O Grupo PSA vem trabalhando, há alguns anos, em um reposicionamento para a Peugeot e Citroën. No caso da segunda marca, a ideia é apostar um pouco mais na racionalidade e na praticidade. E isso inclui exaltar o segmento de comerciais leves. Tanto que a marca lançou, em novembro do ano passado, o furgão Jumpy no mercado nacional. O modelo, que é fabricado no Uruguai, foca no custo/benefício e na versatilidade, graças às múltiplas possibilidades de transformações. Como para atrair profissionais autônomos do ramo de comida, na linha de food trucks, ou para frotas de entregas, por exemplo, entre outras capacidades. As vendas na reta final de 2017 não chegaram a ser tão animadas, somando 121 unidades até 31 de dezembro. Mas a julgar pelos números apenas do último mês do ano – 91 emplacamentos – e também a aparente retomada, ainda que lenta, da economia nacional, o cenário pode se mostrar favorável para a marca francesa e seu furgão mais recente. Principalmente na versão topo de linha Pack, que alia itens interessantes para o conforto e a segurança dos passageiros e da carga transportada.

Citroën Jumpy Furgão Pack

Um dos principais trunfos do Jumpy está em suas medidas: são 5,31 metros de comprimento, 2,20 m de largura e distância entre-eixos de 3,27 m. A altura, de 1,93 m, é até um tanto reduzida para um furgão, mas há um motivo para isso. A ideia é facilitar a entrada do veículo em estacionamentos subterrâneos, favorecendo os motoristas na hora de guardar o modelo ou acessar locais para possíveis trabalhos. A carga útil é de 1.500 kg e o PBT total atinge 3. 219 kg, com um compartimento de carga de 6,1 m³. Essas características permitem que seja conduzida com habilitação B.

Citroën Jumpy Furgão Pack

O motor é um 1.6 turbodiesel BlueHDi, gerenciado por câmbio manual de seis marchas. A potência máxima fica em 115 cv a 3.500 rpm e o torque chega a 30 kgfm a 1.750 rpm. Cabeçote, bloco e cárter são 100% em alumínio, características que fazem a Citroën prometer autonomia de até 820 km em ciclo misto com um tanque de 69 litros – com uma média de 12 km/l.

Citroën Jumpy Furgão Pack

O desenho mistura elementos que reforçam a ideia de robustez na carroceria e, ao mesmo tempo, dão certo ar contemporâneo ao veículo de trabalho. A modularidade de sua plataforma permite o transporte de cargas mais compridas, com cerca de 4 metros, sobre o assoalho. É possível ampliar o espaço interno levantando o banco do passageiro contra a divisória existente entre a cabine e o compartimento de carga. Uma “mesa-escrivaninha” orientável fica embutida no banco central. As portas traseiras são abertas em até 180° graus e há uma porta lateral deslizante com 93,5 cm de largura. Na cabine, porta-objetos somam 60 litros de volume disponíveis e há três lugares.

Citroën Jumpy Furgão Pack

A lista de itens de série da versão Pack é boa para um veículo planejado para o trabalho. Controle eletrônico de estabilidade, assistente de partida em rampas, limitador e regulador de velocidade, volante com regulagem de altura e profundidade, retrovisor com ajuste elétrico e banco do motorista com regulagem de altura são itens de série. Direção eletro-hidráulica, computador de bordo, indicador de troca de marcha, rádio FM/AM/MP3, vidros e travas elétricas, tomada 12V, ar-condicionado, retrovisores elétricos, travamento seletivo do compartimento de carga, vidros com função “one touch”, e faróis de neblina completam o pacote. O preço parte de R$ 87.990, mas pode subir em R$ 1.690 com a adição de cor prata – é a única opção em relação à branca sólida.

Impressões ao dirigir

A não ser pelo tamanho, conduzir um Citroën Jumpy não causa qualquer estranheza. E mesmo em relação às dimensões, não é muito diferente de conduzir uma picape média. O que perturba é a falta de visão central traseira – tem de se contar apenas com os retrovisores laterais –, coisa comum na categoria. Mas durante as manobras, a falta sensores de obstáculos ou de uma câmara de ré se faz sentir. E contraria o conceito da marca, de investir numa imagem de tecnologia em seus automóveis. A pior parte de qualquer trajeto com o Jumpy é, sem dúvidas, a hora de estacionar. Ou se tem auxílio externo, ao se vai às cegas.

Citroën Jumpy Furgão Pack

No uso em trânsito, porém, tudo muda. A posição de direção é alta e faz com que o motorista consiga enxergar bem o que está nas laterais e na frente do automóvel. Os bancos são confortáveis o suficiente para encarar uma viagem mais longa e a suspensão, apesar de eficiente na hora de manter a estabilidade do furgão, absorve com alguma competência os desníveis das ruas brasileiras. Por outro lado, a falta de isolamento acústico torna o ambiente pouco convidativo. Há barulhos que não se sabe de onde vêm, mesmo quando não carrega absolutamente nada no compartimento de carga. Mas também não teria sentido consumir capacidade de carga e aumentar custos de produção com materiais fonoabsorventes em um carro específico para trabalho.

Citroën Jumpy Furgão Pack

O turbodiesel que move o Jumpy é mais que suficiente para entregar vigor ao modelo. O torque de 30 kgfm aparece já em 1.750 giros, o que faz com que o comercial leve entregue boas ultrapassagens e retomadas. É claro que convém não abusar, porque o Jumpy não foi feito para expressar qualquer esportividade. Mas se mostra bastante ágil na cidade, ambiente para o qual foi planejado.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/CZN