No Brasil, é comum alguns automóveis receberem versões diferenciadas. Geralmente, o principal intuito é aumentar a venda de um determinado veículo ao fornecer itens exclusivos e diferenciados das demais configurações – na maioria das vezes sem precisar alterar o conjunto mecânico. Entre esses exemplos, é possível citar o Chevrolet Onix na versão Effect, o Fiat Punto com os apetrechos visuais na configuração Sporting e o Hyundai HB20 também com apelo estético esportivo na variante Spicy. Na Ford, um exemplo fica por conta do Fiesta Sport. Apresentado no último Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro de 2014, o compacto tem o propósito de atrair consumidores pelo visual esportivo. Com esta variante para o hatch, a Ford tem a ambição de atingir 5% do share de vendas do modelo, o que resulta em 200 unidades por mês.
Com base na versão SE 1.6, o Fiesta Sport recebe rodas de liga leve aro 16 com desenho igual a da topo de linha Titanium, mas em tonalidade preta, assim como os retrovisores externos e grade frontal. Os faróis possuem máscara negra, e houve o acréscimo de saias dianteiras, laterais e traseiras na carroceria. O para-choque dianteiro conta com spoiler integrado e há um aerofólio na parte traseira do veículo. No interior, o modelo mantém as características da versão em que se baseia, e como novidade apresenta apenas as soleiras das portas com o emblema Sport. Como opcional, oferece bancos revestidos em couro – o preço varia de acordo com a concessionária.
Sobre o capô, é mantido o já conhecido motor Sigma 1.6 TiVCT Flex, capaz de gerar até 128/125 cv de potência quando abastecido com gasolina/etanol e de 16/15,8 kgfm de torque máximo. Ao contrário da versão SE 1.6, onde é possível ter o câmbio automatizado PowerShift de dupla embreagem e seis velocidades, o Fiesta Sport disponibiliza apenas o manual de cinco marchas.
O visual “invocado” do Fiesta Sport não altera seu desempenho, mas causa um aumento significativo de preço em relação à versão em que é baseado. Os apliques estéticos acrescentados no carro correspondem em um aumento de R$ 6.200, com valor final R$ 58.990. A configuração traz itens como ar-condicionado digital, direção e trio elétrico, comandos no volante e faróis de neblina. Na parte tecnológica, também inclui controle de estabilidade e tração, sistema de conectividade Sync com App Link – permite conexão do smartphone com a plataforma tecnológica. No campo da segurança, há airbag para motorista e passageiro e o serviço de assistência à emergência – que realiza ligação automática para o SAMU em caso de acidente com acionamento dos airbags ou vazamento de combustível.
Ponto a Ponto
Desempenho – O motor Sigma 1.6 TiVCT de 130/125 cv com gasolina/etanol do Fiesta Sport demora um pouco para responder às pisadas no acelerador. Porém, o modelo não é bobo. As retomadas são boas e o carro começa a ganhar mais vigor com a subida do conta-giros, principalmente a partir dos 3.500 rpm. A partir daí, a sensação de condução esportiva aumenta. Nota 8.
Estabilidade – O hatch esportivo se sai bem nas curvas. A suspensão é bem ajustada, e mesmo em velocidades mais altas, o carro passa a sensação de estar sempre na mão. Se o condutor exagerar em algum momento, o controle de estabilidade e tração está lá para corrigir qualquer deslize. Nota 8.
Interatividade – Todos os comandos do Fiesta Sport são de fácil manuseio e bem localizados. O sistema Sync, embora possua diversas teclas, não tem nenhum mistério. O som é de boa qualidade e possui comandos no volante. Os engates de marchas são curtos e precisos. Nota 8.
Consumo – O InMetro testou a versão em que se baseia o Fiesta Sport, a SE 1.6 com câmbio manual de cinco marchas, em seu programa de etiquetagem. O modelo obteve médias de 8,0 e 9,9 km/litro quando abastecido com etanol no perímetro urbano/rodoviário. Com o tanque preenchido de gasolina, o carro registrou médias de 11,7 e 14,1 km/litro nos mesmos trechos, respectivamente. Este resultado proporcionou nota A na categoria e nota B no geral, com consumo energético 1,71 MJ/km. Nota 8.
Conforto – Espaço interno nunca foi uma virtude típica dos compactos. No Fiesta Sport, os bancos possuem boa densidade e os ocupantes dianteiros dispõem de bom espaço. Já para os passageiros traseiros, a viagem é confortável apenas para dois ocupantes de estatura mediana. A suspensão absorve bem os desníveis das estradas e ruas. É necessário alguma atenção ao passar por lombadas, uma vez que a saia dianteira pode acabar tocando o chão. Nota 7.
Tecnologia – O Fiesta Sport apresenta boa lista de equipamentos e acessórios. Já vem de fábrica equipado com ar-condicionado digital, direção e trio elétrico, assistente de partida em rampa, controle de estabilidade e tração, sistema multimídia Sync com App Link e assistente de emergência. Falta um trivial sensor de estacionamento. A plataforma do modelo é de 2008, e o motor Sigma conta com duplo comando de válvulas variáveis e bloco em alumínio. Nota 8.
