É verdade que o momento está longe de ser festivo no setor automotivo. Mas, entre as fabricantes do segmento premium, a Audi é a que mais tem motivos para comemorar. A marca alemã, que retomou no ano passado sua linha de produção no Brasil, foi a que mais emplacou unidades neste mercado de luxo no país. No total, foram registradas 6.034 vendas e, entre elas, o carro mais comercializado foi o Audi A3 sedã, com 2.068 emplacamentos. Na gama do três volumes, nacionalizado em setembro do ano passado, destaca-se a configuração intermediária Ambiente, que mescla boa dose de emoção com seu propulsor 1.4 turbo flex e uma lista de itens de série que, apesar de não chamar tanta atenção, entrega o que se espera de um automóvel com vocação familiar.
Com a fabricação nacional, o Audi A3 ganhou pacotes de opcionais mais completos e todos ficam disponíveis na versão Ambiente. Em geral, os itens de série se mantiveram os mesmos do modelo que era anteriormente importado. Mas o trem de força passou por alterações significativas. O motor 1.4 litro TFSI – turbo de injeção direta – passou a ser flex e produzido na unidade de motores da Volkswagen em São Carlos, interior de São Paulo. Trata-se do mesmo propulsor que equipa o Golf nacional, que com a adoção de um novo cabeçote, com comando variável tanto na admissão quanto no escape, passou a render 150 cv de potência no lugar dos 122 cv do propulsor húngaro usado antes.
O torque também subiu: foi de 20,4 para 25,5 kgfm, um acréscimo de 25%. Além disso, o câmbio foi trocado. Saiu o S-tronic com dupla embreagem e sete velocidades, substituído pela transmissão automática Tiptronic, de seis marchas. As mudanças chegaram ainda à suspensão traseira. A multilink, que equipava o A3 sedã importado, ficou reservada apenas para a topo de linha Ambition, movido pelo motor 2.0 TFSI de 220 cv, trazido da Alemanha. Na Ambiente e na de entrada Attraction, passa a ser por eixo de torção.
De série, a Ambiente traz a mais que a Attractive rodas de 17 polegadas – em vez de 16 –, sensor de luz e chuva e volante multifuncional com shift paddles. Na verdade, é na disponibilidade de pacotes opcionais que elas se diferenciam, já que a Attraction tem apenas a pintura metálica e o rádio MMI Plus, com navegador, disponíveis na lista. Ar-condicionado manual, trio e direção elétricos, sete airbags, faróis bixênon, controle de estabilidade, sistema multimídia com tela de 5,8 polegadas e sistema start/stop são comuns às duas.
Quem opta pela configuração intermediária conta ainda com a possibilidade de inserir no pacote teto solar, revestimentos em couro sintético, controle de cruzeiro, câmara de ré, controle de cruzeiro adaptativo, sistema de estacionamento automático, comutador automático de farol alto e keyless para partida e travas. Completo, o A3 sedã chega a R$ 165.990. Isso sem contar a pintura metálica ou perolizada, que adiciona R$ 1.500 à conta final.
Ponto a ponto
Desempenho – O A3 acelera com bastante vigor. O 1.4 turbo flex é extremamente bem disposto e empurra o três volumes de 1.240 kg com uma vitalidade impressionante. O torque máximo de 25,5 kgfm está disponível já a partir das 1.500 rpm e se mantém pleno até os 5.500 giros. Ou seja, o A3 se sai bem tanto em tráfego urbano, nas arrancadas, quanto na estrada, em retomadas e ultrapassagens. Nota 9.
Estabilidade – A suspensão é macia e bem adaptada aos desníveis do solo nacional. Embora perca um pouco da verve esportiva com o sistema de eixo de torção na traseira, ganha em resistência e apresenta um comportamento neutro em curvas que transmite segurança a quem conduz. Dificilmente é necessária a ajuda dos sistemas eletrônicos de segurança. Nota 9.
