O segmento de utilitários compactos, inaugurado e dominado pelo Ford EcoSport, é hoje um dos que mais se expande. Não só no volume de vendas mas também nas ofertas. Basta ver a ofensiva de produtos prometidos para os próximos anos. Caso de Peugeot 2008 e modelos lançados a partir dos conceitos como o Honda Urban SUV Concept, Volkswagen Taigun e o Fiat 500X. Antes disso, entretanto, a Chevrolet vai entrar forte com o Tracker, chamado de Trax em outros mercados. Todos para participar de uma briga hoje polarizada pelo renovado Ford EcoSport e pelo Renault Duster.

Comparativo entre Tracker, EcoSport e Duster

O fenômeno dos SUVs compactos tem lógica. Estes veículos com aparência de jipe são vistos pelos consumidores como mais seguros – em virtude da sua posição elevada de direção –, estão na moda e agregam status social. Qualquer que seja a razão, as vendas crescem a toque de caixa em todos lugares. A característica principal desses utilitários é que partilham a plataforma com veículos compactos. O Chevrolet Tracker, por exemplo, usa a base do Sonic. Já o EcoSport é feito sobre o New Fiesta e o Duster compartilha a plataforma do Sandero.

O Tracker, o próximo a entrar na briga, chega ao Brasil no segundo semestre desse ano. Por aqui, a Chevrolet deve oferecer o SUV nas versões LT e LTZ e equipar com o motor 1.6 litro de 120 cv e 16,3 kgfm do Sonic ou um 1.8 litro de 140 cv e 17,8 kgfm conhecido do Cruze. As opções de transmissão englobam uma manual de cinco velocidades ou uma automática de seis. Na questão tecnológica, o modelo topo de linha vem bastante equipado: seis airbags, sistema de entretenimento My Link com tela sensível ao toque de sete polegadas, controle de tração e rodas de 17 polegadas. A princípio, o veículo só deve ter tração dianteira. Uma versão 4X4 deve aparecer em um futuro próximo.

Chevrolet Tracker

Já o Duster, lançado em 2011 no Brasil, foi – e ainda é – a principal ameaça ao reinado do EcoSport. No mercado nacional, o utilitário francês tem duas opções de motorização. A primeira é o 1.6 16V, com câmbio de cinco marchas, capaz de gerar 115 cv de potência e 15,5 kgfm de torque com etanol. Ele equipa as três versões básicas: a 1.6 16V, a Expression e a Dynamique . A outra é a 2.0 16V que entrega 142 cv de potência e 20,9 kgfm de torque. O Renault Duster oferece opções de câmbio automático de quatro relações e tração integral. Tecnologicamente, o Duster vem bem equipado em suas versões mais caras com ABS, sistema NAV, que apresenta tela sensível ao toque de sete polegadas, e rádio com conexão USB/iPod, Bluetooth e auxiliar e vários detalhes de acabamento. O preço parte dos iniciais R$ 50.900 até chegar a R$ 65.760 da versão Tech Road.

Renault Duster

Para continuar na liderança do segmento, a Ford lançou a nova geração do EcoSport no ano passado. Com profundas mudanças visuais e de equipamentos, o utilitário se manteve no topo de mais vendidos do Brasil. Os motores são os mesmos da geração antiga: 1.6 Sigma de 115 cv a 5.500 rpm e 15,9 kgfm de torque a 4.750 giros e o 2.0 Duratec 147 cv a 6.250 rpm e os 19,7 kgfm a 6.250 rpm. O novo Eco começou a vida como um carro manual, mas ganhou uma moderna transmissão automatizada de dupla embreagem. Nos equipamentos, o utilitário da Ford traz na versão topo, ar-condicionado digital, rádio/CD/MP3/Aux com sistema SYNC, faróis com led, controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em ladeiras, airbags frontais, laterais e de cortina, bancos de couro, keyless. Pela ampla gama de dispositivos, os preços do carro variam entre R$ 53.490 e R$ 70.890.

Ford Ecosport

Impressões ao dirigir

Cidade do México/México – O conjunto mêcanico do Tracker – motor 1.8 de 140 cv e 17,8 kgfm – é eficiente, mas as respostas são lentas na aceleração e em baixas rotações. Quanto à qualidade de rolagem, o Tracker é o melhor do comparativo, com o isolamento acústico mais eficiente e conforto ao rodar. A qualidade dos materiais e o acabamento também são melhores que seus concorrentes. A versão LTZ, que traz seis airbags, controle de tração, sistema My Link com tela sensível ao toque e rodas de 18 polegadas, se mostra a melhor escolha a partir do ponto de vista de produto. Mesmo com o preço ligeiramente elevado, o utilitário da Chevrolet é o mais competente do trio.

Chevrolet Tracker - Detalhe da traseira

O Duster é um veículo criado pela subsidiária de baixo custo da Renault, a Dacia, que existe para atender mercados emergentes da Europa. No Mercosul, ele foi “rebatizado” com o emblema da marca francesa e já acumula boa dose de sucesso. Isso explica os plásticos ásperos, mesmos botões e controles utilizados no Clio de segunda geração – ainda produzido na Argentina – e outros detalhes que reivindicam o Duster como um carro de pretensões acessíveis. Atrás do volante, o Duster acelera um pouco mais rápido que seus concorrentes na versão com câmbio manual. Isso se dá em virtude da melhor relação peso-potência. Porém, o rodar é o menos refinado dos três, com muitos ruídos e vibrações, e é o que tem a direção menos precisa.

Chevrolet Duster - Detalhe da traseira

A Ford trabalhou duro para fazer desta nova geração do EcoSport um produto global e não aquele que atende somente às necessidades da América Latina. Prova disso é que o design interior e exterior está em sintonia com as tendências atuais da marca. Mecanicamente o utilitário usa o mesmo motor 2.0 litros de seus antecessor com 146 cv de potência e 18,9 kgfm de torque gerenciado por uma transmissão manual de cinco velocidades ou automatizada Powershift de seis relações e duas embreagens. O carro da Ford é o mais potente e também o mais pesado. Por isso é menos “animado” que o Duster, porém, mais ágil que o Tracker. O EcoSport é mais refinado e um pouco mais silencioso que seu concorrente francês, assim como a qualidade dos plásticos e do acabamento. Mas quando comparado com o veículo da marca americana, o ousado design interior pode causar estranheza. O grande “vilão” do EcoSport, no entanto, é a qualidade construtiva. Feito na Bahia, o utilitário brasileiro tem encaixes poucos precisos e algumas peças soltas.

Ford Ecosport - Detalhe da traseira

Ou seja, apesar de serem de um mesmo segmento, Duster, Tracker e EcoSport diferem muito em proposta. O Renault é o mais barato e tem aspecto mais rústico. Tem também o melhor trem de força, principalmente com o câmbio manual. O EcoSport tem o pacote mais moderno, com equipamentos refinados como controle de estabilidade, por exemplo. Mas a construção brasileira fica devendo em qualidade. Se a comparação for simplesmente pelo produto, o Tracker feito no México leva a melhor. Traz um motor razoável, bom acabamento, lista de equipamentos completa e qualidade ao rodar. O preço, no entanto, joga contra. Oferece menos que os rivais, mas tem preço igual ao do EcoSport e 10% maior que o Duster.

Fichas técnicas

Ford EcoSport 2.0

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.999 cm³, quatro cilindros em linha, duplo comando no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira, com controle eletrônico a partir da versão Freestyle.

Potência máxima: 141 cv e 147 cv com gasolina e etanol a 6.250 rpm.

Torque máximo: 18,9 kgfm e 19,7 kgfm com gasolina e etanol a 4.250 rpm.

Diâmetro e curso: Motor 2.0: 87,5 mm X 83,1 mm com taxa de compressão de 10,8:1.

Aceleração 0-100 km/h: Motor 2.0: 10,8 e 10,5 segundos com gasolina e etanol.

Velocidade máxima: 180 km/h limitada eletronicamente.

Ford Ecosport - Detalhe do interior

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços inferiores, barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos pressurizados e molas com compensação de carga lateral. Traseira semi-independente com eixo de torção, amortecedores hidráulicos pressurizados com molas helicoidais. Controle eletrônico de estabilidade.

Pneus: 205/60 R16.

Freios: Discos ventilados na frente, tambores atrás e ABS de série.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,23 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,67 m de altura e 2,52 m de distância entre-eixos. Airbags frontais, laterais e de cortina.

Peso: 1.297 kg.

Capacidade do porta-malas: 362 litros.

Tanque de combustível: 52 litros.

Produção: Camaçari, Bahia.

Renault Duster 2.0 16V

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.998 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.

Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 138 cv e 142 cv com gasolina e etanol a 5.500 rpm.

Aceleração: 0-100 km/h: 11,1 e 10,4 segundos com gasolina e etanol.

Velocidade máxima: 178 km/h e 181 km/h com gasolina e etanol.

Torque máximo: 19,7 kgfm e 20,9 kgfm com gasolina e etanol a 3.750 rpm.

Diâmetro e curso: 82,7 mm X 93,0 mm. Taxa de compressão: 11,2:1.

Renault Duster - Detalhe do interior

Suspensão: Dianteira do tipo McPherson com amortecedores hidráulicos telescópicos, triângulos inferiores e molas helicoidais. Traseira semi-independente com barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos verticais. Não possui controle eletrônico de estabilidade.

Pneus: 215/65 R16.

Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS.

Carroceria: SUV em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,31 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,69 m de altura e 2,67 m de entre-eixos. Oferece airbag duplo frontal.

Peso: 1.353 kg.

Capacidade do porta-malas: 400 litros.

Tanque de combustível: 50 litros.

Produção: São José dos Pinhais, Paraná.

Chevrolet Tracker

Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.796 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando variável nas válvulas de admissão e escape e duto de admissão de dupla geometria. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.

Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.

Potência máxima: 140 cv a 6.300 rpm.

Torque máximo: 17,8 kgfm a 3.800 rpm.

Diâmetro e curso: 80,5 mm X 88,2 mm. Taxa de compressão: 10,0:1.

Chevrolet Tracker - Detalhe do interior

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores a gás e barra estabilizadora. Traseira com barra de torção, com molas helicoidais e amortecedores a gás.

Pneus: 215/55 R18.

Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,28 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,64 m de altura e 2,54 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.

Peso: 1.447 kg.

Capacidade do porta-malas: 532 litros.

Tanque de combustível: 53 litros.

Produção: San Luís Potosí, México.

Autor: Rubén Hoyo (do AutoCosmos/Méxic) para Auto Press
Fotos: Os três juntos: Héctor Mañón/AutoCosmos/México e Divulgação