol e gasolina.

Velocidade máxima: 181 e 171 km/h com etanol e gasolina.

Diâmetro e curso: 75,0 mm x 82,0 mm. Taxa de compressão: 12,5:1.

Suspensão: Dianteiro tipo pseudo McPherson e traseira com travessa deformável. Molas helicoidais, amortecedores hidráulicos pressurizados à gás e barra estabilizadora nos dois eixos. Não possui controle de estabilidade.

Pneus: 195/60 R15.

Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. ABS com EBD de série.

Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,97 metros de comprimento, 1,70 m de largura, 1,47 m de altura e 2,54 m de distância entre-eixos. Airbag duplo frontal de série.

Peso: 1.086 kg.

Capacidade do porta-malas: 318 litros.

Tanque de combustível: 55 litros.

Produção: Porto Real, Rio de Janeiro.

Lançamento na Europa: 2012.

Lançamento no Brasil: 2013.

Itens de série: Luz de direção nos retrovisores, lanternas de led, airbags, ABS, EBD, computador de bordo, chave canivete, ar-condicionado manual, direção elétrica, vidros dianteiros elétricos e volante com regulagem de altura e profundidade, teto panorâmico, faróis de neblina, rodas de liga-leve de 15 polegadas, volante revestido em couro, central multimídia com tela de sete polegadas sensível ao toque, rádio/MP3/USB/AUX/Bluetooth, volante multifuncional e retrovisores elétricos.

Preço: R$ 45.990.

Autor: Rodrigo Machado (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

Ver Comentários


Anúncios de Carros

Jeep Compass 2.0 Longitude (Aut) (Flex)
R$ 96.000,00
São Paulo (SP)
Troller T4 3.2 XLT 4WD
R$ 200.000,00
Florianópolis (SC)
Chevrolet Bel Air 6cc
R$ 190.000,00
São Paulo (SP)
Renault Kwid 1.0 Zen
R$ 35.000,00
Brasília (DF)
Audi A3 Sedan 1.8 TFSI Ambition S Tronic
R$ 106.000,00
São Paulo (SP)

Ver mais Anúncios


Pela Web