Quando iniciou as vendas no Brasil, em 2011, a atual geração do compacto Ford Fiesta apareceu recheado de tecnologias que só eram vistas por aqui em uns poucos modelos médios. Somente agora, seis anos depois, começam a surgir concorrentes, como o Volkswagen Polo e Fiat Argo, munidos de controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa e outros recursos já antigos nos mercados centrais, mas que ainda impressionam em países periféricos. Por conta dessa defasagem tecnológica, aprofundada nesses anos de crise, a Ford decidiu apenas “renovar” o Fiesta de sexta geração em vez de trazer o de sétima, recém-lançado na Europa. Mesmo que isso signifique e deixar de lado a política “One Ford”, em que se propõe a ter carros iguais em todos os países em que atua.
A linha 2018 do Fiesta recebeu reforços sutis e pontuais. No visual, ganhou grade e para-choques novos. A grade passa a ser côncava e exibe uma trama hexagonal com pequenos “rebites” nas interseções – dependendo da versão, podem ser pretos, prateados ou cromados. Outro destaque é a nova saia dianteira, com uma moldura cromada para o nicho do farol de neblina. O contorno dos faróis não foi mexido, mas recebem luzes diurnas em led na versão de topo, Titanium. O mesmo se repete em relação à lanterna traseira, que mantém o contorno e passa a seções iluminadas com led na versão mais cara.
Na parte mecânica, as alterações foram bem específicas. Os amortecedores foram trocados para melhorar o conforto de rodagem e a carroceria recebeu reforço nas colunas centrais para suportar melhor impactos laterais. O câmbio automatizado de dupla embreagem e seis velocidades abandonou o antigo nome comercial, PowerShift, e passou por melhorias, com troca de retentores e materiais de embreagem e reconfiguração dos módulos de controle. Por dentro, todas as versões receberam bancos com nova espuma e, a partir da versão SE Plus, o painel passa a ostentar o sistema multimídia Sync 3, igual ao que o EcoSport recebeu recentemente. Ele traz tela touch com 6,5 polegadas e conexão com Android Auto de Apple CarPlay.
A Ford também mexeu nos conteúdos. A versão de entrada SE chega por R$ 56.690 com motor Sigma 1.6, com 125/128 cv, com gasolina e etanol, câmbio manual, direção elétrica, ar-condicionado, travas, retrovisores e vidros dianteiros elétricos, sensor de estacionamento traseiro, farol de neblina, alarme volumétrico, computador de bordo e conta-giros. A versão SE pode receber o pacote Style, que acrescenta rodas de liga leve aro 16 e detalhes de aparência por R$ 59.590.
A versão SE Plus AT vem com o câmbio automatizado e custa a partir de R$ 62.390. A partir dela, o Fiesta conta com os sistemas de auxílio à condução, como controle de estabilidade e tração, assistência de partida em rampa. Recebe ainda vidros elétricos traseiros e fechamento global, além do Sync 3. A versão seguinte é a SEL, que adiciona ar-condicionado digital e rodas de liga leve aro15. Com câmbio manual, R$ 61.090 e com transmissão automatizada sai a R$ 65.390.
A motorização 1.0 turbo a gasolina, de 125 cv, na linha 2017 ficava era oferecido apenas na versão de topo Titanium e seu preço passava de R$ 72 mil. Agora, fica restrita à nova versão EcoBoost, traz todos os equipamentos da SEL acrescidos do pacote de aparência Style. e custa R$ 69.790. Por fim, a versão Titanium, que custa R$ 71.190 e ganha sistema de navegação, câmara de ré, bancos parcialmente em couro, faróis com luzes diurnas e lanternas com led. O pacote Plus eleva o preço a R$ 75.190 e adiciona bancos de couro, sete airbags, travas e partida com chave presencial, sensor de luz e chuva e retrovisor eletrocrômico.
A Ford acredita que esta renovação poderá manter o grau de interesse que o seu compacto superior desperta atualmente. A fabricante nem espera aumentar a média de vendas atuais, que neste ano ficou pouco acima de 1.500 unidades mensais. A prioridade é manter esta performance, mesmo com a chegada de concorrentes de marcas fortes, como Volkswagen e Fiat, e deixar para equalizar o modelo com o europeu em dois ou três anos.
Primeiras impressões
Tatuí/SP – Depois de seis anos, o Ford Fiesta ainda é capaz de se destacar pela eletrônica embarcada, principalmente pelos assistentes de condução. Mas a maior novidade da linha 2018, o sistema multimídia Sync, apenas o equiparou com outros compactos do mercado. A conectividade que ele oferece é encontrada até em modelos bem mais simples. Para acomodar a tela de 6,5 polegadas do Sync 3, o console central foi redesenhado. E esta é a principal mudança perceptível para quem está ao volante.
No mais, os comandos ficam nos locais corretos e os ajustes de banco e volante facilitam que se encontre a melhor posição de conduzir e os novos bancos são firmes, mas confortáveis. No interior, os materiais de revestimento não parecem comportar a classificação de premium com que a Ford insiste em classificar o modelo. Há um excesso de plásticos rígidos, com texturas e aparência que não transmitem qualquer ideia de requinte.
Os motores continuam sendo o Sigma 1.6 e o EcoBoost 1.0, ambos com potência semelhante, mas com comportamentos bem diferentes. A começar pelo torque, maior e mais disponível no propulsor turbinado. O câmbio automatizado de dupla embreagem passou por uma reengenharia e agora apresenta maior suavidade nas mudanças, embora ainda demore a se decidir em ocasiões específicas, como nas reduções instigadas pelo acelerador. Mas com ambas motorizações, o Fiesta tem vigor de sobra para acelerações e retomadas. Explora muito bem a boa relação peso/potência, em torno de 9 kg/cv.
Ficha técnica
Ford New Fiesta 2018
Motor 1.6 | A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.597 cm³, quatro cilindros, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote |
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Potência máxima | 128 cv com etanol e 125 cv com gasolina a 6.500 rpm |
Aceleração zero a 100 km/h | 12,3 segundos com gasolina e 12,1 segundos com etanol |
Velocidade máxima | 190 km/h |
Torque máximo | 16 kgfm a 5 mil rpm com etanol e 15,8 kgfm com gasolina a 4.250 rpm |
Motor 1.0 | Gasolina, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros, quatro válvulas por cilindro, comando duplo variável no cabeçote com turbocompressor com intercooler. Injeção direta de combustível. |
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Potência máxima | 125 cv a 6 mil rpm. |
Torque máximo | 17,3 kgfm entre 1.400 e 4.500 rpm. |
Aceleração zero a 100 km/h | 9,6 segundos. |
Velocidade máxima | 195 km/h |
Transmissão | Manual de cinco marchas à frente e uma a ré ou automatizada de dupla embreagem com seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração a partir da versão SE Plus |
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Suspensão | Dianteira independente do tipo McPherson. Traseira com eixo de torção autoestabilizante de torção. Controle eletrônico de estabilidade a partir da versão SE Plus. |
Carroceria | Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,96 metros de comprimento, 1,97 m de largura, 1,46 m de altura e 2,48 m de distância entre-eixos. Airbags frontais. Airbags laterais, de cabeça e de joellho do motorista na versão Titanium Plus |
Freios | Discos ventilados na frente e a tambor atrás com ABS e assistente de partida em rampa. |
Pneus | 175/65 R14, 195/55 R15 ou 195/50 R16 |
Capacidade porta-malas | 281 litros |
Capacidade tanque de combustível | 51,9 litros. |
Produção | São Bernardo do Campo/SP |
Preços das Versões
SE | R$ 56.690 |
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SE Style | R$ 59.590 |
SE Plus AT | R$ 62.390 |
SEL | R$ 61.090 |
SEL AT | R$ 65.390 |
EcoBoost Style AT | R$ 69.790 |
Titanium AT | R$ 71.190 |
Titanium Plus AT | R$ 75.190 |
Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Divulgação