Habitabilidade – Não há muitos porta-objetos, mas, os poucos existentes estão bem localizados e atendem razoavelmente à necessidade. Os retrovisores externos são pequenos e o interno tem visibilidade prejudicada pelo tamanho do vidro traseiro. O porta-malas carrega razoáveis 281 litros. Nota 6.
Acabamento – O painel é constituído por plásticos rígidos que aparentam boa qualidade e encaixes adequados. Há molduras prateadas nas maçanetas internas, nas saídas e comandos de ar-condicionado e no volante. O painel apresenta boa leitura e iluminação. O design interno possui linhas mais arrojadas que o habitual e transmitem algum requinte. Nota 8.
Design – Um dos principais pontos do Fiesta Sport. As rodas exclusivas aro 16 em tonalidade preta brilhante junto com os pneus de perfil mais baixo dão um ar agressivo. As saias dianteiras, laterais e traseiras junto com o aerofólio realçam ainda mais o apelo esportivo. Nota 8.
Custo/benefício – A Ford cobra pela variante esportiva R$ 58.990. O Fiat Punto Sporting com motor 1.8 de 132 cv parte dos R$ 54.710 e ao adicionar o Kit Sporting 1, o valor parte para R$ 57.830 e o modelo ganha central multimídia UConnect e sensor de estacionamento com visualizador gráfico, item que o Fiesta Sport não possui, porém o carro da Fiat não apresenta controle eletrônico de estabilidade e tração. Já o HB20 Spicy, com motor 1.6 de 128 cv e 16,5 kgfm de torque, começa em R$ 50.575. O hatch vem de série com lista parecida, porém, sem controle de estabilidade e tração, mas com sistema blueMediaTV com tela sensível ao toque e sensor de estacionamento. Nota 7.
Total – O Ford Fiesta Sport somou 77 pontos de 100.
Impressões ao dirigir
Do lado de fora, o Fiesta Sport realmente passa a sensação de ser esportivo e chama atenção nas ruas com seu visual diferenciado. O acréscimo do aerofólio, rodas exclusivas e saias laterais, dianteiras e traseiras apresentam boa sintonia dentro da proposta. No habitáculo, o modelo deixa a desejar ao manter a sobriedade das versões consideradas “tradicionais”. Tanto o design quanto o acabamento interno não receberam nenhum item referente à versão, apenas as soleiras nas portas, quase imperceptíveis.
Quando posto em movimento, o Fiesta Sport passa a sensação ao condutor de próximo ao chão. O volante possui boa pegada e o motor 1.6 litros de 130 cv entrega boas respostas a partir de rotações médias – por volta dos 3.500 rpm. Nas curvas, o modelo transmite segurança, e demonstra não ter muitas rolagens de carroceria, com a direção sempre firme. Caso aconteça algum deslize, o controle eletrônico de estabilidade e tração está lá para ajudar. A suspensão absorve bem as irregularidades dos pavimentos.
Ao pisar mais fundo no acelerador, o Fiesta Sport começa a passar um pouco mais de emoção. Os engates de marcha são macios e precisos, e a direção se mantém firme. Porém, em giros mais altos é possível perceber a perda do poder da atuação do isolamento acústico, onde o som emitido pelo motor começa a aparecer, entretanto, o barulho emitido é muito mais instigante do que perturbador. Faltou o câmbio de dupla embreagem, que poderia conferir maior esportividade ao modelo.
Ficha técnica
Ford New Fiesta Sport
Motor | Dianteiro, transversal, 1.597 cm³, quatro cilindros, quatro válvulas por cilindro, comando duplo, bicombustível |
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Potência máxima | 130 cv com etanol e 125 cv com gasolina a 6.500 rpm |
Aceleração zero a 100 km/h | 12,3 segundos com gasolina e 12,1 segundos com etanol |
Velocidade máxima | 190 km/h |
Torque máximo | 16 kgfm com etanol e 15,8 kgfm com gasolina a 5.000 rpm |
Transmissão | Manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração. |
Suspensão | Dianteira independente do tipo McPherson. Traseira com eixo autoestabilizante de torção. Controle eletrônico de estabilidade. |
Carroceria | Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,96 metros de comprimento, 1,97 m de largura, 1,46 m de altura e 2,48 m de distância entre-eixos. Airbags frontais. |
Pneus | 195/50 R16 |
Capacidade porta-malas | 281 litros |
Capacidade tanque de combustível | 51 litros |
Produção | São Bernardo do Campo/SP. |
Itens de série | Airbags frontais, abertura elétrica da tampa do combustível, acendimento automático das luzes de emergência após freada brusca, abertura elétrica da tampa de combustível, controle eletrônico de estabilidade e tração, alarme antifurto, assistente de partida em rampa, faróis de neblina, freios ABS com EBD, brake-light, retrovisores externos com ajuste elétrico e indicador de direção, vidros, travas e direção elétricos. Ajuste de altura e profundidade do volante, ar-condicionado automático e digital, banco traseiro rebatível, sistema multimídia Sync com 4 auto-falantes e 2 twitters, rádio AM e FM, CD player e MP3, entrada USB e auxiliar, Blueetooth, comando de voz com função de telefone, AppLink, assistente de emergência, tela LCD multifuncional no painel central de 3,5 polegadas no painel central e controles de áudio no volante |
Preço | R$ 58.990 |
Autor: Raffaele Grosso (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias