O financiamento é a operação de crédito mais utilizada pelos consumidores no momento em que eles compram um determinado veículo no Brasil. Em 2023, foram financiados 5,9 milhões de unidades, entre novos e usados, incluindo automóveis leves, motos e também os veículos pesados. O número representou um crescimento nas operações ,quando comparado com o ano de 2022, de cerca de 10%, de acordo com uma pesquisa feita pela B3.

Tabela Fipe e financiamento: impacto na concessão de crédito automotivo

Dois fatores acabam sendo determinantes para que as operações de financiamento de veículos aconteçam no Brasil: a economia focada na venda de veículos de uma forma geral, e também a concessão de crédito no país, que está diretamente relacionada a economia. Quanto mais crédito disponível e quanto menores forem os juros, a tendencia é de que mais financiamentos de veículos aconteçam.

E os valores e custos que giram em torno de um financiamento, que muitas vezes acabam sendo duramente criticados no país, são definidos por uma série de fatores que influenciam toda a economia. Além disso, também existem ferramentas consolidadas com estes dados que acabam tendo uma grande importância também neste segmento, como a tabela Fipe.

O que é a tabela Fipe?

A tabela Fipe é uma ferramenta criada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), vinculada ao Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). A entidade, sem fins lucrativos, foi criada no ano de 1973 e desde então passa a definir os valores médios dos veículos que circulam no país.

A instituição se utiliza de uma série de metodologias, teorias, ciências e práticas que envolvem desde a coleta de dados nas mais variadas fontes relacionadas aos valores dos veículos até o tratamento destas informações, para que elas consigam retratar uma média territorial, e chegando aos cálculos médios ponderados.

Trata-se de um trabalho respeitado e chancelado tanto pelo poder público quanto pelo poder privado. E isso acaba concedendo uma segurança para que as informações sejam utilizadas em diversas situações, incluindo as concessionárias que querem vender veículos seminovos ou usados, as instituições seguradoras, o governo para cobrança de impostos, dentre outros.

E os próprios bancos e as financeiras também acabam utilizando a tabela Fipe como base de dados para definir os critérios aplicados na liberação dos financiamentos, interferindo também nos valores de juros e taxas aplicadas, bem como a disponibilização do próprio crédito.

Como a tabela Fipe interfere nos financiamentos de veículos?

A partir do momento que uma pessoa decide comprar veículos, normalmente o primeiro passo é fazer uma pesquisa nas concessionárias e agências que vendem os mesmos. Caso o carro seja seminovo ou usado, existem tanto os anúncios pessoais como os profissionais, sendo este segundo feito por uma empresa que adquire os direitos da revenda de um determinado carro, por exemplo.

Quando a compra é feita através das agências ou concessionárias, por exemplo, normalmente o cliente encontra a opção de financiamento. Essa operação de crédito acaba sendo viabilizada através de uma parceria com o banco ou com a financeira escolhida.

Tabela Fipe

De uma forma simplificada, funciona da seguinte maneira: o concessionário vende o veículo para o cliente, que assina um compromisso financeiro com o banco, que repassa o valor do carro para o vendedor e passa a cobrar pelo crédito do comprador, em parcelas, de acordo com o contrato. Nestas parcelas incidem valores de juros e taxas. E o banco ou a financeira passa a ter direitos sobre o veículo caso o comprador não pague as parcelas, em uma operação chamada alienação fiduciária.

A tabela Fipe acaba sendo utilizada por estes bancos e financeiras justamente para que elas consigam determinar o valor de mercado do veículo que está sendo financiado, que deve ser levado em consideração justamente pelo fato do bem estar alienado e ser utilizado como a própria garantia do pagamento.

Além disso, outras informações importantes também acabam sendo definidas a partir dos dados da tabela, como o risco do empréstimo, que pode acabar fazendo com que um determinado crédito seja mais caro ou mais barato.

A própria porcentagem do financiamento também acaba tendo uma interferência dos dados de ferramentas consolidadas de pesquisa de mercado, como a tabela Fipe. As instituições bancárias sempre definem um valor máximo do veículo que poderá ser financiado, o que acaba exigindo, em muitos casos, que o comprador tenha uma quantia financeira para ser dada como entrada.

Um valor médio utilizado como referência é de que o financiamento aconteça, no máximo, em 80% do valor definido pela tabela Fipe para o veículo em questão. Ou seja, o consumidor, em muitos casos, precisa dar 20% de entrada da tabela Fipe, e mais qualquer valor que esteja sendo cobrado acima disso.