Uma das maneiras de amenizar perdas quando o mercado automotivo insiste em cair é investir nos segmentos que crescem ou, pelo menos, perdem menos volume. E a categoria de SUVs parece um mundo à parte nesse opaco cenário brasileiro. Enquanto as vendas de automóveis e comerciais leves terminaram 2016 com retração de 19,80%, os utilitários esportivos registraram queda de apenas 1,25%. O Jeep Renegade, por exemplo, encerrou o ano como o 10º automóvel de passeio no ranking e segundo SUV mais vendido do país, só atrás do Honda HR-V. Para isso, conta a ampla oferta de versões em sua gama e a boa relação custo/benefício de suas configurações com motor diesel. A começar pela de entrada Sport, que não faz feio na lista de itens de série, mas abre mão de alguns luxos e confortos para entregar preço competitivo com esse tipo de trem de força e tração 4X4.
Na verdade, o Renegade Sport 4X4 tem uma importância grande no line up da marca: ela populariza o desejo de ter na garagem um veículo que, ao mesmo tempo, carrega aptidões de fato off-road com a assinatura da Jeep. O preço da variante começa em R$ 115.990, mas já bem equipada. A tradição lameira da fabricante é mantida com a presença do Select Terrain, um sistema que disponibiliza os modos de operação Auto – automático –, Snow – neve – e Sand/Mud – areia/lama. Os ajustes permitem mudar ajustes do modelo de acordo com as condições do terreno. A suspensão é sempre independente nas quatro rodas, todas com freios a disco.
O motor é o 2.0 turbodiesel de geometria variável, capaz de render 170 cv e 35,7 kgfm – disponibilizados integralmente a partir de 1.750 rpm. Junto com o propulsor, trabalha a caixa de transmissão automática ZF de nove velocidades, que permite ainda trocas manuais através de aletas atrás do volante. Com essas especificações, o Renegade consegue sair da inércia e chegar aos 100 km/h em apenas 9,9 segundos e atingir a velocidade máxima de 190 km/h.
A lista de itens de série é boa, mas sem grandes “firulas”. Comodismos como piloto automático e limitador de velocidade estão presentes, assim como central multimídia com GPS e comando de voz. Mas o ar-condicionado é analógico e só há sensores de estacionamento na traseira, por exemplo. Sistemas de segurança como controle de estabilidade, tração, anticapotamento e de trailer vem de fábrica, porém airbags de cortina, laterais e de joelhos para o motorista só aparecem como opcionais.
Ponto a ponto
Desempenho – O trem de força movido com diesel se mostra bom dinamicamente, com seus 170 cv e robustos 35,7 kgfm de torque máximo. Tanto que o SUV compacto é capaz de partir do zero e chegar aos 100 km/h em 9,9 segundos, uma média digna de elogios para um modelo com mais de 1,6 toneladas. Arrancadas, retomadas e ultrapassagens são feitas com competência e o câmbio automático de nove velocidades realiza as trocas de maneira suave, sem vacilações e no tempo certo. Nota 9.
Estabilidade – O carro é firme, apesar de ter 1,72 metros de altura. A suspensão equilibra os movimentos da carroceria nos trechos esburacados e a direção tem peso correto. Além disso, a versão conta com controle eletrônico de estabilidade, para controlar qualquer exagero do condutor. Nota 8.
Interatividade – Os sensores traseiros ajudam a estacionar e, com propulsor diesel, o Renegade Sport ganha central multimídia com câmara de ré e navegador GPS, que facilitam bastante a vida a bordo. O seletor da tração 4X4 fica abaixo dos comandos de climatização e é simples de usar. Mas, pelo preço, decepciona o ar-condicionado analógico e a ausência de sensor crepuscular. Nota 7.
Consumo – O InMetro aferiu médias de 9,4/11,5 km/l na cidade/estrada, resultando em 2,63 MJ/km de consumo energético. Rendeu notas “E” e “D” na categoria e no geral, respectivamente. Nota 5.
Conforto – O isolamento acústico impressiona, ainda mais por se tratar de um motor diesel. Cinco ocupantes conseguem viajar, mas o ideal é que apenas dois estejam no assento traseiro. A suspensão absorve as pancadas provocadas pelos desníveis do asfalto com eficiência e todos os revestimentos interiores são agradáveis. Nota 8.
Tecnologia – A linha Renegade oferece uma boa lista de tecnologias, algumas já disponíveis na configuração de entrada da motorização diesel. É possível equipá-la com airbags laterais, de cortina e de joelhos para motorista, o câmbio automático de nove velocidades vem com aletas para trocas de marchas no volante e o sistema multimídia, apesar da tela ter apenas 5 polegadas, traz câmara de ré, USB, Bluetooth, GPS e comandos de voz de fábrica. Nota 7.
