Ao longo de duas décadas, a Chevrolet S10 garantiu a liderança entre as picapes médias no Brasil. A folga era tamanha que dava até para se acomodar no segmento, sem grandes novidades nos intervalos entre os lançamentos de suas gerações. Mas depois que posto foi tomado pela Toyota Hilux, no fim de 2015, a marca norte-americana não perdeu tempo. Promoveu uma reestilização que incluiu novo recheio tecnológico e, em abril último, apostou em uma configuração inédita de trem de força na busca por mais emplacamentos: motor flex 2.5 com tração 4X4 e transmissão automática de seis marchas. Disponibilizada nas versões LT e LTZ, é nesta última que o modelo compete diretamente com a única variante 4X4 flex de sua principal rival, a SRV.
Historicamente a Chevrolet S10 tem uma relação pessoal com a motorização flex. Foi ela própria quem inaugurou esse tipo de propulsor em picapes brasileiras, em 2007. Hoje, mais de 50% de sua participação atual de mercado está nesse nicho, que emplacou mais de 200 mil unidades em 10 anos. Daí a atenção especial para uma opção de veículo que, além da motorização mais barata, está apto também para o off-road. Outra novidade, também herdada das configurações diesel, é a partida remota do motor pela chave, que permite climatizar a cabine antes dos ocupantes entrarem.
O motor 2.5 com injeção direta de combustível rende 206 cv a 6 mil rpm e 27,3 kgfm de torque a 4.400 giros, com etanol. Além disso, a transmissão automática de seis velocidades traz tecnologia Clutch to Clutch que, segundo a marca, deixa o câmbio com agilidade semelhante à de um automatizado de dupla embreagem – que proporciona maior esportividade pela rapidez nas trocas. Esta transmissão usa o mesmo hardware da versão diesel automática, mas recebe uma programação específica.
O preço é convidativo, diante do que o mercado oferece. São R$ 130.990, contra os R$ 134.410 pedidos pela Toyota Hilux SRV 4X4 automática. Isso com uma lista de itens de série digna de um SUV médio. Há direção elétrica progressiva, alerta de colisão frontal e de saída de faixa, assistente de partida em rampa, controle eletrônico de estabilidade e tração e iluminação em leds atrás e na frente. O banco do motorista da versão LTZ traz ainda ajustes elétricios e o sistema OnStar vem com o pacote mais completo da marca, o Exclusive. A central multimídia, além de tela sensível ao toque de oito polegadas, tem Andoid Auto e Apple Car Play e traz até GPS embarcado.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 2.5 flex de 206 cv e 27,3 kgfm até se sai bem ao movimentar as quase duas toneladas da S10 LTZ flex 4X4 automática. O casamento entre motor e o câmbio automático de seis velocidades resulta em uma boa dirigibilidade tanto na cidade quanto na estrada, mas convém não esperar esportividade deste utilitário com caçamba. O torque máximo, por exemplo, só dá as caras em altos 4.400 giros. Nota 7.
Estabilidade – Como se espera de um carro desse porte, as rolagens de carroceria aparecem em curvas mais fechadas – o que é normal – e se acentua com a caçamba vazia. Mas há controle eletrônico de estabilidade, que ajuda a manter tudo em ordem caso ocorra algum excesso. Nota 7.
Interatividade – Foi-se o tempo em que as picapes médias eram pensadas para cumprirem uma vocação profissional. O interior mais parece o de um carro de passeio, com comandos em locais de fácil acesso e central multimídia MyLink com tela sensível ao toque. O volante multifuncional e a transmissão automática, adotada recentemente, facilitam a vida do motorista – principalmente nos grandes centros urbanos. Nota 8.
Consumo – No Programa de Etiquetagem do InMetro, a S10 LTZ 4X4 flex automática teve médias de 5,0/6,2 km/l com etanol na cidade/estrada e 7,4/9,0 km/l abastecida com gasolina, nas mesmas condições. O resultado lhe rendeu nota B na categoria e nota D no geral. Nota 6.
Conforto – O espaço interno é muito bom, como em todas as picapes médias atuais. Motorista e passageiros das primeiras fileiras de bancos viajam bem, sem precisarem se apertar para melhorar a acomodação dos ocupantes traseiros. O bom isolamento acústico torna o carro silencioso e agradável de conviver. Nota 8.
Tecnologia – O veículo é bem recheado de tecnologia. Entre outros itens, há direção elétrica progressiva, alerta de colisão frontal, alerta de saída de faixa, assistente de partida em rampa, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis e lanternas com leds, banco do motorista com ajustes elétricos, sistema OnStar e central multimídia. Nota 8.
Habitabilidade – Há diversos porta-trecos para guardar celular, chave, carteira e outros objetos no interior do veículo. O acesso ao habitáculo é favorecido pelas grandes portas e a caçamba tem 1,53 metros de largura. Nota 8.
Acabamento – O interior da S10 LTZ 4X4 flex automática mistura a tradicional robustez aparente do modelo com alguns suaves toques de sofisticação. Há couro nos revestimentos – inclusive no painel – e, embora os plásticos rígidos estejam presentes, muitas superfícies são de tato agradável. Nota 8.
Design – A nova identidade da marca trouxe ao visual dianteiro da S10 mais imponência. As luzes diurnas de leds são incorporadas ao farol e deixam o carro com visual agressivo. Essa impressão é reforçada também pelas rodas de 18 polegadas, com interior escurecido. Nota 8.
Custo/benefício – A Chevrolet S10 LTZ 4X4 2.5 flex automática custa R$ 130.990. Uma Toyota Hilux SRV 4x4 automática, sua principal concorrente, sai a R$ 134.410. Uma diferença pequena para a faixa de preço. Nota 7.
Total – A Chevrolet S10 LTZ 4X4 flex automática somou 75 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
O visual da Chevrolet S10 LTZ 4X4 flex automática mistura robustez com pitadas de agressividade na sua dianteira e inspira certa esportividade. Mas é fato que não há como se esperar um comportamento dinâmico deste porte de uma picape média, principalmente com motorização flex. Mas isso não significa que a configuração explicite apenas uma vocação profissional: a S10, nessa variante, se revela um excelente veículo familiar – pelo menos para quem não se importa em trocar um porta-malas por uma expressiva caçamba.
A lista de itens de série traz diversas comodidades para os passageiros e garante a segurança a bordo. A começar pela central multimídia, com tela sensível ao toque e boa interatividade com smartphones Android e IOS. O motorista tem ajustes elétricos no banco, o que facilita encontrar a melhor posição de dirigir. Alerta de colisão frontal e de saída de faixa ampliam a sensação de segurança e o sistema OnStar é mais um trunfo na hora de conquistar novos clientes, com serviços de concierge e demais funções.
Impressiona a atuação da nova direção elétrica do modelo. Nem parece se tratar de um automóvel com mais de 5 metros de comprimento e quase duas toneladas – são 1.934 kg. Mesmo assim, quando se pisa fundo no acelerador e a velocidade sobe, o volante ganha peso suficiente para transmitir segurança ao condutor.
O trem de força entrega retomadas consistentes e ultrapassagens seguras, embora não esbanje vigor. Não chega a faltar força – pelo menos diante de um caminho plano –, mas também não sobra. O isolamento acústico é bom e o comportamento da picape é equilibrado, embora as rolagens de carroceria apareçam em curvas mais fechadas. Apesar de contar com controle eletrônico de estabilidade, convém não abusar.
Ficha técnica
Chevrolet S10 LTZ 4X4 flex automática
Motor | Gasolina e etanol, dianteiro, longitudinal, 2.457 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, duplo comando variável de válvulas no cabeçote. Injeção direta de combustível |
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Transmissão | Câmbio automático com seis marchas à frente e uma a ré. Tração traseira com acoplamento de 4X4. Oferece controle eletrônico de tração |
Potência máxima | 197 cv a 6.300 rpm com gasolina e 206 cv a 6 mil rpm com etanol |
Torque | 26,3 kgfm com gasolina e 27,3 kgfm com etanol a 4.400 rpm |
Diâmetro e curso | 88 mm X 101 mm |
Taxa de compressão | 11,2:1 |
Suspensão | Dianteira independente com braços articulados, molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados. Traseira com feixe de molas semielípticas de dois estágios e amortecedores hidráulicos e pressurizados. Oferece controle de estabilidade |
Pneus | 265/60 R18 |
Freios | Dianteiros por discos ventilados e traseiros a tambor. ABS com EBD de série |
Carroceria | Picape cabine dupla montada sobre longarinas com quatro portas e cinco lugares. 5,41 metros de comprimento, 1,87 m de largura, 1,78 m de altura e 3,10 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais de série |
Peso | 1.934 kg |
Capacidade de carga | 816 kg |
Tanque de combustível | 76 litros |
Produção | São José dos Campos, Brasil |
Lançamento da geração no Brasil | 2012 |
Face-lift | 2015 |
Preço | R$ 130.990 |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/CZN