Por Para os visitantes do Salão do Automóvel de São Paulo que estão passando pelos corredores do Anhembi e que visitam o grandioso estande da montadora Ford no evento pode nem imaginar que a empresa está passando por uma séria crise financeira, e que ainda são reflexos da crise do continente Europeu. A montadora está enfrentando nesta semana um duro protesto de trabalhadores da Bélgica por causa do anuncio do possível fechamento da unidade fabril em 2014.
Durante toda esta quinta-feira (25) os trabalhadores cruzaram os braços e passaram a protestar contra o possível fechamento da fábrica, e a consequente perda dos seus empregos. Isso porque no dia de ontem a montadora anunciou que está nos seus planos o fechamento de toda aquela planta, o que automaticamente provocou uma reação de parte dos funcionários e dos sindicatos que representam os trabalhadores da empresa naquele país. A fábrica que está em funcionamento na Bélgica é considerada uma das maiores e também uma das mais importantes da empresa. Segundo as informações que foram confirmadas pela montadora, atualmente trabalham no local 4300 pessoas com contrato de emprego direto, e o número de funcionários de empresas terceirizadas que atuam hoje nesta fábrica chega a 5 mil.
Segundo o comunicado oficial que foi enviado pela Ford, os planos é reduzir os custos transferindo toda a produção que hoje acontece na Bélgica para a cidade espanhola de Almussafes, em Valência. Durante os protestos mais violentos que aconteceram durante esta quinta-feira, clima ficou tão tenso na frente da fábrica que os funcionários chegaram a colocar fogo em um carro, deixando o clima ainda mais complicado no local. O governo deslocou diversas unidades policiais para o local, mas até agora não existem informações de confrontos que tenham acontecido no local.
Se realmente os planos da Ford forem confirmados e a fábrica for fechada, este será um dos mais duros golpes que a indústria automobilística da Bélgica já sofreu em toda sua história. Muitos especialistas e analistas de economia do País falam até mesmo que o fechamento da fábrica poderá gerar um grande colapso do ponto de vista social no País, para se ter uma ideia do quanto realmente é importante a produção da montadora na sua unidade Belga. E também não seria a primeira grande empresa que estaria anunciando sua saída do País. Poucos dias antes, a francesa Renault decidiu o fechamento de sua fábrica na cidade flamenca de Vilvorde e a alemã Opel em Anvers (norte da Bélgica).
Demissões no Reino Unido
Além da crise que está enfrentando na Bélgiica, com o anúncio do fechamento da fábrica e com a onda de protestos que os funcionários estão fazendo por lá, a montadora Ford ainda está anunciando que pretende cortar cerca de 1500 pessoas de suas atuais duas fábricas do Reino Unido. As informações estão sendo divulgadas por uma fonte sindical, e deixou a situação da empresa ainda mais delicada, pois agora provavelmente os funcionários também vão começar a protestar como está acontecendo na Bélgica.
Segundo o porta-voz do sindicado GMB, serão cortados 1000 vagas de empregos m Dagenham (periferia leste de Londres) e 500 em Southampton (sul), sendo que as declarações teriam sido divulgadas logo depois uma reunião entre os representantes do sindicado e também os dirigentes da Ford. O dirigente está classificando a notícia como arrasadora, isso porque o país ainda está vivendo um clima de recessão, com poucas vagas de emprego e muitas pessoas ficando desempregadas.
Segundo alguns analistas locais, estas estratégias estão sendo adotadas como um reflexo da crise econômica que realmente abalou muito a indústria automobilística da Europa, e agora os fabricantes estão correndo desesperadamente para conseguir reduzir os gastos de suas unidades, mudando a forma como estão sendo alocadas as forças de trabalho. As indústria automobilísticas da Europa representam uma boa parte dos empregadores de diversos países. E caso outras montadoras também adotem estas medidas como forma de tentar conseguir escapar da crise, pode realmente haver uma grande crise de falta de emprego no continente.
Por outro lado, as montadoras ainda seguem com boas perspectivas para mercados emergentes como o Brasil, já que os indícios por aqui é de aumento continuo das vendas de carros, apesar de alguns meses deste ano terem apresentado queda. No Salão do Automóvel de São Paulo, por exemplo, a palavra crise não é escutada perto do estande da Ford. Muito pelo contrário, o presidente da empresa anunciou que 2013 será um ano muito especial para a montadora no País, com muitos investimentos.