A Hyundai Brasil só vende no país a linha HB20 e Creta – os outros modelos da marca coreana chegam a partir da CAOA. Por isso mesmo, sabe que precisa investir em um portfólio diversificado de versões para engordar seus emplacamentos. Não só para atrair diferentes consumidores, mas para não ficar muito tempo sem novidades no mercado. Daí a chegada da nova configuração Sport para o Creta, nas lojas desde o início do mês de novembro. Com motorização topo de linha e visual exclusivo, a variante chega para ajudar a alavancar ainda mais a comercialização do modelo, que já ocupava a 14ª posição do ranking geral de automóveis de passeio antes de sua chegada, no final de outubro, com 3.236 emplacamentos mensais. Tornou-se o terceiro SUV mais vendido do país nos 10 primeiros meses de 2017 – ficou atrás apenas do Jeep Compass, o líder, e do Honda HR-V.
O motor que embala o Hyundai Creta Sport é um 2.0 de 166 cv e 20,5 kgfm de torque máximo, também presente no SUV médio ix35. A transmissão é sempre automática, de seis velocidades, e controles dinâmicos de estabilidade e tração, além de assistente de partida em rampas, fazem parte do pacote. Em relação à segurança, aparecem airbags frontais, sinalização de frenagem de emergência e faróis direcionais com luzes diurnas em leds, além da fixação Isofix para cadeirinhas infantis. Nota “A” em sua categoria na tabela do InMetro – e “C” na avaliação geral –, o consumo de combustível do Creta Sport é beneficiado pelo sistema start/stop, que desliga o motor em paradas rápidas e o religa quando se pisa no acelerador.
Externamente, a Hyundai aplicou na variante Sport o que batizou de pacote Black Design. Como o próprio nome sugere, a novidade “pinta” de preto brilhante alguns detalhes do SUV. O kit traz para-choque frontal com contorno da grade em preto brilhante e, no mesmo acabamento, barras de teto longitudinais, retrovisores com luz indicadora de direção e protetores de para-choque dianteiro e traseiro, além de faróis com marcação em preto no interior. São exclusivos da versão o spoiler de teto, também em preto brilhante, e as rodas de liga leve diamantadas de 17 polegadas. Por dentro, aparecem bancos de couro e tecido pretos, volante revestido de couro, detalhes em preto fosco metalizado e acabamento interno de teto também na cor preta.
Ar-condicionado automático digital com saída de ar para os bancos traseiros, direção elétrica progressiva, vidros elétricos one-touch com abertura e fechamento automático pela chave, retrovisores externos com ajuste elétrico, computador de bordo, controle de velocidade de cruzeiro e sensor crepuscular também são de série. Assim como a central multimídia com tela sensível ao toque de 7 polegadas, conectividade por Google Android Auto e Apple CarPlay e câmara de ré. Já para a carroceria, ficam disponíveis apenas as cores sólidas preto e branco, as metálicas prata e bronze e vermelho perolizado. O preço parte de R$ 94.990.
Ponto a ponto
Desempenho – A versão Sport do Creta chega com o mesmo motor de sua configuração topo de linha, a Prestige. O 2.0 litros flex é o mesmo do médio Hyundai ix35 e garante uma tocada vigorosa ao SUV compacto. Os 166/156 cv de potência e 20,5/19,1 kgfm de torque com etanol/gasolina são mais que suficientes para garantirem boas arrancadas, ultrapassagens e retomadas, tornando-o um modelo interessante tanto no ambiente urbano quanto na estrada. Apesar de o torque máximo só aparecer aos 4.700 giros, o carro se mostra ágil bem antes disso e interpreta rapidamente as pisadas no acelerador. A sintonia do propulsor com a transmissão automática de seis marchas é bem interessante, com trocas adequadas às situações mais calmas ou mais enérgicas. Nota 8.
Estabilidade – Apesar da altura mais elevada, típica dos SUVs compactos, o Creta Sport mantém a carroceria controlada, com rolagens quase imperceptíveis. Para isso, contribui o bom ajuste da suspensão, que consegue um equilíbrio entre um desempenho mais esportivo e a vocação de veículo familiar do carro. É bem difícil ver o controle eletrônico de estabilidade em ação. Nota 8.
Interatividade – De maneira geral, os comandos se posicionam à mão do condutor. A central multimídia tem tela sensível ao toque e funcionamento simples. Por outro lado, não há chave presencial e a ausência de aletas atrás do volante para as trocas manuais do câmbio decepciona, principalmente por se tratar de uma variante com apelo esportivo. A direção é leve para realizar manobras em vagas e ganha firmeza em velocidades mais elevadas. O ar-condicionado é automático e digital e conta com saídas traseiras, o que facilita a vida dos passageiros que sentam ali. Nota 7.
Consumo – De acordo com o programa de etiquetagem veicular do InMetro, o Hyundai Creta com motor 2.0 faz médias de 6,9 e 8,2 km/litro em trechos urbano e rodoviário quando abastecido com etanol. Com gasolina no tanque, registra 10,0 e 11,4 km/l na cidade e estrada, respectivamente. Mesmo dispondo de muita potência, ganhou notas A na categoria e C no geral. Nota 8.
Tecnologia – Apesar de compartilhar a mesma linha de montagem em Piracicaba, o Hyundai Creta apresenta, entretanto, plataforma diferente da usada pelo HB20. Enquanto o hatch brasileiro deriva do compacto i20, vendido na Europa, o SUV é baseado na estrutura do sedã médio Elantra. A versão Sport tem ar digital, mas só de uma zona. Não há outros airbags além dos frontais obrigatórios por lei. Controles dinâmicos, tela “touch” e luzes diurnas em led estão presentes. No geral, o recheio não chama tanta atenção diante dos quase R$ 100 mil pedidos. Nota 7.
Conforto – Os bancos têm boa densidade e tanto passageiros da frente quanto de trás dispõem de amplo espaço para pernas, joelho e cabeça. Nem mesmo um terceiro elemento atrás incomoda tanto, se o trajeto não for longo. A suspensão filtra bem as imperfeições do piso. O isolamento acústico se mostra eficiente e o som do motor só aparece em tocadas mais esportivas. Nota 8.
Habitabilidade – As portas são largas e possuem bom ângulo de abertura para entrar e sair do veículo. Os porta-trecos não são numerosos, mas há bom espaço para objetos nas laterais das portas. O porta-malas comporta bons 431 litros. Nota 8.
Acabamento – O interior do Hyundai Creta Sport não chega a expressar uma identidade esportiva na gama. Mas, assim como as outras configurações do modelo, está acima da média do mercado de SUVs compactos de marcas generalistas. Há plásticos rígidos, mas com encaixes perfeitos e revestimentos que melhoram bastante a primeira impressão. O tom predominantemente escuro – inclusive no teto – cria uma atmosfera charmosa e interessante. Nota 8.
Design – Para diferenciar a versão, a Hyundai inseriu detalhes em preto – muitos deles brilhantes – na grade, faróis, retrovisores, rodas, para-choques, barras de teto e spoiler de teto. As rodas de liga-leve são diamantadas, de 17 polegadas, e um emblema da configuração aparece na traseira, abaixo da inscrição “2.0”. Visualmente, o Creta traz uma vantagem, mas comum a todas as variantes: como é construído a partir de uma plataforma para modelos médios, seu porte o faz parecer maior do que realmente é. Nota 9.
Custo/benefício – A Hyundai pede R$ 94.990 pela versão Sport do Creta. Seu motor 2.0 é um dos mais potentes da categoria e o espaço interno é bastante generoso. Porém, por R$ 900 a mais, é possível escolher o Ford EcoSport 2.0 Titanium, que é mais bem equipado e rende 176 cv. Em termos de recheio e desempenho, esse é certamente o principal concorrente do Hyundai Creta com motorização 2.0. Nota 6.
