Gerente de marketing da Mercedes-Benz Sprinter, fala das perspectivas de crescimento do modelo

O ano de 2013 foi transformador para o segmento de furgões no Brasil. Ao mesmo tempo em que a líder absoluta Volkswagen Kombi teve sua aposentadoria decretada por não se adequar à obrigatoriedade de airbags frontais e freios ABS, os concorrentes mais avantajados ampliaram sua participação. O crescimento de 18% no mercado de vans grandes evidenciou ainda mais o progresso da Mercedes-Benz Sprinter. Produzida na Argentina, a van foi renovada em 2012 – ganhou um novo propulsor a diesel biturbo de quatro cilindros, com 2.1 litros e oferecido em duas configurações, com 114 cv e 146 cv a 3.800 rpm – e teve suas vendas anuais aumentadas em impressionantes 67%. Fechou o ano passado com 9.707 unidades emplacadas. “Para 2014, não prevemos uma mudança tão forte em virtude da grande alta vista nos dois últimos anos. A tendência é se manter no mesmo patamar para, no futuro, subir mais”, prevê Carlos Garcia, o novo gerente de vendas e marketing da Sprinter no Brasil.

Há poucos dias na função, Garcia ressalta as mais de 50 possibilidades de configurações da Sprinter, com entre-eixos entre 3,25 metros e 4,32 metros e com capacidade para levar até 21 lugares, contando o motorista. E garante que, apesar dos frotistas ainda serem a maior parte dos compradores, a preocupação em atender a demanda dos pequenos varejistas é crescente. “Um veículo base pode virar pet shop, salão de beleza e diversos outros negócios. Cada vez mais as pessoas querem ter os serviços sem precisar se deslocar. Isso vem chamando a atenção de muitos empreendedores, que levam seu trabalho até o cliente”, avalia. 

P – De que forma a extinção da Volkswagen Kombi impactou o mercado nacional de furgões?

Carlos Garcia, gerente de marketing da Mercedes SprinterR – A Mercedes trabalha com uma segmentação diferente. A categoria de furgões que aparece nos números da Fenabrave é dividida em três partes. A Sprinter é incluída no quesito de “large vans”, que engloba os modelos acima de 3,5 toneladas. Então, nosso foco sempre foi em outros concorrentes, como Fiat Ducato, Iveco Daily Furgão e Renault Master, por exemplo. 

P – Existe a expectativa de alguns “viúvos” da Kombi migrarem para a Sprinter?

R – Particularmente, não acredito nisso. Um ou outro caso, pode até ser. Mas a Kombi sempre reinou sozinha em seu segmento. Se avaliarmos dessa forma, prevemos um buraco no mercado. Se tivéssemos esse tipo de migração, ela poderia se manifestar antes, mas não agora. O mercado de “large vans” está estabilizado dentro de um patamar. E parte dos que usavam a Kombi para transporte de passageiros já migrou para outros segmentos. Uma série de exigências em critérios de segurança promoveu isso no passado. Alguns marcos regulatórios já não deixavam que a Kombi participasse de determinadas utilizações, como o transporte escolar, por exemplo. 

P – Quais os planos para o futuro da Sprinter? 

R – Tivemos uma alteração no modelo em 2012 e estamos montando uma equipe específica para dar suporte aos empreendedores que escolherem a Sprinter. São muitas as possibilidades de utilização de um furgão. Temos uma parceria forte com o Sebrae, participamos da última Feira do Empreendedor. Um veículo base pode virar pet shop, salão de beleza e diversos outros negócios. Com a questão da mobilidade urbana, cada vez mais as pessoas querem ter acesso aos serviços sem se deslocar. Isso vem chamando a atenção de muitos clientes do varejo, que levam seu trabalho até o cliente. 

P – Quais as principais demandas de novas aplicações que a Sprinter registra entre esses clientes?

R – Isso é bastante fragmentado. Ambulância é uma aplicação forte, mas temos outros tipos também. Em São Paulo, os “food trucks” são cada vez mais bem sucedidos. Desde temakerias a espaço de salgados, as vendas de lanches nas ruas paulistanas com veículos transformados está crescendo muito.

Uso da Mercedes Sprinter como forma de venda

P – Como está o posicionamento da Sprinter no segmento de large vans?

R – No ano passado, esse segmento registrou um crescimento de 18%. O nosso crescimento dentro dele foi de 67%. Conquistamos quase 21% de participação e estamos trabalhando para elevar ainda mais essa média. Fechamos 2013 com 9.707 unidades vendidas em um mercado que registrou 46.460 emplacamentos. Na verdade, esse progresso é visto desde 2011, quando lançamos nossa atual estratégia de crescimento, baseada na renovação de portfólio e reestruturação da rede de concessionárias. E planejamos novos produtos para esse ano. 

P – Que tipo de produtos?

R – Planejamos incluir algumas características novas dentro dos veículos que já oferecemos no mercado. Temos cerca de 50 configurações. São diferenças nas medidas de entre-eixos, capacidade de carga, potência de motor, enfim, são várias combinações possíveis dentro desse “mix”. No mercado de vans, por exemplo, temos opções para 20, 17 e 15 passageiros, além do condutor.

P – Quais são as perspectivas para 2014?

R – Não devemos ter neste ano uma mudança tão forte. O mercado deve se manter dentro do mesmo patamar. Já houve um crescimento grande nos últimos dois anos, então a tendência é que esses números se estabilizem para, no futuro, crescerem novamente.


Autor: Marcio Maio (Auto Press)
Fotos: Divulgação