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Quando a Volkswagen fez as mais recentes alterações no Fox, no início de 2013, com nova arquitetura eletrônica e painel ligeiramente reformulado, faltava ainda a grande novidade reservada ao modelo. O “novíssimo” motor 1.0 de três cilindros chegou em julho e deu ao carro um bem-vindo sopro de renovação. O Fox  ganhou, literalmente, vida nova com o novo propulsor, que entrega ao carro mais desempenho e economia. A versão Bluemotion, que por enquanto é a única a usar o três cilindros, custa R$ 33.020 na configuração básica e com duas portas – R$ 760 a mais que o mesmo carro com o antigo motor de quatro cilindros, que continua à venda devido à falta de capacidade produtiva para o novo propulsor.

Esse motor foi lançado em 2012 junto com o subcompacto Up! na Europa e pertence à família EA211, a mesma do 1.4 TSI turbinado que chega no Golf Highline importado. São três cilindros, com quatro válvulas em cada, que rendem bons 82 cv a 6.250 rotações e 10,7 kgfm de torque a relativamente baixas 3 mil rpm, quando abastecido com etanol. Além disso, o bloco em alumínio é responsável pela redução de 23 kg em comparação ao antigo 1.0 de quatro cilindros. No Fox, o novo propulsor é suficiente para levar o carro de zero a 100 km/h em 13,2 segundos e à velocidade máxima de 167 km/h. Se não tornou o hatch propriamente “um rojão”, melhorou os números em relação ao antigo modelo. Além disso, promete até 17% a mais de economia em comparação ao 1.0 “de quatro”. A transmissão continua a manual de cinco marchas, que teve a relação final alongada em 10%, para permitir menores rotações em velocidade de cruzeiro – e reduzir o consumo.

Farol do Fox BluemotionPara maximizar o ganho em economia, a Volkswagen adotou a assistência eletro-hidráulica à direção, pneus com baixa resistência à rolagem e pequenas modificações visuais. A grade frontal é mais fechada para melhorar o fluxo de ar, os pneus são estreitos e um pequeno spoiler na tampa do porta-malas reduz a turbulência na traseira do carro. No restante, tudo igual no hatch “altinho”. Estão lá as linhas conservadoras e discretas – inalteradas desde a primeira e única reestilização, em 2010. Ele foi o primeiro Volkswagen brasileiro a ostentar a então nova “cara” da marca, com vincos mais pronunciados e superfícies escuras nos faróis, por exemplo. Se ainda não está datado, é certo que não deverá durar muito mais tempo. A plataforma é a mesma desde 2003, quando o carro foi lançado.

O interior também segue intocado no Bluemotion, assim como o ar “franciscano” dos Volkswagen de entrada. Pelos R$ 33.020 cobrados, ele não traz mais do que o essencial. Para qualquer pequeno acréscimo de conforto e sofisticação, precisa-se recorrer à lista de opcionais do modelo, o que eleva razoavelmente o preço final. Com quatro portas o preço já sobe para R$ 34.070 e de série, apenas airbags frontais, freios ABS, direção assistida e banco do motorista com regulagem de altura. Ar-condicionado, trio elétrico e som, só como adicional. Equipado com o “básico” para uma convivência mais tranquila com o carro, o preço salta para a casa dos R$ 42 mil – cerca de R$ 2 mil a mais que o Fox 1.0 “normal”. O valor paga por um conjunto ainda atual, mas não deixa de ser elevado, já que se trata apenas de um hatch familiar com motor 1.0 litro. 

O novo motor certamente representa um enorme ganho para o Fox e dá uma “agitada” na linha do modelo, que mesmo com a atualização eletrônica, carecia de novidades mais palpáveis. Ele também serve como um experimento para a utilização do propulsor, tanto que a Volkswagen estima que apenas 350 unidades do Bluemotion cheguem às ruas por mês – cerca de 3% do total, na casa dos 10 mil carros mensais. A raposa agora é a maior cobaia da marca.