Total – O Hyundai Creta Sport somou 77 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Lado negro
O mais comum é que versões esportivas cheguem recheadas de detalhes rubros e cores marcantes. Mas o Hyundai Creta Sport, apesar de se diferenciar esteticamente do resto da linha, tem uma presença mais discreta. A marca coreana preferiu apostar nos tons escurecidos e em vários detalhes em preto brilhante, que acabam conferindo um toque até mais elegante do que propriamente nervoso. E que combina mais com a proposta e o desempenho da variante.
Isso não significa, porém, que o Creta Sport decepcione em movimento. Na verdade, ele recebe a motorização topo de linha do SUV compacto, que chega a render 166 cv e 20,5 kgfm de torque, quando com etanol no tanque. O 2.0 flex garante boas arrancadas e ultrapassagens, apesar dos 1.400 kg do carro. Não chega a ser um comportamento extremamente esportivo, mas dá para manter uma direção mais instigante.
A suspensão é macia, para priorizar o conforto dos passageiros. Mas não deixa de controlar com competência os movimentos da carroceria nos trechos de curvas. A sensação de segurança ao volante é constante. Por outro lado, o recheio da configuração Sport não impressiona. Traz o que se espera de um carro familiar, mas menos do que uma etiqueta de preço acima dos R$ 90 mil sugere. Airbags, por exemplo, são só os dois frontais previstos na legislação nacional.
O interior é amplo o suficiente para transportar confortavelmente até mesmo cinco adultos. O porta-malas de 431 litros comporta boas compras de supermercado ou a bagagem para uma viagem em família. Se há necessidade de levar mais carga, o espaço também é farto. A capacidade pode ser ampliada até 1.425 litros, com o rebatimento dos assentos traseiros.
Ficha técnica
Hyundai Creta Sport
Motor | Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.999 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, duplo comando no cabeçote, duplo comando variável de válvulas, injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico |
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Transmissão | Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira |
Potência | 166 cv com etanol e 156 cv com gasolina a 6.200 rpm |
Torque máximo | 20,5 kgfm com etanol e 19,1 kgfm com gasolina a 4.700 rpm |
Diâmetro e curso | 82,0 mm X 93,5 mm |
Taxa de compressão | 12,1:1 |
Suspensão | Dianteira independente tipo McPherson. Traseira com eixo de torção. Controle eletrônico de estabilidade |
Pneus | 215/60 R17 |
Freios | Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS com EBD |
Carroceria | Utilitário esportivo com quatro portas e cinco lugares. Com 4,27 metros de comprimento, 1,78 m de largura, 1,63 m de altura e 2,59 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série |
Peso | 1.399 kg em ordem de marcha |
Capacidade do porta-malas | 431 litros |
Tanque de combustível | 55 litros |
Produção | Piracicaba, São Paulo |
Itens de série | Barras de teto longitudinais, monitoramento de pressão dos pneus, travamento automático das portas e do porta-malas a 20 km/h, limpador e desembaçador do vidro traseiro, fixação Isofix para cadeirinha de bebê, estrutura com deformação programada, barras de proteção lateral, alarme perimétrico, direção elétrica progressiva, travas elétricas nas portas e porta-malas, retrovisores externos com ajuste elétrico, sistema start/stop, banco do motorista com ajuste de altura, banco traseiro rebatível e bipartido 60/40, rodas de liga leve de 17 polegadas, ar-condicionado digital e automático com saídas traseiras, vidros elétricos, computador de bordo, faróis de neblina dianteiros, sinalização de frenagem de emergência, assistente de partida em rampa, sensor de estacionamento traseiro, faróis direcionais com luz diurna de led, controle de velocidade de cruzeiro, bancos em tecido e couro, câmara de ré, acendimento automático dos faróis, central multimídia com tela sensível ao toque de sete polegadas |
Preço | R$ 94.990 |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Márcio Maio/CZN