Interatividade – A visibilidade é boa em todos os lados e os comandos ficam localizados em espaços de fácil acesso. A central multimídia, no entanto, não tem tela sensível ao toque. O painel de instrumentos e o display central têm leitura simples e reúnem informações do computador de bordo e de som. A transmissão automática de seis marchas tem aletas no volante, para trocas manuais. Nota 9.
Consumo – O InMetro registrou 7,8/9,9 km/l de etanol e 12/14 km/l de gasolina na cidade/estrada, com consumo energético de 1,72 MJ/km. Antes da recalibração do motor de 122 cv para 150 cv, esse índice era de 2,06 MJ/km. Os números renderam nota A no segmento e B na geral, com direito ao Selo Conpet de Eficiência Energética fornecido pelo órgão. Nota 9.
Conforto – O espaço não chega a ser farto, mas quatro pessoas viajam sem grandes problemas. Um quinto até cabe, mas compromete o conforto dos passageiros de trás. Os bancos têm boa densidade e recebem bem os ocupantes. A suspensão facilita a vida a bordo, absorvendo com eficiência os impactos da buraqueira brasileira. Nota 8.
Tecnologia – A plataforma modular MQB é nova, de 2012, e usa materiais nobres e chapas de aço mais finas na carroceria. O motor 1.4 turbo, além de moderno, passou por ajustes recentemente para subir dos 122 cv para 150 cv. A lista de itens de série do A3 sedã contempla bons itens de segurança e conforto para um sedã de entrada, mas não há luxos. O ar-condicionado, por exemplo, é analógico. Nota 8.
Habitabilidade – Há bons espaços para guardar celular, chave, carteira e outros objetos. O acesso aos bancos dianteiros e traseiros é tranquilo, graças ao bom ângulo de abertura das portas. O porta-malas de 425 litros é compatível com a categoria. Nota 8.
Acabamento – Por ser um modelo de marca premium, já era de se esperar um acabamento acima do padrão encontrado nos sedãs médios das marcas genéricas. No entanto, não há uma boa dose de requinte no habitáculo e percebe-se facilmente que se trata do sedã de entrada da Audi. De qualquer forma, os materiais são visivelmente de boa qualidade, têm um toque agradável e o ambiente é sóbrio. Nota 7.
Design – Tudo é bem harmônico no desenho do A3 sedã, inclusive a mistura de sua forma clássica com elementos que reforçam uma imagem moderna e esportiva. O faróis e lanternas com luzes de leds se destacam, assim como as vistosas rodas de 17 polegadas da versão intermediária do modelo. Mesmo em uma tonalidade discreta como a branca, da unidade avaliada, é difícil passar sem ser notado a bordo de um A3. Nota 8.
Custo/benefício – O Audi A3 sedã Ambiente começa em R$ 117.990, mas seus pacotes de opcionais elevam demais seu preço final. Teto solar e bancos em couro custam R$ 14 mil. Rádio MMI Plus com GPS exige mais R$ 14 mil e um pacote que engloba controle de cruzeiro e sensores de estacionamento com câmara de ré sai a R$ 10.500. No lugar deste último, pode-se optar por um kit com alerta de troca de faixa, assistente de luz alta, estacionamento automático com câmara de ré, controle de cruzeiro adaptativo, computador de bordo com display colorido e partida do motor e acesso ao carro sem o uso da chave, por R$ 20 mil – neste caso, completo, o A3 Ambiente custa R$ 165.990. Sem opcionais, o recheio do A3 deixa a desejar diante de sedãs médios de marcas generalistas em suas configurações de topo, que custam bem menos. Completo, resulta em uma conta exagerada demais para um três volumes 1.4 desse tamanho. Nota 5.
Total – O Audi A3 sedã Ambiente 1.4 somou 80 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
O Audi A3 sedã não chega a ser um carro chamativo. Mas seu visual, que mistura traços clássicos da marca com charmosos e modernos faróis e lanternas de leds, criam uma primeira impressão agradável. Na versão 1.4 Ambiente, as rodas de liga leve com 17 polegadas e cinco raios se juntam aos vincos protuberantes e transmitem uma ideia de esportividade já característica dos modelos da marca alemã. E que faz jus ao trem de força.
O motor 1.4 turboflex entrega 150 cv e 25,5 kgfm de torque, este último já disponível a partir de 1.500 rpm e intacto até 5.500 giros. Isso se traduz em arrancadas de fazer inveja na categoria de sedãs médios e que instigam o motorista a pisar cada vez mais forte no pedal do acelerador. Ultrapassagens e retomadas são sempre eficientes, já que seu torque máximo é pleno em praticamente toda a faixa de uso.
Em retas ou caminhos mais sinuosos, a estabilidade é constante. Mesmo quando se exige um pouco mais do carro, o A3 sedã 1.4 parece andar sobre trilhos e a sensação de segurança é constante. E o ajuste da suspensão nem chega a ser o mais firme, já que ela consegue absorver com certa eficiência as imperfeições do asfalto brasileiro. Dificilmente o controle eletrônico de estabilidade se mostra necessário.
O espaço interno é dos maisfolgados, mas também não provoca apertos. O barulho do motor não invade gratuitamente a cabine – só se faz presente mesmo quando o acelerador é pressionado com vontade, ou seja, momentos em que normalmente se espera uma reação sonora mais instigante dos automóveis esportivos. Chama a atenção o pouco gasto de combustível, comprovado inclusive na aferição do InMetro. Para isso, contribui o sistema start/stop, que desliga o motor quando o pedal do freio é acionado em pequenas paradas. É claro que quem opta por um modelo esportivo não prioriza, necessariamente, a redução no gasto com combustível. Quem não se preocupa tanto em aliviar o bolso pode se sentir menos responsável pela emissão de poluentes no meio ambiente.
Ficha técnica
Audi A3 sedã 1.4 Ambiente
Motor | Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.395 cm³, quatro cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro. Injeção direta de combustível, turbocompressor e comando variável de válvulas na admissão e no escape. |
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Transmissão | Câmbio automático de seis velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração. |
Potência máxima | 150 cv entre 4.500 e 5.500 rpm com gasolina e etanol. |
Aceleração 0 a 100 km/h | 8,8 segundos |
Velocidade máxima | 215 km/h |
Torque máximo | 25,5 kgfm entre 1.500 e 5.500 rpm com gasolina e etanol. |
Diâmetro e curso | 74,5 mm X 80,0 mm |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Suspensão | Dianteira independente do tipo McPherson, com triângulos inferiores e barra estabilizadora, apoiada em subchassi em alumínio. Traseira por eixo de torção. Oferece controle eletrônico de estabilidade. |
Pneus | 225/45 R17. |
Freios | Discos ventilados na frente e sólidos atrás. |
Carroceria | Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,46 metros de comprimento, 1,80 m de largura, 1,41 m de altura e 2,64 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho. |
Peso | 1.240 kg. |
Capacidade do porta-malas | 425 litros. |
Tanque de combustível | 50 litros. |
Produção | São José dos Pinhais, Paraná |
Itens de série | ar-condicionado, direção eletromecânica, faróis bi-xenônio com ajuste automático de altura e lavadores, lanternas de leds, sensor de estacionamento traseiro, bancos dianteiros com ajuste de altura, volante multifuncional e alavanca de câmbio revestidos em couro, vidros laterais e traseiro com isolamento térmico, trio elétrico, sistema start/stop, rádio MMI, computador de bordo, freio de estacionamento eletromecânico, rodas de alumínio de 17 polegadas, sensores de luz e chuva e shift paddles. |
Preço | R$ 117.990. |
Opcionais | Rádio MMI plus com sistema de navegação, bancos de couro sintético, teto solar panorâmico, controle de velocidade de cruzeiro, sensores de estacionamento dianteiro, câmara de ré, alerta de mudança de faixa, assistente para luz alta, sistema de estacionamento automático, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, computador de bordo com tela colorida e chave presencial |
Preço completo | R$ 165.990 |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias