• Galeria: Foto 1 de 5
    Galeria: Foto 1 de 5
  • Galeria: Foto 2 de 5
    Galeria: Foto 2 de 5
  • Galeria: Foto 3 de 5
    Galeria: Foto 3 de 5
  • Galeria: Foto 4 de 5
    Galeria: Foto 4 de 5
  • Galeria: Foto 5 de 5
    Galeria: Foto 5 de 5

O mercado brasileiro demorou a responder à demanda pelos utilitários compactos. Criado em 2004, o pioneiro Ford EcoSport foi um sucesso de vendas instantâneo. Mas só começou a ser importunado de verdade sete anos depois, com a chegada do Renault Duster, em outubro de 2011. Atualmente, essa dupla segue incólume no mercado brasileiro. Tal cenário deve mudar um pouco com a chegada de um terceiro player: o Chevrolet Tracker. A marca norte-americana optou por trazer do México uma versão mais requintada – e mais cara – para brigar. O modelo desembarca por aqui somente na variante “top” LTZ, por iniciais R$ 71.990.

O preço elevado explica porque os planos da Chevrolet são tão conservadores em relação à introdução do Tracker no Brasil. Esse ano, a marca se programou e fez uma pequena poupança nas cotas de importação para vender 1.800 unidades por mês do carro. Em 2014, com a normalização do processo, prevê vendas mensais entre 800 e 1.000 unidades. Números que não chegam nem perto da média mensal do EcoSport em 2013, que beira os 6.000 veículos. A quantidade também fica abaixo dos 3.500 Duster mensais comercializados até aqui. A competição com os rivais poderia esquentar mesmo com uma versão intermediária do Tracker– LT – com câmbio manual. Isso porque as configurações topo de linha de EcoSport e Duster não chegam nem perto de ser as campeãs de vendas. O mercado brasileiro tradicionalmente tenta aliar um bom recheio com um preço mais competitivo. Mas uma configuração mais barata do Tracker não está nos planos da GM, ao menos por enquanto. Produção nacional, por outro lado, não está descartada.

Para justificar a etiqueta de preço, a marca norte-americana encheu o jipinho de equipamentos, mas sem surpresas. Além de airbags frontais duplos e ABS, ele vem com o já conhecido e difundido sistema multimídia My Link com GPS integrado. O dispositivo tem uma tela LCD de sete polegadas sensível ao toque que reproduz fotos, vídeos, músicas, aplicativos de smartphones, além de fazer ligações pelo celular via Bluetooth. À parte de todas estas funcionalidades, o sistema vem com rádio AM/FM com leitor de áudio para arquivos MP3/WMA. Completam os equipamentos de série: câmera de ré com sensor de estacionamento traseiro, bancos de couro e volante multifuncional. A Chevrolet ainda disponibiliza alguns opcionais, como airbags laterais e de cortina – totalizando seis – e teto solar elétrico. Completo, o Tracker chega a R$ 75.990.

Tracker usa a famosa grade bi-partida da Chevrolet

Apesar ser um modelo totalmente novo, a marca norte-americana optou pela manutenção do nome Tracker, usado anteriormente por um jipinho baseado no Suzuki Grand Vitara com o característico emblema da gravata – e que foi descontinuado em 2010. Desenvolvido na Coreia do Sul, o Tracker é um carro global. Na Europa, o SUV é conhecido como Trax, mas também é vendido como Buick Encore e Opel Mokka. A plataforma também é conhecida. Trata-se da GSV – Global Small Vehicle – que é usada no Sonic, Cobalt, Spin, Onix e Prisma. Com essa arquitetura, o comprimento do Tracker é bem parecido com a de um hatch compacto – 4,28 metros. São 1,77 m de largura, 1,64 m de altura e 2,54 m de distância entre-eixos.

No design, o Tracker expressa bem a nova linguagem visual dos carros da fabricante norte-americana, de aspecto um tanto bruto. A grade dianteira é bipartida e adornada pela gravata dourada. Os para-lamas são pronunciados e os arcos das rodas são robustos, marcando a linha de cintura alta do carro. Os faróis invadem o capô e parte da lateral do SUV, assim como as lanternas na traseira. O minispoiler completa o desenho do jipinho.

A parte mecânica do novo utilitário compacto também já é conhecida dos brasileiros. O Tracker é empurrado pelo motor 1.8 litro flex que rende até 144 cv a 6.300 rpm e 18,9 kgfm de torque a 3.800 giros – performance máxima sempre com etanol. O propulsor é o mesmo que equipa as versões hatch e sedã do Cruze. E como a versão LTZ também funciona como uma vitrine tecnológica para a fabricante, o SUV traz uma transmissão automática de seis velocidades. O câmbio é chamado de GF6 e está em sua segunda geração, que estreou esse ano no Onix e Prisma. Trocas manuais, só por meio de botões na alavanca.

Traseira lembra o desenho da Captiva

Ponto a ponto

Desempenho – Os 144 cv gerados pelo motor 1.8 litro Ecotec bastam para empurrar bem o Tracker. O câmbio automático de seis relações trabalha em harmonia com o propulsor. As trocas são suaves e sem solavancos. Dados de desempenho do Tracker apontam para um zero a 100 km/h em 11,5 segundos com etanol e velocidade máxima de 189 km/h. Bem decente para o segmento. Nota 8.

Estabilidade – O Tracker aparentemente não sente muita falta dos controles eletrônicos de estabilidade ou tração. Apesar de ser um SUV, a tocada é quase de um hatch. Em curvas fechadas, o modelo se mantém estável. E, mesmo em velocidades altas, o Tracker não flutua. Nota 8.

Interatividade – É fácil se adaptar ao Tracker. Os comandos vitais estão bem localizados e o por meio do volante é possível controlar o dispositivo multimídia, que é de simples compreensão e manuseio. A transmissão tem opção de trocas manuais, porém, o botão tipo gangorra se situa na própria alavanca – um lugar pouco ergonômico. Nota 8.

Consumo – O InMetro não fez medições nos veículos da Chevrolet. O computador de bordo apontou uma média elevada de 6,8 km/l em ciclo urbano e 8,8 km/l na estrada – com etanol. Nota 5.

Tracker - Interior

Conforto – Apesar de ter dimensões pouco mais generosas que um hatch compacto, o Tracker é espaçoso. O conceito dual cockpit garante uma boa convivência dos ocupantes. Os bancos de couro trazem apoios laterais e ajuste elétrico da lombar, que são bem-vindos. O ajuste da suspensão é rígido, mas não compromete a boa vida a bordo. Apenas o barulho no habitáculo atrapalha um pouco – o isolamento acústico poderia ser melhor. Nota 8.

Tecnologia – A plataforma GSV é bem recente, inaugurada em 2011 no Sonic e fornece ótimo conforto e espaço interno. Quanto aos equipamentos, a Chevrolet seguiu a lógica e deu ao jipinho o agora “popular” sistema multimídia My Link – já presente em quase todos os carros da gama da marca. Ar-condicionado digital e borboletas no volante para mudar manualmente as marchas fariam bem ao modelo. Nota 8.

Habitabilidade – O bom ângulo de abertura das portas facilita a entrada no veículo. A posição de dirigir é alta, mas facilmente encontrada com as regulagens do banco e de altura e profundidade do volante. Para quem gosta de porta-objetos o Tracker é o carro. São 25 deles espalhados no interior, além de dois porta-luvas. O ponto fraco em termos de habitabilidade é o porta-malas, de apenas 306 litros. Nota 8.

Acabamento – O interior do Tracker é simples, mas feito com atenção. Apesar da profusão de plásticos rígidos, eles têm encaixes precisos e sem rebarbas aparentes. A pintura em duas cores do pacote adicional dá um ar mais requintado ao utilitário. Na carroceria, as maçanetas, friso traseiro e o contorno do farol de neblina são cromados. Nota 7.

Detalhe da lanterna traseira

Design – Um dos pontos fortes do modelo. A Chevrolet combinou a fluidez do desenho com uma dose generosa de robustez. O destaque fica para as caixas de rodas, que dão um aspecto musculoso ao pequeno SUV. A superfície do capô tem um vinco central sutil e os para-choques são pronunciados. Nota 9.

Custo/benefício – O Tracker LTZ chega para competir com as versões mais caras do EcoSport e Duster – Titanium Powershift e Tech Road, respectivamente. Os iniciais R$ 71.990 do utilitário da Chevrolet se aproximam do cobrado pela Ford e seu SUV topo de linha: R$ 72.680. A diferença é que o Tracker não oferece 4X4 e nem controles eletrônicos de estabilidade e tração – itens de série do Eco. Já a briga com Duster Tech Road é mais desnivelada. A marca francesa pede R$ 63.840 pelo modelo – diferença de mais de R$ 9 mil. Joga a favor do Tracker a transmissão automática de seis marchas contra o limitado câmbio de quatro velocidades do Duster. Mesmo assim, o valor cobrado pelo Tracker é alto. Nota 6.

Total – O Chevrolet Tracker somou 75 pontos em 100 possíveis.

Vídeo

Veja de perto os detalhes e recursos da nova SUV da GM:

Primeiras impressões

Urbanidade intrínseca

O Chevrolet Tracker oferece um bom conteúdo em pequeno frasco. A primeira vista, o utilitário da marca norte-americana até se mostra robusto, mas passa a sensação de ser pequeno. Só impressão. Por dentro, o modelo garante um bom espaço com o conceito “dual cockpit” da cabine. Na parte de trás, dois adultos viajam tranquilamente. A entrada de um terceiro ocupante tende a ficar desconfortável para todos os presentes. Numerosos mesmos são os porta-objetos. Há 25  distribuídos no modelo entre porta-copos, óculos, além de uma gaveta embaixo do banco do passageiro. Existem também dois porta-luvas.

O Tracker peca no isolamento acústico – o que não chega a ser imperdoável nesse segmento. O barulho do motor invade a cabine já em baixas rotações e aos 30 km/h. Com os giros mais altos e acima dos 100 km/h, o som do ótimo sistema My Link fica como pano de fundo do ostensivo rosnado do propulsor

Dinamicante, o novo utilitário compacto da Chevrolet não faz feio. O motor 1.8 litro de 144 cv tira o jipinho, que pesa quase 1.400 kg, da inércia sem fazer esforço. Muito graças aos 90% de torque disponíveis já a 2.200 rpm. A transmissão automática de seis velocidades é suave e executa as trocas sem trancos e nos momentos adequados – de redução e mais aceleração. As mudanças de marcha podem ser feitas manualmente pelo polegar no botão na alavanca de câmbio – que, por sinal, é mal localizado.

Apesar de ser um SUV, o Tracker tem boa rigidez torcional e vai bem nas curvas. As dimensões do carro fazem o comportamento quase de um hatch, bastante neutro. Acima dos 150 km/h a sensação de segurança é a mesma dos 80 km/h, com percepção de pleno equilíbrio do modelo. A suspensão tem calibração firme, mas absorveu bem as irregularidades propositais da pista de testes da GM. Mesmo com o Tracker sendo um carro global, o componente passou por uma “abrasileirada” para enfrentar as normalmente lamentáveis estradas e ruas nacionais.

Tracker - Visão Lateral

Ficha técnica - Chevrolet Tracker LTZ

Motor: Bicombustível, dianteiro, transversal, 1.796 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando variável nas válvulas de admissão e escape e duto de admissão de dupla geometria. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.

Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.

Potência máxima: 144 cv a 6.300 rpm (etanol).

Torque máximo: 18,4 kgfm a 3.800 rpm (etanol).

Diâmetro e curso: 80,5 mm X 88,2 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.

Motorização do Tracker - Mesmo do Cruze

Suspensão dianteira: Independente McPherson, barra estabilizadora, amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados a gás.

Suspensão traseira: Semi-independente com eixo de torsão, amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados a gás.

Pneus: 215/55 R18.

Freios: Discos dianteiros ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS com EBD.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,24 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,64 m de altura e 2,54 m de distância entre- eixos. Oferece airbags frontais de série.

Peso: 1.390 kg.

Capacidade do porta-malas: 306 litros.

Tanque de combustível: 53 litros.

Produção: San Luís Potosí, México.

Equipamentos: Airbags frontais duplos, freios ABS com EBD, ar-condicionado, sistema My Link com entradas USB, iPod e Bluetooth, volante com revestimento em couro e comandos do som e computador de bordo, trio elétrico, faróis de neblina, controlador de velocidade de cruzeiro, fixação Isofix para cadeirinhas infantis e chave canivete.

Preço: R$ 71.990

Opcionais: Airbags laterais, do tipo cortina, teto solar elétrico e interior em dois tons

Preço completo: R$ 75.490

Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Raphael Panaro/Carta Z Notícias