Novo Fox Bluemotion

Ponto a ponto

Desempenho – No papel, os 82 cv desenvolvidos pelo pequeno três cilindros não parecem muito. Em movimento, a sensação é outra. A entrega de força surpreende para um motor pequeno e o novo 1.0 empurra o Fox com decisão surpreendente. Os 10,7 kgfm de torque aparecem logo a 3 mil rotações e dão bastante saúde ao hatch. As acelerações são consistentes e ele nem de longe parece “anêmico”, como outros propulsores de 1.0 litro. A suavidade de funcionamento é destaque. Vibrações são sentidas apenas em marcha lenta e logo desaparecem. É possível manter uma tocada tranquila, trocando as marchas até mesmo abaixo da faixa de torque máximo, que o motor responde bem e ainda colabrora com consumo mais baixo. O câmbio é bem escalonado e muito bem casado com o três cilindros. Os engates rápidos e precisos da transmissão contribuem bastante. Nota 8.

Estabilidade – O Fox mantém o comportamento dinâmico já conhecido. Mesmo com centro de gravidade mais alto, a carroceria inclina relativamente pouco graças ao acerto mais firme. Ele, no entanto, tolera pouco uma performance mais agressiva. O hatch dificilmente irá pregar algum susto no motorista, mas é melhor respeitar os limites. Nota 7.

Interatividade – O volante tem boa pegada e a direção, peso correto. Bastante coerente com a proposta do modelo. A versão traz um computador de bordo com indicador de troca de marcha – que se adapta conforme o modo de direção do motorista. O console central tem rádio com botões grandes e de uso intuitivo. No volante, os comandos do som e do computador também são de fácil assimilação. Nota 8.

Consumo – Em ciclo misto, o Fox Bluemotion 1.0 conseguiu média de 10,5 km/l de etanol, segundo o computador de bordo. O InMetro ainda não recebeu nenhuma unidade do Bluemotion para testes. Nota 8.

Conforto – Mesmo com ajuste mais firme da suspensão, o Fox é um carro confortável. Os ocupantes sofrem pouco com buracos ou ondulações do asfalto e não balançam em excesso numa estrada sinuosa. Os bancos dianteiros mereciam mais suporte lateral, mas são coerentes com a proposta pacata do hatch. O espaço interno é generoso, com vão livre grande para cabeças e pernas dos ocupantes de todos os assentos. Apenas um terceiro passageiro atrás fica mais prejudicado. Nota 7.

Interior do Fox Bluemotion

Tecnologia – O Fox já dá sinais da idade. A plataforma é uma derivação da usada pelo Polo de 2002, a PQ24, que já foi substituída na Europa. Há itens como computador de bordo com indicador de troca de marcha de série – exclusivo da versão. O motor, no entanto, é a vedete do Bluemotion. Trata-se de um recente 1.0 litro na linha de três cilindros da família EA211 – a mesma dos badalados TSI –, introduzida em 2012 no Up!. A gama EA211, no entanto, é mais antiga, do início dos anos 2000. Nota 7.

Habitabilidade – O Fox é um carro prático. Há espaços reservados para garrafas e papéis nas portas e o console central traz nichos para copos e outros objetos de uso rápido. O porta-luvas tem capacidade relativamente pequena, suficiente apenas para guardar itens como o manual do proprietário. O porta-malas leva 260 litros, mas pode ser expandido com o banco traseiro deslizante opcional e tem bom vão de abertura. A área ainda conta com uma pequena rede para segurar objetos menores. Nota 7.

Acabamento – Se os plásticos são de qualidade apenas razoável, os encaixes são bem executados e nada faz barulho no Fox. A reestilização de 2010 fez o carrinho dar um salto grande no acabamento interno, que foi mantido nos anos seguintes. As forrações de bancos e portas são corretas e o painel mistura plástico rugoso e liso – este sem aparência de algo barato. O visual “clean” do painel também ajuda na boa impressão. Nota 7.

Design – Figurinha fácil nas ruas, o Fox mantém o perfil discreto já conhecido. A versão Bluemotion não muda isso e acrescenta apenas uma grade frontal mais fechada – também já conhecida do pacote “Bluemotion Technology” apresentado para o Fox 1.0 de quatro cilindros no início do ano. As linhas são simples e bem resolvidas. Nota 7.

Custo/benefício – Ao custar R$ 33.020 – apenas R$ 760 a mais que o Fox 1.0 com motor de quatro cilindros –, o Bluemotion se torna uma atraente opção na gama do hatch. Ele entrega mais economia e desempenho consideravelmente superior ao modelo mais antigo. Mas não é barato. O preço sobe bastante quando adicionados equipamentos básicos como ar-condicionado e trio elétrico. Um Fox Bluemotion quatro portas com esses itens, acrescidos do computador de bordo com indicador de mudança de marcha e som com comandos no volante, não sai por menos de R$ 42 mil. É caro para um hatch 1.0. Nota 6.

Total – O Volkswagen Fox Bluemotion 1.0 somou 72 pontos em 100 possíveis.

Fox Bluemotion

Impressões ao dirigir

Motores de três cilindros sempre dão características especiais aos carros que equipam. E com o Fox Bluemotion não é diferente. Estão lá o “ronquinho” agradável e uma incrível facilidade com que os giros sobem tão logo o motorista pise no acelerador. O propulsor deixa para trás qualquer resquício da “preguiça” comum aos 1.0 – particularmente acentuada no Fox 1.0 com motor de quatro cilindros – e oferece a quem vai ao volante respostas rápidas e surpreendentemente consistentes. O conta-giros varre a escala com uma velocidade instigante e faz os ocupantes duvidarem de que se trata de um motor tão pequeno.

Em marcha lenta, ele deixa passar para o interior um pouco de vibração – típica de motores com número ímpar de cilindros. Mas basta acelerar um pouco para, a partir das 2 mil rotações, o propulsor surpreender pela suavidade de funcionamento. As acelerações são bastante lineares. A sensação é de bastante leveza no conjunto, que ganha velocidade facilmente. O propulsor passa refinamento e definitivamente não se mostra subdimensionado para tamanho e peso do Fox.

O visual do Bluemotion é igual a qualquer outra versão do hatch. As únicas diferenças estão na grade frontal, mais fechada, nas calotas da versão e em alguns emblemas espalhados pelo carro. O modelo tem proporções corretas e prima pela discrição tipicamente germânica. A boa área envidraçada e a posição alta de dirigir agradam na cidade – habitat natural do carrinho. A visibilidade é boa para todos os lados e o motorista conta com boa amplitude de ajustes de banco e volante – este ajuste é opcional – para encontrar a melhor posição. No entanto, mesmo no ponto mais baixo do ajuste do banco, ele ainda fica sensivelmente mais alto que o esperado, que denota o caráter mais “calmo” do modelo.

Por dentro, também nada de novo. Apenas o computador de bordo – bastante completo, por sinal – passou a ter um indicador de troca de marcha e uma barra gráfica de consumo instantâneo. Tudo para a ajudar o motorista a extrair o melhor do pequeno propulsor. O painel continua o mesmo, com comandos bem localizados e nenhum mistério na utilização. A mais recente atualização, feita no início do ano, deu ao Fox um rádio novo, com uma “telinha” maior e indicador gráfico do sensor de estacionamento – que na prática não ajuda muito. O novo motor se tornou, de fato, o maior atrativo do Fox.

Visão da Traseira

Ficha técnica - Volkswagen Fox Bluemotion 1.0

Motor: Etanol e gasolina, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando simples no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão. Injeção multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 82 e 75 cv a 6.250 rpm com etanol e gasolina.
Torque máximo: 10,4 e 9,7 kgfm a 3 mil rpm com etanol e gasolina.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13,2 e 13,5 segundos com etanol e gasolina.
Velocidade máxima: 167 e 166 km/h com etanol e gasolina.
Diâmetro e curso: 74,5 mm X 76,4 mm. Taxa de compressão: 11,5:1.
Pneus: 175/70 R14.
Peso: 993 kg.
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson com mola helicoidal e barra estabilizadora. Traseira interdependente com braço longitudinal e mola helicoidal.
Freios: Discos na frente e tambor atrás.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,82 metros de comprimento, 1,66 m de largura, 1,55 m de altura e 2,47 m de distância entre-eixos.
Capacidade do porta-malas: 260 litros.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: São José dos Pinhais, Paraná.
Lançamento: 2003. Reestilização: 2010. Atualização: 2013.
Itens de série: Banco do motorista com regulagem de altura, conta-giros, direção eletro-hidráulica, gaveta sob o banco do motorista, computador de bordo, indicador de troca de marchas, pneus de baixa resistência ao rolamento e rodas em aço de 14 polegadas. Opcionais: Rádio/CD/MP3/USB/Aux/Bluetooth, faróis com máscara negra, ar-condicionado, sensor de estacionamento traseiro, banco traseiro corrediço, coluna de direção regulável em altura e profundidade, trio elétrico e chave com controle remoto.
Preço básico: R$ 34.070.
Preço da unidade testada: R$ 43.581.

Autor: Igor Macário (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias