O Fiat Punto caminha na linha da diversidade. As versões Attractive e Essence – campeãs de venda — são conservadoras visualmente e trazem sob o capô motores “discretos”, como o 1.4 e o 1.6. Já as configurações BlackMotion e T-Jet exaltam a esportividade do hatch. A primeira tem o propulsor 1.8, mas a “roupagem” é igual a “top” turbinada T-Jet, a verdadeiramente esportiva, com 152 cv. No meio disso tudo, está a Sporting, que responde apenas por 5% do mix de vendas da gama – percentual semelhante à T-Jet. Mas ela traz um equilíbrio: não é tão espalhafatosa esteticamente, mas vem acompanhada do motor 1.8 16V.
O Punto não vive seus melhores dias. O modelo chegou a emplacar em 2012 – seu melhor ano de vendas – mais de 3.500 unidades por mês. Mas o segmento evoluiu. Peugeot 208, Citroën C3 e Ford Fiesta se renovaram completamente e diminuíram o “gap” para o modelo da Fiat. Hoje, na “onda” de queda geral do mercado brasileiro de automóveis, o Punto vende pouco mais de 2 mil carros mensalmente – menos que os 2.400 do C3 e quase empatado com o 208, que tem média de 1.900.
Umas das justificativas para receber o nome Sporting está debaixo do capô. A configuração é uma das que recebe o motor 1.8 litro. O conhecido propulsor da família E.torQ produz 130 cv quando abastecido com gasolina e chega a potência máxima de 132 cv com etanol – tudo a 5.250 rpm. Já o torque fica em 18,4 kgfm com gasolina e 18,9 kgfm com etanol – sempre a 4.500 rpm. Ele vem sempre associado à transmissão manual de cinco relações. O outro motivo seria o visual – embora a versão não tenha um apelo de design tão forte quanto as configurações acima. Traz pequenas diferenças para a de entrada Attractive e a Essence. Uma delas é a roda de liga de leve de 16 polegadas, que ganhou um novo desenho na linha 2015. A Fiat ainda inseriu pequenas saias laterais para não deixar o carro totalmente “órfão” de apetrechos estéticos.
No quesito tecnologia, o Punto Sporting traz itens de série interessantes como rádio CD/MP3 com entrada USB, volante em couro multifuncional, sensor de estacionamento e vidros elétricos traseiros. O preço inicial é de R$ 51.690. Requintes extras como câmbio automatizado, ar digital, retrovisor interno eletrocrômico, sensor crepuscular e de chuva, o sistema multimídia Blue&Me – que traz, entre outros, Bluetooth e comandos de voz –, teto solar elétrico Skydome e airbags laterais e de cortina estão disponíveis. Mas podem fazer a conta do hatch ultrapassar os R$ 65 mil.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 1.8 E.torQ empurra bem o Punto Sporting. O compacto mostra disposição em acelerações e retomadas, mas o hatch está um pouco longe da esportividade que o nome sugere. O conjunto mecânico até instiga uma tocada mais entusiasmada, mas não resulta em grandes emoções ao condutor. Nota 8.
Estabilidade – O Punto é um carro bem equilibrado. É capaz de seguir a direção apontada sem sustos e torcer dentro da normalidade prevista. A suspensão também executa o seu trabalho de forma eficiente com o bom controle de rolagem da carroceria. Nota 8.
Interatividade – O Punto Sporting é um carro bem simples de lidar. Os comandos mais importantes estão nos lugares certos e o volante tem ótima pegada. Achar a posição de dirigir também é uma tarefa fácil, pelos amplos ajustes de banco e volante. A versão testada tinha uma grande quantidade de opcionais, mas nem por isso o modelo se torna complicado. O teto solar abre e fecha rapidamente Talvez o único item que o condutor perca alguns minutos seja no sistema de som Blue&Me, tentando configurar o smartphone ao dispositivo. Nota 8.
Consumo – O InMetro não testou o Fiat Punto Sporting. E o computador de bordo não perdoou o motor 1.8 E.torQ e acusou média de 7,1 km/l – com gasolina – em trecho predominantemente urbano. Nota 5.
Conforto – O Punto é um carro aconchegante. Os bancos são revestidos parcialmente em couro – opcional – e recebem bem o corpo. A acústica isola quase todo o ruído proveniente, principalmente, do escapamento. Com o ar-condicionado digital – opcional — é possível regular a temperatura exata. A suspensão também é eficiente e filtra as irregularidades do piso e, ao mesmo tempo, oferece um bom comportamento dinâmico. Nota 8.
Tecnologia – O Punto Sporting vem com bons itens de série, como ar-condicionado, direção hidráulica, sinalização de frenagem de emergência e trio elétrico. Mas os dispositivos da moda são pagos à parte. Destaque para o teto solar Skydome, que é dividido entre dianteira e traseira, mas só na frente possui abertura elétrica. O sistema de som Blue&Me com Bluetooth é outro item que pode ser adquirido. Nota 7.
Habitabilidade – Apesar de compacto, há lugar para quatro adultos e a adição de um quinto elemento não provoca grandes apertos. O opcional teto solar Skydome cria uma maior sensação de espaço. Já os porta-objetos não são eficientes. Existe apenas um porta-copos na frente da alavanca de câmbio que pode receber itens pessoais. O compartimento acima das saídas de ar é pouco prático. O porta-malas leva 280 litros, bem de acordo com o segmento. Nota 7.
Acabamento – O Punto é um dos carros da Fiat com melhor finalização. Os plásticos pretos agradam visualmente e os encaixes demonstram qualidade na montagem. Nos painéis das portas, inclusive, há inserções de couro. Os bancos opcionalmente revestidos parcialmente em couro com o bordado “Sporting” também agregam valor à cabine. Para fechar, as pedaleiras de alumínio são vistosas. Nota 8.
Design – Tirando as discretas saias laterais e as rodas de 16 polegadas com desenho interessante, o Punto Sporting tem o visual de uma pacata versão Attractive ou Essence. Não que isso seja ruim. A pequena reestilização do hatch em 2012 de um novo fôlego ao carro que surgiu em 2007 no Brasil e que já agradava no design. Mas como uma versão que traz Sporting no nome, mais algumas alterações estéticas seriam bem-vindas. Nota 8.
Custo/benefício – O Punto rivaliza com os chamados hatches superiores, como Citroën C3, Peugeot 208, Hyundai HB20 e Ford Fiesta. A versão Sporting custa iniciais R$ 51.690 – BlackMotion e T-Jet são mais caras. A favor do modelo da Fiat está o motor 1.8 litro de 132 cv, enquanto os concorrentes são equipados com propulsores 1.5 ou 1.6 litro. Por outro lado, alguns rivais trazem dispositivos modernos como central multimídia com tela sensível ao toque com GPS integrado, luzes diurnas de leds, ar-condicionado digital dualzone e controles eletrônicos de tração e estabilidade por um valor bem parecido com o pedido pela marca italiana. Nota 6.
Total – O Fiat Punto Sporting somou 73 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
As credenciais implícitas na versão Sporting animam em um primeiro momento. Motor 1.8 litro, transmissão manual, peso relativamente baixo do carro e um nome sugestivo. Mas uma vez a bordo do hatch, o condutor pode chegar à conclusão que não é bem assim. Os 132 cv e 18,9 kgfm máximos até conferem boa agilidade ao hatch, com saídas de sinal vigorosas e retomadas robustas, porém não resulta em corpos pressionados com força contra os bancos ou mãos suadas por causa da adrenalina. Prova disso é que o zero a 100 km/h é cumprido em 9,6 segundos com etanol no tanque – o Hyundai HB20 com motor 1.6 litro de máximos 128 cv faz em 9,3 s.
Os engates do câmbio manual de cinco de marchas poderiam ser mais curtos e precisos para elevar a suposta esportividade do modelo. O fator que chega mais perto de carro genuinamente esportivos é “zumbido” que sai do escapamento. Ele começa logo ao girar ao chave e prossegue durante todo o funcionamento do carro – com destaque quando se pressiona o pedal da direita de forma mais incisiva. O ruído vicia e instiga o motorista sempre querer acelerar mais. Porém, em viagens mais longas, o barulho incomoda. Se o desempenho do Punto Sporting não é como o nome sugere, o comportamento dinâmico é de se elogiar. O conjunto suspensivo com calibração intermediária controla as adernações da carroceria e encara trechos sinuosos com dignidade, além de dar conforto no rodar pelas esburacadas ruas brasileiras.
Ficha técnica
Fiat Punto Sporting
Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.747 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Comando simples de válvulas no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência: 130 cv com gasolina e 132 cv com etanol a 5.250 rpm.
Torque máximo: 18,4 kgfm com gasolina e 18,9 kgfm com etanol a 4.500 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 9,9 s com gasolina e 9,6 s com etanol.
Velocidade máxima: 190 km/h com gasolina e 193 km/h com etanol.
Diâmetro e curso: 80,5 mm x 85,8 mm.
Taxa de compressão: 11,2:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços oscilantes fixados em subchassi e barra estabilizadora. Traseira com rodas semi-independentes, com barra de torção, barra estabilizadora integrada e amortecedores hidráulicos pressurizados.
Pneus: 195/55 R16.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS com EDB.
Carroceria: Hatch em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,06 metros de comprimento, 1,69 m de largura, 1,50 m de altura e 2,51 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série e laterais e de cortina como opcional.
Peso: 1.229 kg.
Capacidade do porta-malas: 280 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Betim, Brasil.
Lançamento no Brasil: 2007.
Reestilização: 2012.
Itens de série: rádio CD/MP3 integrado ao painel com entrada USB, volante em couro com comando de rádio, rodas de liga leve de 16 polegadas, sensor de estacionamento e vidros elétricos traseiros, sinalização de frenagem de emergência e duplo airbag e freios ABS.
Preço: R$ 51.690.
Opcionais: sistema multimídia Blue&Me com Bluetooth e comando de voz, sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico, teto solar, vidros elétricos traseiros com “one touch” e antiesmagamento, transmissão automatizada Dualogic Plus com DNA, ar-condicionado digital, sensor de luminosidade e chuva, retrovisor interno eletrocrômico, airbags laterais e de cortina, banco traseiro bipartido com apoia-braço central e bancos revestidos parcialmente em couro.
Preço completo: R$ 65.097.
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias