Com a recente avalanche de utilitários no mercado brasileiro de automóveis, cada fabricante busca exacerbar o que de melhor seu representante tem para abocanhar uma fatia do segmento. A Honda apostou nas linhas agudas do HR-V, a Peugeot na sofisticação do 2008 e o Renagade no “status” da marca Jeep. Com apenas quatro anos de Brasil, a JAC Motors resolveu entrar na “brincadeira”. A partir desse mês, a marca chinesa estreia o seu primeiro SUV em território nacional: o T6. E o “coelho da cartola” da JAC é oferecer um carro com “preço de compacto e o porte de médio”. Ou seja, na prática, o T6 vai brigar na tabela de preço com Ford EcoSport, Renault Duster e “trupe”. A favor terá o tamanho semelhante ao de Kia Sportage, Hyundai ix35 e Honda CR-V.
Desenvolvido no Centro de Design da JAC Motors em Turim, na Itália, o T6 tem dimensões maiores que todos os novatos concorrentes. Perde apenas para o Renault Duster na distância entre-eixos – 2,64 metros contra 2,67 m. O modelo chinês possui 4,47 metros de comprimento, 1,84 de largura e 1,67 m de altura . A capacidade do porta-malas é de 610 litros. O T6 também vem com algumas sofisticações técnicas. A suspensão é independente e os freios trazem disco nas quatro rodas. As rodas, de série, são de 17 polegadas e a direção tem assistência elétrica progressiva.
A JAC Motors quer arrancar 1% do mercado brasileiro total de SUVs com o T6 e licenciar 400 unidades por mês em 2015. E para isso, a marca chinesa vai apostar no preço e dois pacotes de opcionais. A versão “standard” começa em R$ 69.990 e traz, de série, rodas de 17 polegadas com pneus 225/60, freios a disco nas quatro rodas, monitoramento de pressão dos pneus, faróis de neblina, sensores de estacionamento traseiros, rádio com CD/MP3 e entrada USB, seis alto-falantes, acionamento automático de faróis, computador de bordo, ar-condicionado automático e ajuste de altura do volante, além de airbags frontais e freios ABS obrigatórios. Quando o preço pula para R$ 71.990, o T6 ganha o chamado Pack 1, que adiciona barras longitudinais no teto, retrovisores pintados na cor da carroceria, maçanetas e frisos laterais cromados e retrovisores com rebatimento elétrico. Segundo a fabricante, essas duas configurações juntas vão representar apenas 10% do “mix”. A grande aposta da JAC é a versão de R$ 75.670 – batizada de Pack 2 –, que tem projeção de abocanhar 90% dos emplacamentos. Ele adiciona ao Pack 1 câmera de ré e sistema multimídia.
O “gadget”, aliás, é a grande vitrine tecnológica do T6. Ele é fornecido pela chinesa Foxconn – responsável pela produção de diversos eletrônicos da Apple, por exemplo. O dispositivo possui conexão HDMI, Bluetooth, MP3 e entradas USB/SD/AUX. Tudo gerenciável por uma tela sensível ao toque de sete polegadas. Mas talvez a grande novidade é a função “link”. Ela permite conectar, espelhar e operar todas as funções de smartphones ou tablets. Em aparelhos com sistema operacional Android, o “link” funciona plenamente. Já para o iOS só o espelhamento está disponível.
Para mover o T6, a JAC colocou sob o capô um motor 2.0 litros flex com comando de válvulas variável. O propulsor é capaz de fornecer 155 cv e 20 kgfm de torque quando abastecido com gasolina. Com etanol no tanque, os números sobem para 160 cv a 6 mil rpm e 20,3 kgfm de torque a 3.500 giros. Dotado desse trem de força, o T6 acelera de zero a 100 km/h em 12,2 segundos e atinge a máxima de 186 km/h. Por enquanto, o modelo está disponível apenas com transmissão manual de cinco marchas. De acordo com a JAC, a versão automática só chega ano que vem, aliada a um motor 2.0 litros turbinado.