Habitabilidade – A boa altura facilita a entrada e saída do carro e os ajustes do banco e da coluna de direção são eficientes na hora de buscar a posição ideal para dirigir. O aproveitamento dos espaços é bem inteligente, com porta-trecos generosos. Mas o porta-malas decepciona: leva só 260 litros, muito pouco para o segmento de SUVs compactos. Nota 7.
Acabamento – Há plásticos por todos os lados, mas de toque agradável e qualidade aparentemente boa. Couro aparece no volante e no câmbio, mas fica de fora dos bancos. Algo que surpreende tratando-se de um modelo de mais de R$ 115 mil. Nota 7.
Design – O Renegade tem formas mais quadradas e retangulares, mas seu visual ostenta certa contemporaneidade e charme. As lanternas traseiras, com luzes que formam um X, aliadas aos faróis redondos, ajudam a compor uma imagem mais robusta ao Renegade lameiro de entrada. Nota 8.
Custo/benefício – O Renegade Sport movido com diesel começa em R$ 115.990 com tração 4X4 e motor 2.0 turbo. Mas chega aos R$ 127.590 com todos os opcionais – isso inclui cinco airbags a mais que os frontais obrigatórios e teto solar elétrico. Para quem faz questão de um modelo com motor diesel, ele é o único entre os SUVs compactos. Mas também é bem mais caro que as configurações de topo com propulsores flex. É preciso analisar se a diferença compensa tanto investimento. Nota 7.
Total – O Jeep Renegade Sport 2.0 diesel 4X4 somou 73 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
O Renegade é um SUV compacto que se destaca entre as opções disponíveis no mercado principalmente por dois motivos: a robustez e a assinatura Jeep. O visual despojado já é um fator de atração e o interior da versão Sport diesel alia plásticos aparentemente de boa qualidade a uma dinâmica bem resolvida. Os comandos ficam nos lugares certos, são fáceis de usar e a central multimídia com tela de cinco polegadas é intuitiva. Ainda traz, de série, GPS e câmara de ré.
O motor diesel de 170 cv é silencioso, mas se o condutor pisar fundo no acelerador, um ruído similar ao de um pequeno caminhão aparece. O propulsor responde bem à vontade do motorista e o câmbio automático de nove velocidades faz as trocas de marcha de forma harmoniosa. A suspensão é bem ajustada: controla bem tanto as rolagens de carroceria quanto o desconforto dos passageiros diante de pisos irregulares. O carro mantém comportamento estável em velocidades mais altas e em curvas acentuadas, sem transmitir insegurança. Para percursos off-road, há um seletor de terreno que ajusta o modelo às condições da estrada. É “pau para toda obra”.
Ficha técnica
Jeep Renegade Sport 4X4
Motor | Diesel, dianteiro, transversal, 1.956 cm³, turbo, quatro cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico |
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Transmissão | Câmbio automático de nove velocidades à frente e uma a ré. Tração integral. Oferece controle de tração |
Potência | 170 cv a 3.750 rpm |
Torque máximo | 35,7 kgfm a 1.750 giros |
Aceleração 0-100 km/h | 9,9 segundos |
Velocidade máxima | 190 km/h |
Diâmetro e curso | 83 mm x 90,4 mm |
Taxa de compressão | 16,5:1 |
Suspensão | Dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo McPherson, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores, hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Controle eletrônico de estabilidade. |
Pneus | 215/65 R16 |
Freios | Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD |
Carroceria | Utilitário compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,23 metros de comprimento, 1,80 m de largura, 1,72 m de altura e 2,57 m de entre-eixos. Airbags frontais de série |
Peso | 1.636 kg |
Capacidade do porta-malas | 260 litros (1.300 litros com bancos rebatidos) |
Tanque de combustível | 60 litros |
Lançamento mundial | 2014 |
Lançamento no Brasil | 2015 |
Produção | Goiana, Pernambuco |
Itens de série | Ajuste do volante em altura e profundidade, alarme, alerta de limite de velocidade e manutenção programada, apoia-braço com porta objetos, ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, banco do passageiro dianteiro rebatível e traseiro bipartido, câmara de ré, chave canivete com telecomando, volante multifuncional, computador de bordo, controle de estabilidade, tração, anticapotamento e de trailer, direção elétrica, faróis e lanterna traseira de neblina, freio de estacionamento elétrico, freios a disco nas 4 rodas, assistente de partida em subidas e descidas, Isofix para fixação de assentos infantis, limitador de velocidade, luz diurna, piloto automático, quadro de instrumento em TFT de 3,5 polegadas, rack de teto na cor preta, central multimídia de 5 polegadas com USB, Bluetooth, comando de voz e GPS, retrovisores, vidros e travas elétricas nas quatro portas, seletor 4X4 para 4 tipos de terreno e sensor de estacionamento traseiro |
Preço | 115.990 |
Opcionais | Airbags laterais, de cortina e de joelhos para motorista e teto solar elétrico |
Preço completo | R$ 127.590 |
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/CZN