Primeiras impressões
Itu/SP – Em um primeiro contanto visual com o JAC T6, já é possível notar que o utilitário chinês realmente tem dimensões mais avantajadas que seus concorrentes. Dentro, a comprovação. O T6 oferece um amplo espaço para o motorista e passageiros. Atrás, a situacão é a mesma. Os ocupantes desfrutam de certo conforto, mesmo com a presença de um terceiro elemento. Já o acabamento do habitáculo é dominado por plásticos. Apesar de abundantes, eles são, na maioria, pretos – alguns brilhantes – e conferem um aspecto sóbrio ao interior. A tela do sistema multimídia é bem legível e intuitiva. O mesmo não pode se dizer do velocímetro e do tacômetro, que têm números pequenos e difíceis de enxergar.
Durante o test-drive de quase 200 quilômetros – entre ida e volta de São Paulo à estância turística de Itu – o JAC T6 foi honesto. Os máximos 160 cv de potência extraídos do motor 2.0 litros VVT são superlativos na teoria. Na prática, a força se mostra apenas capaz de não sofrer muito ao mover os 1.505 kg do SUV. Abaixo dos 3 mil giros, o desempenho é murcho. Mas conforme a escala do conta-giros sobe, o T6 ganha vitalidade. Dignos de nota são os engates da transmissão manual de cinco marchas. Eles são precisos e fazem um barulho de trambulador agradável nas trocas.
Já o sofisticado conjunto suspensivo independente para cada eixo mostra dois lados. Na cidade é capaz de absorver com louvor as imperfeições do asfalto brasileiro. Porém, o acerto macio “cobra seu preço” em um trajeto mais sinuoso. A direção elétrica progressiva poderia “enrijecer” mais na proporção da velocidade. Ela é um tanto quanto leve e não dá muita precisão a quem dirige. Não há uma sensação de falta de segurança, mas com a ausência de controle de tração, em um veículo de massa e altura elevadas, é melhor não abusar.
Ficha técnica
JAC T6
Motor | A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.997 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção multiponto sequencial |
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Transmissão | Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira |
Potência máxima | 155 cv e 160 cv a 6 mil rpm com gasolina e etanol |
Diâmetro e curso | 85 mm X 88 mm |
Taxa de compressão | 10:1 |
Aceleração 0-100 km/h | 12,2 segundos |
Velocidade máxima | 186 km/h |
Torque máximo | 20 kgfm e 20,3 kgfm a 3.500 rpm com gasolina e etanol |
Suspensão | Dianteira independente, do tipo McPherson com molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo multilink, molas helicoidais e barra estabilizadora. Não oferece controle de estabilidade |
Pneus | 225/60/R17 |
Freios | Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS e EBD |
Carroceria | Utilitário em monobloco com quatro portas e cinco lugares. 4,47 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,67 m de altura e 2,64 m de distância entre-eixos. Oferece airbag duplo de série |
Peso | 1.505 kg |
Capacidade do porta-malas | 610 litros |
Tanque de combustível | 60 litros |
Produção | Hefei, China |
Lançamento no Brasil | 2015 |
Itens de série | vidros, travas e retrovisores elétricos, direção elétrica ar-condicionado digital, rádio com CD/MP3 e entrada USB, seis alto-falantes, cintos traseiros laterais de 3 pontos, faróis de neblina, volante multifuncional, chave canivete com destravamento remoto das portas, abertura interna da tampa do tanque de combustível e sensor de estacionamento traseiro. |
Preço | R$ 69.990 |
Pack 1 | adiciona barras longitudinais no teto, retrovisores pintados na cor da carroceria, maçanetas e frios laterais cromados e retrovisores com rebatimento elétrico |
Preço com Pack 1 | R$ 71.990 |
Pack 2 | Pack 1 + câmera de ré e sistema multimídia com mirror link |
Preço com Pack 2 | R$ 75.670 |
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Raphael Panaro/Carta Z Notícias e divulgação (interior)